Buscar

artigo hidro fibromialgia

Prévia do material em texto

Artigo original 
 
 
HIDROCINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA 
 
Claiane de Medeiros Linhares*, Alexandre Figueiredo Zaboti** 
 
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
 
* Acadêmica do 8º semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). 
** Orientador e professor do curso de fisioterapia da UNISUL. 
 
Resumo 
 
A fibromialgia revela-se como uma síndrome clínica de causa desconhecida caracterizada por dor difusa e presença 
de pontos dolorosos musculares. Na hidroterapia as mudanças fisiológicas associadas aos exercícios ajudam a reduzir 
a dor percebida, a aumentar a tolerância e a elevar o nível de resistência física destes pacientes. A pesquisa visa a 
avaliar os efeitos da hidrocinesioterapia em pacientes fibromiálgicos sobre a qualidade de vida, dor, tender points, 
flexibilidade, força muscular e aptidão cardiorrespiratória. Na amostra, houve uma composição de três indivíduos 
pertencentes ao sexo feminino com idade média de 31 ± 9,5 anos. Utilizou-se para realização da coleta o 
Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ), Questionário de Dor de McGuill (QMD), figura demonstrando os 18 
tender points, teste de sentar e alcançar, Teste de Carga Máxima (TCM) para flexores e extensores de joelho e o teste 
de caminhada. Os atendimentos realizaram-se no período de abril a junho de 2004, 3 vezes por semana, totalizando 
25 atendimentos, na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). A média e 
o desvio padrão dos resultados obtidos no pré e pós-teste foram respectivamente: FIQ, item 1 - 16,66 ± 3,05 e 9,33 ± 
2,08, item 2 - 2 ± 2 e 5,33 ± 0,57, item 3 - 1,66 ± 1,52 e 0,33 ± 0,57, item 4 - 57,33 ± 10,50 e 25,66 ± 7,63. QMD, 
número de descritores - 15,66 ± 2,08 e 10,33 ± 1,52, índice de dor - 47,66 ± 9,07 e 24,33 ± 4,93. Tender points, 
índice de pontos - 23 ± 7,93 e 13 ± 4,58, número de pontos - 18 ± 0 e 16 ± 3,46. Teste de sentar e alcançar, 30,66 ± 
11,67 e 38,66 ± 9,01. TCM, flexão de joelho - 11,66 ± 5,77 Kg e 21,66 ± 5,77 Kg, extensão de joelho - 5,33 ± 6,11 
Kg e 7 ± 4,35 Kg. VO2 máx., 28,45 ± 10,38 ml(Kg. min)
-1 e 32,89 ± 7,52 ml(Kg. min)-1. Conclui-se que o plano 
fisioterapêutico proposto pode ser indicado para fibromiálgicos, pois influenciou, positivamente, nas variáveis 
estudadas nessa amostra. 
 
Palavras-chava: Fibromialgia, Hidroterapia, qualidade de vida, flexibilidade, exercício aeróbico. 
 
 
Abstract 
The fibromyalgia is revealed as a clinical syndrome of ignored cause, characterized by diffuse pain and presence of 
muscular painful points. In the hydrotherapy the physiologic changes associated to the exercises help to reduce the 
noticed pain, to increase the tolerance and to elevate the level of physical resistance of these patients. The research 
seeks to evaluate the effects of the hydrokinesitherapy, in fibromyalgics patients about quality of life, pain, to tender 
points, flexibility, muscular forces and cardiorespiratory aptitude. In the sample, there was a composition of theree 
individuals belonging to the feminine sex with medium age 31 ± 9,5, years old. It was used for accomplishment of 
the collection the Questionnaire of Impact of Fibromyalgia (FIQ), Questionnaire of Pain McGuill (QMD), 
illustration demonstrating the 18 to tend points, test of to seat and to reach. Test of Maximum Load (TCM) for 
flexing and extending of knee and the walk test. The attendances took place in the period of april to june in 2004, 3 
times a week, totaling 25 attendances, in the School Clinic of Physiotherapy of the University of the South of Santa 
Catarina (UNISUL). The average and the standard deviation of the results obtained in the pre and powder-test were 
respectively: FIQ, item 1 - 16,66 ± 3,05 and 9,33 ± 2,08, item 2 - 2 ± 2 and 5,33 ± 0,57, item 3 - 1,66 ± 1,52 and 
0,33 ± 0,57, item 4 - 57,33 ± 10,50 and 25,66 ± 7,63. QMD, number of describers - 15,66 ± 2,08 and 10,33 ± 1,52, 
pain index - 47,66 ± 9,07 and 24,33 ± 4,93. To tender points, index of points - 23 ± 7,93 e 13 ± 4,58, number of 
tender points- 18 ± 0 e 16 ± 3,46. Test of to seat and to reach., 30,66 ± 11,67 and 38,66 ± 9,01. TCM, knee flexion - 
1,66 ± 5,77 Kg and 21,66 ± 5,77 Kg, knee extension - 5,33 ± 6,11 Kg and 7 ± 4,35 Kg. VO2 máx., 28,45 ± 10,38 
ml(Kg. min)-1 and 32,89 ± 7,52 ml(Kg. min)-1. It is ended that the proposed physiotherapeutic plan can be indicated 
to fibromyalgics, because it influenced, positively, in the variables studied inthat sample. 
 
