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CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS

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Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS 
EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Centro de Estudos 
da Voz – CEV, como pré-requisito para a 
conclusão do curso de Especialização em Voz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2007 
 
 
 
Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS 
EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Centro de Estudos 
da Voz – CEV, como pré-requisito para a 
conclusão do curso de Especialização em Voz 
 
Orientadora: Profa Dra. Mara Behlau 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2007 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ribeiro, Alessandra Perencin de Arruda 
 Caracterização da comunicação oral de empresários 
extrovertidos e introvertidos/ Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro. 
--São Paulo, 2006. 
viii, 44f. 
 
Monografia - Especialização em Voz – Centro de Estudos da Voz. 
 
Título em inglês: Oral communication characterization of extraverts 
and introverts entrepreneurs. 
 
1. voz. 2. comunicação. 
 
 
 
CENTRO DE ESTUDOS DA VOZ – CEV 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM VOZ 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenadora do Curso de Pós-Graduação: Profa. Dra. Mara Behlau 
Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Escola Paulista de Medicina – 
UNIFESP – EPM. 
 
 
 
 
 
 
 
Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORAL DE EMPRESÁRIOS 
EXTROVERTIDOS E INTROVERTIDOS 
 
 
 
Presidente da banca: Profª Dra. Mara Suzana Behlau 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
Profª. Gisele Gasparini 
Profª. Déborah Feijó 
 
 
Aprovada em: 14 / 03 / 2007 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
 
Ao Renato, amor da minha vida, que me mostrou um caminho cheio de novas 
possibilidades... Pelo apoio e incentivo, por sempre acreditar em mim e 
 por viabilizar, mais uma vez, a concretização de um sonho. 
 
Aos meus queridos pais, pelo amor incondicional e por não medirem esforços para meu 
crescimento pessoal e profissional. 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
À querida orientadora Profa. Mara Behlau pelos seus ensinamentos, por me apoiar e 
me incentivar a seguir o ramo da fonoaudiologia empresarial e, principalmente, por ter 
sido minha inspiração como profissional desde os tempos da faculdade. 
 
À Gisele Gasparini pela disponibilidade e prontidão em me ajudar em todas as etapas 
deste trabalho e por ter me dado a honra de ser a banca examinadora da monografia. 
 
À Déborah Feijó, banca examinadora, pela atenção na leitura do trabalho. 
 
Às fonoaudiólogas karine Rech, Vanessa Pedrosa, Tatiana Villanova e Patrícia 
Bortolocci pelo auxílio e disponibilidade na análise das amostras de fala. 
 
Aos empresários, participantes voluntários desta pesquisa, que dispensaram parte de 
seu tempo contribuindo para o crescimento do conhecimento fonoaudiológico. 
 
Ao Luiz Fernando Garcia que fez parte da idéia inicial desta pesquisa e por ter 
viabilizado este trabalho fornecendo o resultado do instrumento MBTI® dos 
empresários. 
 
À Stella Angerami e Fernanda Angerami por compartilharem comigo suas experiências 
e seus conhecimentos quanto à teoria do MBTI®, pela confiança em mim e no meu 
trabalho, e por me oferecerem a oportunidade de crescer pessoal e profissionalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
Dedicatória ............................................................................................................ v 
Agradecimentos ............................................................................................................ vi 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 
1.1 Objetivos ......................................................................................................... 4 
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 5 
3 MÉTODOS ................................................................................................................. 10 
4 RESULTADOS .......................................................................................................... 16 
5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 25 
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 35 
7 ANEXOS.............................................................................................................. 36 
8 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 39 
Abstract 
Bibliografia Consultada 
 
 
 
Resumo 
 
Objetivo: Caracterizar a comunicação de empresários avaliados como extrovertidos e 
introvertidos de acordo com a escala extroversão-introversão do instrumento MBTI®. 
Método: Participaram deste estudo 32 empresários, do sexo masculino, submetidos ao 
questionário Myers-Briggs Type Indicator (MBTI®). Para a coleta de dados os 
participantes responderam a uma pergunta quanto a sua auto-imagem comunicativa e 
posteriormente reproduziram oralmente um texto lido de conteúdo familiar gravado para 
análise. Os dados coletados com a reprodução oral do texto lido foram avaliados por 
meio de análise perceptivo-auditiva da fala considerando-se os seguintes parâmetros: 
tipo de voz, articulação, ressonância, loudness, pitch, projeção vocal, velocidade, 
variação melódica, fluência, pausas silenciosas, pausas preenchidas, barreiras verbais, 
coordenação pneumofonoarticulatória, impressão do ouvinte quanto extroversão e 
introversão e nota global da apresentação; e pela análise temporal da fala para 
determinar o número de palavras faladas por segundo de cada participante. 
Resultados: A comunicação dos empresários extrovertidos caracterizou-se por: 
projeção vocal alterada (63,6%, n=14), tempo de fala menor (74 segundos) com 
emissão de maior número de palavras (178), velocidade de fala mais rápida (2,4 
palavras por segundo), fluência adequada (59%, n=13), uso de pausas silenciosas 
adequadas (63,6%, n=14) e avaliação mais alta quanto ao desempenho comunicativo 
(nota=6,56). A comunicação dos empresários introvertidos caracterizou-se por: 
articulação bem definida (80%, n=8), projeção vocal adequada (80%, n=8), maior 
tempo de fala (75 segundos) com emissão de menor número de palavras (161), 
velocidade de fala mais lenta (2,14 palavras por segundo), fluência alterada (60%, n=6) 
caracterizada por prolongamentos, pausas silenciosas inadequadas (70%, n=7) 
caracterizadas como inapropriadas, auto-imagem comunicativa negativa (80%, n=8) e 
avaliação baixa quanto ao desempenho comunicativo (nota=6,17). Conclusão: 
Embora se acredite intuitivamente que os extrovertidos sejam melhores falantes, a 
análise do trabalho evidenciou que há bons falantes em ambos os grupos sendo que, 
muitas vezes, os aspectos formais de boa articulação dos sons da fala e projeção 
adequada da voz foram melhor controlados pelos introvertidos. Pela comunicação ser 
mais natural para o extrovertido ele pode correr o risco de não se preocuparcom a 
forma em que ela é realizada. 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Com o aumento da competitividade, a comunicação interpessoal tem sido um 
diferencial entre executivos e empresários de todo mundo. As facilidades de 
comunicação são um fenômeno do mundo contemporâneo, permitindo acesso às 
informações que representam para o homem moderno, particularmente para o 
empresário, o mais valioso instrumento que podem dispor. 
Para as empresas, a comunicação organizacional já não se concentra apenas em 
transmitir informações, mas também em mudar o comportamento dos colaboradores 
para que eles realizem um melhor trabalho, impulsionando a organização em direção a 
suas metas. Este tem sido um foco crescente para o desenvolvimento dos líderes 
empresariais. 
A comunicação não verbal de um líder pode ilustrar o estilo que as outras 
pessoas devem seguir, ajudando a criar a verdadeira imagem que a empresa 
apresenta a seus clientes (Carlzon, Lagerström, 2005). O processo de comunicação e 
a transmissão de ordens e mensagens podem ser captados de maneira diferente para 
emitir e para receber. Dessa forma, a implantação de uma comunicação adequada no 
setor empresarial é de suma importância, pois um líder para motivar e exercer sua 
liderança deverá transmitir mensagens se certificando de que a informação foi recebida 
como desejada e de ter atingido seu objetivo. 
Considerada um dos principais meios de comunicação, a voz permite ao ser 
humano expressar suas idéias e pensamentos, sendo responsável pela transmissão de 
grande parte do significado de uma mensagem. A existência da boa comunicação na 
empresa motiva a boa execução das tarefas, elimina incertezas, ambigüidades e 
produz confiança e segurança (Leite, 2001). 
O empresário transmite confiança, liderança, credibilidade e assertividade pela 
voz contribuindo com mudanças de comportamento em sua equipe e mobilizando 
pessoas para a construção de resultados. A capacidade de persuasão, elemento 
importante para o êxito das ações dos empresários quanto à influência e transformação 
de realidades, aumenta consideravelmente quando a voz é clara e bem definida. 
Durante a comunicação a personalidade do indivíduo é revelada pela sua 
qualidade vocal que, embora varie de acordo com o contexto da fala e com as 
condições físicas e psicológicas do indivíduo, possui um padrão básico de emissão que 
o identifica (Behlau, Ziemer, 1988). 
 
 
 
Uma qualidade vocal com ressonância equilibrada, intensidade adequada ao 
ambiente com tons de acordo com a mensagem e articulação bem definida expressa 
uma personalidade equilibrada. Pessoas autoritárias utilizam predominantemente tons 
graves, intensidade forte e velocidade de fala diminuída. Pessoas submissas possuem 
voz com pitch agudo, intensidade fraca, ressonância menos equilibrada e maior tensão 
dos articuladores. Pessoas extrovertidas possuem velocidade de fala acelerada, 
cometem menos pausas silenciosas e outros fenômenos de hesitação, comparadas às 
introvertidas (Vasconcelos, 2005). 
Determinar se certos traços de personalidade são expressos na voz de uma 
pessoa e se outros são sensíveis a estes sinais tem sido foco de muitos estudiosos na 
área de comunicação. Dentre as características de personalidade a dimensão 
extroversão – introversão influencia na qualidade das interações com outros e sua 
efetividade na comunicação, aspectos essenciais no papel exercido pelos empresários. 
Os termos “extroversão” e “introversão” foram dotados de significados específicos 
por Carl Gustav Jung em sua teoria sobre os “Tipos Psicológicos” diferindo os seres 
humanos quanto ao direcionamento de suas energias. A palavra “extroversão” 
corresponde à preferência por focar a energia nas experiências do mundo exterior, das 
coisas e dos acontecimentos, e a palavra “introversão” à preferência por focar nas 
experiências do mundo interior, das idéias e pensamentos (Jung, 1967). Ao longo das 
décadas, os significados de “extroversão” e “introversão” foram mal interpretados no 
uso coloquial e, nos dias atuais, estes termos são utilizados erroneamente para 
descrever pessoas expansivas, faladoras e desinibidas (extrovertidas) ou pessoas 
tímidas e reservadas (introvertidas). 
Os indivíduos introvertidos apresentam uma atitude reservada e questionadora, 
normalmente são sutis e impenetráveis, freqüentemente taciturnos e tímidos, muito 
mais à vontade no mundo das idéias que no mundo das pessoas e coisas. A 
característica de desprendimento faz com que os introvertidos sejam pouco afetados 
pelo mundo exterior, demonstram brevidade impessoal de comunicação, com hesitação 
ao falar, emitindo apenas as suas conclusões, atitude que os limita à exposição e à 
fama, mas os liberta de enormes demandas exteriores (Myers, Myers, 1997). 
Alguns estudos revelam que extrovertidos transmitem melhor imagem 
comunicativa e refletem qualidades como dominância, abertura e relaxamento quando 
interagem com outros sendo mais atrativos socialmente que os introvertidos. Para o 
empresário, transmitir imagem positiva por meio da sua comunicação é imprescindível 
 
