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Divinópolis, outubro de 2016 Profª Helen Cristiny Teodoro Couto Ribeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI Campus Centro Oeste Dona Lindu - Divinópolis Curso de Enfermagem Assistência de enfermagem ao paciente com distúrbios nas funções renal e urinária Epidemiologia Epidemiologia A cada ano, aproximadamente 21 mil brasileiros precisam iniciar tratamento por hemodiálise ou diálise peritoneal (SBN, 2016) EUA: aproximadamente 11% da população padeçam de doença renal crônica em algum estágio de evolução. A maior parte desses indivíduos não chega a desenvolver doença renal crônica terminal morrem das complicações cardiovasculares antes de ocorrer a progressão para o estágio terminal (LeVeY et al., 2010). Nem todos os pacientes tem acesso à diálise significa a diferença entre a vida e a morte 1.065.000 pessoas em diálise no mundo e 90% destas vivem na América do Norte, Japão e Europa (menos de 20% da população mundial). Anatomia Sistema renal e urinário Anatomia Sistema renal e urinário Rins: Órgãos pareados avermelhados; Localização: entre a ultima vértebra torácica e a 3ª lombar (retroperitoneal); Protegidos pelas costelas, músculos da fáscia, tecido adiposo perirenal e cápsula renal que envolve cada rim; Peso rim adulto: 120 a 170 gramas; Tamanho: cerca de 12 cm de comprimento, 6 cm de largura e 2,5 cm de espessura; Rim direito mais baixo que o esquerdo. Anatomia Sistema renal e urinário Córtex renal Medula renal Ducto coletor Pelve renal Medula renal Córtex renal Ureter Anatomia Sistema renal e urinário URETERES: Órgãos tubulares e musculares; Coletam a urina que goteja da pelve renal e transportam até a bexiga urinária; Trajeto retroperitonial, em sentido postero-lateral a bexiga urinária. Porções: Abdominal Pélvica Intra-mural Anatomia Sistema renal e urinário Bexiga: Orgão muscular cavitário, localizada no assoalho da cavidade pélvica; Armazena a urina, Quando vazia tem um forma pêra ou pirâmide invertida, porém quando está cheia de urina (600 a 800 ml), tem forma esférica, de bola. Anatomia Sistema renal e urinário Uretra: Órgão tubular, forrado por membrana mucosa, que sai da face inferior da bexiga e transporta a urina dela para o meio externo; A uretra é circundada por uma camada de músculo que de acordo com sua características são denominados como: Esfíncter interno: músculo liso Esfíncter externo: músculo esquelético. Funções dos rins (UNA/SUS, 2014) Néfron: unidade funcional do rim Aproximadamente 2 milhões. Constituído por: Glomérulo Arteríola Aferente Arteríola Eferente Cápsula de Bowman Túbulo proximal Alça de Henle Túbulo Distal Ductos coletores. Formação da urina • Agua – 180 l • Sódio – 540 g • Uréia – 53,0 g • Glicose – 140 g FILTRAÇÃO GLOMERULAR • Agua – 178.5 l • Sódio – 536.7 g • Uréia – 28,0 g • Glicose – 140 g REABSORÇÃO NO TÚBULO • Agua –1,5 l • Sódio –3.3 g • Uréia – 25, 0 g • Glicose – 0,0 g EXCREÇÃO NA URINA Formação da urina Manifestações clínicas da disfunção urinária e renal Dor. Alterações da micção: Frequência Urgência Forte desejo de urinar Disúriamicção dolorosa ou difícil Hesitação Retardo, dificuldade em iniciar a micção Nictúriamicção excessiva à noite Incontinência perda involuntária de urina Enuresemicção involuntária durante o sono Poliúria volume aumentado de urina eliminada (mais que 1500 ml) Oligúria Débito urinário menor que 400 ml-dia Anúria Débito urinário menor que 50 ml-dia Hematúria Eritrócitos na urina Proteinúria Quantidade anormais de proteína na urina Principais disfunções renais e urinárias Infecções do trato urinário (ITUs) Causadas por microrganismos patogênicos no trato urinário (acima da uretra