Key words: Fibromyalgia, hydrotherapy, of Life quality, flexibility, aerobics exercise. 
 
 
Introdução 
 
As primeiras considerações reportadas acerca da fibromialgia datam de 
aproximadamente 150 anos [1]. Em 1914, Gowers introduziu o termo ‘fibrosite’, suas 
observações clínicas identificaram vários pontos sensíveis, alguns dos quais são usados hoje no 
diagnóstico da síndrome da fibromialgia (SFM) [2]. 
O termo fibrosite significa inflamação do tecido conjuntivo fibroso. Contudo, 
atualmente, tem sido demonstrado mediante biópsia que não existe tal inflamação. Considera-se 
mais adequado o termo fibromialgia ou dor no tecido fibroso e no músculo. Por volta de 1950, o 
termo fibrosite foi abandonado completamente e no final dos anos 70, Hench sugeriu o termo 
atual, fibromialgia [3]. 
A fibromialgia revela-se como uma síndrome dolorosa de etiologia desconhecida que 
acomete preferencialmente mulheres. Caracterizada-se por dores musculares difusas, sítios 
dolorosos específicos associados freqüentemente a distúrbios do sono, fadiga, cefaléia crônica, 
distúrbios psíquicos e intestinais funcionais [4]. 
Ocorre em cerca de nove mulheres para cada um homem e seus primeiros sintomas se 
manifestam principalmente entre 35 e 60 anos de idade, todavia também acomete crianças e 
adolescentes até indivíduos mais idosos [1]. 
Desconhece-se sua fisiopatologia. A teoria mais aceita no momento integra uma 
disfunção no sistema nervoso central em regular a sensibilidade dolorosa, com aumento de 
estímulos nociceptivos oriundos de músculos, ligamentos e articulações, causando uma alteração 
nos centros moduladores de dor em nível medular e cerebral, traduzidos pela diminuição de 
serotonina e o aumento da substância p. Estas alterações de neuromediadores trazem consigo um 
aumento da sensibilidade dolorosa, alteração do sono e fadiga [4]. 
Admite-se uma série de fatores que possam vir a agravar o quadro da doença como: 
infecções, alterações psicológicas, climáticas e atividades forçadas [5]. 
Os principais sinais e sintomas da são: ansiedade, desânimo, depressão, dormência nas 
mãos, pés, pernas e rosto, cefaléias e enxaquecas, problemas gastrointestinais, dores às vezes 
descritas como ardência, rigidez e fisgadas nos músculos, fadiga constantes, distúrbios do sono 
(sono leve e não reparador) e alterações do humor [6]. 
Além da dor e da fadiga, essa população exibe uma deterioração da função respiratória, 
da amplitude articular e da resistência muscular e apresenta deficiências de força e níveis de 
aptidão cardiovascular abaixo dos índices médios[7]. 
O Colégio Americano de Reumatologia definiu a fibromialgia, em 1990, segundo alguns 
critérios. Com a finalidade de diagnóstico, será considerado que o paciente tem fibromialgia se os 
dois critérios abaixo mencionados forem satisfeitos. Dores por todo o corpo precisam estar 
