Buscar

o principe maquiavel Comentado por Napoleão

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O príncipe - Nicoló Maquiaveli
COMENTADO POR NAPOLEÃO BONAPARTE
Introdução
Como Segundo Chanceler de Florença, Maquiavel, e tinha uma vida política muito ativa. Era uma época demudanças, o sistema feudal era substituído pela produção capitalista, a soberanias eram absorvidas pelasmonarquias, e existia uma centralização do poder na Europa exceto na Itália.
Maquiavel, então participava de encontros com as cortes estrangeiras para fazer acordos políticos. Aexperiência de sua vida é relatada neste livro, mostrado para o homem comum as verdadeiras intenções deum governante ambicioso.
Niccoló Machiavelli - Ao magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médici
Os príncipes ganham sempre bons presentes, que estão a sua altura, porém não encontrei entre minhasposses, nada além das experiências que adquiri ao longo de minha vida, e que agora remeto a VossaMagnificência, reduzidas em um pequeno volume.
Portanto, aceitei este pequeno presente, e lendo esta obra, o meu desejo de que atinja aquela grandeza que afortuna e demais qualidades lhe asseguram.
Capítulo I – De quantas espécies são os principados e quantas são as maneiras em que se adquirem
Os Estados podem ser republicas ou principados, que foram herdados pelo sangue, ou foram adquiridosrecentemente. Os novos, tais como Milão com Francesco Sforza, ou tais membros juntados a um Estado querecebe por herança um príncipe, tal o reino de Nápoles ao rei da Espanha. Este domínios recebidos, sãosujeitos a um príncipe ou livres, e são adquiridos por tropas alheias ou próprias.
Capítulo II - Dos principados hereditários
Não falarei das repúblicas, mas só dos principados, e tentarei mostrar como os principados herdados podemser governados e mantidos. Estados ligados a família de seu príncipe, tem-se menores dificuldades para segovernar dos que os novos pois, basta não abandonar o procedimento dos antecessores, se o príncipe forinteligentes se conservará no poder.
Na Itália, por exemplo, temos o duque de Ferrara, que opôs resistência ao ataque dos Venezianos em 1484, eaos do Papa Júlio em 1510, apenas porque antigo era o domínio de sua família, e era evidente que se tornassemais querido.
Capítulo III - Dos principados mistos
A maior dificuldade está nos principados novos, que também podem ser Estado reunido ao hereditário, quepoderíamos chamar de principado misto, isto porque o povo revolta-se com o novo príncipe que precisouofender os novos súditos com sua tropa e através e outras ofensas que uma recente conquista provoca.
Então serão seus inimigos todos aqueles que foram prejudicados com a ocupação do principados, e seusamigos serão aqueles que te colocaram lá pois, estavam insatisfeitos, e mesmo que estejas fortalecido nãopoderá ser violento contra eles pois, precisa das boas graças dos habitantes. Este foi o erro de Luís XII, Rei daFrança, quando ocupou Milão, que teve o mesmo povo que abriu as portas, contra ele, quando percebeu queerram a respeito do bem que traria aquele príncipe.
Estados conquistados e acrescentados a um Estado Antigo, sendo na mesma província e de idêntica língua,facilmente são sujeitados, sobretudo se não têm o costume de viver livres.
Para Estados com línguas diferentes, mas com mesmos costumes, o conquistador, para conserva-los, deve terem mira duas regras: primeira, extinguir a linguagem do antigo príncipe; segunda, não modificar leis eimpostos.
Já em uma província com língua, costumes e legislação diferentes, o modo mais eficaz de conquistar é opríncipe ir habitá-la, assim poderá acabar com as desordens, logo quando forem surgindo, do contrário,quando a notícia chegar será tarde para agir. Outra maneira é formar colônias em alguns lugares da provínciaconquistada.
Os Romanos, organizaram colônias nas províncias conquistadas, veja na província da Grécia, Roma formentouos Aqueus e os Etólios, submeteu o reino dos Macedônios, expulsou Antíoco.
O desejo de conquista é coisa realmente natural e comum e os homens que podem satisfazê-los serãolouvados sempre e nunca recriminados. Mas não o podendo e querendo fazê-lo de qualquer modo, aí estãoem erro, e merecem censura.
Capítulo IV - Razão por que o Reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se revoltou com os sucessoresdeste
O fato de Alexandre Magno, ter conquistado em poucos anos a Ásia, e depois ter morrido logo em seguida, e opovo não ter-se revoltado contra os sucessores é espantoso. Dos principados que recordamos, dois são osmodos que se governam: ou por príncipes auxiliados por ministros, ou por um príncipe e barões.
Tais barões tem domínio e súditos próprios, que os reconhecem como senhores e dedicam-lhes natural afeto.