 
 
para defender seus propósitos e valores junto à sociedade e sustentar a credibilidade 
no relacionamento com seus clientes, além de manter a sinergia e motivação dos 
funcionários. 
Desenvolvido com base na teoria sobre os Tipos Psicológicos de Carl Gustav 
Jung o instrumento Myers-Briggs Type Indicator - MBTI® é um dos mais avançados 
instrumentos de verificação de preferências pessoais, em especial quanto à 
extroversão e introversão. O indicador de tipos MBTI®, elaborado pelas americanas 
Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, tem sido amplamente utilizado no mundo 
empresarial para ajudar pessoas e organizações na compreensão das diversidades 
individuais. 
Atualmente, há uma hipervalorização da objetividade que favorece a orientação 
extrovertida (Rosa, 2005), sendo que no ambiente empresarial, onde a velocidade das 
informações exige maior rapidez para a tomada de decisões e ações imediatas, os 
introvertidos são menos valorizados por sua característica reservada e preferência por 
comunicar-se individualmente e verbalizar após ter pensado profundamente sobre o 
assunto. 
Desde a década de 1960, estudiosos da área de psicologia e sociologia têm 
investigado a maneira pela qual a personalidade se expressa na fala. Relacionar as 
similaridades e diferenças comunicativas entre os empresários extrovertidos e 
introvertidos, com base em parâmetros de voz e fala, possibilita obter maior 
conhecimento sobre a influência da personalidade na voz. A partir dessa relação o 
fonoaudiólogo pode direcionar sua atuação para minimizar as dificuldades e aprimorar 
as habilidades comunicativas dos empresários e, conseqüentemente, auxiliá-los no 
sucesso pessoal e profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
1.1 OBJETIVO 
1.1 Objetivo geral: 
O objetivo do trabalho é caracterizar a comunicação de empresários avaliados 
como extrovertidos e introvertidos de acordo com a escala extroversão-introversão do 
instrumento MBTI®. 
 
1.2 Objetivos específicos: 
 Comparar a comunicação de empresários introvertidos e extrovertidos. 
 Verificar de acordo com a personalidade os seguintes parâmetros: tipo de 
voz, articulação, ressonância, loudness, pitch, projeção vocal, velocidade, 
variação melódica, fluência, pausas silenciosas, pausas preenchidas, 
barreiras verbais e coordenação pneumofonoarticulatória. 
 
 
 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
Jung (1967) chamou os tipos gerais de disposição de “introvertido” e “extrovertido” 
e descreveu suas diferenças como facilmente perceptíveis e encontráveis em 
absolutamente todas as camadas da população.Para o autor, a extroversão e a 
introversão são duas atitudes naturais antagônicas entre si. 
Kramer, Aronovitch (1970) revelaram em sua pesquisa sobre a percepção auditiva 
da voz de extrovertidos e introvertidos, que os ouvintes não identificaram corretamente 
a extroversão dos falantes, mas foram consistentes em seus julgamentos quanto à 
extroversão-introversão do falante nas diferentes tarefas solicitadas. Os autores 
concluíram que certas vozes soam introvertidas ou extrovertidas, independentemente 
das tarefas atribuídas, como instruções ao telefone ou descrição de fortes emoções. 
Allport, Cantril (1978) estudaram a habilidade de sujeitos leigos para julgar a 
personalidade baseada na qualidade de voz. Na maioria das amostras, os sujeitos 
foram capazes de identificar um grau de extroversão-introversão do falante. 
Ramsay (1978) em sua pesquisa sobre a razão som/silêncio de extrovertidos e 
introvertidos relatou que os extrovertidos exibiram pausas silenciosas mais curtas entre 
as frases que os introvertidos nas tarefas de leitura, fala espontânea e descrição de 
figuras. 
Addington (1978) reconheceu que os julgamentos estereotipados dos sinais 
vocais ocorrem regularmente e explorou a natureza específica desses estereótipos. Ele 
utilizou quatro falantes treinados para simular sete qualidades vocais em três níveis de 
velocidade de fala para ouvintes leigos julgarem. Os resultados mostraram que 
conforme os falantes aumentavam a velocidade de fala mais eles eram percebidos 
como extrovertidos, porém essa percepção apenas ocorreu para falantes do sexo 
feminino. 
Siegman (1978) demonstrou que a dimensão extroversão-introversão está 
correlacionada significantemente com vários índices temporais. Em suas pesquisas 
encontrou que os extrovertidos podem ser diferenciados dos introvertidos pelo seu 
tempo de fala e, ainda, que a extroversão está associada com fala mais rapidamente 
articulada e mais fluente. 
Scherer (1979) descobriu, no caso dos falantes americanos, que os juízes podiam 
identificar corretamente a extroversão. Segundo o autor, os sinais associados à 
extroversão do orador, quando comparados à introversão, são: maior fluência (pausas 
mais curtas quando a vez de falar muda de um para outro falante, pausas silenciosas 
 
 
 
mais curtas durante a fala de uma pessoa, menos hesitações); ritmo mais rápido; fala 
mais alta; contraste mais dinâmico e timbre mais variável. 
Scherer, Scherer (1981) descrevem os extrovertidos típicos como pessoas 
sociáveis, despreocupadas e desembaraçadas, com desejo de agitação, geralmente 
impulsivos na ação; possuem uma resposta pronta para verbalizar, com tendência a 
ser agressivo e perder o controle rapidamente. Os autores ainda descrevem os 
introvertidos típicos como pessoas quietas, retraídas, introspectivas, aficionadas por 
livros mais que pessoas, reservadas e distantes, que não gostam de agitação e 
mantêm seus sentimentos sob controle, raramente se comportam de maneira agressiva 
e não perdem o controle facilmente. 
Behlau, Ziemer (1988) fazem referência à voz como uma das extensões mais 
fortes de nossa personalidade, sendo esta extensão mais profunda em sua dimensão 
não-verbal (altura, intensidade, qualidade vocal etc) do que na verbal (estrutura 
lingüística). 
Burgoon, Birk, Pfau (1990) concluíram que os sinais: fala fluente, não-hesitante; 
latências de resposta menores; variação de diapasão; fala mais alta e mais rápida; 
estão associados à maior persuasão, credibilidade e competência. 
Hirsh, Kummerow (1995) postularam que os extrovertidos falam concentrados em 
pessoas e coisas do ambiente externo, comunicam-se com energia e entusiasmo, 
respondem rapidamente sem longas pausas para pensar, gostam de falar antes de 
chegar a conclusões e procuram oportunidades para se comunicar em grupo; e que os 
introvertidos falam concentrados nas idéias e pensamentos internos, mantêm a energia 
e o entusiasmo internamente, gostam de pensar antes de responder, procuram 
oportunidades para se comunicar individualmente e verbalizam conclusões que já 
foram bastante pensadas. 
Myers (1995) define os extrovertidos como pessoas que costumam focalizar o 
mundo externo das pessoas e eventos, direcionando sua energia e atenção para fora e 
recebendo energia de eventos, experiências e interações externas; os introvertidos 
como pessoas que costumam focalizar sua atenção no seu próprio mundo interior de 
idéias e experiências, direcionando sua energia e atenção internamente e recebendo 
energia de pensamentos, sentimentos e reflexões internas. 
Boone (1996) compara a voz como uma impressão digital, sendo a voz e o 
padrão da fala humana incrivelmente distintos. Segundo o autor, as impressões digitais 
de nossas vozes são compostas por diversos comportamentos de fala-voz que agem 
em combinação e separadamente, tais como: o número de palavras pronunciadas em 
 