é estéril) Mais frequente nas mulheres anatomia Apresenta-se sintomática ou assintomática Microrganismo mais comum (80 a 90%): Escherichia Coli (SMELTZER; BARE, 2002) Incapacidade ou dificuldade de esvaziar a bexiga; Fluxo urinário obstruído (cálculos, estenoses); Imunossupressão; Manipulação do trato urinário (cateterismo) 80% das ITU hospitalares tem como principal causa o cateterismo vesical; Diabetes (glicosúria cria um ambiente propicio à ITU); Gravidez; Contaminação fecal do meato uretral; Relações sexuais. ITU - Principais fatores de risco (SMELTZER; BARE, 2002) ITU - Classificação ITU superior • Pielonefrite aguda ou crônica; • Nefrite intersticial: inflamação do rim; • Abcessos renais. ITU inferior • Cistite: inflamação da bexiga; • Prostatite: inflamação da próstata; • Uretrite: inflamação da uretra. (SMELTZER; BARE, 2002) ITU Inferior Esterilidade da bexiga: barreira fisiológica da uretra; fluxo urinário; competência da junção ureterovesical; enzimas e anticorpos antibacterianos; efeitos antiaderentes mediados pelas células da bexiga. (SMELTZER; BARE, 2002) ITU Inferior - Fisiopatologia Microrganismos têm acesso à bexiga Fixam-se e colonizam-se no epitélio do trato urinário Evitam a depuração com a micção Protegendo-se da reação imune Iniciam um processo inflamatório (SMELTZER; BARE, 2002) Vias de infecção: Infecção ascendente: Organismos fecais que ascendem a partir do períneo até a uretra e a bexiga aderem à mucosa (mais comum); Frequente em mulheres sexualmente ativas. Disseminação pela corrente sanguinea: Por meio de um sítio distante de infecção. Extensão direta: Por meio de uma fístula oriunda do trato intestinal. ITU Inferior - Fisiopatologia (SMELTZER; BARE, 2002) Refluxo da urina (fluxo retrógrado): Uretrovesical : da uretra para dentro da bexiga Tosse, espirro ou esforço pressão vesical aumenta força a urina da bexiga para a uretra pressão normaliza urina reflui para dentro da bexiga leva bactérias das porções anteriores da uretra para a bexiga. ITU Inferior - Fisiopatologia (SMELTZER; BARE, 2002) ITU inferior – Manifestações clínicas Bacteriúria (metade assintomático); Cistite não complicada: Dor e queimação na micção; Polaciúria; Urgência; Nictúria; Incontinência; dor suprapúbica ou pélvica; Hematúria; dor lombar. (SMELTZER; BARE, 2002) ITU superior Infecção bacteriana da pelve renal, túbulos e tecido intersticial de um ou ambos os rins. Pielonefrite aguda • Causas: refluxo ureterovesical (Junção ureterovesical comprometida urina retroceda para dentro dos ureteres pode carrear bactérias até os rins); obstrução do trato urinário, hiperplasia prostática benigna, cálculos. • Manifestação clínica: rins aumentados, abscessos na cápsula renal, febre, leucocitose, bacterúria, dor no flanco, Febre, calafrios, náuseas e vômitos, indisposição, micção dolorosa. Repetidos surtos de pielonefrite aguda pielonefrite crônica Pielonefrite crônica • Manifestações clínicas: fadiga, cefaléia, apetite deficiente, poliúria, sede excessiva, perda de peso; • Infecção persistente e recorrente cicatrização progressiva do rim insuficiência renal (SMELTZER; BARE, 2002) ITU – Tratamento Uso de antibióticos eficazes para tratar ITU, mas com efeitos mínimos sobre a flora fecal e vaginal; 25% dos pacientes em tratamento de ITU desenvolve vaginites fúngicas; Se não houver o tratamento correto pode ocorrer recorrência. Terapia medicamentosa Educação do paciente e familiares ITU – Complicações(SMELTZER; BARE, 2002) Insuficiência renal devido ao extenso dano ao rim Sepse ITU – Diagnósticos e intervenções de enfermagem Dor e desconforto relacionados a inflamação e infecção da uretra, bexiga e outras estruturas do trato urinário