presentes por pelo menos três meses [8]. 
Critério 1 - História de dor generalizada; 
Critério 2 - Dor em 11 de 18 pontos locais sensíveis à palpação com os dedos. 
Os locais de pontos sensíveis ou tender points bilaterais são: occipúcio, cervical inferior, 
músculo trapázio, músculo supra-espinhal, Segunda costela, epicôndilo lateral, músculo glúteo, 
grande trocânter e joelho [8]. 
Seu tratamento requer uma boa participação do paciente, no sentido de assumir umapostura ativa em relação a sua doença, mudando seus hábitos de vida, praticando esportes e 
recebendo orientação medicamentosa pelo médico assistente [9]. 
Inibidores da recaptação de serotonina, como a fluoxetina ou a sertralina podem ser 
associados ao esquema terapêutico com efeito aditivo. Analgésicos e relaxantes musculares como 
o corisoprodol podem ser úteis no controle dos sintomas, porém a resposta aos antiinflamatórios 
não-hormonais não costuma ser favorável e deaconselha-se o seu uso [10]. 
O tratamento não-farmacológico não deve ser esquecido e tem papel crucial no controle 
dos sintomas. Exercícios aeróbicos visando a um recondicionamento muscular, acupuntura, yoga, 
entre outras técnicas de relaxamento são, comprovadamente, eficazes. O acompanhamento 
psiquiátrico e, eventualmente, a psicoterapia podem ser úteis nos casos em que a depressão, a 
ansiedade ou o pânico forem proeminentes [10]. 
O tratamento propriamente dito consiste, basicamente, em exercícios físicos, já que um 
bom tono muscular é o melhor remédio contra as dores de tipo inespecífico [3]. 
A medicina física é uma parte importante no tratamento para pacientes com 
fibromialgia. Nesses pacientes encontra-se evidência de descondicionamento, de função 
respiratória comprometida, de uma menor amplitude articular, de resistência muscular depletada 
e de desempenho muscular reduzido [7]. 
Na hidroterapia, a água aquecida e seus efeitos através das técnicas específicas, 
reeducam os movimentos através da cinesioterapia, estimulam o trabalho mio-articular global, 
promovem melhora da socialização, autoconfiança e qualidade de vida. Assim, o meio hídrico 
ajuda a superar a inibição funcional e a tensão psicossomática, transformando a atividade receosa 
numa atividade prazerosa [2]. 
Exercícios em piscina aquecida são talvez as atividades mais benéficas para esses 
pacientes, pois há uma falta de forças excêntricas e os movimentos revelam-se mais lentos por 
serem executados na água, reduzindo a chance de microtrauma. Além disso, as mudanças 
fisiológicas e conseqüências da imersão em água aquecida, ajudam a reduzir a dor percebida e 
aumentam a facilidade do movimento [2]. 
O programa de exercícios aquáticos para fibromialgia tem por objetivo ajudar a 
aumentar a tolerância do indivíduo ao exercício e o nível de resistência física, ganhando desta 
forma melhoria geral no nível de condicionamento [9]. 
 