 
 
uma respiração, velocidade e ritmo da fala, altura, intensidade e nível de relaxamento 
ou tensão da voz. 
Colton, Casper (1996) definem a voz como um poderoso instrumento que não 
apenas transmite a mensagem, mas também acrescenta algo ao seu sentido. Além de 
seu papel como transmissora de palavras, a voz é também um meio de expressão de 
emoção e age como um espelho do eu interior das pessoas. É um reflexo da 
personalidade do indivíduo. 
Myers, Myers (1997) afirmam que os extrovertidos geralmente são mais 
acessíveis, compreensíveis e expansivos, que possuem facilidade em se comunicar; 
enquanto que os introvertidos costumam ser sutis, impenetráveis, freqüentemente 
taciturnos e tímidos que reprimem suas emoções e tendem a hesitar para falar. De 
acordo com os autores, os extrovertidos são mais persuasivos ao vender uma idéia a 
superiores, associados e subordinados por saberem se expressar livremente. 
Smith (1998) destacou a importância da comunicação adequada entre pessoas 
diferentes para o sucesso das organizações. A autora acredita que ao aprendermos 
como ajustarmos nossa comunicação aos diferentes indivíduos, grupos e assuntos 
apropriadamente, podemos causar um impacto no resultado de toda a organização. 
Refere que o instrumento de avaliação Myers-Briggs Type Indicator - MBTI® fornece 
um estrutura lógica da diferença de personalidade que pode aumentar a compreensão 
mútua e capacitar as pessoas a identificar e responder positivamente a outras que 
tenham personalidade diferente. 
Knapp, Hall (1999) comentam que muitas pesquisas tentaram determinar se 
certos traços de personalidade são expressos na voz de uma pessoa e se os outros 
são sensíveis a esses sinais vocais associados à personalidade e concluem que os 
resultados destes estudos foram confusos. Os autores citaram em seu texto sobre 
sinais vocais e personalidade que é comum encontrar alta concordância entre os 
avaliadores com relação à presença de certas características de personalidade e alta 
correspondência entre as percepções dos avaliadores e os critérios de medidas reais 
na comparação entre algumas vozes e traços de personalidade; contudo é comum 
encontrar pouca concordância entre as percepções de personalidade dos avaliadores. 
Opt, Loffredo (2000) em pesquisa quanto à comunicação de extrovertidos e 
introvertidos nas situações em grupo, diálogo, reuniões e em público relataram que os 
introvertidos apresentaram maiores níveis de apreensão à comunicação que os 
extrovertidos em todas as situações apresentadas. O achado desta pesquisa apóia a 
teoria que o foco constante do introvertido é no mundo interno das idéias e conceitos e 
 
 
 
a atenção do extrovertido é focado nos objetos e pessoas do ambiente. Os autores 
explicam, ainda, que a tendência ou necessidade de evitarcomunicação poderia ser 
considerada problemática ou anormal apenas pelos olhos dos extrovertidos, pois para 
um introvertido, é normal não se expressar abertamente e compartilhar idéias. 
Behlau (2001) ressalta que uma pessoa modifica a voz constantemente, de 
acordo com a situação e o contexto da comunicação, sobretudo no que diz respeito aos 
seus interlocutores. Apesar dessa limitação, existem algumas relações básicas entre os 
ajustes motores empregados, certas características da personalidade do falante e os 
efeitos causados no ouvinte, e são essas relações básicas que o fonoaudiólogo deve 
procurar compreender na avaliação. 
Block (2002) lembra que cada ser humano se caracteriza pela voz de uma 
maneira única e define a voz como a expressão sonora da personalidade. 
Lessa (2002) em sua tese sobre cooperação e complementaridade em equipes de 
trabalho explica as diferenças entre “extroversão” e “introversão”. Segundo a autora, na 
extroversão observam-se a atenção para a ação, impulsividade (ação antes de pensar), 
comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral. Ela explica que esse 
aspecto favorece a adaptação do extrovertido às condições externas, normalmente de 
forma mais fácil do que para o indivíduo introvertido. E, ainda, contrapõe que na 
introversão se observa uma ação voltada para o interior, hesitabilidade, o pensar antes 
de agir; postura reservada, retraimento social, retenção das emoções, discrição e 
facilidade de expressão no campo da escrita. 
Amaral (2003) analisou a importância da voz e das habilidades de comunicação 
no processo seletivo de líderes empresariais. Em sua pesquisa observou que a voz 
encontra-se entre os três primeiros componentes da comunicação mais importantes 
para um selecionador, destacando: boa articulação, pronúncia correta, velocidade de 
fala moderada, entonação de fala, ênfase de palavras e fala neutra como fatores 
decisivos na seleção entre dois candidatos. 
Opt, Loffredo (2003) relatam que a estrutura das preferências do instrumento 
elaborado por Myers e Briggs (Myers-Briggs Type Indicator - MBTI®) fornece uma 
maneira para examinar e entender conexões entre tipo de personalidade e estilo de 
comunicação. Em estudo com 60 estudantes, entre 21 e 60 anos, os autores 
observaram que indivíduos extrovertidos tendem a ter uma imagem comunicativa mais 
positiva que os introvertidos e reforçaram a idéia de que introvertidos tendem a ser 
socialmente prejudicados por causa de suas preferências comunicativas. Os resultados 
da pesquisa mostraram que a personalidade diferencia-se no comportamento 
 
 
 
comunicativo, o que poderia ter implicações para o conforto do indivíduo e seu sucesso 
na sociedade. 
Segundo Zetune (2003), o introvertido apresenta tendência para ouvir bem, mas 
para compartilhar pouco suas idéias e pensamentos, por outro lado, o extrovertido 
apresenta tendência para falar bastante e ouvir pouco. 
Brock (2005) identificou que os extrovertidos tendem a falar mais rápido, 
ininterruptamente, com volume mais alto da voz dando a impressão de pensar alto; e 
os introvertidos tendem a pausar antes de responder ou dar informação, com volume 
de voz mais baixo e emissão de sentenças mais curtas. 
 
 
 
 
3 MÉTODOS 
Este estudo, que visa caracterizar a comunicação oral de empresários 
extrovertidos e introvertidos identificados pelo instrumento Myers-Briggs Type Indicator, 
recebeu a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Estudos da Voz – 
CEV. 
Participaram deste estudo 32 empresários, com faixa etária entre 26 e 61 anos e 
média de 42 anos, do sexo masculino, de três cidades do interior paulista: Ibitinga, 
Vargem Grande do Sul e Mirassol. Todos os sujeitos envolvidos assinaram o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido para a participação voluntária (Anexo 1). 
Como critério de inclusão foram selecionados empresários que haviam sido 
submetidos ao questionário Myers-Briggs Type Indicator (MBTI®), aplicado por um 
profissional qualificado para esta tarefa (gráfico 1). Estatisticamente comprovado 
quanto à identificação das preferências mentais, o MBTI® foi selecionado para este 
estudo, pois fornece uma estrutura para examinar similaridades e diferenças nos traços 
de personalidade em especial quanto à preferência pela extroversão ou introversão. 
O MBTI®, indica as preferências mentais em quatro escalas, cada qual com dois 
pólos opostos, a saber: Escala da Energia: Extroversão (E) e Introversão (I); Escala da 
Percepção: Sensorial (S) e Intuitivo (N); Escala do Julgamento: Pensamento (T) e 
Sentimento (F); Escala do Estilo de Vida: Julgamento (J) e Percepção (P). 
A “Extroversão” indica a preferência por tirar energia do mundo exterior das 
pessoas, atividades ou coisas; e a “Introversão”, a preferência por tirar energia do 
mundo interior das idéias, emoções ou impressões pessoais. “Sensação” indica a 
preferência por obter informações através dos cinco sentidos, concentrando-se em 
fatos e observando aquilo que é real; a “Intuição” indica a preferência por obter 
informações através do "sexto sentido", concentrando-se em princípios e observando 
as possibilidades. “Pensamento” refere-se à preferência por organizar e estruturar as 
informações para tomar decisões de maneira lógica e objetiva; o “Sentimento” à 
preferência por organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira 
pessoal e orientada para os valores. “Julgamento” corresponde à preferência por ter 
uma vida organizada e planejada; e “Percepção” corresponde à preferência por ter uma 
vida espontânea e flexível. 
Das quatro escalas de preferência que o instrumento MBTI® indica, foram 
consideradas para este estudo as escalas extroversão-introversão, sensação-intuição e 
 
 
 
pensamento-sentimento. A escala julgamento-percepção não foi analisada 
estatisticamente, pois apenas um empresário foi avaliado como perceptivo. 
Este estudo foi realizado em 2 etapas, a saber: 
 1 - Coleta de dados: os participantes foram submetidos a uma pergunta quanto a 
sua auto-imagem comunicativa; em seguida, receberam um texto e foram orientados a 
ler de uma a três vezes para que pudesse reproduzi-lo oralmente; posteriormente, a 
reprodução oral do texto lido foi gravada para análise. 
 2 – Análise dos dados: primeiramente os dados coletados com a reprodução oral 
do texto lido foram submetidos à análise perceptivo-auditiva da fala de acordo com 
parâmetros previamente estabelecidos; em seguida a mesma reprodução oral do texto 
foi submetida à análise temporal da fala para determinar o número de palavras faladas 
por segundo de cada participante. 
Para verificar a auto-imagem comunicativa dos sujeitos, anteriormente à obtenção 
da amostra de fala, todos os participantes do estudo foram solicitados a responder 
“sim” ou “não” à questão: “Você acredita que fala bem?”. 
Para a obtenção dos dados da amostra, foi selecionado um texto para leitura de 
conteúdo familiar a esse grupo de empresários (Anexo 2). Os participantes foram 
orientados a ler o texto de uma a três vezes e, em seguida, reproduzi-lo oralmente para 
a gravação. 
O conteúdo da fala dos trinta e dois empresários foi gravado em mini disc (MD) 
em sistema analógico Portable mini disc Recorder MZ-R37 da marca Sony® e 
microfone com captação unidirecional da marca Shure SM58. Durante a gravação os 
participantes permaneceram sentados, mantendo uma distância de quatro centímetros 
entre a boca e o microfone. A coleta dos dados foi realizada na própria empresa do 
participante em ambiente silencioso. 
As amostras de fala foram reproduzidas em um CD-R com ordem aleatória e 
submetidas a uma análise perceptivo-auditiva realizada por três fonoaudiólogasespecialistas em voz. No material preparado para avaliação, houve a repetição de 10% 
das amostras de fala para testar a concordância intra-sujeitos e verificar a 
confiabilidade das análises das juízas. 
As fonoaudiólogas, individualmente, foram orientadas a ouvir uma única vez e 
assinalar imediatamente os aspectos comunicativos identificados de cada amostra 
seguindo um protocolo (Anexo 3) especialmente elaborado para esta análise. 
Para analisar a comunicação oral dos empresários foi realizada uma avaliação 
perceptivo-auditiva dos seguintes parâmetros: tipo de voz, articulação, ressonância, 
 