Agora considerando-se a natureza do governo de Dario, ter-se -á que é semelhante à do sultão da Turquia. Sefoi necessário a Alexandre desbaratar o inimigo em bloco após a vitória, morto Dario, teve o estado seguro. Eos sucessores de Alexandre, tivessem eles mantido unidos, poderiam desfrutar ociosos aquele reino; nãohouve aí outras turbações senão aquelas que eles mesmo provocaram.
A conquista de um povo, não é mérito só do vencedor, mas das diferenças dos povos subjugados.
Capítulo V – Do modo de manter cidades ou principados que antes de ocupados se governavam por leispróprias
Explanação de como conservar governos com ideologias natas. Por mais que novas ideologias sejaminfiltradas, as antigas leis do principado perdurão até que o novo principado trasgrida as regras antigas edeclare novas regras contanto que se permita que '...repouse a lembrança da perdida liberdade.'
Capítulo VI – Dos principados novos que são conquistados pelas armas e com nobreza
Citação de exemplos de Moisés, Teseu, entre outros, que por virtude própria tornaram-se príncipes.
Capítulo VII – Dos principados novos que são conquistados com armas e com virtudes alheias
O autor transcorre a respeito de César Borgia, filho do papa Alexandre VI, cujas conquistas foramimpulsionadas pelo poder da posição de seu pai e, depois, por alianças com pessoas de punho mais firme queele, como Remirro de Orco.
Capítulo VIII – Dos que chegaram ao principado pelo crime
Neste capítulo o autor trata o fato de se atingir o principado através de '...atos maus ou nefandos...'.Valedestacar a forma que Maquiavel propõe da maneira como devem discorrer as injúrias ao povo, segundo ele'...todas de uma só vez, para que, durando pouco tempo, marquem menos...'.Também é interessante amaneira com que os benefícios ao povo devem ser proporcionados:'...pouco a pouco, para serem melhorsaboreados...'.
Capítulo IX – Do principado civil
O que se pode denominar principado civil, sendo que não é necessário grande valor ou fortuna, mas simastúcia. Este é alcançado pelo favorecimento dos grandes ou do povo. Nas cidades encontram essas duasdisposições, sendo que o povo não quer ser oprimido pelos grandes e os grandes desejam comandar e oprimir
o povo. A estes dois apetites produzam os efeitos; o principado, a liberdade ou a liderança.
O principado é obra do povo ou dos grandes segundo a oportunidade acolhida por um ou por outro. Osgrandes percebem que não podem se opor ao povo, começam a promover a reputação de um membro dopovo e o fazem príncipe. Este para se conservar no poder tem dificuldades. Já o povo percebendo suaincapacidade de se opor aos grandes, concede prestigio a alguém e o torna príncipe, mediante sua autoridade,ser defendido. Este ajuda o povo não tendo dificuldades, pois esta cercado de outros que lhe parecem iguais.
Por outro lado aquele que atinge a condição de príncipe graças ao povo encontra-se só, não tendo em tornode si ninguém ou poucos que não estejam prontos a obedecê-lo. Pode honestamente e sem prejuízo de outrossatisfazer aos grandes, mas certamente pode-se satisfazer o povo, pois este tem uma bem mais honrada queos grandes, desejando estes oprimir e o povo não se deixar oprimir.
O pior que o príncipe pode esperar de um povo hostil é ser abandonado por ele; mas os grandes hostis nãodeve apenas temer que o abandonem, as também que o ataquem. Este príncipe deve viver semprecom omesmo povo, mas nem sempre com os mesmos grandes.
Para um príncipe é necessário contar com a amizade do povo, caso contrario não haverá soluções nasadversidades. Um príncipe sábio deve pensar em um modo pelo qual seus cidadãos, sempre e em quaisquercircunstâncias, careçam do Estado e dele, com o que eles lhe depois sempre fiéis.
Capítulo X – Como devem ser medidas as forças de todos os principados
Os príncipes capazes de se conservarem por si só, que podem, por abundância de homens e de dinheiro,constituir um exercito forte e enfrentar qualquer assaltante. Estes exércitos devem ser regidos por leis. Destemodo este principado terá uma cidade fortificada, mas que não se faça odiado.
A natureza humana obriga ao homem tanto benefícios feitos pelos que recebeu. Pode-se concluir que não serádifícil a um príncipe prudente garantir-se de seu povo.
Capítulo XI – Os principados Eclesiásticos
Para este aparecem toda espécie de obstáculos, porque são obtidos pelo mérito ou pela fortuna, mas sãomantidos pela rotina da religião. Estas são tão forte que conseguem manter seus príncipes tenham estes avida que for. Por este poder tais principados são considerados seguros e felizes.
É de se esperar que, se alguns fizeram o Papado poderoso pelas armas. O pontífice atual, por sua bondade emuitas outras virtudes, o faça mais forte e venerado.