Materiais e métodos 
 
Realizou-se a pesquisa na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de 
Santa Catarina – UNISUL campus Tubarão. 
A amostra compreendeu três indivíduos pertencentes ao sexo feminino, da raça branca, 
com idades de 25, 26 e 42 anos, procedentes da cidade de Tubarão, com diagnóstico médico de 
fibromialgia primária por mais de um ano, ou seja, achados característicos de fibromialgia sem 
uma causa subjacente reconhecível [11], e apresentavam-se de acordo com os critérios do 
Colégio Americano de Reumatologia [8]. Estavam inscritos na lista de espera da Clínica Escola 
de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e não realizavam outras 
atividades físicas. Foram aprovadas pelo teste de Par-Q revisado em 1994 [21] e Teste de Fatores 
de Risco para Doença Coronariana [21]. 
Na coleta de dados utilizaram-se o Questionário de Impacto da Fibromialgia [12] para 
avaliação da qualidade de vida, Questionário McGill de Dor [13] para dor, palpação dos 18 
pontos sensíveis associados a fibromialgia e escala de intensidade e índice de ponto sensível [2] 
para tender points, teste de sentar e alcançar [14] para flexibilidade, Teste de Carga Máxima [14] 
para avaliar força de flexores e extensores de joelho, e teste de caminhada [15] para através do 
Vo 2 máx obter a aptidão cardiorrespiratória da amostra. 
Realizaram-se 3 sessões semanais, segundas, quartas e sextas-feiras, iniciando às 19:30 
horas, com duração, inicialmente, de 40 minutos, com aumento de 1 minuto e 30 segundos a cada 
3 atendimentos, finalizando com 52 minutos, por um período de 12 semanas totalizando 25 
atendimentos. 
O programa hidrocinesioterapêutico foi composto de: 
- aquecimento: por um período de 5 a 10 minutos com atividades de baixa intensidade como 
marcha, caminhada para frente, para trás, passada lateral, passos cruzados, entre outros; 
- alongamento: estático ativo por 10 minutos, alternando um atendimento alongamento de 
cervical e MMSS e no próximo, tronco e MMII; 
- treinamento aeróbico: com atividades de média intensidade como caminhadas rápidas, 
corrida, bicicleta com auxílio de espaguete, batimento de pernas na posição supina e pronada 
com espaguete, simulação do movimento de pular cordas, subindo e descendo do step, entre 
outros. Durante os exercícios estabeleceu-se 50 a 60% da FC máx inicialmente por 10 
minutos com aumento de 1 minuto e 30 segundos a cada três atendimentos. Monitorou-se a 
intensidade do exercício pela escala de Borg [21] a qual proporcionou estimativas 
correspondentes da intensidade relativa do exercício com obtenção da Taxa de esforço 
percebida; 
- relaxamento: por 10 minutos com movimentos lentos e utilização de flutuadores como colar 
cervical, espaguetes, tapetes flutuantes e músicas de relaxamento. 
 
Resultados 
 
Relacionado ao Questionário de Impacto da Fibromialgia, no item 1 o qual se refere às 
limitações nas atividades diárias da última semana, o indivíduo 1 apresentou diminuição de 5 
pontos, o indivíduo 2 de 13 pontos e o indivíduo 3 de 4 pontos. A média e o desvio padrão desse 
item no pré-teste foram de 16,66 ± 3,05 e no pós-teste de 9,33 ± 2,08. Percebemos, então, que os 
três indivíduos reduziram suas pontuações, ou seja, houve uma diminuição da dificuldade de 
realizar determinadas tarefas. 
No item 2 o qual se refere à disposição física dos indivíduos na última semana, todos os 
3 obtiveram um aumento em sua pontuação. O indivíduo 1 obteve um aumento de 5 pontos, o 
indivíduo 2 de 2 pontos e o indivíduo 3 de 3 pontos. A média e o desvio padrão no pré-teste 
foram de 2 ± 2 e no pós-teste de 5,33 ± 0,57. O resultado aponta para um aumento no número de 
dias da semana em que se sentiram bem. 
O item 3 refere-se às faltas ao trabalho na última semana. O indivíduo 1 diminuiu em 3 
dias, o indivíduo 2 em 1 dia e o indivíduo 3 manteve-se inalterado, já que apresentava 0 no pré-
teste. A média e o desvio padrão no pré-teste foram de 1,66 ± 1,52 e no pós-teste de 0,33 ± 0,57. 
Essa redução de faltas ao trabalho demonstra o efeito positivo da terapêutica proposta em manter 
as atividades profissionais. 
O item 4 relaciona-se ao estado geral dos indivíduos na última semana. O indivíduo 1 
apresentou uma diminuição de 34 pontos, o indivíduo 2 de 38 pontos e o indivíduo 3 de 23 
pontos. A média e o desvio padrão desse item no pré-teste foram de 57,33 ± 10,50 e no pós-teste 
de 25,66 ± 7,63. Todos os 3 obtiveram redução de suas pontuações, ao demonstrar uma melhora 
no estado geral da amostra. 
Os gráficos 1 e 2 demonstram os resultados obtidos através do Questionário McGill de 
Dor. 
Gráfico 1 – Representação gráfica dos dados referentes ao nº de descritores 
Fonte: Pesquisa elaborada pela autora, 2004. 
 
 
Como podemos observar, todos os 3 indivíduos obtiveram uma diminuição no número 
de descritores escolhidos. A média e o desvio padrão no pré-teste foram de 15,66 ± 2,08 e no pós-
teste de 10,33 ± 1,52. 
 Gráfico 2 – Representação gráfica dos dados referentes ao índice de dor 
Fonte: Pesquisa elaborada pela autora, 2004. 
 