 
 
loudness, pitch, projeção vocal, velocidade, variação melódica, fluência, pausas 
silenciosas, pausas preenchidas, barreiras verbais, coordenação 
pneumofonoarticulatória, impressão do ouvinte quanto extroversão e introversão e nota 
global da apresentação. 
No tipo de voz observou-se o padrão básico de emissão do indivíduo, que está 
relacionado com a seleção de ajustes motores empregados durante a movimentação 
do trato vocal. Para a análise foi utilizada a classificação “adequada”, correspondente à 
produção vocal aceitável socialmente e que não interfere na inteligibilidade da fala e 
alterada que corresponde à produção vocal não aceitável como marcadores sociais, 
culturais ou emocionais. Quando julgada “alterada”, a voz foi classificada pelo tipo e 
pelo grau: leve, moderado ou severo. 
O padrão articulatório diz respeito ao processo de ajustes motores dos órgãos 
fonoarticulatórios na produção e formação dos sons da fala (Behlau, Pontes, 1995), 
tendo sido classificado no protocolo deste estudo como articulação adequada e 
alterada. A articulação alterada foi sub-classificada em imprecisa, travada, exagerada 
ou com distúrbio articulatório. Uma articulação adequada corresponde à presença de 
sons bem-definidos e indica o controle da dinâmica fonoarticulatória transmitindo ao 
ouvinte franqueza, desejo de ser compreendido, clareza de idéias e credibilidade. A 
articulação imprecisa ocorre quando há falta de exatidão na constituição das palavras, 
com sons distorcidos ou emitidos sem a necessária precisão dificultando a 
inteligibilidade da mensagem e podendo indicar dificuldades na organização mental, 
não preocupação em ser compreendido ou mesmo falta de vontade em se comunicar. 
A articulação travada é percebida na presença de redução da amplitude do movimento 
da mandíbula transmitindo ao ouvinte tensão, agressividade e contenção de 
sentimentos. A articulação exagerada, facilmente detectada pelo ouvinte em função do 
movimento exacerbado dos órgãos fonoarticulatórios durante a fala, indica certo grau 
de narcisismo (Behlau, Pontes, 1995). Foram classificados como distúrbios 
articulatórios: presença de trocas, omissões ou distorções fonêmicas. 
O sistema de ressonância é composto de órgãos e estruturas que participam do 
aparelho fonador e da produção do som. Ressonância refere-se à concentração de 
freqüências acústicas ou harmônicas específicas nas cavidades do trato vocal (Sataloff, 
1991). O foco ressonantal pode ser adequado, ou seja, equilibrado com a participação 
harmônica dessas estruturas ou alterado, neste caso, com predominância laringo-
faríngea, nasal ou oral. Quando adequado possibilita ao falante conseguir nuançes em 
suas expressões e exteriorizar melhor suas emoções. O foco ressonantal laringo-
 
 
 
faríngeo confere à voz com qualidade comprimida ou tensa-estrangulada, geralmente 
encontrada em pessoas com dificuldade de trabalhar sentimentos de agressividade e 
que se encontram desgastadas ou sobrecarregadas. A concentração de energia na 
cavidade da boca, ressonância oral, pode revelar uma personalidade de caráter 
narcisista. O uso excessivo ou insuficiente da cavidade do nariz, ressonância nasal, 
quando descartados os fatores orgânicos ou funcionais de alteração no palato mole, 
pode estar relacionado a características emocionais de afetividade e sensualidade. 
Loudness refere-se à sensação psicofísica de intensidade, ou seja, é a forma 
como percebemos a intensidade da voz do outro. Consideramos neste estudo a 
classificação: adequada, forte ou fraca. Em geral, o volume da voz é proporcional à 
intensidade do tom fundamental e à gravidade tonal. Mas não é exatamente o mesmo. 
O volume é o resultado da combinação da intensidade e uma apropriada emissão 
sonora (Perelló, Caballé, Guitart, 1975). 
Denomina-se como pitch a sensação psicofísica da freqüência fundamental 
(Behlau, Pontes, 1995). O pitch é analisado com base na idade, sexo e personalidade 
da pessoa. Para este estudo, consideramos pitch adequado quando compatível com os 
critérios descritos e alterado quando um dos critérios de idade, sexo ou personalidade 
não seja compatível, neste caso, a alteração foi classificada em grave ou agudo. O 
pitch tem relação direta com a intenção do discurso, mas em geral, pessoas de 
personalidade mais autoritária apresentam vozes mais graves e pessoas menos 
dominadoras, mais dependentes, tendem a emissões mais agudas, semelhantes às 
vozes infantis. 
 Para este estudo classificamos a projeção da voz no espaço como adequada, 
alterada excessiva e alterada reduzida de acordo com o ambiente. O termo projeção 
vocal está muito intrincado ao volume, como definem Perelló, Caballé, Guitart, (1975), 
chama-se volume de uma voz a capacidade do som emitido para chegar ao espaço. 
Velocidade é o número de palavras por minuto de texto corrido. Alterações na 
velocidade freqüentemente comprometem a efetividade da transmissão da mensagem. 
Do ponto de vista psicodinâmico, uma velocidade lenta desliga o ouvinte e passa a 
impressão de lentidão de pensamento e falta de organização de idéias, ao passo que 
uma velocidade elevada pode expressar vontade de omitir dados do discurso, além de 
refletir ansiedade e tensão. 
A variação melódica refere-se à expressividade que a voz transmite a mensagem 
sendo responsável pelas curvas melódicas no discurso. A entonação associada às 
pausas constitui elementos importantes nas apresentações. Sem esses recursos, a fala 
 
 
 
pode tornar-se monótona, menos inteligível e eficiente, levando o ouvinte ao 
desinteresse. Uma entonação adequada ao discurso, juntamente com as pausas, tende 
a provocar um forte efeito emocional no ouvinte. A variação melódica foi classificada 
para este estudo como adequada ou alterada sendo esta sub-classificada em 
excessiva, restrita ou repetitiva. 
A fluência adequada caracteriza-se pela fluidez da linguagem falada, sua 
continuidade e espontaneidade, com a integração das palavras na frase que 
concatenam as idéias. Para este estudo, foram considerados como alterada a presença 
de hesitações, repetições e prolongamentos comprometendo a inteligibilidade da fala. 
Pausa silenciosa refere-se ao tempo utilizado para efetivarmos a respiração. Nas 
pausas breves, utilizadas durante o encadeamento de um período de fala e outro, a 
inspiração deve ser mais rápida e superficial. Nas pausas longas, as inspirações 
devem ser mais profundas, para que o falante possa reenergizar o corpo e organizar o 
pensamento. As pausas possibilitam dar ênfase natural às partes do discurso que se 
quer salientar. O uso das pausas interfere no ritmo da fala durante as apresentações, 
evitando a produção rápida de palavras pronunciadas todas juntas ou muito lenta. As 
pausas são classificadas como adequadas quando não interferem na mensagem, e 
alteradas quando há prejuízo na mensagem por serem excessivas, reduzidas ou 
inapropriadas, ou seja, quando não correspondem ao contexto do discurso. Utiliza-se o 
termo pausa preenchida quando o silêncio é substituído por sons prolongados como 
“ahn” ou “uhm”, neste caso, seráconsiderada adequada ou inadequada de acordo com 
a interferência causada na inteligibilidade da mensagem. 
Barreiras verbais são palavras e expressões repetitivas tais como “tá”, ”então”, 
“né”, capazes de tornar a comunicação ineficiente cortando o segmento do pensamento 
e da compreensão do conteúdo transmitido (Rolim, 2001). Neste estudo foram 
consideradas como barreiras verbais o emprego de gírias, nomes insultuosos, palavras 
e expressões repetidas e palavras com erros gramaticais. 
A coordenação pneumofonoarticulatória (CPFA) é o resultado da inter-relação 
harmônica das forças expiratórias, mioelásticas da laringe e musculares da articulação. 
Ela pode estar adequada ou alterada. Uma emissão com coordenação 
pneufonoarticulatória adequada transmite ao ouvinte a sensação de estabilidade, 
domínio da fonação e harmonia. Uma incoordenação pneufonoarticulatória pode 
comprometer acentuadamente a inteligibilidade da fala. 
O perfil introvertido ou extrovertido do falante foi avaliado de acordo com a 
impressão das fonoaudiólogas em relação à fala e posteriormente comparado com o 
 
 
 
real perfil indicado pelo instrumento MBTI®. Para esta análise, as fonoaudiólogas 
utilizaram sua interpretação usual quanto à extroversão e introversão. 
Cada indivíduo recebeu uma nota global da apresentação analisada em uma 
escala de 0 (zero) a 10 (dez) sendo “0” correspondente a “péssimo”; e “10” 
correspondente a “excelente”, de acordo com a impressão das avaliadoras quanto à 
competência comunicativa do falante. 
Para verificar o tempo de fala com relação ao número de palavras de cada 
participante, as amostras de fala foram transcritas e cronometradas. 
Os dados resultantes da avaliação perceptivo-auditiva, da análise temporal da fala 
e da questão quanto à auto-imagem respondida pelos participantes foram tabelados e 
analisados estatisticamente. 
 
Método Estatístico 
Na análise descritiva, as variáveis categóricas foram resumidas em freqüências 
simples e relativas (porcentagens). As variáveis quantitativas foram expressas em 
médias, medianas, desvio padrão, valores mínimos e máximos. Para as comparações 
em relação a variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-quadrado ou o Teste Exato 
de Fisher. Para as variáveis numéricas foi utilizado o teste t de Student para variáveis 
com distribuição normal e o teste de Mann-Whitney para variáveis em que normalidade 
não pôde ser assumida. Foram consideradas estatisticamente significantes as 
diferenças cujos níveis descritivos (valores de p) foram inferiores a 0,05. O programa 
estatístico utilizado foi o SPSS versão 11.0. 
 
