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TÓPICOS EM LIBRAS:SURDEZ E INCLUSÃO
Webaula: Profª Gabriela Maffei e interprete Profª Tatiana Palazzo
Tutor: Prof. Fabiano Guimarães
Os sistemas educacionais tem como desafio principal ultrapassar a ideia de que basta abrir as portas da escola para que a integração/inclusão aconteça sem que antes se encontre alternativas reais para o desenvolvimento das potencialidades desse aluno, cuidando também de oferecer alternativas de formação dos professores. A escola, apesar da "boa vontade" de seus atores, reproduz em seu interior as ações preconceituosas e segregadoras praticadas na sociedade como um todo. 
Sabemos que o surdo tem direito a exercer a sua cidadania e ter acesso a tudo o que a sociedade moderna pode lhe oferecer. Tendo em vista que a língua através da qual o surdo se expressa com maior facilidade é LIBRAS, e que os seus professores e os especialistas em surdez necessitam dessa língua para o atendimento em sala de aula e para o atendimento especializado, a divulgação da língua brasileira é fundamental na carreira desses profissionais e de todos os profissionais que compõem a sociedade contemporânea.
Bibliografia
FERNANDES, Eulália (org). Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2005.
QUADROS, Ronice M de & KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004. 
RAJAGOPALAN, K & SILVA, Fábio. L. A linguística que nos faz falhar: investigação crítica. São Paulo, Parábola, 2004. 
RAMOS, Clélia. LIBRAS: a língua de sinais dos surdos brasileiros. Disponível em . Acessado em 28/06/2008. 
RIBEIRO, Alexandre do Amaral. “Anotações sobre língua, cultura e identidade: um convite ao debates obre políticas linguísticas”. In: INES, Informativo Técnico-científico Espaço. Rio de Janeiro, n25/26,p.26, janeiro-dezembro, 2006 
SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006.
Esta disciplina, seu enfoque e conteúdo inserem-se no contexto das discussões acerca da sociedade inclusiva, destacando em especial as adequações de instituições e suas propostas às políticas públicas de inclusão vigentes e o conjunto de documentos que lhe dão substrato. Dentre estas, privilegia-se, aqui, o Decreto 5626/2005. 
Aula 1
Diferença, inclusão e identidade na sociedade contemporânea
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
Reconhecer algumas mudanças na sociedade contemporânea em relação às formas de comportamento do sujeito na vida social.
Identificar aspectos relacionados à identidade do sujeito contemporâneo em termos de inclusão social.
Identificar aspectos culturais e sociolinguísticos da surdez;
Aprender noções básicas de libras.
Adquirir noções instrumentais da língua de sinais não é o único objetivo deste curso. A língua de sinais é utilizada por sujeitos sinalizantes (surdos ou ouvintes que dominam a língua de sinais brasileira) em contextos específicos de interação cujo histórico aponta para preconceitos e mal-entendidos acerca das diferenças como um todo e da identidade do surdo na sociedade.
Começando a trabalhar
Que tal começarmos esta disciplina já com uma parte prática? Muitas vezes os ouvintes acreditam que as palavras em LIBRAS são construídas letra a letra, mas isso não é bem verdade. Entretanto, para muitas palavras, especialmente nomes de pessoas e lugares, as letras do alfabeto compõem uma palavra da mesma maneira como ocorre em qualquer língua.
Libras em prática
 Informação Cultural (IC): Nas comunidades sinalizantes é hábito apresentar-se não somente informando o nome, mas também com um SINAL. Esse SINAL pode ser entendido como uma espécie de “batismo” dentro dessas comunidades. Cada pessoa tem um SINAL próprio que faz referência a alguma característica particular dela (somente referência física; física com a primeira letra do nome; um evento marcante etc.).
Informação Linguística (IL): as frases em Libras, muitas vezes, omitem algumas palavras que são usadas; em outras palavras, são construções sintéticas, econômicas. 
Lembre-se: Libras não é a tradução de língua portuguesa. 
Quer um exemplo? Em português, dizemos “qual é o seu nome?”. Em Libras, basta usar as palavras “seu” + “nome”, e a interrogação é marcada pela expressão facial.
Entendendo o cenário
Faremos, nesta primeira aula, algumas considerações sobre inclusão, identidade e diferença, principalmente no âmbito dos estudos sobre surdez e língua de sinais.
Ao verificarmos a história da educação de surdos e também de como a sociedade os tratou, verificaremos uma série de equívocos que vão desde considerar a pessoa surda um 'deficiente mental', em sentido pejorativo, até obrigá-lo a métodos educativos que visavam as diferenças entre surdos e ouvintes, impondo ao surdo a língua e a cultura oral.
Este contexto veio criando dificuldades para uma mudança de postura da sociedade como um todo. Por falta de conhecimento ou de interesse, muitas noções equivocadas foram difundidas acerca dos portadores de necessidades (educativas) especiais.
O contato com a LIBRAS não é apenas uma obrigação do cumprimento das recentes políticas linguísticas e educacionais que visam à divulgação da LIBRAS e da dita 'cultura surda' e a implementação de estratégias para a inclusão da pessoa surda na sociedade, como a lei 10436 (Lei de Libras, de 24/04/2002) e o decreto que a regulamenta (Decreto 5,626 de 22/12/2005).
As pessoas surdas não são mudas. O termo surdo-mudo é fruto de um equívoco do passado. Os surdos têm, salvo exceção, o aparelho fonador preservado. Se aparentemente não falam isso se deve a dificuldades impostas pelo não desenvolvimento da memória auditiva, entre outros fatores. Por isso, NÃO SE DEVE FALAR 'SURDO-MUDO'.
A crise de identidade
Vamos começar, então, refletindo um pouco sobre a sociedade contemporânea e suas “novas” formas de relacionamento, construção de identidade e preservação da cultura; em especial, as influenciadas pela chamada globalização. Para tal, é necessário que se investiguem as relações entre língua, cultura e sociedade.
A sociedade contemporânea reivindica uma revisão das próprias formas de se pensar a linguagem e o papel e lugar da(s) ciência(s) e política(s) que a tomam como objeto. Nesse sentido, a sociedade é convocada a enfrentar as constantes incompletudes, provocadas por um mundo globalizado, onde o global e o local se interpenetram, e as diferenças não se encaixam na “completude” (Bauman, 2005).
Mundo moderno, comunicação e identidade
As novas formas de relacionamento (através da internet, chat, etc.) e o intercâmbio cultural são significativamente mais velozes e dinâmicos que no passado. Além da internet, o celular é hoje um aparelho quase que indispensável à sobrevivência na sociedade urbana. Este aspecto atinge inclusive as pessoas surdas, cujo uso do celular é bastante frequente, tendo tornando-se um excelente meio de comunicação para esse grupo social.
Além disso, a própria disciplina que você está fazendo neste exato momento faz parte da evolução tecnológica que permite a comunicação a qualquer hora e em qualquer lugar.
Através dessas novas relações, o local e o global passaram a se interpenetrar constantemente, dificultando sua identificação e tornando incoerente um conceito de identidade (lingüística e cultural) que seja o mesmo para qualquer indivíduo; em outras palavras, uma identidade que não seja fluida, que seja comum a todos.
Mas será que somos iguais?
Atualmente, a sociedade experimenta certa insatisfação em relação às promessas da modernidade, entre elas, a de igualdade, de liberdade, de paz, etc. Tais promessas não foram cumpridas, o que tem colocado em evidência a fragilidade do mundo moderno e da contemporaneidade.
O homem contemporâneo sente-se ameaçado em seus saberes e domínios, com medos e incertezas no exercício de suas práticas sociais em relação ao cotidiano, ao enraizamento e ao pertencimento a diferentes grupos sociais e à própria estrutura do cotidiano.
De fato, do ponto de vista da identidade, mais doque em outras épocas, torna-se evidente a inexistência de algo que possa ser identificado como uma única 'identidade verdadeira'. Cabe destacar com Bauman (2005) que a identidade é uma luta simultânea contra a dissolução e a fragmentação; a identidade é um 'conceito altamente contestado'. O 'campo de batalha' é o lugar natural da identidade. 