Padrões de eliminação alterados relacionados a frequência, urgência e hesitação Déficit de conhecimento sobre os fatores que predispõem a infecção e recorrência, detecção e prevenção e farmacoterapia Alívio da dor e desconforto Início rápido do tratamento antimicrobiano; Calor sobre a região perineal. Alívio da disúria, urgência e hesitação Encorajar o paciente a ingerir grande quantidade de líquidos; Evitar líquidos irritantes (café, chá, colas, álcool); Estimular a micção frequente e esvaziar completamente a bexiga. ITU – Diagnósticos e intervenções de enfermagem Monitorização e tratamento das complicações Evitar o cateterismo; Quando impossível, retirá-lo na primeira oportunidade. Cuidados com pacientes cateterizados Usar técnica asséptica; Fixar corretamente as sondas para evitar traumatismos; Examinar frequentemente a urina quanto a cor, odor e consistência; Meticulosa higiene perineal com água e sabão diariamente; Manutenção do sistema fechado no cateterismo. ITU – Diagnósticos e intervenções de enfermagem Higiene Limpeza do períneo correta após evacuações. Ingestão de líquidos Beber no mínimo 2 litros de água diariamente. Hábitos urinários Urinar a cada 3 horas durante o dia; Esvaziar completamente a bexiga após a micção; Urinar imediatamente após as relações sexuais. Ações de educação ITU – Diagnósticos e intervenções de enfermagem Urolitíase Depósito organizado de sais minerais (cálculos, pedras) nos rins ou qualquer parte do aparelho urinário. Composição: 71% 10% 10% 8% 1% Ox.cálcio Fosf.cálcio Estruvita Ac.úrico Cistina Urolitíase – Fatores associados Genéticos (40 a 60% em familiares de primeiro grau); Faixa etária mais suscetível: 20 e 40 anos; Raça: mais frequente na branca, seguida da oriental e da negra; Alterações anatômicas (congênitas ou adquiridas); Exercícios físicos intensos; Ambiente que sofrem maior perda insensível de água: reduzida umidade relativa do ar: (ar condicionado) calor (regiões mais quentes e secas; períodos mais quentes do ano há um aumento de 30% dos casos de cálculos renais). (UNIFESP, 2005) Urolitíase – Fatores associados Fatores promotores (crescimento e agregação do cristal): imobilidade estase urinária; alto conteúdo urinário de substâncias formadoras de cálculo (Ca, Urato e H); excesso dietético (água, sal, proteína, purinas ácido úrico e cálcio); baixa ingestão hídrica; anoramlidade anatômica Fatores inibidores: substâncias que impedem a cristalização de urina: citrato (ácido cítrico ajudam a dissolver o Ca da urina), magnésio (ervilha, abacate, nozes, camarão, ostras); Dieta balanceada; ingestão adequada de água; Uso moderado de vinho tinto: reduz até 60% o risco de formação de cálculos; Atividade física (hidratação antes, durante e após). Urolitíase – Manifestações clínicas Assintomática Dependentes de infecção associadas, obstrução e edema. Obstrução do fluxo urinário retenção urinária; Eliminação espontânea de cálculos pela urina (0,5 a 1,0 cm); Hematúria (em virtude da ação abrasiva do cálculo); Piúria; Dor intensa em cólica (cólica renal ou nefrética) irradia para pontos ureterais e genitália externa (grandes lábios e testículos) náuseas e vômitos; Vontade de urinar e pouca eliminação de urina; Diarreia e desconforto abdominal; Disúria; Arrepio de frio; Febre e/ou odor pútrido da urina: se infecção; Agitação e inquietação (UNIFESP, 2005) Sangue: cálcio, ácido úrico, fosfase alcalina, creatinina. Urina: sedimento urinário com cultura; pH urinário da 2ª amostra de urina matutina após 12 horas de restrição; Duas coletas de urina para cada elemento: cálcio, ácido úrico, citrato, Na, oxalato, qualitativo de cistina, creatinina; Volume urinário de 24 horas. Urolitíase - Diagnóstico (UNIFESP, 2005) Urolitíase - Diagnóstico Rx abdominal Ultrassom abdominal Propicia melhor visualização de cálculos ureterais, onde o US pode apresentar resultados falso- negativos presença de gases Complementa o RX simples, pois detecta cálculos radiotransparentes e diagnostica presença de obstruções totais ou parciais do trato urinário (UNIFESP, 2005) Diagnóstico por imagem: processo obstrutivo, tamanho e migração do(s) cálculo(s) Tomografia: aumenta a acurácia do diagnóstico Urografia excretora: visualização e estudo da árvore excretora urinária a partir dos rins Urolitíase - Diagnóstico Tomografia Urografia excretora Aumenta a acurácia do diagnóstico Padrão Ouro: Visualização e estudo da árvore excretora urinária a partir dos rins (UNIFESP, 2005) Urolitíase - Complicações Infecções e sepse (a partir de ITU); Obstrução do trato urinário pelo cálculo ou edema insuficiência renal aguda (IRA). (SMELTZER; BARE, 2002) Urolitíase - Tratamento Alivio dos sintomas até que a causa possa ser identificada: Droga de primeira escolha: Butilescopolamina associada à dipirona (Buscopan composto) associados ou não com antiinflamatórios (Buscopan Plus) ou hioscina. Anti-inflamatórios (Diclofenaco – Voltaren 75 mg IM , Pofenid) e derivados morfínicos (Dolantina, Dolosal, Tramal) administrados após resposta do paciente ou intensidade da dor; Anti-eméticos (Metoclopramida) e hidratação : vômitos e desidratação ; Dieta restrita de acordo com o tipo de cálculo, Tratamento cirúrgico . Ureteroscopia (Ureterolitotripsia Transureteroscópica com colocação de cateter duplo J ou não) Por meio de pequeno endoscópio um dispositivo a laser quebrar o cálculo; Cateter duplo J: mantém o ureter aberto. Urolitíase - Tratamento Urolitíase - Tratamento Cirurgia (1 a 2% dos casos) Indicado quando os cálculos não respondem pelos demais tratamentos; Realizada para corrigir anormalidades anatômicas dentro dos rins melhora da drenagem urinária; Nefrolitotomia: incisão dentro do rim com a retirada do cálculo; Nefrectomia: remoção do rim não funcionante secundário à infecção ou hidronefrose; Pielolitotomia: retirada de cálculos na pelve renal; Ureterolitotomia: remoção de cálculos ureter; Cistostomia: removidos da bexiga. Urolitíase - Tratamento (SMELTZER; BARE, 2002) Diagnósticos e intervenções de Enfermagem Dor aguda relacionada a inflamação Alívio da dor: administração de medicamentos; deambulação; monitorização da dor. Déficit de conhecimento em relação a prevenção de recidiva dos cálculos renais Promoção do autocuidado para prevenção (alimentação, hábitos). Risco de infecção Monitorar alterações da micção, cor da urina, estimular ingesta hídrica, análise do urinol/comadre; Controle da temperatura corpórea. Insuficiência Renal Aguda (IRA) Perda súbita da função renal e quase completa (horas ou dias); Doença sistêmica; Retenção dos produtos catabólicos; Agentes nefrotóxicos e isquêmicos; Mortalidade: IRA oligurica: 50 a 80% IRA não oligurica: 15 a 40 % Critério → Elevação de 50% ou mais de Creatinina. Volume urinário pode ou não estar alterado (Anúria = - de 50 ml/ dia, oligúria= - 500ml/dia, não oligúrica= + 800ml/ dia). IRA - Fatores Reversíveis Quando tratadas imediatamente pode evitar ocomprometimento renal: Hipovolemia; Hipertensão; Redução do DC e IC; Obstrução do rim. IRA - Causas Pré-renal • Hipoperfusao renal (diminuição do fluxo sanguíneo) • Hemorragias, vasodilatação sistemica (anafilaxia e uso exagerado de antihipertensivos), perdas GI, IAM, ICC, obstrução de arterias renais. Intra-renal • Dano real ao tecido renal (glomerulonefrite aguda, infecções, cistos, agentes nefrotóxicos) Pós-renal • Obstrução do fluxo urinário • Obstrução