Gráfico 1 – Distribuição da população estudada segundo as escalas do MBTI® 
22
10
23
9
26
6
31
1
0
5
10
15
20
25
30
35
E x I S x N T x F J x P
Extroversão (E)
Introversão (I)
Sensação (S)
Intuição (N)
Pensamento (T)
Sentimento (F)
Julgamento (J)
Percepção (P)
 
 
 
4 RESULTADOS 
Os dados analisados nesse estudo são referentes à reprodução oral de texto de 
32 empresários paulistas submetida à avaliação perceptivo-audtiva do perfil vocal. O 
objetivo geral do trabalho foi comparar o perfil vocal e de fala dos empresários 
extrovertidos e introvertidos segundo a classificação MBTI®. 
A tabela 1 demonstra a relação entre a impressão dos avaliadores quanto à 
extroversão e introversão e as escalas Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e 
Pensamento-Sentimento do MBTI® . 
A tabela 2 refere-se à distribuição numérica e percentual da resposta à questão 
sobre a auto-imagem apresentada pelos indivíduos de acordo com as escalas 
Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e Pensamento-Sentimento do MBTI®. 
A tabela 3 mostra os valores médios e mediana da nota global de apresentação, 
tempo de fala, número de palavras faladas, e número de palavras por segundo de 
acordo com as escalas do MBTI®. 
A tabela 4 apresenta a relação entre adequação e alteração dos parâmetros 
vocais e de fala de acordo com a escala Extroversão (E) e Introversão (I). 
A tabela 5 demonstra a relação entre adequação e alteração dos parâmetros 
vocais e de fala de acordo com a escala Sensação (S) e Intuição (N). 
A tabela 6 refere-se à relação entre adequação e alteração dos parâmetros vocais 
e de fala de acordo com a escala Pensamento (T) e Sentimento (F). 
A tabela 7 apresenta a classificação dos parâmetros vocais alterados de acordo 
com as preferências das escalas do MBTI®. 
A tabela 8 apresenta os tipos de alterações de fluência observados pelos 
avaliadores de acordo com as escalas do MBTI®. 
 
 
 
 
Tabela 1 – Impressão dos avaliadores quanto à extroversão e introversão de 
acordo com as escalas Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e 
Pensamento-Sentimento do MBTI® 
 
Avaliação pelo MBTI® 
 
Avaliação perceptivo-auditiva 
 
Extrovertido 
 
 
Introvertido 
 
 
Total 
 
 
 
p 
n % n % n % 
Extroversão 10 45,5 12 54,5 22 100 
>0,999 
Introversão 5 50,0 5 50,0 10 100 
Sensação 7 30,4 16 69,9 23 100 
0,005 
Intuição 8 88,9 1 11,1 9 100 
Pensamento 10 38,5 16 61,5 26 100 
0,076 
Sentimento 5 83,3 1 16,7 6 100 
Total 45 46,87 51 53,13 96 100 
 
 
 
 
 
Tabela 2 – Distribuição numérica e percentual da resposta à questão sobre a 
auto-imagem apresentada pelos indivíduos de acordo com as escalas 
Extroversão-Introversão, Sensação-Intuição e Pensamento-Sentimento do MBTI® 
 
Avaliação pelo MBTI® 
 
Auto-imagem 
 
Fala bem 
 
 
Não fala bem 
 
 
Total 
 
 
 
p 
n % n % n % 
Extroversão 10 45,5 12 54,5 22 100 
0,248 
Introversão 2 20 8 80 10 100 
Sensação 8 34,8 15 65,2 23 100 
0,696 
Intuição 4 44,4 5 55,6 9 100 
Pensamento 8 30,8 18 69,2 26 100 
0,165 
Sentimento 4 66,7 2 33,3 6 100 
Total 36 37,5 60 62,5 96 100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 3 – Valores médios e mediana da nota global de apresentação, tempo de 
fala e número de palavras faladas, e número de palavras faladas por segundo de 
acordo com as escalas do MBTI® 
 
Avaliação 
pelo MBTI® 
Nota Global 
 
Tempo de fala (segundos) 
 
Número de palavras 
 
 
Palavras por 
segundo 
média mediana p média Mediana p média mediana p 
Extroversão 6,56 6,67 
0,388 
74 69 
0,925 
177,68 175 
0,587 
2,40 
Introversão 6,17 6 75,11 84 161,44 161 2,14 
Sensação 6,22 6 
0,090 
86,39 78 
0,323 
192,70 184 
0,647 
2,23 
Intuição 7 7,34 67,56 65, 172,78 153 2,55 
Pensamento 6,32 6,67 
0,249 
78,27 69 
0,078 
178,96 162 
0,043 
2,28 
Sentimento 6,95 6,50 93,33 95,50 222,33 222 2,38 
 
 
 
 
 
 
Tabela 4 – Adequação e alteração dos parâmetros vocais de acordo com a escala 
Extroversão (E) e Introversão (I) 
 
Parâmetros vocais 
e de fala 
Adequado 
 
Alterado 
 
 
 
 
p 
E 
 
I 
 
E 
 
I 
 
 n % n % n % n % 
Tipo de voz 15 68,2 6 60 7 31,8 4 40 0,703 
Articulação 12 54,5 8 80 10 45,5 2 20 0,248 
Ressonância 16 72,7 7 70 6 27,3 3 30 >0,999 
Loudness 21 95,5 8 80 1 4,5 2 20 0,224 
Pitch 
17 77,3 6 60 5 22,7 4 40 0,407 
Projeção vocal 8 36,4 8 80 14 63,6 2 20 0,022 
Velocidade 15 68,2 6 60 7 31,8 4 40 0,703 
Variação melódica 12 54,5 7 70 10 45,5 3 30 0,467 
Fluência 13 59,1 4 40 9 40,9 6 60 0,450 
Pausas silenciosas 14 63,6 3 30 8 36,4 7 70 0,128 
Pausas preenchidas 10 45,5 5 50 12 54,5 5 50 >0,999 
Barreiras verbais 12 54,5 6 60 10 45,5 4 40 >0,999 
CPFA 18 81,8 6 60 4 18,2 4 40 0,218 
 
 
 
 
Tabela 5 – Adequação e alteração dos parâmetros vocaisde acordo com a escala Sensação (S) e 
Intuição (N) 
 
 
Parâmetros vocais 
e de fala 
Adequado 
 
Alterado 
 
 
 
 
p 
S 
 
N 
 
S 
 
N 
 
n % n % n % n % 
Tipo de voz 14 60,9 7 77,8 9 39,1 2 22,2 0,441 
Articulação 14 60,9 6 66,7 9 39,1 3 33,3 >0,999 
Ressonância 15 65,2 8 88,9 8 34,8 1 11,1 0,383 
Loudness 
20 87 9 100 3 13,0 0 0 0,541 
Pitch 
14 60,9 9 100 9 39,1 0 0 0,035 
Projeção vocal 9 39,1 7 77,2 14 60,9 2 22,2 0,113 
Velocidade 13 56,5 8 88,9 10 43,5 1 11,1 0,115 
Variação melódica 11 47,8 8 88,9 12 52,2 1 11,1 0,050 
Fluência 10 43,5 7 77,8 13 56,5 2 22,2 0,122 
Pausas silenciosas 9 39,1 8 88,9 14 60,9 1 11,1 0,018 
Pausas preenchidas 10 43,5 5 55,6 13 56,5 4 44,4 0,699 
Barreiras verbais 11 47,8 7 77,8 12 52,2 2 22,2 0,235 
CPFA 18 78,3 6 66,7 5 21,7 3 33,3 0,654 
 
 
 
 
 
Tabela 6 – Adequação e alteração dos parâmetros vocais de acordo a escala Pensamento (T) e 
Sentimento (F) 
 
 
Parâmetros vocais e 
de fala 
Adequado 
 
Alterado 
 
 
 
 
p 
T 
 
F 
 
T 
 
F 
 
n % n % n % n % 
Tipo de voz 16 61,5 5 83,3 10 38,5 1 16,7 0,637 
Articulação 15 57,7 5 83,3 11 42,3 1 16,7 0,370 
Ressonância 18 69,2 5 83,3 8 30,8 1 16,7 0,648 
Loudness 23 88,5 6 100 3 11,5 0 0 >0,999 
Pitch 
19 73,1 4 66,7 7 26,9 2 33,3 >0,999 
Projeção vocal 10 38,5 6 100 16 61,5 0 0 0,018 
Velocidade 18 69,2 3 50,0 8 30,8 3 50,0 0,390 
Variação melódica 16 61,5 3 50,0 10 38,5 3 50,0 0,666 
Fluência 14 53,8 3 50,0 12 46,2 3 50,0 >0,999 
Pausas silenciosas 14 53,8 3 50,0 12 46,2 3 50,0 >0,999 
Pausas preenchidas 12 46,2 3 50,0 14 53,8 3 50,0 >0,999 
Barreiras verbais 14 53,8 4 66,7 12 46,2 2 33,3 0,672 
CPFA 21 80,8 3 50,0 5 19,2 3 50,0 0,148 
 
 
 
 
Tabela 7 – Classificação dos parâmetros vocais alterados de acordo com as 
preferências das escalas do MBTI® 
 
 
 