O que se pode perceber, no entanto, na relação entre grupos (minorias ou maiorias) em suas lutas, é que, em quaisquer das situações próprias das relações 'glocais' (o local e o global), a questão da identidade assemelha-se a 'um grito de guerra'. A identidade deixa de ser, portanto, um atributo e passa a ser uma questão de luta, uma tarefa.
Língua e identidade para os surdos
Esse fenômeno da crise de identidade pode ser observado em vários setores da sociedade. Em relação aos surdos e às comunidades sinalizantes não é diferente. Após vários anos de total exclusão, e subjulgamento a padrões culturais inerentes a uma vida tipicamente ouvinte, os surdos – conduzidos pelas pesquisas na área da linguística, da educação e outras – puderam reconhecer-se como seres dotados de uma língua. Suas comunidades linguísticas apresentam peculiaridades culturais a elas inerentes.
Os surdos passam então a afirmar suas identidades com base, principalmente, em características linguísticas e culturais. Devido aos longos anos de uma experiência não favorável ao seu reconhecimento, foi necessária a criação de associações diversas, a produção de discurso de defesa e luta, entre outros, que garantissem esse espaço na sociedade.
Desfazendo preconceitos
Assim, fazer da 'identidade' uma tarefa e um objetivo do trabalho de toda uma vida pode ser considerado um ato de liberação: da inércia dos costumes tradicionais, das autoridades imutáveis, das rotinas pré-estabelecidas e das verdades inquestionáveis. A exacerbação disso levou, por um lado, a conquistas imprescindíveis, mas, por outro, a equívocos prejudicais. Por isso, propomos agora um esquema para que você possa rever algumas informações consideradas 'verdadeiras':
Preconceito x Preconceito
Muitos surdos passaram a negar veementemente a possibilidade de aprendizado da língua portuguesa, uma vez que, para muitos, isso significaria uma perda da sua 'identidade surda'.
Ouvinte x Surdo
O novo olhar da sociedade sobre a surdez, evidentemente não pode e não deve implicar subordinação, no sentido de se concluir que há uma comunidade melhor e superior a outra. No entanto, não se pode esquecer que a categoria 'surdo' tem seu significado construído a partir da oposição 'ouvinte' e vice-versa. Mesmo que se possam admitir diferentes dimensões de significados para essas categorias, o que se tem constantemente é que surdos e ouvintes são comumente tomados como sendo o contrário do outro.
Surdez e a língua portuguesa
É bom, por exemplo, que o surdo autorize a si mesmo a escrever em português, sem medo de 'perder' sua identidade. Daí, a necessidade de se repensar as formas de discutir 'identidade surda' n campo da surdez. Não se pode, em nome da defesa de uma causa, intensificar implicitamente o aumento das dificuldades do surdo em relação à língua portuguesa. Uma coisa é dizer que o surdo tema a Libras como L1 (ou língua nativa), outra coisa é, baseado em uma visão biologizante, fazê-lo acreditar que não tem capacidade para aprender língua portuguesa.
O surdo e a relação familiar
Sempre é bom lembrar que a maioria dos surdos são filhos de pais ouvintes e possuem uma família de ouvintes. A despeito do fato de que muitas famílias os renegam ou demoram a aceitá-ls como seres capazes, não se pode propor que os surdos simplesmente ignorem a existência de suas bases familiares, sejam elas quais forem.
Surdez e identidade
A identidade do surdo deve ser construída com base em suas capacidades, em suas peculiaridades linguístico-culturais. Por isso, alguns estudiosos referem-se aos surdos como sujeitos sinalizantes, usuários de Libras. A questão das identidades se faz, portanto, presente e não pode ser dissociada das experiências da sociedade contemporânea que vive o conflito inerente à fluidez dessas identidades.
Não podemos esquecer que cada surdo tem uma história de vida, que nem todos os surdos dominam a língua de sinais; alguns são oralizados e têm orgulho disso. Isso nos faz refletir sobre o que é ser diferente, e se há alguma coisa chamada “diferença”.
Saiba mais
Selecionamos alguns links interessantes para que você, caso queira, possa aprofundar seus conhecimentos:
 Instituto Nacional de Educação de Surdos - No site do INES, você encontra informações relevantes sobre os surdos e a língua de sinais. 
 A Vez da Voz - Saiba mais sobre "diferença" e "inclusão", visitando o site dessa Organização Não-Governamental.
Lei 10436 - Trata-se da chamada Lei de Libras, de 24 de abril de 2002. 
 Decreto 5626 - Decreto que regulamenta a Língua Brasileira de Sinais, de 22 de dezembro de 2005.
 FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
 APADA – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes de Audição
Clique aqui para ver as referências bibliográficas desta aula.
BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
FERNANDES, Eulália (org). Surdez e Bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2005.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós – modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,1998.
LAPLANCHE, J & PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
RAJAGOPALAN, K. & SILVA, Fábio L. A linguística que nos faz falhar: investigação crítica. São Paulo: Parábola, 2004.
RIBEIRO, Alexandre do Amaral. Quando negar é legitimar: reflexões sobre preconceito e políticas linguísticas. Tese de Doutorado. Unicamp/IEL, 2006.
SÁ, Nídia Regina Limeira de. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006.
Síntese da aula
Acredita-se ser de grande relevância tomar a atitude política de referir-se aos surdos, pelos menos àqueles que declaram ter a LIBRAS como L1, com maior frequência, como “sujeitos sinalizantes”. Este termo não precisaria ser restrito a pessoa surda em si, mas aqueles que por sua história de vida percebem sua identidade construída em um contexto de uso de língua de sinais. Se for um surdo sinalizante, esse sujeito não precisará ter medo de usar a sua própria língua, nem se sentirá incapaz de dominar a língua de outros grupos, mesmo que sejam essas de outra modalidade e que, por isso mesmo, apresentem desafios aparentemente instransponíveis. Esse sujeito não é um surdo deficiente; é um sujeito dotado de capacidade linguística...
Na próxima aula você irá ter contato com as primeiras características da Língua Brasileira de Sinais.
Não deixe de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 2.
Aula 2
Especificidades da língua de sinais e os parâmetros que regem a formação de sinais e o uso da LIBRAS
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Reconhecer as características básicas da língua de sinais;
Identificar aspectos relacionados à gramática no que se refere à LIBRAS;
Descrever os parâmetros básicos de combinação para a língua de sinais.
Iremos, a partir desta aula, nos aprofundar na gramática e na língua de sinais propriamente dita. Vamos começar?
O que você entende por gramática?
Quando relembramos nossos tempos de colégio, nos vêm à mente as aulas de língua portuguesa e as “chatices” (pelo menos para a maioria) das regras gramaticais. Colocação pronominal, predicativo do sujeito, oração subordinada substantiva objetiva direta etc. Isso porque entendemos (ou nos foi assim ensinado) que a gramática reduz-se à ideia de “um livro em que se expõem as normas de uso de uma determinada língua”. Mas não é bem assim...
Sem maiores aprofundamentos, podemos entender gramática no contexto da capacidade linguística: todo ser humano é dotado de capacidade linguística. Em segundo lugar, há que se pensar em gramática como um sistema, mentalmente compartilhado entre os usuários de uma língua, cujo funcionamento e estruturanão dependem de uma educação formal para serem aprendidos. Isto equivale a dizer, por exemplo, que qualquer falante, mesmo alguém considerado analfabeto, possui uma gramática (um conjunto de regras em sua mente), a qual aprendeu no convívio com a sua comunidade linguística.
Atividade Proposta
Acompanhe a história de uma criança de 3 anos que ainda não foi alfabetizada, e só teve contato com a língua portuguesa através da interação com os pais e com outros parentes. Ao final, iremos fazer uma pergunta para você responder. Vamos começar?