Capítulo XII – Das espécies de milícias e dos soldados mercenários
Se faz necessário que um príncipe tenha fundamentos sólidos; como boas leis e princípios. Como boas leis nãoexistem onde não há armas, portanto, as forças com as quais um príncipe conserva o sue Estado são própriasou mercenárias auxiliares ou mistas. As mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas, pois não são de fatoligadas ao príncipe, são ambiciosas, sem disciplina, infiéis, insolentes com os amigos e covardes comoinimigos, não temem a Deus, nem fazem fé nos homens. Sendo assim o príncipe apenas retarda sua própriaruína.
O príncipe deve se fazer capitão, a República mandará para esse cargo um de seus cidadãos, mas sendo infelizdeve substituí-lo imediatamente. Mas se este revelar seu valor deve a República assegurar-se por meio de leissuas atribuições.
Os capitães afastavam de si e de seus soldados, o medo e o trabalho, poupando-se nos combates e fazendo-se prender uns aos outros sem resgate. A eles tudo era permitido em seu código militar, que tinha porobjetivo evitar o trabalho e os perigos. Deste modo escravizaram e infamaram a Itália.
CAPÍTULO XIII – Das tropas auxiliares, mistas e nativas
As tropas auxiliares são mandadas por poderosos em teu auxílio. Estas podem ser boas e úteis, mas em casode derrota está abatido e em caso de vitória será seu prisioneiro. As forças mercenárias, após uma vitorianecessitam de mais tempo para causar mal, pois foram organizadas e são remuneradas por ti.
Todos os príncipes prudentes repeliam este tipo de tropas, as auxiliares, sempre preferiam suas própriastropas para assim poder chegar a uma vitória de fato.
Com esta observação de diferentes tropas conclui-se que sem possuir tropas próprias nenhum príncipe estágarantido a não ter contratempos. As forças próprias são compostas de súditos ou cidadãos, ou de servos;todas as outras são mercenárias ou auxiliares.
CAPÍTULO XIV – Dos deveres do príncipe para com as tropas
CAPÍTULO XV – Das razões pelas quais os homens e sobretudo os príncipes são louvados ou virtuperados
CAPÍTULO XVI – Da liberdade e da parcimônia
CAPÍTULO XVII – Da crueldade e da piedade – se é preferível ser amado ou temido
CAPÍTULO XVIII – De que maneira devem os príncipes guardar a fé da palavra empenhada
O príncipe não deve ter outra finalidade nem outro pensamento, senão a guerra, seu regulamento e disciplina,pois esse é a única arte que se atribui a quem comanda. Ela é de tal poder que não só mantém os quenasceram príncipes, porém muitas vezes eleva àquela qualidade cidadãos de condição particular. Um príncipenão versado de milícia, além de outras desventuras, como se disse, não pode ter a estima de seus soldadosnem confiar neles. Um príncipe sábio deve considerar as histórias de outros países e meditar as ações dehomens ilustres, estudar as razões de suas derrotas e vitórias e jamais estar ocioso nos tempos de paz; deveisto sim, de modo inteligente, ir formando cabedal de que tire proveito nas adversidades, para estar aqualquer tempo preparado para resistir-lhes.
Os príncipes se fazem notáveis pelas qualidades que lhes trazem reprovação ou louvor. Qualquer umreconhecerá que muito louvável seria um príncipe possuísse, de todas as características tidas por boas; mas acondição do homem é tal, que não permite a posse completa delas; é preciso que o príncipe seja tão prudenteque saiba evitar os defeitos que lhe tirariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe garantir aposse dele.
A liberalidade usada para que se espalhe a tua fama de liberal não é virtude; se ela se pratica de modovirtuoso e como se deve, será ignorada e não escaparás da má fama de seu contrário. Portanto, não podendousar dessa virtude sem prejuízo para si mesmo, deve ele, sendo prudente, desprezar a pecha de avaro, poiscom o tempo, poderá demonstrar que é sempre mais liberal, pois verá o povo que a parcimônia do príncipefaz que lhe baste a sua receita, podendo defender-se dos que lhe movem guerra, e está deste modo sendoliberal para todos aqueles dos quais nada tira, que são muitos, e avarento para aqueles aos quais nada dá,que são muitos poucos. É mais prudente ter fama de miserável, o que acarreta má fama sem ódio, do que,para ter fama de liberal, ser elevado a incorrer também na de repasse, o que constitui infâmia odiosa.