Parâmetros vocais alterados 
 
Avaliação pelo MBTI® 
 
E I S N T F 
 
n % n % n % n % N % n % 
Tipo de voz 
 Rouca 1 14,29 3 75 3 33,33 1 50 3 30 1 100 
 Rouca –soprosa 1 14,29 0 0 0 0 1 50 1 10 0 0 
 Rugosa 1 14,29 0 0 1 11,11 0 0 1 10 0 0 
 Crepitante 4 57,14 1 25 5 55,56 0 0 5 50 0 0 
Grau de alteração 
 Leve 7 100 4 100 9 100 2 100 10 100 1 100 
 Moderada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
 severa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
Articulação 
 Imprecisa 10 100 1 50 8 88,89 3 100 10 90,90 1 100 
 Travada 0 0 1 50 1 11,11 0 0 1 11,10 0 0 
 exagerada 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
Ressonância 
 Laringo-faríngea 5 83,33 2 66,67 7 87,50 0 0 6 75 1 100 
 Oral 1 16,67 1 33,33 1 12,50 1 100 2 25 0 0 
 Nasal 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
Loudness 
 Forte 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
 Fraca 1 100 2 100 3 100 0 100 3 100 0 0 
Pitch 
 Grave 3 60 2 50 5 55,55 0 0 5 71,42 0 0 
 agudo 2 40 2 50 4 44,45 0 0 2 28,58 2 100 
Projeção vocal 
 Excessiva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
 Reduzida 14 100 2 100 14 100 2 100 16 100 0 0 
Velocidade 
 Aumentada 3 42,85 0 0 2 20 1 100 1 12,5 2 66,67 
 Reduzida 4 54,15 4 100 8 80 0 0 7 87,5 1 33,33 
Variação melódica 
 Excessiva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
 Restrita 6 60 1 33,33 7 58,33 0 0 6 60 1 33,33 
 Repetitiva 4 40 2 66,67 5 41,67 1 100 4 40 2 66,67 
Pausas silenciosas 
 Inapropriadas 7 87,50 6 85,71 12 85,71 1 100 11 91,67 2 66,67 
 Excessivas 1 12,50 0 0 1 7,14 0 0 1 8,33 0 0 
 Reduzidas 0 0 1 14,29 1 7,14 0 0 0 0 1 33,33 
 
Tabela 8 - Classificação dos tipos de alterações de fluência observados pelos 
avaliadores de acordo com escalas MBTI® 
 
 
 
 
 
Avaliação pelo MBTI® 
Alterações de fluência 
Hesitações 
 
 
Repetições 
 
 
Prolongamentos 
 
 Total 
 
n % n % n % n % 
Extroversão 12 31,58 13 34,21 13 34,25 38 100 
Introversão 3 17,65 5 29,41 9 52,94 17 100 
Sensação 14 27,45 18 35,29 19 37,26 51 100 
Intuição 1 25 0 0 3 75 4 100 
Pensamento 12 26,67 14 31,11 19 42,22 45 100 
Sentimento 3 30 4 40 3 30 10 100 
 
 
 
 
 
 
 
5 DISCUSSÃO 
Desde a década de 1960 o tema personalidade e comunicação tem sido foco de 
estudiosos das áreas de psicologia, psiquiatria e sociologia, a partir da década de 1980 
os profissionais das áreas de administração e comunicação despertaram para a 
importância dos relacionamentos humanos no ambiente corporativo e empresarial e 
voltaram sua atenção para o autoconhecimento e entendimento da personalidade 
iniciando um movimento para o desenvolvimento profissional com ênfase no 
aperfeiçoamento da comunicação interpessoal. 
A atuação fonoaudiológica na área empresarial foi despertada em 1990 e, 
portanto, a busca por pesquisas não revelou trabalhos de primeira linha que possuem 
temática, objetivo e metodologia iguais a este estudo. Assim, foram selecionadas 
referências com metodologia de segunda e terceira linha para serem discutidas frente 
aos resultados desta pesquisa. 
Para competir em igualdade de condições no novo ambiente, a organização 
moderna precisou reavaliar a maneira como se comunicava com o público interno e 
externo para agregar valor e perspectiva à organização (Corrado, 1994, Smith, 1998). 
A percepção de que a comunicação pode causar um impacto direto no resultado final 
de um trabalho e que para motivar os empregados para a mudança é preciso 
comunicação e ação correspondente, gerou um movimento em busca da excelência da 
comunicação nas organizações levando os líderes empresariais a se mobilizarem para 
o aperfeiçoamento de sua própria comunicação. 
Características como boa articulação, pronúncia correta, velocidade de fala 
moderada, entonação de fala, ênfase de palavras e fala neutra são considerados 
aspectos vocais indispensáveis na comunicação de executivos e empresários (Amaral, 
2003). A voz é composta por diversos comportamentos fala-voz que agem em 
combinação, é um meio de expressão de emoção e age como um espelho do eu 
interior das pessoas, é um reflexo da personalidade, sendo esta extensão mais 
profunda em sua dimensão não-verbal do que na verbal (Behlau, Ziemer, 1988, Colton, 
Casper,1996, Boone,1996, Block, 2002). 
Na literatura há uma alta concordância de que certas características da 
personalidade são expressos por meio da voz (Allport, Cantril,1978; Ramsay, 1978; 
Addington, 1978; Kramer, Aronovitch, 1970; Siegman, 1978; Scherer,1979; Scherer, 
Scherer, 1981; Myers, Myers, 1997; Behlau, Ziemer, 1988; Knapp, Hall,1999; Behlau, 
2001; Brock, 2005; Vasconcelos, 2005), sendo que a dimensão extroversão-introversão 
tem sido a mais estudada dentre os conceitos de Carl Gustav Jung. 
 
 
 
Estudiosos defendem que os extrovertidos adaptam-se às condições externas 
normalmente de forma mais fácil do que os introvertidos em função de suas 
características como a atenção para a ação, impulsividade, comunicabilidade, 
sociabilidade, objetividade, persuasão e facilidade de expressão oral (Myers, Myers, 
1997; Lessa, 2002; Rosa, 2005). 
 Como demonstrado em capítulos anteriores, os conceitos extroversão e 
introversão têm sido utilizados amplamente no ambiente empresarial de forma 
indiscriminada e equivocada, levando a crenças de que o introvertido é prejudicado 
profissionalmente principalmente em função de sua pouca habilidade para comunicar-
se. 
Para garantir a confiabilidade da classificação dos empresários quanto à 
extroversão e introversão, foi selecionado para este estudo o instrumento Myers-Briggs 
Type Indicator - MBTI®. Este indicador de tipos permite identificar as preferências 
quanto à escala extroversão-introversão e entender conexões entretipo de 
personalidade e estilo de comunicação (Smith,1998; Opt, Loffredo, 2003). 
A classificação do perfil dos empresários em extrovertido e introvertido foi 
realizada anteriormente ao início deste estudo por um profissional certificado e 
qualificado para aplicação do MBTI®. Dos 32 empresários, 22 (68,8%) foram 
classificados como extrovertidos e 10 (31,3%) como introvertidos de acordo com o 
inventário MBTI®. A relação maior de extrovertidos era esperada, visto que no Brasil, 
em uma amostragem de 71.483 indivíduos submetidos ao MBTI®, 64,3% foram 
avaliados como extrovertidos e 35,7% como introvertidos, de acordo com pesquisa 
realizada no ano de 2005 pela empresa Right Saad Fellipelli, responsável pela 
tabulação do instrumento no Brasil. 
Optou-se por submeter os empresários a uma única e igual tarefa nas mesmas 
condições ambientais para minimizar interferências na execução e partir de um mesmo 
ponto de análise, mas ainda a preferência da escala extroversão-introversão produziu 
diferenças comportamentais. 
Para a avaliação da amostra de fala dos empresários, as três avaliadoras 
selecionadas eram fonoaudiólogas, especialistas em voz e que não tiveram acesso à 
teoria do MBTI®. No intuito de verificar a possibilidade de pessoas em geral 
reconhecerem indivíduos verdadeiramente extrovertidos ou introvertidos a partir da 
análise perceptivo-auditiva da voz, as avaliadoras não foram informadas quanto aos 
conceitos de extroversão e introversão utilizados neste estudo, portanto, para 
 
 
 
responder à pergunta quanto à impressão da fala introvertida ou extrovertida, as 
fonoaudiólogas utilizaram sua interpretação usual quanto à extroversão e introversão. 
Dos 22 empresários avaliados pelo MBTI® como extrovertidos, apenas 10 
(45,5%) foram corretamente considerados pelas fonoaudiólogas como extrovertidos, 
sendo 12 (54,5%) considerados introvertidos e dos 10 empresários introvertidos 
avaliados pelo MBTI®, 5 (50%) foram considerados introvertidos e 5 (50%) 
considerados extrovertidos (Tabela 1). Estes resultados mostram não haver 
concordância entre a classificação do MBTI® e a avaliação das fonoaudiólogas 
demonstrando que a escala Extroversão-Introversão unicamente não pode ser utilizada 
para esta análise contrapondo aos achados de Allport, Cantrill (1934) e Scherer (1979) 
que defendem que os ouvintes podem identificar um grau de extroversão-introversão 
do falante e de Jung (1967) que descreveu as diferenças entre “introvertido” e 
“extrovertido” como facilmente perceptíveis até por um leigo. 
A relação da impressão do ouvinte com as três escalas do MBTI® (Sensação-
Intuição, Pensamento-Sentimento e Extroversão-Introversão) corrobora com os 
achados de Kramer, Aronovitch (1970) que relataram que, apesar dos ouvintes não 
identificarem a extroversão do falante, certas vozes soam introvertidas ou extrovertidas. 
No presente estudo, houve associação estatisticamente significante entre a 
classificação do MBTI® e a impressão do avaliador na escala Sensação–Intuição, 
sendo que 88,9% (n=8) dos intuitivos foram percebidos como extrovertidos pelos 
avaliadores e 69,9% (n=16) dos sensoriais foram percebidos como introvertidos 
(p=0,005), e na escala Pensamento-Sentimento, apesar de não ser estatisticamente 
significante (p=0,076) o grupo de sentimentais foi avaliado como extrovertidos em 
83,3% (n=5) e os pensadores foram considerados introvertidos em 61,5% (n=16) dos 
casos (Tabela 1). 
A tendência observada em estudos anteriores (Opt, Loffredo, 2003) de que há 
maior freqüência de imagem comunicativa negativa nos introvertidos que nos 
extrovertidos foi confirmada nesta pesquisa. Dos indivíduos que responderam que não 
falam bem, 80% (n=8) são introvertidos e 54,5% (n=12) extrovertidos (Tabela 2). 
Os introvertidos gostam de interagir com outros, mas essa interação requer maior 
energia em uma forma não experenciada pelos extrovertidos. Introvertidos precisam 
encontrar lugares silenciosos e atividades solitárias para recarregar a energia, isto não 
os impede de serem bons comunicadores. O fato dos extrovertidos estimularem os 
introvertidos a se expressarem abertamente e revelarem seus pensamentos, pode 
influenciar na autopercepção do introvertido quanto a seu desempenho comunicativo. 
 