Clarissa é uma menina muito curiosa. Adora brincar, como toda criança, e diverte a todos com suas primeiras palavras. Aos poucos, ela está desenvolvendo as primeiras frases da língua, como 'qué mamá', 'dodói nenê fiz', bem como descobrindo o significado das palavras.
Durante uma viagem da família, todos foram a uma fazenda no interior do Estado. Clarissa estava muito feliz porque, pela primeira vez, iria ver os 'bichos' que ela só conhecia por intermédio de filmes e desenhos infantis.
Logo no primeiro dia. Clarissa ficou louca ao ver uma vaca. Ela sabia muito bem que 'bicho' era esse, já que sua mãe explicava a ela que o leite que ela toma todo dia vinha daquele animal. Além disso, Clarissa tinha vários bichinhos de pelúcia que representavam esse anima. Não foi surpresa que sua boca saiu a seguinte frase: 'Mãe, óia a VACA'.
Ao caminhar mais um pouco, Clarissa se deparou com um bicho que parecia com a vaca, mas ela percebera não ser a mesma coisa. Surpreendentemente, ela se virou para a mãe e disse: 'Mãe, óia o VACO'.
Resposta: SIM
Parabéns! Realmente ela usou parte do sistema lingüístico (a distinção entre gêneros masculino e feminino), que é um recurso gramatical acionando pela capacidade lingüística. Ainda que tal palavra não exista na língua portuguesa, o fato de ela ter assim pronunciado demonstra que ela soube distinguir masculino de feminino e soube adaptar o recurso morfológico (a letra “o”, modelo para a formação do gênero masculino na língua portuguesa) em sua construção. 
E a língua de sinais?
A língua de sinais, a exemplo de qualquer língua oral, tem uma gramática própria, constituída por um conjunto de regras presente na mente dos seus usuários. Poderemos ter a tendência a acreditar que a língua de sinais seja uma espécie de “língua oral sinalizada”. Em consequência disso, acabaremos acreditando que o léxico (dicionário mental), os aspectos sintáticos (princípios e regras que produzem as sentenças gramaticais de uma língua, através da combinação de palavras e de elementos funcionais - tempo, concordância, afixos etc.), semânticos (relativos ao significado ou ao sentido das unidades linguísticas), pragmáticos (relativo à ação, capacidade de agir mediante determinado contexto) e quirológicos (refere-se à comunicação através de sinais feitos com os dedos) da LIBRAS constituem um emaranhado de sinais, aleatoriamente utilizados, que mais pareceriam uma língua oral mal falada.
Atenção
Por isso, podemos afirmar que os surdos, como qualquer ouvinte, possuem uma língua, na medida em que, dotados desta capacidade linguística, decodificam logicamente o mundo, organizando-o em suas mentes, através dos recursos físicos e mentais dos quais dispõem. Assim, sua capacidade linguística exterioriza-se, formando uma língua específica que, ao invés de sinais orais e auditivos, usa sinais espaciais e visuais, valendo-se do pleno funcionamento de sua visão, de suas mãos e do restante do corpo como um todo.
Basta aprender os sinais que já estamos nos comunicando?
Na LIBRAS, os níveis de descrição da língua são os já conhecidos sintático, semântico, pragmático. Em função da língua de sinais usar as mãos como principal canal de manifestação, temos ainda o nível quirológico que diz respeito justamente ao aspecto manual em si.
Atenção
Desfazendo mitos...
A língua de sinais não é uma língua universal, conforme muitos pensam. Cada país tem a sua própria língua de sinais. Além disso, há variações regionais dentro de cada país. Assim, podemos citar: a ASL (American Sign Language), a LSF (língua de sinais francesa), a Língua de Sinais Urubu Kaapor (Maranhão, Brasil) etc.
Começando a começar...
Uma boa descrição da língua de sinais não pode ser feita, naturalmente, a partir da mesma lógica utilizada para a descrição de línguas orais. Afinal, a modalidade linguística é totalmente diferente. No entanto, existem parâmetros que regem o uso da língua de sinais. Costuma-se apresentar cinco parâmetros que possibilitam entender a formação dos sinais e as bases para os seus usos durante a produção discursiva. Vamos conhecer esses parâmetros?
Assim, percebeu-se que um sinal é produzido a partir da combinação de elementos espaciais, visuais e motores que determinam o lugar onde as mãos devem estar na hora da produção do sinal, como as mãos devem estar configuradas, para que direção elas devem estar apontando, se devem ou não estar se movimentando e como deve ser feito este movimento. Além disso, é preciso considerar a posição do corpo e a expressão facial que acompanham a produção desse sinal para que ele seja plenamente entendido em seu contexto de produção.
Combinação que constituem os parâmetros da LIBRAS
Expressão facial e/ou corporal
Alguns sinais só podem ser diferenciados a partir da observação da expressão facial que acompanha a sua produção de acordo com o contexto discursivo. Em termos de configuração das mãos, de movimento. ponto de articulação e orientação, os sinais correspondentes á palavra e a expressão "triste" e "por exemplo" são praticamente os mesmos. A expressão facial que denota tristeza e pedido são mudais para diferenciá-los no contexto discursivo. 
Configuração das mãos
Trata-se do 'formato' que a mão ou as mãos assumirão no momento da produção de sinais. Existem mais de quarenta formatos em que as mãos podem ficar configuradas, além do alfabeto manual. É importante conhecer as configurações existentes para que haja precisão na produção do sinal e para que se possa obter maior domínio na aplicação dos sinais em contextos específicos, como no uso de classificadores, por exemplo. sinais como correspondentes às palavras 'Itália', 'bobo', 'evitar', entre outros, possuem a mesma configuração de mãos.
Ponto de articulação
Mesmo se a configuração das mãos estiver correta, o sinal pode não ser compreendido se, acaso, não for feito no adequado ponto do espaço em relação ao corpo. Este ponto pode ser relativo a alguma parte do corpo que e tocada no momento da produção do sinal. Ou, então, relativo a um espaço neutro (vertical ou horizontal). Sinais correspondentes às palavras em português "sábado' e "aprender", embora, tenham a mesma configuração e movimento, são articulados em pontos diferentes em relação ao corpo.
Movimento
A produção de um sinal pode exigir um movimento específico ou nenhum tipo de movimento. Isto pode estabelecer diferenças semânticas e/ou gramaticais. Os números ordinais, por exemplo, diferenciam-se dos cardinais pelo movimento feito em sua produção. O movimento é um parâmetro bastante complexo, pois pode abarcar uma série de formas e de direções diferentes, identificáveis a partir da maneira (contínuo, refreado, de retenção), da frequência, do tipo (de contato, de contorno, etc) e direcionalidade. Os sinais correspondentes a 'sábado', e 'aprender', citados anteriormente, exigem um 'abrir e fechar de mãos repetidamente', enquanto que o verbo 'pensar' não exige nenhum tipo de movimento.
Orientação
No momento â produção do sinal, as palmas das mãos estão voltadas para urna determinada direção. a essa peculiaridade dá-se o nome de orientação. Essa direção ê crucial para determinar, por exemplo, o uso sintático-semântico de alguns verbos. Se considerarmos verbos como "emprestar" e "pedir emprestado", logo percebemos que a orientação das mãos determinar o sujeito da ação. 
Comentários
Corno se pode perceber, o desenvolvimento de habilidades necessárias para atingir fluência na língua de sinais erige a ampliaçãoe intensificar. de competência relativa â consciência corporal. Um usuário de LIBRAS precisa perceber para que direção aponta, corno seu corpo está posicionado, aprendendo a dominar os movimentos em favor de urna construção frasal satisfatória para o cumprimento de sua intenção discursiva. Não basta conhecer os sinais, ê preciso saber aplicar a eles e ao discurso os parâmetros da língua de sinais. 
Links
Selecionamos dois links para você:
 Site sobre acessibilidade, com diversas informações importantes sobre Libras e outros assuntos relacionados.
 Projeto de registro das línguas de sinais e suas culturas, organizado por Valerie Sutton. Nesse site, a autora busca compensar a ausência de uma tradição escrita consolidada através de um portal cooperativo para registro de literatura (entre outros) em língua de sinais.