Cada príncipe deve querer ser considerado piedoso e não cruel; não obstante, deve cuidar de empregar demodo conveniente essa piedade. Não deve, pois, importar ao príncipe a pecha de cruel para conservar seussúditos unidos e com fé, porque, com pequenas exceções, ele é mais piedoso do que por excesso declemência deixam que surjam desordens, das quais podem se originar assassínios ou rapinagens. É que taisconseqüências prejudicam todo o povo e as execuções prejudicam a um só. Muito mais seguro é ser temidoque amado quando seja obrigado a falhar numa das duas. Os homens hesitam menos em ofender aos que sefazem amar, do que aqueles que se tornam temidos. Deve-se o príncipe fazer-se temido de modo que, se nãofor amado, ao menos evite o ódio, pois fácil é ser ao mesmo tempo temido e não odiado. Portanto, umpríncipe sábio ama os homens como querem ser amados, e sendo temido por eles como queira, deve firmar-se no que é seu e não sobre o alheio. Enfim, deve apenas evitar ser odiado.
Há duas formas de combater: uma, pelas leis, outra pela força. A primeira é natural do homem, a segunda dosanimais. Ao príncipe se faz preciso, porém, saber empregar de maneira conveniente o animal e o homem, euma desacompanhada da outra é origem da instabilidade. Não pode um príncipe de prudência, nem deve,guardar a palavra empenhada quando isso lhe é prejudicial e quando os motivos que o determinaremdeixarem de existir. Um príncipe não pode seguir a todas as coisas tidas como boas, sendo muitas vezesobrigado, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. Nas atitudes dos homens, sobretudo dospríncipes, importa apenas o êxito bom ou mau. Trate, portanto, de vencer e conservar o Estado, pois os meiosque empregar serão sempre julgados honrosos e louvados, pois o vulgo se deixa levar por aparências e pelasconseqüências dos fatos consumados, e o mundo é formado pelo vulgo, e não haverá lugar para a minoria sea maioria não encontre lugar para se apoiar.
Capítulo XIX – De como se deve evitar o desprezado ou odiado
O príncipe procura evitar coisa que o faça odioso ou desprezível e sempre que agir assim, cumprirá seu devernão achará nenhum perigo nos outros defeitos. O que o torna sobretudo odioso é o ser rapace e usurpadordos bens e das mulheres e de seus súditos. Torna desprezível o ser tido como volúvel, leviano, efeminado,covardee irresoluto. Tais coisas devem ser evitadas do mesmo modo que o navegante evita um rochedo.Deve ele fazer que em suas ações se reconheça a grandeza, coragem, gravidade e fortaleza, e quanto àsações particulares de seus súditos deve fazer que sua presença seja irrevogável, portando-se de modo tal queninguém pense enganá-lo ou fazê-lo mudar de idéia.
Deverá defender-se destes com boas armas e bons aliados, e tendo armas sempre terá bons amigos. Osnegócios internos, por seu turno, estarão estabilizadas se estabilizadas estiverem as coisas de fora, a não seraqueles que já estejam perturbados por uma conspiração. A propósito dos súditos deve-se recear que sempreconspirem em segredo, e se tiver conseguido que o povo esteja satisfeito com ele.
A um Príncipe pouco deve-se importar as conspirações se ele é querido do povo, pois se este é seu inimigo e oodeia, deve temer tudo e todos. Deve-se estimar os poderosos, porém não se tornar odiado pelo povo.
E é preciso que se note que o ódio se adquire ou pelas ou pelas más ações. Por isso, um Príncipe desejandoconservar o Estado, é freqüentemente obrigado a não ser bom, porque quando aquela maioria, seja povo,senado ou grandes, de que julgas ter precisão para conservar no poder, é corrupta, é conveniente que sigas oseu pensador para satisfazê-la e, assim, as boas ações são prejudicadas.
É de se notar neste ponto que assassínios, deliberados por homens obstinados são impossíveis de seremevitados pelos Príncipes porque todo o que não tiver medo da morte poderá executá-los não deve, entretanto,o Príncipe amedrontar-se pois são raríssimos. Deve somente evitar, não injuriar gravemente algumas daspessoas que se utiliza e que tenha ao seu lado a serviço de seu governo, como fez Antonino. Tinha esteassassinado de modo indigno um irmão daquele centurião, e ameaçada ainda a este diariamente, mas,obstante isso, manteve-o na sua guarda, o que era coisa temerária e capaz de arruiná-lo como sucedeu.
Contudo, quem observar o que foi narrado, entenderá que o ódio e o desprezo foram motivos da ruína demuitos imperadores e conhecerá ainda os motivos pelos quais alguns deles, agindo de uma forma e outros demodo contrário, alguns terminaram bem e outros tiveram triste fim.
Capítulo XX – Se as fortalezas e tantas outras coisas que cotidianamente são feitas pelo príncipe são úteis ounão
Alguns Príncipes, para conservarem com segurança o Estado, deixaram desarmados os seus súditos, outrosrepartiram as cidades conquistadas mantendo facções para combaterem-se mutuamente, outros alimentaraminimizades contra si próprios, outros entregaram-se à conquista do apoio daqueles que lhe eram suspeitos noprincípio de seu Governo, alguns outros construíram fortalezas.