 
 
O estereótipo de personalidade que tem sido notado quanto ao introvertido ser menos 
expressivo e, portanto ter pouca habilidade para se comunicar, pode implicar em 
desconforto do indivíduo e afetar sua auto-imagem comunicativa. 
O alto índice de introvertidos e extrovertidos que apresentaram auto-imagem 
negativa (n=20) evidenciada nesta pesquisa, pode ter sido influenciada pela 
supervalorização da imagem e a expectativa do alto desempenho que os líderes 
empresariais, quer sejam extrovertidos ou introvertidos, são acometidos quanto à sua 
forma de expressão nos dias atuais aumentando o nível de apreensão frente a 
situações de comunicação. A excelência comunicativa exigida nas empresas inflige 
também os extrovertidos, pessoas consideradas mais expansivas, sociáveis, 
despreocupadas, desembaraçadas, persuasivas, que se expressam livremente e que 
têm facilidade em se comunicar (Myers, Myers, 1997; Scherer, Scherer,1981). Pode-se 
ainda supor que o baixo índice de indivíduos (n=12) que se auto-classificaram como 
bons falantes (Tabela 2) deve-se à situação de avaliação e a intenção de não 
exposição, auto-preservação, maior cobrança no rendimento e competitividade. 
Como mostra a tabela 2, parece haver interferência da escala de Julgamento na 
imagem da competência comunicativa. Apesar de não haver significância estatística 
(p=0,165), houve relação entre Pensamento-Sentimento e a auto-imagem 
comunicativa: 69,2% (n=18) dos pensadores acreditam que não falam bem 
contrapondo 66,7% (n=4) dos sentimentais que acreditam que falam bem. A fala, por 
ser o meio de comunicação mais utilizado para se relacionar com as pessoas, pode ser 
vista pelos sentimentais como algo de seu domínio, já que o sentimental é orientado 
por um envolvimento pessoal e têm seu foco em relacionamentos. Os pensadores 
costumam ser naturalmente concisos e impessoais, mais fortes nas habilidades 
executivas que sociais, utilizam a fala como meio para comunicar a verdade objetiva de 
forma analítica mantendo distanciamento no que se refere a relacionamentos (Myers, 
Myers, 1997). 
A baixa auto-imagem dos introvertidos observada no estudo pode ser associada 
com a percepção que os julgadores tiveram de suas falas. Como observado na tabela 
3, apesar de não haver diferença expressiva entre as notas dadas para os falantes, os 
introvertidos receberam a média de notas mais baixa (6,17). A média de notas mais 
alta foi a dos intuitivos (7) seguida pela dos sentimentais (6,95) e extrovertidos (6,56). 
Comparativamente, os extrovertidos (6,56) foram melhor classificados que os 
introvertidos (6,17), os intuitivos (7) melhor que os sensoriais (6,22) e os sentimentais 
(6,95) melhor que os pensadores (6,32). Verificou-se uma relação entre as notas dadas 
 
 
 
pelos avaliadores e a impressão quanto à extroversão (Tabela 1), os intuitivos e os 
sentimentais, que receberam as notas mais altas foram também percebidos como 
extrovertidos pelos avaliadores, sugerindo que a percepção da boa comunicação está 
associada à extroversão. 
Outro fator de diferenciação da escala extroversão-introversão observado foi a 
correlação com índices temporais (Tabela 3). Os extrovertidos apresentaram tempo de 
fala menor para expressar maior número de palavras e os introvertidos utilizaram mais 
tempo para articular menos palavras, ou seja, a extroversão está associada à 
velocidade de fala mais rapidamente articulada (Siegman,1978; Brock 2005). Do 
ponto de vista psicodinâmico, uma velocidade lenta distrai o ouvinte e passa a 
impressão de lentidão de pensamento e falta de organização de idéias, ao passo que 
uma velocidade elevada pode expressar vontade de omitir dados do discurso, além de 
refletir ansiedade e tensão. Estes dados confirmam a descrição de extrovertidos como 
pessoas que se comunicam com energia e entusiasmo, ritmo mais acelerado, que 
respondem rapidamente, tendem a falar bastante e ouvir pouco e de introvertidos como 
pessoas que apresentam tendência para ouvir mais, mas para compartilhar pouco suas 
idéias e pensamentos, preferem pensar antes de falar e, portanto, verbalizam 
conclusões que já foram bastante pensadas (Scherer,1979; Scherer, Scherer, 1981; 
Hirsh, Kummerow,1995; Zetune, 2003). 
Conforme mostra a tabela 3, houve significância estatística (p=0,043) quanto ao 
número de palavras faladas na escala Pensamento-Sentimento. O grupo dos 
pensadores apresentou, em média, menos palavras (178,96 palavras) do que o grupo 
dos sentimentais (222,33 palavras), esta é uma característica dos pensadores que 
costumam ser breves e concisos, capazes de organizar fatos e idéias em seqüência 
lógica para chegar aos pontos necessários da conclusão (Myers, Myers 1997). 
A tabela 3 demonstra que os Intuitivos, estatisticamente percebidos como 
extrovertidos (p=0,005) apresentaram maior número de palavras por segundo (2,55) o 
que leva a apoiar a hipótese de Siegman (1978) de que ouvintes comuns podem 
discriminar entre diferentes níveis de tempo de fala, e que essa discriminação tem um 
papel significante nas inferências dos ouvintes concernente ao nível extroversão-
introversão dos falantes, quanto maior a velocidade de fala, mais os falantes são 
percebidos como extrovertidos (Addington,1978). 
Quanto à diferenciação de extrovertidos e introvertidos por parâmetros vocais, 
houve significância estatística apenas quanto à projeção vocal (p=0,022) como mostra 
a tabela 4. Os extrovertidos apresentaram, de forma não esperada, projeção reduzida 
 
 
 
(tabela 7) enquanto o grupo dos introvertidos manteve a projeção adequada durante a 
tarefa de reprodução oral do texto. Os extrovertidos direcionam a atenção para o 
mundo externo e recebem energia de eventos, experiências e interações externas 
(Myers, 1995), portanto estão mais propensos a modificar seu comportamento de 
acordo com a situação, isto pode explicar a alteração da projeção vocal que é 
influenciada pela noção do espaço entre o falante e o interlocutor (Perelló, Caballé, 
Guitart, 1975), neste caso entre a boca e o microfone. Por isso, acredita-se que a tarefa 
a que os indivíduos foram submetidos neste estudo favoreceu para conter a 
extroversão do falante que, no caso do extrovertido, poderia ter tido outro desempenho 
se sua comunicação fosse observada durante a fala espontânea. 
É conveniente ressaltar que, devido ao pequeno tamanho da amostra, algumas 
diferenças podem não ter sido detectadas como estatisticamente significantes, mas foi 
possível observar na tabela 4 que os extrovertidos apresentaram adequação quanto ao 
uso de pausas silenciosas (63,6%, n=14) e quanto à fluência de fala (59,1%, n=13) 
diferindo dos introvertidos que apresentaram alteração de pausas silenciosas (70%, 
n=7) caracterizadas como inapropriadas ao discurso em 85,71% dos casos (n=6) como 
mostra a tabela 7, e fluência de fala caracterizada principalmente por prolongamentos 
(52,94%, n=9) como mostra a tabela 8, divergindo da hipótese de que o introvertido 
apresente naturalmente fala hesitante (Myers, Myers,1997). O bom desempenho dos 
extrovertidos quanto ao uso adequado de pausas silenciosas e fala fluente foram 
constatados em estudos anteriores (Ramsay,1978; Siegman, 1978; Scherer, 1979) e 
eram esperados, pois a utilização das pausas no discurso possibilita dar ênfase ao que 
se deseja salientar durante a fala, garantindo clareza e naturalidade (Boone,1996), e a 
fluência adequada transmite habilidade na expressão verbal, características 
encontradas neste grupo. Em contrapartida, a análise da articulação dos sons da fala 
mostrou uma porcentagem alta de introvertidos (80%) com articulação adequada, 
contra apenas 54,5% dos extrovertidos (Tabela 4). Esta proporção maior de 
introvertidos com articulação bem definida não era esperada neste estudo, uma vez 
que o controle da dinâmica fonoarticulatória transmite ao ouvinte franqueza, desejo de 
ser compreendido e vontade de se comunicar contrapondo a descrição dos 
introvertidos como sutis e tímidos, que reprimem suas emoções e tendem a hesitar 
para falar (Myers, Myers, 1997). Pode-se concluir que, por permitir que os indivíduos 
pensassem antes de iniciar sua fala, a tarefa favoreceu os introvertidos, que preferem 
se comunicar após ter pensado sobre o assunto, permitindo assim que este grupo 
 