em algum ponto distal ao rim, aumenta a pressão nos túbulos renais, diminui a filtração glomerular. Cálculos, tumores, hipertrofia prostática, trombos, estenoses IRA - Causas IRA - Manifestações Todos os sistemas estão afetados: Criticamente doente e letárgico; Pele e mucosas secas devido desidratação; SNC. IRA - Complicações Edema pulmonar; Arritmias (hiperpotassemia); Hipertensão Arterial; Derrame pericárdico; Infarto do miocárdio; Embolia pulmonar. Náuseas; Vômitos; Gastrites; Hemorragia; Desnutrição. IRA - Complicações Irritabilidade neuromuscular; Alterações do estado mental; Sonolência; Convulsões; Coma. IRA - Complicações Anemia. IRA - Complicações • Hiponatremia; • Hipercalemia; • Acidose; • Hipocalcemia; • Hiperfosfatemia; • Hipermagnesemia; • Uremia. IRA - Complicações Pacientes com risco de desidratação: cirúrgicos, quimioterapia; Tratar choque com reposição de sangue e líquidos; Monitorar pressão venosa central, débito urinário/hora; Tratamento de infecções; Medidas de ureia e creatinina; Monitorar medicamentos que possam causar efeitos tóxicos nos rins (AINE). Evitar drogas nefrotóxicas Prevenir / tratar complicações infecciosas O aporte de Na, K e água deve ser individualizado de acordo com BH (Aporte hídrico: Diurese + 400ml/dia) Monitorar sinais vitais, peso, diurese, BH Iniciar terapia dialítica quando indicada. IRA - Prevenção IRA - Tratamento Eliminar a causa subjacente; Manter o balanço hídrico; Evitar líquidos quando em excesso; Hipertensão deve ser tratada Hipercalemia: K < 6mEq/L pode ser manejada clinicamente Abordar anemia com transfusões S/N. TSR em caso de: Hiperpotassemia; acidose metabólica: pH < 7,15; Pericardite; Hiponatremia sintomática; Edema Agudo de Pulmão (hipervolemia); Remoção de toxinas (Intoxicações). IRA - Cuidados de enfermagem Monitorização hidroeletrolítica; Reduzir taxa metabólica (repouso); Estímulo respiratório (evitar atelectasia); Prevenção de infecção; Prevenção de lesões de pele; Cuidados durante tratamento renal substitutivo. Insuficiência Renal Crônica (IRC) Perda lenta e irreversível da filtração glomerular. Diminuição progressiva da filtração glomerular associada à perda de massa nefrônica. DOENÇA LENTA E SILENCIOSA Capacidade funcional do rim é vastamente superior ao mínimo necessário para a sobrevivência; Néfrons remanescentes adaptam- se as novas condições biológicas, multiplicando seu trabalho. IRC - Fases (Kidney Disease Improving Global Outcomes - KDIGO)(UNA/SUS, 2014) Cardiovasculares Hipertensão e edema (por retenção de sódio e água e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona) Ingurgitamento das veias do pescoço (por sobrecarga hídrica) Tegumentares (por depósito de cristais de uréia na pele) Alteração da coloração de pele (cinza bronze), ressecamento e escamação Prurido, unhas e cabelos finos e quebradiços Sistêmicas Respiração com odor de amônia Anorexia, náuseas e vômitos; Constipação ou diarreia e sangramento no trato gastrointestinal IRC – Sinais e Sintomas Pulmonares Dispneia e crepitações Escarro espesso e denso Neurológicos e musculoesquelético Fraqueza ou fadiga Convulsões e desorientação Cansaço nas pernas e câimbras Perda da força muscular e fraturas ósseas Outros Amenorreia e atrofia testicular IRC – Sinais e Sintomas Países industrializados: Diabetes e Hipertensão - 30 a 40% Países em desenvolvimento: acrescenta-se por infecções. IRC – Fatores de risco (UNA/SUS, 2014) IRC – Fatores de risco (UNA/SUS, 2014) Diabetes tipo 1 constituem 50% do grupo de diabéticos em diálise IRC - Diagnóstico TFG ↓, elevação de creatinina e ureia Retenção de sódio e água (edema, IC e HAS) Alguns pacientes perdem sódio (hipotensão e hipovolemia) Vômitos