 
Em relação ao índice de dor, os 3 indivíduos também obtiveram uma diminuição. A 
média e o desvio padrão no pré-teste foram de 47,66 ± 9,07 e no pós-teste de 24,33 ± 4,93. 
Nos tender points, observamos uma diminuição do índice de pontos sensíveis, ou seja, a 
soma da intensidade da dor à palpação dos 18 pontos, nos três indivíduos. O indivíduo 1 reduziu 
seuíndice de dor em 9 pontos, o indivíduo 2 em 15 pontos e a do indivíduo 3 em 6 pontos. A 
média e o desvio padrão do índice de dor no pré-teste foi de 23 ± 7,93 e no pós-teste de 13 ± 
4,58. Em relação ao número de pontos apenas o indivíduo 1 obteve uma redução de 6 pontos, os 
outros permaneceram inalterados. A média e o desvio padrão do número de pontos no pré-teste 
foram de 18 ± 0 e no pós-teste de 16 ± 3,46. 
Os resultados obtidos no teste de sentar e alcançar estão demonstrados no gráfico 3. 
 
 
0
5
10
15
20
ID 1 ID 2 ID 3
N
ú
m
e
ro
 d
e
 d
e
s
c
ri
to
re
s
Pré-teste
Pós-teste
0
10
20
30
40
50
60
70
ID 1 ID 2 ID 3
Ín
d
ic
e 
d
e 
d
o
r
Pré-teste
Pós-teste
Gráfico 3 – Representação gráfica dos dados referentes ao teste de sentar e alcançar 
Fonte: Pesquisa elaborada pela autora, 2004. 
 
 
O indivíduo 1 obteve um aumento de 5 cm, o 2 de 12 cm e o 3 de 7 cm após o 
tratamento hidrocinesioterapêutico. A média e o desvio padrão no pré-teste foram de 30,66 ± 
11,67 e no pós-teste de 38,66 ± 9,01. 
Os gráficos 4 e 5 representam os resultados do teste de carga máxima. 
Gráfico 4 – Representação gráfica dos dados referentes ao movimento de flexão de joelho 
Fonte: Pesquisa elaborada pela autora, 2004. 
 
 
No gráfico 4 observamos que apenas o indivíduo 2 obteve um aumento de 5 Kg, 
mantendo os indivíduos 1 e 3 suas cargas iniciais. A média e o desvio padrão na flexão de joelho, 
no pré-teste foram de 5,33 ± 6,11 Kg e no pós-teste de 7 ± 4,35 Kg. 
 
Gráfico 5 – Representação gráfica do movimento de extensão de joelho 
Fonte: Pesquisa elaborada pela autora, 2004. 
0
10
20
30
40
50
60
ID1 ID2 ID3
V
al
o
re
s 
em
 c
m
Pré-teste
Pós-teste
0
2
4
6
8
10
12
14
ID1 ID2 ID3
F
o
rç
a 
em
 K
g
Pré-teste
Pós-teste
0
5
10
15
20
25
30
ID1 ID2 ID3
F
o
rç
a 
em
 K
g
Pré-teste
Pós-teste
No gráfico 5 percebeu-se que o indivíduo 1 manteve sua carga inicial e os indivíduos 2 
e 3 obtiveram aumento de suas cargas. A média e o desvio padrão, na extensão de joelho, no pré-
teste foram de 11,66 ± 5,77 Kg e no pós-teste de 21,66 ± 5,77 Kg. 
Os dados de VO2 máx. ml(Kg. min)
-1 obtidos através do teste de caminhada estão 
representados no gráfico 6. 
 
Gráfico 6 – Representação gráfica dos dados referentes ao teste de caminhada 
Fonte: Pesquisa elaborada pela autora, 2004. 
 
 
Observou-se que o tratamento proposto ocasionou um aumento do VO2 máx. nos três 
indivíduos. A média e o desvio padrão no pré-teste foram de 28,45 ± 10,38 ml(Kg. min)-1 e no 
pós-teste de 32,89 ± 7,52 ml(Kg. min)-1. 
 