Leituras
Veja as referências bibliográficas desta aula:
BERNARDINO, E. L. Absurdo ou Lógica?: a produção lingüística dos surdos. Belo Horizonte: Editora Profetizando Vida, 2000.
QUADROS, R. M. de, KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Síntese da aula
Nesta aula você viu um pouco mais sobre:
A relação entre língua, gramática e Libras;
Os parâmetros que regem a comunicação em língua de sinais.
Na próxima aula você irá ter contato com as políticas linguísticas e educacionais, bem como o caráter ético e prático de tais políticas na relação com a identidade do sujeito sinalizante e da comunidade a qual ele está inserido.
Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a aula 3.
Aula 3
Políticas linguísticas e educacionais
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Reconhecer a necessidade de políticas inclusivas relacionadas à surdez;
Identificar aspectos relacionados ao preconceito na implementação de políticas linguísticas e educacionais;
Perceber como a palavra deficiente não se adequa à identidade do surdo.
Introdução
Nesta aula, convidamos você a conhecer e a refletir sobre a existência e sobre a necessidade de constante formulação e reformulação de políticas linguísticas e educacionais. Discriminar, excluir indivíduos ou grupos em função de determinados usos da linguagem ou em nome da preservação de certas identidades: essas são questões que vêm emergindo em polêmicas geradas na atualidade. Tais questões trazem para o centro das discussões a vida política da linguagem e o caráter ético inerente aos estudos científicos da linguagem, suas aplicações políticas e educacionais.
Inclusão ou preconceito?
Parece oportuno pensar em que medida políticas (educacionais, linguísticas...), no afã de defender minorias linguísticas e preservar a língua, podem ser transformar em práticas sutis de preconceito. Afinal, políticas linguísticas e políticas de línguas, expressas em leis, projetos de lei e outros tipos documentos oficiais, refletem contextos sócio-históricos e servem não apenas como dado, mas também como pano de fundo para uma discussão sobre o preconceito no contexto brasileiro.
Não é raro detectar, tanto nos discursos sobre o direito à diferença quanto naqueles que procuram proteger grupos sociais, atitudes preconceituosas e certa crença de estarem os seus propositores investidos de autoridade suficiente para avaliar o grau e intensidade do problema do outro. Uma atitude que implicitamente reforça aquelas ideias contra as quais o próprio grupo parece lutar.
Perguntas que não querem calar...
Mas quem pode, e em nome de quem, defender ou avaliar o grau de preconceito sofrido pelo outro?
Quem está autorizado a emitir pareceres sobre a pertinência linguística e, até mesmo, a jurisprudência de documentos e leis que visam 'defender' a língua (nacional)?
Como garantir a inclusão de alguém ou algum grupo sem, com isso, provocar a exclusão do(s) seu(s) ditos oposto(s)?
Quais os critérios éticos, políticos e científicos que, em servindo de norte para essas discussões, garantem uma auto-reflexão critica que supere qualquer tipo de radicalismo?
Enfim, a luta é de quem em prol de quem?
Perspectivas de política linguística na sociedade
Essas são questões que auxiliam a estudar políticas linguísticas sob o ponto de vista das relações entre sujeito e sociedade na pós-modernidade. Daí, uma discussão sobre a dimensão ética das políticas. É preciso perceber que as políticas também nomeiam e categorizam indivíduos a partir de determinado ponto de vista.
Pretende-se, na perspectiva das políticas linguísticas, uma ética que ultrapasse a ideia humanitária dos direitos humanos e dos direitos linguísticos e que permita superar o dualismo do sujeito-ético como vítima e sujeito ético como piedoso (cf. Chauí, 1999). Em outras palavras, a proposição de políticas linguísticas será eticamente efetiva se acompanhada de ações propositivas em torno do sujeito e da sociedade. Se, ao contrário, decorrer tão somente de consenso sobre a injustiça e preconceito, poderá representar apenas uma forma de “acalmar a consciência”. Muito mais uma forma de “redimir-se de pecados”, de autopunição do que de construir e de viver uma sociedade justa.
Perspectivas de política linguística na educação
Em termos da atuação pedagógica, é bom pensar sobre a necessidade de se estabelecer um olhar sobre os aprendizes que ultrapasse qualquer tipo de hierarquização. Interessa reconhecer a existência de alunos, pesquisadores, sujeitos que não podem se eximir, nem serem eximidos de suas responsabilidades, nem privados de seus direitos. Nesse sentido, deixa-se de lado a lógica de “atendimento ao aluno” e se passa à lógica e à dinâmica de extração e ampliação de suas potencialidades.
Nesse contexto não existiria “o surdo”, “o deficiente”. O problema está em não nos deixarmos levar uma identificação do sujeito feita a partir de uma “deficiência”. Seria negar a surdez enquanto único fator preponderante para identificar um sujeito. O sujeito surdo não é constituído única e exclusivamente de sua surdez, enquanto fato físico. Há milhões de outras facetas nesse sujeito para as quais frequentemente não se busca olhar.
Atividade Proposta
Na atividade a seguir, você deverá montar um glossário. Vamos mostrar como fazê-lo passo-a-passo:
1) Leia os seguintes textos (também disponíveis na Biblioteca da Disciplina)
 Carta para o Terceiro Milênio
 Decreto 5626
 Decreto 3298
 Lei de LIBRAS 
 Documento de Acessibilidade de Surdos
 Artigo sobre Língua, Cultura e Identidade
2) Agora você irá usar a ferramenta Anotações e, a partir da leitura dos textos, construir um glossário dentro do espaço correspondente em tal ferramenta. A lista de palavras que você deverá definir é: 
Bilingüismo; Comunicação Total; Necessidades Especiais; Necessidade Educativas Especiais; Educação Especial; Educação Inclusiva; Oralismo.
Saiba mais
Assista ao filme "Meu adorável professor" (título original: Mr. Holland). Trata-se de uma produção norte-americana lançada em 1995 e dirigida por Stephen Herek. A história versa sobre um jovem compositor que decide lecionar para juntar dinheiro e poder terminar uma sinfonia que vinha compondo.
Procure identificar o conceito de "deficiência" retratado no filme.
Links
Acesse WFD (World Federation of the Deaf).
Síntese da aula
Nesta aula você viu um pouco mais sobre:
Políticas de inclusão e sua relação com preconceito;
As questões que devem nortear a tomada de decisão na adoção de Políticas acerca da surdez.
Na próxima aula você irá ter contato com a cultura em comunidades sinalizantes. 
Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a próxima aula.
Aula 4
Cultura em comunidades sinalizantes
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Identificar aspectos culturais relacionados ao sujeito surdo;
Reconhecer as diversas nuances da/na identificação cultural do sujeito surdo em sua comunidade sinalizante e na sociedade em geral.
Viemosaprendendo um pouco sobre a língua de sinais brasileira e também levantando questões relativas às políticas linguísticas e educacionais na Brasil, pensando nos sujeitos sinalizantes e nas implicações das ações de inclusão propaladas pela sociedade atual. Para que essas ações pudessem ter início, foram necessários movimentos que promoveram debates polêmicos e ações afirmativas a favor do reconhecimento do sujeito surdo como um ser diferente da maioria ouvinte da população e dotado de capacidade linguística, de educabilidade, potencial profissional e intelectual, etc.
Cultura surda?
A sociedade passou a ser apresentada, e continua paulatinamente a ser, à língua, aos hábitos, às diferenças e semelhanças com os ouvintes, às necessidades (educativas) especiais dos sujeitos surdos. Aqueles sujeitos que até então eram vistos como deficientes auditivos limitados em suas capacidades, passam a ser reconhecidos como sujeitos (surdos) complexos, com identidade própria e com um conjunto de hábitos, transmitidos principalmente através da sua língua, ao qual tem se convencionado chamar de “cultura surda”.
Embora bastante recorrente, o termo “cultura surda” ainda é alvo de muita polêmica. Para além da dificuldade habitual de se definir o que é ou não é cultura, os sujeitos surdos estão – quer queiram, quer não - inseridos em uma comunidade ouvinte e convivem com esses ouvintes, trocando experiências diariamente.