Tirando as armas, principais por ofendê-los, dando a entender que desconfia deles ou que é covarde.Qualquer dessas opiniões levantará ódio contra ti. Não houve Príncipe num principado novo, sempre organizaa força armada, porém, um Príncipe que conquista um novo Estado, que seja anexado ao domínio, então faz-se preciso desarmar aquele Estado, menos aqueles que tenham ajudado a conquistá-lo a ainda a esses épreciso, com o tempo, torná-los apáticos e moles, de maneira que todas as armas desse Estado estejam comos teus soldados, que junto a ti viviam no Estado antigo.
Muitas vezes, servem melhor ao Príncipe os serviços dos ex-adversários do que os daqueles que, pordemasiada segurança, negligenciam os interesses do Príncipe.
Considerando-se todas essas coisas, louvaremos os que edificarem fortalezas e ainda os que não asconstruírem, e lamentarei os que confiando em tais meios de defesa, não se preocuparem com o fato de opovo os odiar.
Capítulo XXI – O que um príncipe deve realizar para ser estimado
Nada torna um príncipe tão estimado como as grandes empresas e o dar de si raros exemplos.
Um príncipe deve ter o cuidado de não se aliar com um mais poderoso, se não quando for impelido pelanecessidade, porque, vencendo, ficará presa do aliado; e os príncipes devem evitar a todo custo estar a mercêde outro.
Deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se destacam numa arte qualquer.
Capítulo XXII - Dos ministros dos príncipes
A escolha dos seus ministros não é uma coisa de mínima importância.
Para que um príncipe possa conhecer bem o ministro, existe este modo que jamais falha: quando percebesque o ministro pensa mais em si mesmo do que em ti, e que em todas as suas ações procura tirar proveitopessoal, podes estar certo de que ele não é bom, e nunca poderás confiar-te nele; aquele que dirige osnegócios do Estado não deve jamais pensar em si mesmo, mas sempre no príncipe e nunca recordar-lhecoisas que estejam fora da esfera do Estado.
O príncipe para garantir-se do ministro, deve pensar nele, honrando-o, fazendo-o rico, fazendo com que elecontraia obrigações para contigo, fazendo-o participar de honras e cargos, de modo que as muitas honrariasnão lhe tragam o desejo de outras.
Capítulo XXIII - De como se evitam os aduladores
Outra maneira de proteger-se da adulação não existe, se não fazer com que os homens compreendam quenão te fazem ofensa em dizer a verdade; quando, porém, todos podem dizer-te a verdade, faltar-te-ão aorespeito. Um príncipe prudente deve, pois, portar-se de uma terceira maneira, escolhendo em seu Estadohomens sábios e apenas a estes conceder o direito de dizer-lhe a verdade a respeito , porém, somente dascoisas que ele lhes inquirir.
Um príncipe deve, pois, aconselhar-se sempre, mas quando ele julgar que o deve e não quando os outrosdesejam. Mesmo, julgando que alguém, por medo, não lhe diga a verdade, não deve o príncipe deixar demostrar o seu desprazer. Conclui-se daí, é que os bons conselhos, venham de onde vierem, nascem daprudência do príncipe e não a prudência do príncipe dos bons conselhos.
Capítulo XXIV - Porque os príncipes de Itália perderam seus Estados
Um príncipe novo é muito mais vigiado em seus atos do que um hereditário, e quando esses atos mostramvirtude, atraem muito mais aos homens e os obrigam muito mais de que a antigüidade do sangue. Issoporque os homens são muito mais presos as coisas do presente do que àquelas do passado e, quando achamo bem naquelas, contentam-se e nada mais buscam, antes, tomarão a defesa do príncipe se este não falharnas demais coisas às suas promessas.
Deste modo, esses nossos príncipes que, por muitos anos, possuíram seus principados, para depois vir aperdê-los, não acuse a fortuna, mas sim sua própria ignávia; porque jamais tendo nas boas épocas pensandoem que os tempos poderiam mudar [e é comum nos homens não se preocupar, na bonança, com astempestades], quando chegaram os tempos adversos, pensaram em fugir e não defender-se e aguardaramque as populações cansadas da insolência dos vencedores os reclamassem outra vez.
Não quererias cair apenas porque acreditas que encontres quem te levante. Isto, ou não sucede, ou, quandosucede, não te trará segurança, porque é fraco meio de defesa o que de ti não depende. E são sempre bons,certo e duradouros os meios de defesa que dependem de ti mesmo e de teu valor.