Discussão 
 
A melhora da qualidade de vida relaciona-se ao fato de que os exercícios terapêuticos 
constituem o principal recurso na fisioterapia para promover a melhora da qualidade de vida de 
fibromiálgicos, sendo os exercícios de baixa intensidade em piscinas aquecidas os mais eficazes 
[16]. 
Cedraschi et al [23] alocaram 84 fibromiálgicos a um programa de seis semanas de 
exercícios aeróbicos em esteira ergométrica. A qualidade de vida, avaliada pelo Questionário de 
impacto da Fibromialgia, foi comparada a um grupo controle de 80 pacientes da lista de espera. 
Após os atendimentos houve diferença significativa entre os dois grupos em relação a qualidade 
de vida. 
MannerKorpi et al [17] realizaram um tratamento de seis meses com hidroterapia em 26 
fibromiálgicos e obtiveram um resultado significativo no questionário de FIQ; 
A redução da dor justifica-se porque o exercício em água aquecida aumenta a 
temperatura corpórea e aquece estruturas por igual promovendo redução de edemas, diminuição 
do peso corporal e conseqüentemente, redução da dor [2]. 
Dias [9] efetuou 20 atendimentos hidrocinesioterapêuticos em grupo com 10 
fibromiálgicos, 2 vezes por semana durante 1 hora constituído de aquecimento, alongamento e 
relaxamento. Na reavaliação da dor observou que 100% dos pacientes apresentaram melhora do 
quadro álgico. 
Martin et al [4] administraram um programa de exercício incluindo atividade aeróbica, 
flexibilidade e fortalecimento muscular por seis semanas em fibromiálgicos e alcançaram 
resultados positivos principalmente da dor. 
 
0
10
20
30
40
50
ID1 ID2 ID3
V
O
2 
m
áx
. 
m
l 
(K
g
. 
m
in
)-
1
Pré-teste
Pós-teste
As alterações apresentadas nos tender points explica-se porque o exercício aeróbico em 
água aquecida reduz o espasmo muscular e a dor, interferindo, positivamente, na melhora das 
alterações isquêmicas e metabólicas nos locais de tender points [4]. 
Sette, Vallada e Edson Júnior [18] atenderam 3 fibromiálgicos, 2 vezes na semana por 1 
hora, com caminhada, alongamento e relaxamento. Após 1 mês, observou-se uma diminuição de 
pontos sensíveis e principalmente de suas intensidades. 
McCain et al [4] demonstraram que após 20 semanas de condicionamento aeróbico em 
bicicleta ergométrica, 5 pacientes fibromiálgicos obtiveram maior redução do escore miálgico de 
tender points, depressão e maior satisfação pessoal. 
O ganho de flexibilidade justifica-se devido ao relaxamento muscular, a flutuabilidade e 
as forças hidrodinâmicas da água aquecida proporcionarem um meio adequado para as atividades 
de mobilidade [19]. 
Marques et al [20] executaram 6 sessões de alongamento em 20 fibromiálgicos. Desses, 
18 referiram melhora, sendo que 65% a classificaram como ótimo e bom, 25% regular e somente 
10% afirmaram não ter tido qualquer melhora. 
Os resultados com ganho de força muscular relacionam-se ao fato de que submerso em 
um meio com resistência, o exercício em qualquer direção pode ser resistido o que requer uma 
confiança para proporcionar estabilização contra os efeitos rotatórios do centro de flutuação, 
ocorrendo, assim, fortalecimento muscular [19]. 
Os resultados inalterados de força justificam-se pela falta de especificidade, ou seja, 
respostas fisiológicas que dependem do tipo de sobrecarga imposta. Um estresse com exercícios 
anaeróbicos induz adaptações específicas de força-potência, já o aeróbico aprimora mais a 
aptidão aeróbica [21]. 
O aumento do VO2 máx relaciona-se ao fato de que o corpo responde ao treinamento 
pelas alterações fisiológicas, assim, durante o exercício aeróbico, em água aquecida, aumenta-se 
o consumo máximo de oxigênio [22]. 
Em um estudo Wingers et al [4] compararam efeito do condicionamento aeróbico 
obtido com caminhada em fibromiálgicos e grupo controle. Após 4 semanas, os indivíduos 
tratados melhoraram seu condicionamento físico em relação ao grupo controle. 
Valim [24] avaliou os efeitos do condicionamento aeróbico e do alongamento na 
melhora da dor e qualidade de vida em dois grupos de 76 fibromiálgicos. Observouse que os 
benefícios do alongamento ocorreram com 10 sessões e estabilizaram-se, enquanto os do 
condicionamento físico aeróbico ocorreram com 10 e aumentaram com 20 semanas. 
 