e diarreia : depleção de sódio e água Acidose: Rins são incapazes de excretar aumento de ácido, acumula amônia e reabsorve bicarbonato de sódio. IRC - Manejo CONDUTAS GERAIS: Evitar insultos renais: contrastes, anfotericina, desidratação Reduzir a progressão da doença renal: controle de PA, glicemia, lipídeos, proteinúria, restrição protéica (controverso), drogas renoprotetoras Conservador = Medicamentos + Dieta Farmacológico → suplementos de cálcio, anticonvulsivantes, eritropoetina, anti-hipertensivo (IC e EAP) Dieta: Aporte de proteína (restrita e deve ser de alto valor biológico), de líquidos, sódio, restrição de potássio, aporte calórico ( suplementação de vitamina), cota diária de líquidos (500 a 600ml mais do que o débito urinário de 24 horas do dia anterior. Hiperpotassemia deve ser evitada. Dialítico = Diálise peritoneal e Hemodiálise. IRC - Manejo Cuidados para evitar as complicações da reduzida função renal e os estresses e ansiedade de lidar com uma doença letal Avaliação do estado hidroeletrolítico e identificação de possíveis fontes de desequilíbrio. IRC – Assistência de Enfermagem IRC – Diagnósticos e intervenções de Enfermagem “Excesso de volume líquido relacionado com a redução do débito urinário, excessos da dieta e retenção de sódio e água” Pesar diariamente Instalar balanço hídrico Avaliar torpor e edema Monitorar PA e ingurgitamento das veias cervicais Orientar paciente e família o motivo das restrições Encorajar a higiene oral frequente Orientar sobre a redução do sódio IRC – Diagnósticos e intervenções de Enfermagem “Alteração da nutrição: ingestão menor que a necessidade corporal relacionada com anorexia, náuseas e vômitos, restrições da dieta e mucosa oral alterada” Avaliar estado nutricional (antropometria) Avaliar padrões dietéticos (história nutricional) Preferências alimentares Investigar anorexia, náuseas e vômitos, estomatite IRC – Diagnósticos e intervenções de Enfermagem “Déficit de conhecimento sobre a condição e esquema de tratamento” Fornecer explicações sobre a função renal e conseqüências da IRC Auxiliar o paciente a identificar formas de incorporar a vida modificações relacionadas a doença e ao tratamento IRC – Diagnósticos e intervenções de Enfermagem “Intolerância a atividade devido a fadiga, anemia, retenção de escórias e procedimentos dialíticos” Avaliar fatores que contribuem para a fadiga (anemia, desequilíbrio hidroeletrolítico, depressão) Promover a independência nas atividades de autocuidado Encorajar o paciente a descansar após diálise Encorajar atividades físicas compatíveis com a sua saúde cardiovascular e tolerância, atingindo um peso saudável IRC – Diagnósticos e intervenções de Enfermagem “Intolerância a atividade devido a fadiga, anemia, retenção de escórias e procedimentos dialíticos” Avaliar fatores que contribuem para a fadiga (anemia, desequilíbrio hidroeletrolítico, depressão) Promover a independência nas atividades de autocuidado Encorajar o paciente a descansar após diálise DIÁLISE Terapias Renais Substitutivas HDDP TRANSPLANTE IRC - Manejo Diálise Peritoneal Peritôneo serve como membrana semipermeável, filtro endógeno; Creatinina e uréia que eram excretados pelos rins são depurados do sangue por difusão e osmose produtos residuais se movem de uma área de MAIOR concentração (o suprimento sanguíneo peritoneal) para uma área de MENOR concentração (cavidade peritoneal); Ultrafiltração (remoção de água) gradiente osmótico criado por meio do uso de um dialisado com uma maior concentração de glicose. Diálise Peritoneal Um novo frasco de dialisado é infundido logo que a drenagem está completa. Depois de um tempo de retenção (quando o dialisado está na