Capítulo XXV – De quanto pode a sorte nas coisas humanas e de que maneira se deve resistir-lhe
Não desconheço que muitos têm e tiveram a opinião de que as coisas do mundo são dirigidas pela fortuna epor Deus, de modo que a prudência humana não pode corrigi-las, e mesmo não lhes traz nenhum remédio. Éo que acontece com rios impetuosos que, quando se tornam encolerizados, alagam as planícies, destroem asárvores, os edifícios, tudo cede ao seu ímpeto, sem poder obstar-lhe; mas não é menos verdade que oshomens podem, quando o rio se acalmar, providenciarem diques para que da próxima cólera do rio, estepasse por canais que certamente conterão parte dos estragos. O mesmo acontece com a fortuna, o seu poderse manifesta aonde não há resistência organizada.
Relativamente os caminhos que conduzem os homens às finalidades que buscam, podem ser diversos. Nota-seque dois indivíduos para chegarem ao mesmo objetivo podem agir de maneiratotalmente diversas; emcontrapartida dois homens agindo da mesma maneira podem não chegar aos mesmos resultados. Mas comtoda certeza, de qualquer maneira que se porte o homem, deve ele modificar seu modo de agir de acordo como tempo e as coisas.
Concluo, pois, por dizer que, modificando-se a fortuna, e conservando os homens, com obstinação, o seumodo de proceder, são felizes enquanto esse modo de agir e as particularidades do tempo combinarem. Nãocombinando, serão infelizes.
Capítulo XXVI – Exortação ao príncipe para livrar a Itália das mãos dos Bárbaros
Deste modo, tendo ficado como sem vida, aguarda a Itália aquele que lhe possa curar as feridas e dê fim aosaque da Lombardia, aos tributos do reino de Nápoles e da Toscana, e que cure as suas chagas já há muitotempo apodrecidas. Percebe-se que ela pede a Deus que lhe mande alguém que a redima de tais crueldades einsolências de estrangeiros. Vê-se mesmo, que se acha pronta e disposta a seguir uma bandeira, desde queexista quem a levante.
Aqui há muito valor no povo, embora faltem chefes. Observai, nos duelos e torneios, quanto são os italianossuperiores em força, destreza e inteligência. Tratando-se, porém, de exércitos, tais qualidades não chegam amostrar-se. E tudo deriva da fraqueza dos chefes, pois os que sabem não são obedecidos e todos acreditamsaber muito, não tendo surgido até o momento nenhum cujo valor ou sorte de tanto realce que obrigue osdemais a abrir-lhe caminho. É por este motivo que em tanto tempo, em tantas guerras que se deram nestesúltimos vinte anos, todo exército inteiramente italiano sempre se saiu mal.
É preciso portanto, preparar as armas, para poder defender-se dos estrangeiros com a própria bravuraitaliana. E não obstante sejam considerados formidáveis as infantarias suíças e espanholas, têm ambasdefeitos, de maneira que uma terceira potência, que viesse a ser criada, poderia não só opor-se mas terconfiança na vitória. Pode-se, pois, conhecendo os defeitos dessas duas infantarias, organizar uma terceiraque resista à cavalaria e não tema a sua rival. E daí virá `formação de uma geração de guerreiros e aalteração dos métodos. E são essas coisas que , reorganizadas, dão reputação e grandeza a um príncipe novo.
Não se deve, pois, deixar escapar-se essa oportunidade, a fim de fazer com que a Itália, após tanto tempo,encontre um redentor. Já fede , para todos, este domínio de bárbaros. Toma, portanto, a vossa ilustre casaesta tarefa com aquele ânimo e aquela fé com que as boas causas são esposadas, a fim de que, sob o seubrasão, esta pátria se enobreça, e sob os seus auspícios se verifique aquela expressão de petrarca.
APÊNDICE – Carta de Machiavelli a Francesco Vettori
Magnífico embaixador. Tardas nunca foram as graças de Deus. Digo tal porque me parecera não ter perdido,mas enfraquecido a vossa graça, tendo vós ficado tanto tempo sem me escrever e estava eu em dúvida deonde pudesse vir a razão. E a todas quantas me acudiam à mente dava eu pouca importância, menos àquelapela qual duvidava não houvésseis deixado de escrever-me, porque vos houvesse sido escrito que não fosseeu bom conservador de vossas cartas; e sabia eu que, Felippo e Pagolo exclusive, outros não as tinham vistode mim. Não posso, pois, desejando render-vos iguais graças, dizer-vos nesta missiva outra coisa a não ser
minha vida, e se julgardes deva trocá-la pela vossa, ficaria satisfeito em mudá-la. E como disse Dante, nãopode a ciência daquele que não guardou o que escutou – anoto aquilo de que pela sua conversação fizcabedal e compus um opúsculo DE PRINCIPATIBUS, onde me aprofundo o mais que posso nas cogitaçõesdeste assunto, debatendo o que é principado, de quantas espécies são, como são conquistados, como sepodem manter, porque se perdem; e se alguma vez vos agradou uma fantasia minha, não deveria esta vosdesagradar. E de minha fé não se deveria duvidar, pois tenho sempre observado a fé, não vou agora quebrá-la; e quem foi fiel e bom durante quarenta e três anos, que são os que tenho, não deve poder mudar suanatureza; e de minha fé e bondade é testemunho a minha pobreza. Queria, portanto, que ainda meescrevêsseis o que sobre este assunto vos pareça , e a vós me recomendo.
