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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 1 www.medresumos.com.br BIOÉTICA E CLONAGEM Clonagem é a produção de indivíduos geneticamente iguais. É um processo de reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de um mesmo ser vivo – micro-organismo, vegetal ou animal. Têm-se vários tipos de clonagem: Clonagem reprodutiva: Uma das técnicas básicas usadas por cientistas é a transferência nuclear da celula somática (SCNT). Como o nome da técnica implica, a transferência de uma célula somática está envolvida neste processo. Esta célula somática é introduzida, então, numa célula retirada de um animal (ou humano), logo depois da ovulação. Antes de introduzir a célula somática, o cientista deve remover os cromossomos, que contêm genes e funcionam para continuar a informação hereditária, da célula recipiente. Após ter introduzido a célula somática, as duas células fundem. Ocasionalmente, a célula fundida começará a tornar-se como um embrião normal, produzindo a prole se colocada no útero de uma mãe-de-aluguel para um desenvolvimento mais adicional. Clonagem terapêutica: via desenvolver técnicas, a partir de células embrionárias, para criar tecidos. Essa técnica tem como objetivo produzir uma cópia saudável do tecido ou do órgão de uma pessoa doente para transplante. As células-tronco embrionárias são particularmente importantes porque são multifuncionais, isto é, podem ser diferenciadas em diversos tipos de células. Podem ser utilizadas no intuito de restaurar a função de um órgão ou tecido, transplantando novas células para substituir as células perdidas pela doença, ou substituir células que não funcionam adequadamente devido ao defeito genético. Células totipotentes embrionárias são tratadas em culturas, induzidas à diferenciação em certos tecidos e aplicadas nos mesmos, sendo capazes de reconstituí-los. Isso mostra a importância terapêutica das pesquisas com células tronco. As pesquisas são feitas com embriões frutos de fertilizações in vitro, de modo que sejam fecundados inúmeros embriões, mas apenas cerca de 4 deles serão implantados no útero materno. O restante dos embriões não-implantados serão congelados para uma futura utilização, caso a primeira implantação não obtenha sucesso. Os embriões congelados, portanto, pertencem a quem doôu o material: o pai e a mãe. O fato é que, embriões congelados por mais de três anos apresentam uma alta incidência de insucesso ou de má formação. Com isso, do ponto de vista técnico, após três anos de congelamento, os embriões são desprezados. Viável seria, ao invés de desprezar esses embriões (atentado contra a vida), utilizá-los para pesquisas quanto às células tronco. O artigo 5 da Lei 11.105 garantiu a possibilidade de realizar estudos utilizando os embriões que possivelmente seriam desprezados. OBS: Em termos práticos (e não em termos legislativos), o início da vida tem sido baseado a partir do momento da nidação. LEGISLAÇÃO LEI Nº 11.105 DE 24 DE MARÇO DE 2005 - LEI DE BIOSSEGURANÇA Art. 5 o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: Arlindo Ugulino Netto. BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● BIOÉTICA / ÉTICA MÉDICA 2 www.medresumos.com.br I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. § 1 o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. § 2 o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. Logo, a clonagem terapêutica, no Brasil é permitida a partir do Artigo 5 da Lei 11.105. Já a pesquisa sobre clonagem reprodutiva ainda não tem fundamento, sendo vedada, uma vez que não se sabe as consequências para o eventual clone.
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