Não há um país, estado, cidade ou mesmo bairro de surdos. O que se pode encontrar com facilidade são associações e instituições que constituem uma espécie de reduto das ditas “comunidades surdas”, embora essas comunidades não estejam restritas a esses ambientes, suas atividades e formas de interação.
Cultura a partir da relação familiar
Os sujeitos surdos são, em sua grande maioria, filhos de pais ouvintes. Situação que provoca, por maior a rejeição que tenha sofrido da família ou a falta de conhecimento sobre língua de sinais e surdez, algum tipo de interação com o que é conhecido como “cultura ouvinte”. Há também os casos em que pais surdos têm filhos ouvintes, o que pode provocar um redimensionamento de condutas e valores não no sentido de abandonar ou renegar a “cultura surda”, mas de estabelecer novas relações e interesses em relação à “cultura ouvinte”.
Podem ser identificadas também famílias em que pais surdos têm filhos surdos e todos no núcleo daquela família são usuários e dominam LIBRAS como sendo sua língua materna. Percebe-se mesmo diferença no desempenho linguístico desses surdos, pois não sofreram tanta influência da língua oral (portuguesa) no processo de aquisição da língua de sinais. Vale lembrar que muitos surdos não têm acesso às associações de surdos nem mesmo à língua de sinais e ainda aprenderam a língua de sinais com o apoio da língua portuguesa escrita ou oral.
O ensino das cores é um processo importante na educação, especialmente nas primeiras idades.
Ensinar Libras ou ensinar a falar?
Muitos surdos são oralizados. Em função do método educativo utilizado durante a sua formação (durante muitos anos optou-se pelo chamado Oralismo nas escolas especializadas), alguns surdos simplesmente não compartilham os mesmos hábitos dos surdos que dominam a língua de sinais.
Tomem nota
Sua identidade é construída a partir de outra realidade linguística e cultural e, por vezes, podem chegar mesmo a sofrer certa discriminação dentro das ditas “comunidades surdas”. Para ampliar os conhecimentos a esse respeito, é interessante fazer a leitura do arquivo Aula_4_Manifesto_surdos_oralizados, na biblioteca da disciplina.
Saiba mais
Veja http://v3.webcasters.com.br/Login.aspx?CodTransmissao=27826
Cultura surda ou cultura dos surdos?
Como se pode perceber só pela diversidade existente entre os surdos, uma definição exata sobre o que é 'cultura surda' é difícil e mesmo a sua existência ou não é causa de polêmica. Há inclusive, para alguns pesquisadores diferença entre 'cultura surda' e 'cultura dos surdos'.
Cultura surda
A cultura surda surge de maneira mais ou menos involuntária, apoiada pelas escolas especializadas da atualidade, mas que ultrapassam o espaço físico, abrangendo o social e imaginário, uma vez que se solidificou a partir da noção de LIBRAS como língua igual a outra qualquer.
Cultura dos surdos
A cultura dos surdos surge como tendo sido criada pelas antigas instituições dos surdos que os isolavam e tentavam promover uma 'higienização social'.
LIBRAS e outras línguas de sinais
Ademais, precisamos nos preocupar com a afirmação a 'língua de sinais é a língua da comunidade surda brasileira', pois - como já mencionado em outras aulas - no Brasil existem surdos que têm como língua materna outra língua de sinais (Urubu-Kaapor) que não a LIBRAS.
Nomenclatura adotada neste curso
Daí, optamos neste curso por utilizar expressões como 'sujeito sinalizante', 'sinalizante' (podendo abranger todos os que dominam a língua de sinais e sejam seus usuários assíduos, embora que na maioria das vezes estejamos nos referindo aos surdos que têm a língua de sinais brasileira como língua materna ou L1), 'comunidade de sinalizantes', 'cultura de sinalizantes'.
Colocando-se no lugar do outro...
Bem da verdade, os sujeitos surdos sinalizantes possuem suas próprias estratégias de compartilhar hábitos, valores, a língua e suas variações em ambientes de todos os tipos, inclusive aqueles que seriam pensados como exclusivamente de ouvintes por pessoas que não têm conhecimento da “cultura surda”.
Você já imaginou um sujeito surdo em uma boate ou em um show musical?
A cultura surda no cotidiano
Já pensou em como é a casa de uma pessoa surda? O que ela precisa fazer para saber se alguém está tocando a campainha da casa? E se o telefone estiver tocando? Será que surdos possuem um telefone? Será que dá para usar um despertador para não perder a hora para o trabalho? Quais as diferenças mais marcantes entre a “cultura surda” e a “cultura ouvinte”? O que seria considerado “falta de educação” para um também o seria para outro?
Para (tentar) responder a essas perguntas, leia os artigos da Revista Espaço (*), também disponíveis na Biblioteca da Disciplina.
(*) Leia aULA_4_Revista_Espaco
Momento diversão
Iremos agora contar uma piada para você. Isso mesmo! Uma piada que envolve ouvintes e um surdo. Obviamente há um quê de preconceito nesta anedota. Ao final, será solicitada uma tarefa a você. Vamos começar?
Um chefão da Máfia descobriu que seu contador havia desviado dez milhões de dólares do caixa. O contador era surdo. Por isto fora admitido, pois nada poderia ouvir e em caso de um eventual processo, não poderia depor como testemunha. Quando o chefão foi dar um arrocho nele sobre os dez milhões de dólares, levou junto sua advogada, que sabia a linguagem de sinais dos surdos-mudos.
O chefão perguntou ao contador: “Onde estão os dez milhões de dólares que você levou?”. A advogada, usando a linguagem dos sinais, transmitiu a pergunta ao contador que logo respondeu (em sinais): “Eu não sei do que vocês estão falando”. A advogada traduziu para o chefão a resposta do contador surdo.
O mafioso sacou uma pistola 45 e encostou-a na testa do contador, gritando: “Pergunte a ele de novo”. A advogada, sinalizando, disse ao infeliz: “Ele vai te matar se você não contar onde está o dinheiro”.
O contador sinalizou em resposta: “OK, vocês venceram, o dinheiro está numa valise marrom de couro, que está enterrada no quintal da casa de meu primo Enzo, no nº 400, da Rua 26, quadra 08, no bairro Projetado”, respondeu em tom assustado.
O mafioso perguntou para advogada: “O que ele disse?”. A advogada respondeu: “Ele disse que não tem medo de otário e que você não é macho o bastante para puxar o gatilho”.
Você leu uma piada que envolve uma situação perigosa para surdos.
Que tipos de preconceitos ela pode estar sendo apontados e como é vista a relação intérprete - surdo nessa piada?
Discuta as coerências e incoerência, pensando no cotidiano de surdos, no fórum de discussão da aula 4.
LinksSugestão de sites para você saber mais sobre o assunto tratado nesta aula:
www.surdo.org.br 
www.vezdavoz.com.br 
Atividade Proposta
Procure investigar como é organizada a vida de um surdo: sua casa, seu trabalho. Para facilitar sua pesquisa, visite os sites referidos e os textos selecionados nesta aula.
Síntese da aula
Nesta aula você viu um pouco mais sobre:
A relação entre cultura, ouvinte, ouvinte sinalizante, surdo oralizado e surdo sinalizante.
Algumas particularidades relacionadas aos aspectos culturais no que concerne à cultura surda e à LIBRAS.
Próxima aula
Na próxima aula você irá ter contato com os aspectos sociolingüísticos das línguas de sinais. Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a próxima aula.
Aula 5
Aspectos sociolinguísticos da língua de sinais
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Identificar aspectos culturais relacionados ao sujeito surdo;
Reconhecer as diversas nuances da/na identificação cultural do sujeito surdo em sua comunidade sinalizante e na sociedade em geral.