Extratos dos discursos de Maquiavel acerca das décadas de Tito Lívio
[Comentado por Napoleão Bonaparte]
I - É difícil que um povo, habituado a viver sob o mando de um príncipe tendo caído, por algumaeventualidade, sob um governo republicano, permaneça nele.
II - Um povo corrompido em estado republicano mantém-se com grande dificuldade.
III - Quando um Estado monárquico começou bem, um príncipe fraco pode manter-se nele, mas não hánenhum reino que possa sustentar-se quando o sucessor desse príncipe é tão fraco quanto o próprio.
Os príncipes são fracos quando não estão sempre prontos para fazer a guerra.
IV - O príncipe que entra num Estado novo para ele deve renová-lo totalmente.
Quem quer que se torne príncipe de um Estado, ou província, particularmente quando está fracamentefirmado neles. É preciso estabelecer novos governos como novos nomes nas cidades, uma nova autoridade enovos homens, como fez Davi ao se tornar rei: deve edificar novas cidades, destruir as velhas, levarmoradores de um lugar para outro, ou seja, não deixar nada inalterado nessa província.
Aquele que deseje reinar sobre uma nova província, descuidando dessa sábia alternativa de viver comoparticular, deve fazer este mal se quiser manter-se.
V - O populacho é atrevido, mas no fundo é fraco.
Estou certo, portanto, de que a boa ou má disposição de um povo deve ser levada em pouca conta se teencontras em situação de poder contê-lo e de poder providenciar para não ser ofendido por nenhum indivíduobem ou mal disposto.
As más disposições provenientes destas causas são formidáveis necessitam-se de maiores remédios paradeprimi-las e contê-las, enquanto que isso é mais fácil nas outras más disposições, contanto que nos povosnão disponham de chefes a quem possam recorrer.
Por essa razão, um vulgo sublevado que quisesse evitar tais perigos, deveria escolher um chefe, pensar emsua defesa, como fez a massa de Roma. Quando a plebe não toma tais cuidados sempre lhe acontece o quedisse Tito Lívio, isto é, todos juntos são audazes e que depois cada um se torna covarde e fraco quandocomeça a pensar no perigo que o ameaça.
Não creio que se possa dizer que entre os que nasceram de humilde condição e chegaram a empunhar umcetro existia pelo menos um que o tenha feito pela força e pela fraqueza.
Aquilo que os príncipes precisam fazer para sua elevação é também necessário nas novas repúblicas, até quese tenham tomado poderosas e que precisem apenas de força para sustentar-se.
VI – Quem quer que chegue de uma baixa condição à mais alta elevação consegue muito mais a fraude doque com a força.
VII - O príncipe que, através de sua deferência com os governados, acredita temperar sua ousadia,
geralmente se engana.
Constatou-se freqüentemente que esta palavra não é tão-só inútil de todo, como prejudicial, principalmentequando a exerces com homens insolentes que, por inveja ou outros motivos, odeiam-te.
Um príncipe, portanto, não deve jamais permitir em rebaixar-se de sua posição nem em abandonar coisaalguma, a não ser que não possa ou creia não poder reter o que lhe obrigam a ceder. Vale quase sempre,quando a coisa chegou a um ponto em que não se pode cedê-la de bom gosto, que a deixes ser levada pelaforça, em lugar de deixar que seja roubada por meio desta. Quando cedes por medo é para evitar uma guerrae freqüentemente, não se pode cedê-la de bom gosto, que a deixes ser levada pela força em lugar de deixarque seja roubada por meio desta. Quando a cedes por medo é para evitar uma guerra e, freqüentemente, nãoa evitas. Aquele a quem, por efeito de visível covardia, tenhas concedido o que queria, não parará apenasnisso.
VIII – Quão perigoso é para um príncipe, bem como para uma república, não castigar ultrajes praticadoscontra uma nação ou contra particular.
Pode-se perceber quanto a indignação causada pela impunidadedos culpados deve ocasionar de mal seconsidera o que aconteceu aos romanos por não terem castigado a perfídia de seus três embaixadores comrespeito aos franceses para os quais se havia enviado a Clusi.