 
 
produzisse um resultado fonoarticulatório melhor que os extrovertidos e dinâmica 
articulatória mais controlada e precisa. 
Quanto aos demais parâmetros, não foram verificadas diferenças entre 
extrovertidos e introvertidos, ambos os grupos apresentaram tipo de voz, ressonância, 
loudness, pitch, variação melódica e coordenação pneumofonoarticulatória adequados, 
uso inadequado de pausas preenchidas e ausência de barreiras verbais durante a fala 
(Tabela 4), contrapondo os achados de Scherer (1979) e Brock (2005). 
É importante ressaltar que a distribuição dos outros grupos das escalas de 
Percepção (Sensação e Intuição), de Julgamento (Pensamento e Sentimento) e de 
Estilo de Vida (Julgamento e Percepção) não foram controladas, visto que o foco deste 
estudo é a escala de Energia (Extroversão e Introversão). Contudo, apesar do reduzido 
número de indivíduos em alguns grupos, é interessante comentar os dados que ficaram 
evidentes na análise, pois fornecem informações mais detalhadas quanto à influência 
da personalidade na comunicação. 
Dos 32 empresários, 23 (71,9%) foram classificados como sensoriais e 9 (28,1%) 
como intuitivos. Foram verificadas diferenças significativas quanto ao pitch (p=0,035), 
variação melódica (p=0,050) e pausas silenciosas (p=0,018), sendo que a freqüência 
de empresários com alterações nestes aspectos foi maior no grupo dos sensoriais 
(Tabela 5). As alterações mais encontradas nos extrovertidos foram: pitch grave 
(55,55%, n=5) e agudo (44,45%, n=4), variação melódica restrita (58,33%, n=7) e 
repetitiva (41,67%, n=5) e, ainda, pausas silenciosas inapropriadas em 85,71% (n=12) 
dos casos (Tabela 7). 
A maioria dos intuitivos apresentou adequação de projeção vocal (77,2%, n=7), de 
velocidade de fala (88,9%, n=8), uso pausas preenchidas (55,6%, n=5) e fluência 
(77,8%, n=7), enquanto que a maioria dos sensoriais apresentou alterações nesses 
parâmetros (Tabela 5). A presença de barreiras verbais foi encontrada com maior 
freqüência no grupo dos sensoriais (52,2%, n=12), sendo que em (77,8% n=7) dos 
intuitivos foi observada ausência de barreiras verbais (Tabela 5). As alterações mais 
encontradas nos sensoriais foram: projeção vocal reduzida (100%, n=7) e velocidade 
de fala reduzida (80%, n=8) apresentados na tabela 7 e, quanto à fluência, as 
alterações encontradas foram hesitação (27,45%, n=14), repetição (35,29%, n=18) e 
prolongamento (37,26%, n=19) apresentadas na tabela 8. 
Quanto à escala de Julgamento (Pensamento e Sentimento), apenas 6 
empresários (18,8%) foram avaliados como sentimentais limitando a análise estatística 
apresentada. Esta proporção era esperada visto que no mundo corporativo as posições 
 
 
 
executivas, assim como as empresarias, são ocupadas na grande maioria por 
indivíduos que preferem tomar decisão pelo pensamento. Em estudo de um Programade Desenvolvimento de Liderança apresentado durante programa de Qualificação do 
MBTI® (1995), 79,6% dos participantes eram pensadores e apenas 20,4% eram 
sentimentais, o que reforça o alto índice de pensadores no ambiente empresarial e 
nesta pesquisa. Mesmo sendo a amostra de indivíduos sentimentais pequena, houve 
diferença significativa quanto à projeção vocal (p=0,018). Verificou-se que todos os 
empresários (n=16) que apresentaram alteração deste parâmetro eram todos 
classificados como pensadores (Tabela 6). 
A análise da tabela 7 demonstra que as alterações de tipos de vozes foram 
classificadas em crepitante em 57,14% (n=4) nos extrovertidos e 55,56% (n=5) nos 
sensoriais, a voz rouca foi observada com maior freqüência no grupo dos introvertidos 
(75%, n=3) e no grupo dos sentimentais (100%, n=1). No grupo de intuitivos apenas 2 
empresários apresentaram alteração no tipo de voz classificada como rouca (50%, 
n=1) e rouca-soprosa (50%, n=1). Em todos os casos as alterações foram 
consideradas de grau leve. Quanto às alterações de ressonância, a laringo-faríngea foi 
encontrada com maior freqüência em todos os grupos exceto nos intuitivos em que a 
alteração predominante foi de ressonância oral. Em todos os grupos analisados a 
alteração de loudness foi classificada como fraca. 
Verificou-se na tabela 7 uma maior freqüência de variação melódica repetitiva nos 
introvertidos (66,67%, n=2), nos intuitivos (100%, n=1) e nos sentimentais (66,67%, 
n=2) e maior freqüência de variação melódica restrita nos extrovertidos (60%, n=6), 
sensoriais (58,33%, n=7) e pensadores (60%, n=6). A variação melódica refere-se à 
expressividade com que a voz transmite a mensagem. A repetição da modulação 
caracteriza a fala monótona, na qual não se consegue distinguir o que realmente é 
importante no discurso (Peter, Souto, 2004), a variação melódica restrita pode 
transmite controle das emoções. 
A razão por haver discordância entre alguns dados da literatura e os achados 
desta pesquisa pode se dar em função não apenas de fatores internos, mas também 
de fatores sociais e culturais que guiam o comportamento de fala de uma pessoa 
durante a interação social (Scherer, Scherer, 1981; Knapp, Hall, 1999), principalmente 
para os extrovertidos que possuem o foco de atenção nos objetos e pessoas do 
ambiente (Opt, Loffredo, 2000). Além disso, a tarefa utilizada neste estudo não 
representa as situações amplas e variadas da comunicação humana. Provavelmente, 
uma análise multitarefa considerando fala espontânea, aula expositiva, conversa em 
 
 
 
grupo e diálogos ofereceria maiores possibilidades para diferenciar a comunicação dos 
extrovertidos e introvertidos. 
Neste estudo, durante a tarefa de reprodução oral de texto, os intuitivos e os 
sentimentais receberam nota mais alta de desempenho comunicativo, apresentaram 
maior velocidade de fala e foram percebidos como extrovertidos, enquanto que os 
sensoriais e os pensadores apresentaram nota mais baixa de comunicação, menor 
velocidade de fala e foram percebidos como introvertidos, demonstrando que há uma 
relação entre estes parâmetros vocais e percepção da extroversão e introversão. 
Os resultados deste estudo demonstraram que, apesar da considerável 
quantidade de evidencias conflitantes, a voz do falante e seu comportamento de fala 
estão relacionados com suas disposições de personalidade. 
Com base nos resultados deste estudo e considerando que os sinais vocais 
associados à maior persuasão, credibilidade e competência são fala fluente, não-
hesitante; latências de resposta menores e fala mais rápida (Burgoon, Birk, Pfau, 1990) 
pode-se concluir que os extrovertidos são favorecidos no ambiente empresarial por 
suas características comunicativas. 
É importante ressaltar que apesar de não ter uma comunicação favorecida no 
ambiente empresarial o introvertido apresentou características vocais que permitem 
identificá-los também como bons comunicadores, portanto, o uso indiscriminado dos 
termos “extroversão” e “introversão” julgados a partir da boa ou má comunicação deve 
ser evitado. A identificação de extrovertidos e introvertidos apenas a partir do 
julgamento/impressão auditiva mostrou-se insuficiente, pelo menos para ouvintes leigos 
sem conhecimento dos significados de extroversão e introversão. 
 
 
 
6 CONCLUSÕES 
De acordo com a interpretação dos resultados da avaliação da comunicação dos 
empresários, pôde-se concluir que: 
1. A identificação da preferência pela extroversão ou introversão dos indivíduos 
não é facilmente identificada pela fala, mesmo por fonoaudiólogas especialistas na 
área de voz. 
2. A comunicação dos empresários extrovertidos caracterizou-se por: tempo de 
fala menor, maior número de palavras, velocidade de fala mais rápida, fluência 
adequada e uso de pausas silenciosas adequadas. 
3. A comunicação dos empresários introvertidos caracterizou-se por: articulação 
bem definida, projeção vocal adequada, maior tempo de fala, menor número de 
palavras, velocidade de fala mais lenta, fluência alterada por prolongamentos, 
pausas silenciosas inapropriadas, auto-imagem comunicativa negativa e baixa 
avaliação quanto ao desempenho comunicativo. 
4. Os extrovertidos diferenciaram-se dos introvertidos pelo tempo de fala, número 
de palavras e pelos seguintes parâmetros: velocidade de fala, pausas silenciosas, 
projeção vocal e fluência. 
 
 
 
 
 
7 ANEXOS 
Anexo 1 
CENTRO DE ESTUDOS DA VOZ 
Direção: Dra. Mara Behlau 
 
TERMO DE ESCLARECIMENTO E CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO 
VOLUNTÁRIA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS. 
 
 Eu, Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro, aluna do Centro de Estudos da Voz 
CEV/SP, orientada pela Profª Drª Mara Behlau, venho por meio desta, solicitar a sua 
participação voluntária no projeto de pesquisa intitulado “Perfil Vocal de Empresários 
Extrovertidos e Introvertidos”. 
 O estudo que me proponho a realizar tem como objetivo avaliar parâmetros 
vocais de empresários que se submeteram ao MBTI® e correlacionar as diferenças e 
similaridades entre os extrovertidos e os introvertidos. 
 Sua participação é voluntária e pode ser interrompida em qualquer momento 
desse processo, sem nenhum tipo de pressão ou constrangimento. Sua participação 
inclui a resposta a uma questão, o consentimento para a análise perceptivo-auditiva da 
voz por meio de um protocolo de avaliação realizada por fonoaudiólogos especialistas 
na área e a gravação de uma amostra de fala de 2 minutos de duração. Sua 
participação durará aproximadamente 10 minutos e poderá trazer um risco mínimo de 
desconforto porque será realizada gravação em ambiente fechado. 
 Ao consentir em participar voluntariamente, você terá acesso aos resultados 
finais desta pesquisa, além de ter a garantia de manutenção do sigilo de sua 
identidade. Os dados obtidos serão utilizados exclusivamente nesta pesquisa. 
 
Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro 
 
 
Eu, _________________________________________________ discuti com a 
Fga Alessandra Perencin de Arruda Ribeiro sobre minha participação nesta pesquisa. 
Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos a serem 
realizados, desconfortos e riscos, as garantias de confiabilidade e os esclarecimentos a 
que tenho direito. Em vista disso, concordo voluntariamente em participar deste estudo. 
 
 
______________________________ _____________________________ 
(Local e data) Assinatura 
 
 
 
Anexo 2 
 Leia o texto abaixo de 1 a 3 vezes, em seguida, conte o que leu. 
 
 Interagir, colaborar, compartilhar. 
 
 A receita não é nova, mas pode ser uma boa oportunidade para pequenos 
e médios empresários romperem

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