cavidade peritoneal), o tubo de drenagem é desclampeado e o líquido drena da cavidade peritoneal, novamente por gravidade. Dialisado infundido dentro da cavidade peritoneal por gravidade Diálise Peritoneal Diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD/DPAC) - Inserido pelo próprio paciente ou cuidador; - 4 a 8 vezes dia por 3 horas; - A troca leva em torno de 30 minutos; - A quantidade depende do peso, altura e exames (varia de 1,5 a 2 l). Diálise peritoneal automática (DPA) • Com o auxílio de uma cicladora a solução de diálise é infundida no peritônio do paciente durante a noite, de 3 a 5 vezes; • Volume de 8 a 16 litros; • A cicladora controla automaticamente a infusão, a permanência e a drenagem da solução (etapa de um ciclo/banho). Diálise peritoneal contínua (CCPD) Diálise peritoneal Diálise Peritoneal - Acesso Diálise peritoneal - complicações Dor; Intolerância; Obesidade; Ausência de fluxo; Peritonite Drenagem de dialisato turvo, dor abdominal difusa. Pode ocorre choque séptico (S. aureus). Quando não resolvida após 4 dias de tratamento adequado (antibioticoterapia) necessita de remoção do cateter o paciente é mantido em hemodiálise em um mês até um novo cateter seja inserido. Hemodiálise Terapia substitutiva das funções renais, por meio de circulação sanguínea extracorpórea, na qual um capilar sintético faz o papel do néfrons. Hemodiálise – Características gerais Frequência: Três vezes por semana, durante quatro horas. Aspectos técnicos: Pessoal Qualificado; Dependência da clínica; Reabilitação e ajuste psico-social. Difusão • Remove toxinas e resíduos do sangue. • Movimentação de uma área de MAIS concentração para uma de MENOS concentração no dialisado. Osmose • Remove excesso de água se move de uma área de MAIOR concentração de soluto (sangue) para uma área de MENOR concentração (o dialisado). Ultrafiltração • Remove água sob alta pressão para uma área de MENOR pressão. • Pressão negativa ou forma de aspiração na membrana de diálise Hemodiálise – Complicações comuns Hipotensão: durante a remoção de líquidos (UF muito rápida, disfunção miocárdica) Náuseas, vômitos, sudorese, taquicardia e tonteira são sinais comuns. Câimbra: geralmente no final da diálise, quando os líquidos e eletrólitos deixam rapidamente o espaço extracelular. Embolia gasosa: rara, mas pode acontecer quando o ar entra no sistema vascular, ruptura de linhas. Reações alérgicas – Biocompatibilidade Dialisador Acesso Vascular Deve permitir que o sangue seja removido, limpo e devolvido ao mesmo a velocidades entre 200 e 800ml por minuto; Fluxo de Sangue constante; Vaso que permita a inserção repetitiva de agulhas de alto calibre. Acesso temporário (urgência) - Cateter central dúplo lumen: Jugular, Subclávia ou Femural. Acesso permanente: Fístula atério venosa, enxerto Acesso vascular permanente Fístula arteriovenosa (FAV): criado por meios cirúrgicos (usualmente no antebraço) ao unir (anostomosar) uma artéria e uma veia. Acesso vascular: algumas FAV podem durar até 20 anos (Cuidados com as FAVs) Fístula arteriovenosa Leva 4 a 6 semanas para amadurecer antes de estar pronta para uso necessário para cicatrização e o segmento venoso da fístula se dilate (devido a alta pressão arterial submetida) para acomodar duas agulhas de grosso calibre (14 ou 16). Segmento arterial usado para o fluxo arterial Segmento venoso reinfusão do sangue dialisado. Fístula arteriovenosa Fístula arteriovenosa Diagnósticos de Enfermagem Excesso de volume de líquidos; Nutrição alterada menor que as necessidades corporais; Intolerância a atividade (fadiga, anemia); Risco de infecção; Integridade da pele prejudicada; Baixa auto-estima Intervenções Balanço Hidrico; Peso