Os franceses, tendo conhecimento de que eram honrados aqueles que mereciam simplesmente o castigo,olharam essa conduta como ofensiva e ignominiosa para si próprios e, indignados e irados, lançaram-se sobreRoma e a tomaram, com exceção do Capitólio.
Esta desgraça não aconteceu aos romanos tão-somente porque haviam faltado com a justiça, mas porqueseus embaixadores, que deveriam ser castigados por terem trabalhado criminosamente contra o direito dasnações, foram cumulados de honras por esta infâmia. Cuidem, pois, tanto os príncipes; visto que, se ofendidocom gravidade por alguém, indivíduo ou Estado, e não recebendo satisfação disso, vingar-se-á de formafunesta para o Estado.
O príncipe nunca deve menosprezar nenhum de seus súditos que acredite que, juntando sua própria injúria àque um deles lhe tenha porventura feito, particular ou cortesão, tenha a idéia de vingar-se do príncipe, aindaque atraindo a desgraça para sua própria pessoa.
IX - A fortuna cega o espírito dos homens quando não quer que se oponham a seus próprios desígnios.
Se consideram os rumos de coisas humanas, reconher-se-á que freqüentemente ocorrem acidentes contra osquais os céus não desejaram que os homens pudessem preservar-se.
Nada sendo mais verdadeiro que essa conclusão: os homens, cuja vida foi formada de grandes adversidadesou de perene prosperidade, não merecem censuras ou elogios.
Quando a fortuna deseja que grandes coisas sejam feitas, trabalha com competência escolhendo um homemde grande gênio para conhecer as ocasiões que lhe vai apresentar e de valores bastante extenso paraaproveitar-se delas.
É um verdadeiro que os homens possam auxiliar a fortuna; podem dirigir, não cortar o fio de suas operações.Todavia, nunca devem desanimar-se, porque não sabendo o fim a que ela leva e caminhando por sendascontroversas e desconhecidas, sempre devem esperar e, consequentemente, suster-se com a esperança semqualquer circunstância crítica ou incômoda em que se encontrem.
X - Um governo deve evitar confiar cargos ou administrações de alguma importância aos que tenha ofendido.
Esta verdade é tão evidente que basta expor aqui o exemplo que nos presta a história romana.
Quando vemos que o ressentimento exerce tamanho influxo sobre um cidadão romano, nos tempos em queRoma não estava corrompido, devemos prever quanto pode fazer num cidadão de um Estado em que seintroduziu a corrupção e em que as almas estão destituídas de toda antiga magnimidade romana.
XI – Porque os franceses foram e são ainda olhados, no início do combate, como mais que homens e menosque mulheres quando este se prolonga.
Para demonstrar minha opinião devo observar que existem alguns tipos de exércitos: o primeiro é aquele emque a ordem conjuga-se com o furor e em que o furor e valentia são provenientes da ordem reinante: tal foi oefeito que os romanos observam em seus exércitos.
Outras espécies de exército é aquela em que não há furor natural nem ordem ocidental; tais são os exércitositalianos de nosso tempo, que são por essa razão absolutamente inúteis.
XII - Do gênio dos franceses
Os gênios franceses conhecem com tanta rapidez os benefícios e prejuízos do momento que conservamescassa lembrança dos bens e males passados e pouco se inquietam com o bem ou mal futuros.
XIII - Pintura das coisas de França
Os franceses são, por natureza, mais fogosos que atrevidos ou destros e quando alguém resiste a seu furor naprimeira investida tornam-se humildes e perdem tanto o valor que se tornam tão coardes quanto mulheres.
Não suportam a estreiteza e a falta de conforto, e o tempo os afrouxa tanto em campanha que, se é possívelfazê-los esperar, debandam e então é fácil vencê-los... Portanto, aquele que desejar triunfar sobre eles, queos contenha em seu primeiro assalto, que os entretenha para ganhar tempo e os vencerá. Por isto dizia Césarque os franceses – galos – eram , inicialmente, mais que homens e no fim, menos que mulheres.
XIV – Detalhes de Castruccio Castracani, senhor de Luca
Numa batalha terrível que Castruccio Castracani sustentava contra os florentinos, vendo que esta havia duradoo suficiente para que estivessem tão cansados como suas próprias tropas, mandou que se adiantassem milelementos da infantaria através dos seus e ordenou aos últimos que estavam na vanguarda que se abrissem efizessem um movimento de retorno, uns para a direita e outros para a esquerda, como se retirassem.
Castruccio tinha o costume de dizer que os homens devem experimentar tudo e não se espantar de nada; queDeus ama os homens valorosos, tendo em vista que devemos castigar os fracos por intermédio.
Mandou matar um cidadão de Luca que havia contribuído para sua elevação e como lhe lançassem à face ofato de ter feito morrer um amigo, respondeu que incorriam em erro, visto que havia mandado matar apenasum novo inimigo.

Continue navegando