Ao analisarmos as características principais dos seres humanos, logo destacamos o fato de que o homem é dotado de faculdade da linguagem. Isto o diferencie dos demais seres em função da complexidade dessa faculdade em relação à de qualquer outro ser. Aquilo que chamamos de faculdade da linguagem diz respeito a um sistema inato que, quando ativado, possibilidade o surgimento das diferentes línguas que conhecemos.
Língua e linguagem
Antes mesmo de falarmos pela primeira vez já possuímos, portanto, um sistema mental através do qual estruturamos nosso pensamento, nosso conhecimento de mundo. Dessa forma, cada povo desenvolve uma língua específica possibilitado pelas infinitas combinações permitidas pelas regras desse sistema inato.
Isso quer dizer que se uma criança nasce no Japão, a faculdade de aprender japonês é a mesma de uma criança que nasce no Brasil. Apenas cada criança irá desenvolver a língua específica do meio em que vive.
Tome nota
Se buscarmos perguntar às pessoas mais próximas o que elas entendem por língua, poderemos encontrar uma variedade de respostas que apontam para visões diferenciadas de língua. Cientificamente, também diversas relações são estabelecidas.
Língua e sociedade
Podemos, por isso, estabelecer várias perspectivas para descrever a linguagem que privilegiam alguns de seus aspectos, suas formas de manifestação etc. Podemos, por exemplo, pensar na língua como um meio de comunicação, como uma estrutura, como um valor social, entre outras formas.
Explicação expandida
Nesta aula, ressaltamos os aspectos sociolinguísticos das línguas de sinais. Em outras palavras, fazemos referência às relações entre linguagem e sociedade que podem nos ajudar a entender as línguas (de sinais) como valores, produtos de um determinado grupo. Essas possíveis relações nos permitem levantar algumas questões.
Aspectos sociolinguísticos
Iremos ver agora aspectos que relacionam a língua à sociedade, a saber: variação línguistica, padronização, família de línguas, usuários e minorias linguisticas. Vamos começar?
Variação linguistica
Em português, existem diversas manifestações de variação linguistica, como a variação histórica (escrevia-se farmácia com [ph], por exemplo) e a variação regional. E em LIBRAS, isso também ocorre? Como já dito, a língua de sinais não é universal. Nem tampouco homogênea, existindo manifestações diversas de acordo com a região, idade, sexo, tempo, status social e estilo. A LIBRAS apresenta todas essas variações como qualquer outra língua.
Por exemplo: alguns falantes dizem 'aipim', outros 'mandioca', outros 'macaxeira'.
Padronização
Toda língua passa por um processo de padronização que diz respeito à escolha de uma das suas manifestações dialetais como sendo a representante de todas as outras formas. Isto se dá a partir de critérios sócio-políticas, econômicos e culturais, e não propriamente como dicionários, gramáticas, livros, mídia etc. 
Mas e a língua de sinais? Há uma escrita para ela? Há uma forma de padronização da língua de sinais? Quais seriam os agentes de padronização da língua de sinais?
Imagine um jornal: há uma preocupação em se falar uma determinada variação considerada 'de mais prestígio', por exemplo.
Família de línguas
Existem vários tipos de línguas de sinais que apresentam semelhança entre si. No sabia mais desta aula, você será um site que trata deste conceito. O português, por exemplo, é originado das línguas latinas, que por sua vez são originados do latim vulgar. Já em relação à LIBRAS, é derivada em parte da língua de sinais francesa, por isso é semelhante a outras línguas de sinais da Europa.
Precisamos lembrar que LIBRAS não é a pura gestualização da língua portuguesa, pois em Portugal existe uma língua se sinais diferente da LIBRAS, por exemplo.
Usuários e minorias linguisticas
Se observamos o fato de os surdos não constituírem um grupo étnico, nós poderíamos tender a não perceber as comunidades sinalizantes como minorias linguísticas. No entanto, se considerarmos a modalidade linguística, a quantidade, os lugares, associações onde se reúnem, teremos uma comunidade linguística específica. Por isso, inclusive, as comunidades sinalizantes conseguem ter uma forma natural e não coercitiva de comunicação.
Tais comunidades, dado às relações estabelecidas com a maioria ouvinte, podem ser entendidas como uma minoria linguística.
Atividade Proposta
http://v3.webcasters.com.br/visualizador.aspx?CodTransmissao=12475
Que tal um pouco de gramática?
Vejamos agora algumas palavras sinalizadas por Nilton Câmara. Mais especificamente, estamos falando de adjetivos e substantivos.
Sinais e palavras correspondentes
Bonito
Feio
Alegre
Triste
Saudade
Desculpa
Cansado
Banheiro
Links
Saiba mais sobre as línguas de sinais. Visite www.ethnologue.com e clique em Deaf Sign Language (procure as línguas que são utilizadas no Brasil).
Visite o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e aprofunde o seu vocabulário.
Síntese da aula
Nesta aula você viu um pouco mais sobre:
A relação entre língua, linguagem e sociedade. 
Algumas particularidades relacionadas aos aspectos sociolinguísticos de LIBRAS.
Algumas palavras e seus respectivos sinais.
Próxima aula
Na próxima aula você irá ter contato com outros aspectos gramáticas da LIBRAS. Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção antes de iniciar a próxima aula.
Aula de Revisão
Aula 6
Algumas categorias gramaticais da libras: pronomes, advérbios e adjetivos
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Identificar aspectos gramaticais de LIBRAS relacionados aos pronomes, advérbios, adjetivos;
Reconhecer algumas palavras e verbos relacionados ao campo semântico alimentação.
Categorias gramaticais
Lembra-se das aulas de português? Quando aprendemos o funcionamento de uma língua, estamos estudando as partes que compõem uma frase e a relação entre essas partes e o discurso; que tal retomarmos brevemente esse estudo?
Em LIBRAS, podemos identificar basicamente as mesmas categorias gramaticais já conhecidas pelo estudo das línguas orais, como pronome, adjetivo etc.. 
Precisamos, no entanto, estar atentos para as formas de funcionamento e uso de cada uma delas dentro do discurso, pois se trata de uma língua cuja modalidade é viso-espacial. Isso provoca modificações no conceito de cada uma delas.
O sistema pronominal
O sistema pronominal da língua brasileira de sinais, a exemplo do português, é formado por três pessoas do discurso. Dependendo da configuração de mãos utilizada e de direção para qual aponta no espaço, as pessoas do discurso podem ser especificadas. Podem aparecer tanto no singular quanto no plural.
Observação: Lembre-se que pessoa do discurso refere-se à forma pronominal cuja função é a de indicar:
aquele que fala (emissor);
para quemfala (destinatário);
de quem se fala (não faz parte da interlocução).
Saiba mais
http://v3.webcasters.com.br/visualizador.aspx?CodTransmissao=27833
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes pessoais
Em LIBRAS, o sujeito da ação pode apontar alternadamente para o interlocutor e para si próprio, mãos formando o número dois, para significar “nós dois”. Da mesma forma, pode-se especificar tanto a primeira quanto a segunda e terceiras pessoas em três pessoas, quatro pessoas, plural, etc.
Nas frases em LIBRAS o sujeito pode ser omitido (no caso das primeira e segunda pessoas) desde que o contexto possibilite identificá-lo. No caso da terceira pessoa, essa não será apontada se, mesmo estando presente, não for intenção do usuário ressaltar a sua presença por motivos culturais como, por exemplo, isso ser ou não falta de educação.
Pronomes pessoais, na sequência: a) “eu”; b) “tu/você”; c) “ele/ela”; d) “nós”; e) “vós/vocês”; f) “eles(as)”.
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes demonstrativos e advérbios de lugar
Em termos de sinais utilizados, essas duas categorias não apresentam diferença, sendo possível diferenciá-las apenas a partir do contexto. As relações estabelecidas são as mesmas da norma padrão encontrada em boa parte das línguas orais, a saber: este/isto/aqui, esse/isso/aí, aquele/aquilo/lá.
Pronomes demonstrativos/advérbios de lugar: a) “este” (indica o lugar em relação à primeira pessoa); b) “esse” (indica o lugar em relação à segunda pessoa); c) “aquele” (indica o lugar em relação à terceira pessoa).