Considerações finais 
 
A fibromialgia afeta, de forma significativa, a qualidade de vida do pacientes, pois o 
principal sintoma desta síndrome é a dor. Ainda precisa-se de muitos estudos sobre tal condição 
reumática, visto que o melhor entendimento da etiopatogenia, como dos critérios de diagnóstico, 
levam, consequentemente, a um melhor tratamento. 
Os resultados dessa pesquisa comprovam que a hidrocinesioterapia conseguiu 
influenciar, positivamente, na melhora da qualidade de vida, na redução do quadro álgico e no 
aumento da aptidão física. Por ser uma atividade realizada em grupo, observou-se também um 
aumento do relacionamento social e da auto-estima dos indivíduos pertencentes a amostra. 
Sugerem-se estudos com maior número de casos e com utilização de um grupo controle 
para obtençãode dados mais relevantes quanto aos efeitos da hidrocinesioterapia no tratamento 
da fibromialgia. 
Referências 
 
1. CARVALHO, M. A. P.; REGO, R. R. Fibromialgia. In: MOREIRA, C.; CARVALHO, M. A. 
P. Noções práticas de reumatologia. 2. ed. Belo Horizonte: Health, 1998, cap. 12, p. 301-
312. 
2. BATES, A.; HANSON, N. Síndrome da fibromialgia e exercício aquático. In:______. 
Exercícios aquáticos terapêuticos. São Paulo: Manole, 1998, cap. 16, p. 285-300. 
3. PETIT, J. D. Fibrosite ou fibromialgia. In: GABRIEL, M. R. S.; PETIT, J. D. D; CARRIL, 
M. L. S. Fisioterapia em traumatologia, ortopedia e reumatologia. Rio de Janeiro: 
Revinter, 2001, cap. 54, p. 275-277. 
4. PEREA, D. C. B. N. M. Fibromialgia: epidemiologia,diagnóstico, fisiopatogenia e tratamento 
fisioterápico. Fisioterapia Brasil, Rio de Janeiro: Atlantica, v. 4, n. 4, p. 282-288, jul./ago. 
2003. 
5. ALBRECHT, G. J.; RACHELLI, L. T.; PERONI, A. B. F. Proposta de tratamento 
fisioterapêutico para pacientes fibromiálgicos. Fisioterapia em Movimento, Curitiba: 
Champagnat, v. 13, n. 1, p. 61-69, abr./set., 2000. 
6. VICENTE JUNIOR, V. C.; MENDONÇA, M. R. Fibromialgia: quando tudo dói... Revista 
Fisio&Terapia, São Paulo, ano 5, n. 27, p. 12, jun./jul. 2001. 
7. BENNETT, K. Exercícios terapêuticos para a síndrome de fibromialgia e síndrome de fadiga 
crônica. In: HALL, C. M.; BRODY, L. T. Exercício terapêutico: na busca da função. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, cap. 12, p. 202-214. 
8. WOLFE, F. et al. The american college of rheumatology 1990 criteria for the classification of 
fibromyalgia. Arthritis and Rheumatism, Estados Unidos, v. 33, n. 2, p. 160-172, fev. 1990. 
Disponivel em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=pubmed 
 &dopt=astract&list_uids+2306288>. Acesso em: 15 ago. 2004. 
9. DIAS, K. S. G.et al. Melhora da qualidade de vida em pacientes fibromiálgicos tratados com 
hidroterapia. Fisioterapia Brasil, Rio de Janeiro: Atlantica, v. 4, n. 5, p. 320-325, set./out. 
2003. 
10. WEIDEBACH, W. F. S. Fibromialgia: evidências de um substrato neurofisiológico. Revista 
da associação médica brasileira, São Paulo, v. 48, n. 4, p. 1-3, out./dez. 2002. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.phd?script=sci_arttext&pid=S0104-42302002000400028& 
Ing=pt&nrm=isso>. Acesso em: 12 mar. 2004. 
11. ANTÔNIO, S. F. Fibromialgia. Revista brasileira de medicina, São Paulo, ano 58, s/n, p. 