diário; Controle de ingesta de liquidos; Alimentação; Educação em Saúde: doença, tratamento, seguimento. Enfrentamento do stress Orientar cuidados com a fístula: Não permitir a punção venosa no braço da fístula (retirada de sangue para exames ou administração de medicações); A pressão arterial não deve ser verificada no braço da fístula; O paciente não deve usar relógio no braço da fístula e deve evitar dormir sobre o braço. Qual método de diálise é melhor? Transplante Renal Doador cadaver Doador vivo Fila única http://www.brasil.gov.br/transplantes Principal obstáculo à doação: a não identificação de um potencial doador e a ausência de notificação às centrais de captação. 50 e 70% dos familiares autorizam a doação quando a abordagem é adequada (Medina-PeSTana, 2013). Transplante Renal Fila única Cada órgão tem uma fila de espera específica: Lei nº 9.434/1997 Decreto nº 2.268/1997 Portaria GM/MS nº 2.600/2009 As relações de pacientes são administradas pela Coordenação- Geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde, por meio de sistema informatizado. Apesar de o sistema de transplantes e a fila serem nacionais, as distribuições são regionalizadas (questões de logística de transporte e o tempo de isquemia, o prazo de duração que o órgão resiste sem irrigação fora do corpo). http://www.brasil.gov.br/saude/2016/09/sai ba-quais-sao-os-criterios-da-lista-de- espera-por-transplantes Transplante Renal – Doador cadáver Transplante Renal – Doador vivo Importância da compatibilidade HLA (Antígenos leucocitários humanos) sobrevida superior do enxerto de até 20% para receptores de rim de doador falecido com grau máximo de compatibilidade (Medina-PeSTana, 2013). É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial (Lei n° 10.211 de 2001). Principais complicações pós- transplante • Clínicas - Rejeição aguda - Rejeição crônica - Infecções Bacterianas, virais e fúngicas • Da técnica cirúrgica - trombose ou estenose da artéria renal - hemorragia da artéria renal - fístula urinária - obstrução urinária Resposta imune ao transplante Renal A rejeição ao órgão transplantado é uma resposta imune contra antígenos estranhos ao organismo do receptor, presentes na superfície das células do tecido transplantado (GALANTE et al., 2010). Tratamento imunossupressor Pulsoterapia inicial e tratamento crônico com drogas imunossupressoras prevenção da rejeição ao enxerto Mas maior suscetibilidade a infecções e neoplasias. Diagnósticos e intervenções de enfermagem (LUVISOTO, 2007) SMELTZER, S.C.; BARE, B.G.Brunner e Suddarth. Tratado de Enfermagem médico cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. UNIFESP. Guia de Nefrologia - Medicina ambulatorial e hospitalar. Escola Paulista de Medicina. 2ª edição. Organizadores: Horácio Ajzen, Nestor Schor. Editora Manole: 2005. Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA. Diagnóstico e intervenções para retardar a progressão da doença renal crônica em hipertensos e diabéticos/Gianna Mastroianni Kirsztajn; Lucila Maria Valente(Org.). - São Luís, 2014. Atualização brasileira sobre diabetes / Sociedade Brasileira de Diabetes. Rio de Janeiro : Diagraphic, 2005, 140p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília : Ministério da Saúde, 2006.64 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,Departamento de Atenção Básica. - Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 56 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema único de Saúde/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,Departamento de Atenção Básica. - Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 58 p. Referências
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