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes interrogativos
Os pronomes como QUE e QUEM (que + pessoa ou quem) são utilizados no início ou final da frase, dependendo do contexto. QUANDO pode ser especificado em relação ao passado ou ao futuro, dependendo da direção do movimento da mão.
Temos: a) “quem”; b) “quando”; c) “onde”; d) “por que”; e) “o que”; f) “como”.
O sistema pronominal em LIBRAS: pronomes possessivos
Os possessivos não apresentam concordância de número (pelo menos não em relação ao objeto) e nem de gênero. Concordam sempre em relação à pessoa do discurso. Eles são: a) “meu”; b) “teu/seu”; c) “dele”; d) “nosso”; e) “vosso”; f) “deles”.
Advérbios de tempo
São utilizados como uma espécie de marca sintática para indicar o tempo verbal na frase. Em geral, ficam no início da frase.
Temos, na sequência: a) “ontem”; b) “hoje”; c) “amanhã”; d) “agora”.
Adjetivos
Não há concordância em relação ao gênero ou ao número. São fundamentais para a formação de classificadores descritivos, assumindo de maneira icônica a qualidade/forma de um objeto. São posicionados na frase logo após o substantivo.
Temos, na sequência: a) “magra(o)”; b) “inteligente”; c) “delicioso(a); d) “novo(a)”.
Verbos relacionados
Temos, na sequência: a) “comer”; b) “beber”; c) “comprar”; d) “pagar”; e) “cortar”; f) “gostar”; g) “preferir”.
Frutas
Temos, na sequência: a) “maçã”; b) “pêra”; c) “banana”; d) “melão”; e) “mamão”; f) “morango”; g) “uva”; h) “abacaxi”; i) “melancia”; j) “abacate”.
Vocabulário relacionado à alimentação: Carnes e massas
Temos, na sequência: a) “peixe”; b) “frango”; c) “porco”; d) “carne bovina”; e) “pão”; f) “macarrão”; g) “nhoque”; h) “pizza”; i) “lasanha”.
Saiba mais
Saiba mais sobre as línguas de sinais, visitando o site: www.ethnologue.com (Clique em "Deaf Sign Language" e procure as línguas que são utilizadas no Brasil).
Acesse também o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e amplie o seu vocabulário.
Síntese da aula
Nesta aula você viu:
Estudou algumas categorias gramaticais em LIBRAS, especialmente pronomes, adjetivos, advérbios;
Ampliou o vocabulário relacionado à alimentação.
Próxima aula
Na próxima aula você analisará outros aspectos gramáticas da LIBRAS.
Não deixe de participar do fórum de discussão e de realizar os exercícios de autocorreção. Até lá!
Aula 7
Princípios de estruturação de uma sentença em LIBRAS
Objetivos da aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Entender como se constrói a estrutura das frases em LIBRAS;
Perceber as diferenças entre a construção de sentenças na língua portuguesa e em LIBRAS;
Entender que a falta de uma lógica linear em LIBRAS não significa a falta de sentido, coerência e coesão nas sentenças de LIBRAS.
 Nesta aula, vamos estudar a construção de sentenças em LIBRAS. Você verá que as frases podem seguir ou não a ordem sujeito-verbo-objeto, usada na construção de frases em língua portuguesa. Quando as sentenças não são construídas pela construção SVO, elas obedecem a uma lógica não-linear. Ao longo desta aula, explicaremos melhor esse tema e veremos alguns recursos de construção de frases em LIBRAS. Vamos lá?
Estrutura de sentenças
Para estudar a construção de frases em LIBRAS, é preciso pensar que esta linguagem se estrutura a partir de recursos espaciais e visuais, ou seja, se utiliza do espaço para dar coerência e coesão as palavras que formam a sentença.
Em Libras, encontramos quatro tipos de frases:
Afirmativa
Negativa
Interrogativa
Exclamativa
Entendendo o que é ordem na frase
Como você já sabe, as frases, na língua portuguesa, seguem a ordem SVO (sujeito-verbo-objetivo). Em LIBRAS, no entanto, as sentenças nem sempre seguem esta ordem, pois não seguem necessariamente uma sequência linear de ideias. Vamos ver o que é isso?
A frase que você está vendo segue uma ordem: a tal SVO. Tecnicamente, toda frase pronunciada por um falante tende a estar nessa ordem, ainda que ela possa ocorrer invertida também, como 'Um carro eu comprei ontem.' Nesse caso, temos um organização tópico-comentário.
A organização tópico-comentário é recorrente em LIBRAS. Ela consiste em colocar o tópico no início da frase, seguido de comentário. Vamos a um exemplo?
A frase, em português 'o macaco gosta de comer banana, ficaria em LIBRAS: o macaco gosta. O que aconteceu? O tópico da frase para o início. invertendo a ordem SVO.
É importante lembrar que a ordem SVO também é usada na língua de sinais (LIBRAS). Esta ordem pode ser vista, sobretudo, quando são utilizados verbos com flexão, ou seja, aqueles que o uso revela facilmente o sujeito, como por exemplo, os verbos perguntar e ajudar.
Leitura
Referências bibliográficas desta aula:
BRITO, L. F. Por uma gramática da língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
QUADROS, Ronice Müller & KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Síntese da aula
Nesta aula, vimos como se constroem as frases na língua dos sinais e como a organização das sentenças nesta linguagem se difere da feita na língua portuguesa. Vimos ainda que a sequência não-lógica das palavras que compõem as frases faz com que não haja uma organização linear das sentenças de LIBRAS, o que não significa que não exista sentido, coesão e coerência entre as palavras.
Próxima aula
Na próxima aula, você verá as principais diferenças entre a língua oral e a linguagem de Libras. Também vai ver um pouco sobre a estrutural verbal na língua dos sinais e como os classificadores e as expressões faciais complementam a comunicação feita em libras.
Aula 8
Categorias gramaticais da LIBRAS: verbos e classificadores
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Identificar diferenças entre a linguagem oral e a de LIBRAS;
Entender a construção da estrutura verbal na linguagem de LIBRAS;
Perceber a importância dos classificadores e da expressão facial para a linguagem de LIBRAS e de que forma aumentam a eficácia na comunicação feita nesta língua.
Introdução
A comunicação vai muito além das palavras. Ela também é feita de expressões faciais e linguagem corporal, por exemplo. Existem inúmeras semelhanças entre a linguagem oral, que usamos no dia a dia, e a linguagem de LIBRAS. No entanto, elas não são iguais. Nesta aula, vamos ver as principais diferenças entre estas duas formas de comunicação e expressão. Além disso, vamos aprender um pouco da estrutura verbal emLIBRAS. Veremos ainda como os classificadores e as expressões faciais complementam a comunicação na linguagem das LIBRAS. Vamos lá?
Estrutura de sentenças
Em LIBRAS, encontramos categorias gramaticais que também estão presentes nas línguas orais. Sendo assim, na língua dos sinais, encontraremos itens lexicais que podem ser classificados como verbo, advérbio, adjetivo e pronome. A categoria artigo, no entanto, recorrente em inúmeras línguas orais, não existe em LIBRAS.
Embora o conceito atribuído às categorias gramaticais de LIBRAS seja semelhante ao das línguas orais, suas formas de classificação e de funcionamento são diferentes. Portanto, a LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, já que sua gramática é independente da língua oral.
A ordem dos sinais na construção de uma frase em LIBRAS obedece a regras próprias, que refletem a forma de o surdo processar suas ideias tendo como parâmetro a sua percepção visual-espacial da realidade.
Independência simática do português em relação à linguagem de LIBRAS:
Tanto em LIBRAS quanto nas línguas orais, a ideia de verbo como ação pode ser mantida, assim como a de que é possível encontrar verbos que exigem ou não determinado tipo de concordância. Existem duas classificações:
Direcional: verbos que têm concordância. A direção do movimento marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.