215-224, dez. 2001. Disponível em: <http//bases.bireme.br/cgl-bln/wxilina.exe/ian/online/>. 
Acesso em: 15 mar. 2004. 
12. BURCKHARD, C. S.; CLARK, S. R. S.; BENNETT, R. M. The fibromyalgia impact 
questionnaire: development and validation. J Rheumatol, maio 1991, n.18, p. 728-733. 
Disponível em: pubmed.netmed.com.br/pubmed.phd?db=pubmed&eword=The+fibromyalgi 
a+Impact+Questionnaire%3A+development+and+validation.+Journal+of+Rheumatology&x
=19&y=5>. Acesso em: 28 fev. 2003. 
13. STARKEY, C. Mecanismos da dor. In: ______. Recursos terapêuticos em fisioterapia: 
termoterapia, eletroterapia, ultra-som e terapias manuais. São Paulo: Manole, 2001, cap. 2, p. 
37-69. 
14. MARINS, J.C.B.; GIANNICHI, R. S. Medidas motoras e físicas. In:______. Prescrição de 
Atividade Física: guia prático. 2.ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998, cap. 3, p. 61-112. 
15. POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Testes de esforço físico para a avaliação da função 
cardiorrespiratória. In:______. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao 
condicionamento e ao desempenho. São Paulo: Manole, 2000, cap. 15, p. 265-284. 
16. ZAYAS, A. Fibromyalgia: its impact on life qualiy. Revista brasileira de medicina, Cuba, 
ano 10, n. 34, p. 58-61, abr./jun. 2003. Disponível em : <http//bases.bireme.br/cgl-bln/ 
wxilina.exe/ian/online/>. Acesso em 12 mar. 2004. 
17. MANNERKORPI K. et al. Hidroterapia e fibromialgia. Scad Rheumatol, v. 31, n. 5, p. 306-
310, jun. 2002. Disponível em: <http://ram.uol.com.br/materia.asp?id=187>. Acesso em: 16 
set. 2004. 
18. SETTE, C. J.; VALLADA, R.; EDSON JÚNIOR, E. A. B. Tratamento fisioterapêutico na 
fibromialgia. Fisioterapia Brasil, Rio de Janeiro: Atlantica, v. 3, n. 5, p. 281-285, set./out. 
2002. 
19. BRODY, L. T. Fisioterapia aquática. In: HALL, C. M.; BRODY, L. T. Exercício 
terapêutico: na busca da função. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, cap. 17, p. 289-
304. 
20. MARQUES, A. P. et al. Pain evaluation of patients with fibromyalgia, osteoarthritis, and low 
back pain. Revista de hospitais e clínicas, v. 56, n. 1, p. 5-10, jan. 2001. Disponível em: 
<http://.scielo.br/scielo.phd?script=sci_abstract&pid=S0041-87812001000100002&Ing=p/& 
nrm=isso&tlng=en>. Acesso em: 12 mar. 04. 
21. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício clínico para 
reabilitação oncológica, cardiovascular e pulmonar. In:______. Fisiologia do exercício: 
Energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, cap. 32, 
p. 938-992. 
22. CAMPION, M. R. Os defeitos fisiológicos, terapêuticos e psicológicos da atividade aquática. 
In: ______. Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: Manole, 2000, cap. 1, p. 3-29. 
23. CEDRASCHI, et al. Fibromyalgia: a randomised, controlled trial of a treatment programme 
based on self management. Ann Rheum Dis., v. 63, n. 3, p. 290-296, mar. 2004. Disponível 
em: http//:www.fibromialgia.com.br/medicos/index.php?destino=conteudo_meno_esquerdo 
 &id_secao=110. Acesso em: 18 set. 2004. 
24. VALIM, V. Estudo dos efeitos do condicionamento aeróbico e do alongamento na 
fibromialgia. Revista brasileira de reumatologia, São Paulo, ano 4, s/n, p. 1-117, 2001. 
Disponível em : <http//bases.bireme.br/cgl-bln/wxilina.exe/ian/online/>. Acesso em: 16 set. 
 2004.

Continue navegando