Não-direcionais: verbos que não têm concordância. Para os verbos não-direcionais, existem duas subclasses:
ancorados no corpo: são verbos que exigem proximidade em relação ao corpo. Os que melhor representam são os de estado cognitivo ou emotivo. A saber: gostar, odiar, pegar, falar.
verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros se modificam para especificar as informações.
A importância dos classificadores para a comunicação em LIBRAS
Definição do classificadores: um classificado (Cl) é uma forma que estabelecem tipo de concordância em uma língua. Na linguagem de LIBRAS, os classificadores são formas representadas por configurações de mão que, substituindo o nome que as procedem, podem vir junto aos verbos de movimento e de localização para classificas o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo.
Os classificadores como ícones: os classificadores em LIBRAS são marcadores de concordância de gênero para pessoas, animais ou coisas. Eles são muito importantes, já que ajudam a construir a estrutura sintática por meio de recursos corporais. Muitos classificadores são icônicos. Às vezes, eles se referem ao objeto ou ser como um todo. Em outras, se referem somente a uma parte ou característica do ser (FERREIRA BRITO, 1995).
Vamos a alguns exemplos de o que significam as expressões faciais?
Acabamos de ver um exemplo de um diálogo entre um aluno e um professor em uma aula de LIBRAS. Nele, vimos como expressões faciais ajudam na compreensão da linguagem dos sinais. Por isso, durante uma conversa em LIBRAS, os interlocutores, além da linguagem das mãos, fazem uso das expressões do rosto para enfatizar o que está sendo dito. Elas funcionam, prontamente, como um recurso para melhorar a comunicação em LIBRAS.
Síntese da aula
Nesta aula, vimos as principais diferenças entre a língua chamada oral e a linguagem de LIBRAS. Vimos ainda como é a construção da estrutura verbal na linguagem dos surdos-mudos. Também estudamos como os classificadores e a expressões faciais complementam a linguagem e maximizam a compreensão entre quem está usando esta forma de comunicação.
Próxima aula
Como já vimos, a Libras é uma língua viva, diretamente ligada a elementos visuais. Na próxima aula, você irá treinar a compreensão de diálogos em Libras.
Aula 9
Compreensão de diálogos
Objetivo desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Melhorar a sua capacidade de compreender diálogos em LIBRAS;
Aumentar o seu vocabulário de LIBRAS;
Ser capaz de melhorar suas expressões faciais objetivando tornar a comunicação em LIBRAS mais eficaz.
Testando a compreensão de diálogos
Você já parou para pensar como a prática de diálogos é uma atividade corriqueira? Agora pense em um diálogo em entre surdos e em como se comunicar se torna difícil quando não podemos usar a fala. Veja agora um exemplo de diálogo entre surdos e teste o que você consegue compreender desta conversa.
Saiba mais
Leitura
Leia o material disponibilizado no blog dos Surdos Usuários da Língua Portuguesa
Síntese da aula
Nesta aula, você exercitou a compreensão de diálogos em LIBRAS. Com isso, percebeu o quanto um simples diálogo para nós que podemos falar e ouvir pode se tornar difícil quando não dominamos a forma de comunicação que está sendo utilizada.
Próxima aula
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai ver alguns exemplos de produções culturais feitas para surdos. Verá também como iniciativas envolvendo as artes para deficientes auditivos e visuais podem ter conteúdos criativos e como a propagação destas manifestações vem sendo facilitadas pelas novas tecnologias de comunicação.
Aula 10
Literatura em língua de sinais
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Conhecer alguns exemplos de manifestações artísticas feitas para deficientes auditivos;
Perceber a importância da propagação de iniciativas artísticas produzidas para surdos;
Entender que novas tecnologias permitiram que o público surdo e mudo tivesse maior acesso às manifestações artísticas feitas para este.
Pare para pensar. Você consegue se lembrar de manifestações artísticas, literárias e culturais produzidas especialmente para deficientes auditivos?
Se a sua resposta for não, não se assuste. 
Apesar de existirem, elas são poucas. Assim como são raras as produções culturais feitas por deficientes auditivos.
Vídeo: 2008 MDA Telethon - Chinese Disabled Arts Troupe
O vídeo que você assistiu traz um exemplo de uma apresentação feita por dançarinos que não podem ouvir (apresentação de um grupo chinês denominado Disabled People’s Performance Art Troupe, Alemanha, 2008). 
Ainda há um grande caminho a percorrer para que estas manifestações ganhem visibilidade na sociedade. Apesar disso, as novas tecnologias estão, cada vez mais, ajudando na propagação destas iniciativas artísticas. Vamos ver mais?
Você já parou para pensar como quase não existem manifestações artísticas feitas para surdos?
Surdos participam muito pouco das ações culturais na sociedade. Isso ocorre, sobretudo, por causa da falta de acesso deste filão às produções artísticas, já que a maioria das ações culturais tem sua comunicação com o público baseada na oralidade, ou seja, na fala.
Um exemplo importante de iniciativa para aumentar a inclusão cultural deste nicho às manifestações artísticas é a Companhia de Teatro Mãos Livres, que luta para que as barreiras de comunicação sejam minimizadas através de espetáculos produzidos tanto para surdos como para a sociedade ouvinte.
A Companhia de Teatro Mãos Livres surgiu em 2005, a partir de uma prática pedagógica desenvolvida dentro das salas de aula de escolas públicas regulares e especializadas cuja metodologia está fundamentada no aprendizado e desenvolvimento integral dos alunos surdos.
Esta forma de ensino tem sua didática baseada nas linguagens artísticas como a música, o teatro e a dança, que funcionam como estímulos às relações interculturais.
As novas tecnologias para surdos
As novas tecnologias permitiram que a informação fosse propagada de forma melhor e mais veloz. As comunidades surdas também se beneficiaram com as novas tecnologias. Além de recursos que ajudam a comunicação deste público com a sociedade ouvinte, as novas tecnologias também possibilitaram que produções de arte e literatura fossem acessadas por este nicho da sociedade.
Como as tecnologias ajudam a aumentar a inclusão social de surdos
Por exemplo: uma menina, que é deficiente auditiva, recebe uma ligação do “Papai Noel” e consegue se comunicar com ele por meio de um aparelho tecnológicoem que um intérprete faz a mediação entre a menina e o Papel Noel, permitindo que ela faça seus pedidos de natal.
É fato que as novas tecnologias ajudaram a criar recursos para que surdos pudessem ter a chance de melhorar sua capacidade de vida. Com as inovações tecnológicas, vieram esperanças de aumento da inclusão deste público na sociedade. Veja a notícia a seguir, publicada na Agência Estado.
Um ponto a ser pensado é até onde as novas tecnologias irão ajudar a aumentar a inclusão de surdos na sociedade. Sem dúvida, é preciso, sobretudo para os pais, estarem atentos às consequências causadas pelo uso destas tecnologias e ao que é realmente confiável. O aparato tecnológico, usado de forma segura, pode ser o caminho para que os surdos tenham sua inclusão digital aumentada na sociedade.
No vídeo a seguir temos um exemplo da sétima arte feita para deficientes auditivos: https://www.youtube.com/watch?v=6uxCLBaiUN4
Trata-se de uma interpretação em LIBRAS para o filme nacional Os desafinados. Aproveite para ler também um artigo sobre inclusão (*).
(*) Ler na biblioteca da disciplina Leitura_complementar.pdf
Atividade proposta
Produza um vídeo amador de no máximo dez minutos em que você trava um diálogo com um amigo em LIBRAS ou apresenta algum lugar ou atividade do seu cotidiano como se fosse um repórter. Se possível, poste seu vídeo no youtube (ou outra interface para compartilhamento de vídeo) e envie o link para seu professor.
Síntese da aula
Nesta aula, você viu algumas formas de expressões e manifestações artísticas produzidas na linguagem de LIBRAS, para deficientes auditivos. Também viu como as novas tecnologias estão, cada vez mais, facilitando a propagação de iniciativas culturais, literárias e artísticas feitas para a comunidade surda. Assim, você pôde perceber como ainda são escassas as produções envolvendo as artes para este público.
Aula de Revisão

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