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ANALISE SOBRE RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL POR DANOS CAUSADOS POR OBJETOS ESPACIAIS DE 1972

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BREVE analise SOBRE A Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais DE 1972
Jefersson de Campos[1: Acadêmico do 7º Período do Curso de Direito da Faculdade de Educação, Administração e Tecnologia de Ibaiti. ]
Da Conceituação de Dano
Segundo Monserrat Filho (1997, p.11), “Dano” significa a perda de vida, ferimentos pessoais ou outro prejuízo à saúde; danos e perdas de propriedade do Estado ou de Pessoas Físicas ou Jurídicas, ou danos e perdas no caso de organizações intergovernamentais internacionais.
Na visão do ilustre autor supracitado, o Dano necessariamente deve ocorrer de modo a trazer prejuízos para a pessoa, seja ela física ou jurídica. Assim, nessa visão, não se aplica a Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais de 1972, em caso de Danos ao Meio Ambiente.
Da Analise da Convenção
Segundo o que tange o art.2º da Convenção de 1972, o Estado Lançador será responsável absoluto pelo pagamento de indenização por danos causados por seus objetos espaciais na superfície da Terra ou a Aeronaves em voo. 
Ainda existem muitas divergências no que tange a conceituação do Estado Lançador, sendo que apenas 3 (três) anos após a Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais, é que um conceito legal surgiu para suprir tal necessidade, assim, de acordo com a Convenção sobre Registros de Objetos Lançados ao Espaço Cósmico, de 1975, o Estado Lançador pode ser entendido como o Estado que promove o lançamento de um objeto espacial e também é o Estado de cujo território ou base é lançado o objeto espacial.
Dessa forma, por exemplo, se a Agência Espacial Americana (NASA) constrói um objeto espacial, no caso em questão um telescópio espacial, e o seu lançamento será realizado pela Agência Espacial Europeia (ESA) em um veiculo lançador Ariane 5, na base de militar de Alcântara na cidade de Natal, no Brasil; todos os países participantes do evento serão considerados para efeitos legais os Estados Lançadores. Dessa forma, os Estados Unidos que construíram o Telescópio Espacial, a França responsável pelo Foguete Ariane 5 e o Brasil dono do território de lançamento, estarão sujeitos as obrigações da Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais. 
Porém, caso o incidente que ocasione o Dano ocorra fora da superfície da Terra, nesse caso, considera-se o Espaço Cósmico, e esse Dano afete objeto espacial de outro Estado Lançador, ou a pessoa ou a propriedade a bordo, o Estado apenas será responsabilizado se comprovada que existe culpa sua ou de seus cidadãos. 
Ainda nesse mesmo diploma internacional, aborda o seu artigo 3º a modalidade subjetiva da responsabilidade civil do Estado ao dispor que:
Art. 3º - Na eventualidade de danos causados em local fora da superfície da Terra a um objeto espacial de um Estado lançador ou a pessoa ou a propriedade a bordo de tal objeto espacial por um objeto espacial de outro Estado lançador, só terá este último responsabilidade se o dano decorrer de culpa sua ou de culpa de pessoas pelas quais seja responsável.
E, em seu artigo 4º, traz a responsabilidade objetiva e solidária entre os Estados causadores dos danos:
Art. 4º. 1 — Na eventualidade de dano causado fora da superfície da Terra a um objeto espacial de um Estado lançador ou a pessoa ou propriedade a bordo de tal objeto espacial por um objeto espacial de outro Estado lançador, e de danos em consequência sofridos por um terceiro Estado, ou por suas pessoas físicas ou jurídicas, os primeiros dois Estados serão, solidária e individualmente, responsáveis perante o terceiro Estado, na medida indicada pelo seguinte:
a) se o dano tiver sido causado ao terceiro Estado na superfície da Terra ou a aeronave em voo, a sua responsabilidade perante o terceiro Estado será absoluta;
b) se o dano houver sido causado a um objeto espacial de um terceiro Estado ou a pessoas ou propriedades a bordo de tal objeto espacial fora da superfície da Terra, a sua responsabilidade perante o terceiro Estado fundamentar-se-á em culpa por parte de qualquer dos dois primeiros Estados, ou em culpa por parte de pessoas pelas quais qualquer dos dois seja responsável.
2 — Em todos os casos de responsabilidade solidária e individual mencionados no § 1º, o ônus da indenização pelo dano será dividido entre os primeiros dois Estados de acordo com o grau de sua culpa; se não for possível estabelecer o grau de culpa de cada um desses Estados, o ônus da indenização deve ser dividido em proporções iguais entre os dois. Tal divisão se fará sem prejuízo do direito que assiste ao terceiro Estado de procurar a indenização total devida nos termos desta Convenção de qualquer ou de todos os Estados lançadores que são, solidária e individualmente, responsáveis”.
Um ponto importante é que a Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais não se aplica a todos os casos de acidentes de cunho espaciais. O art. 7º da Convenção dispõe que: 
Art. 7º. As disposições da presente Convenção não se aplicarão a danos causados por objeto espacial de um Estado lançador a:
a) nacionais do mesmo Estado lançador;
b) estrangeiros durante o tempo em que estiverem participando do manejo de tal objeto espacial, a partir do momento de seu lançamento ou em qualquer momento ulterior até a sua descida, ou durante o tempo em que estiverem na vizinhança imediata de uma área prevista para lançamento ou recuperação, em consequência de convite por tal Estado lançador.
Analisando o artigo supracitado, não será aplicada a Convenção a Danos causados por objeto espacial que causarem danos a um nacional do mesmo Estado Laçador, e a estrangeiros durante o tempo em que estiverem participando do manejo do objeto espacial, no momento do seu lançamento ou qualquer momento ulterior até sua descida, ou durante o tempo em que estiverem nos arredores da área prevista para lançamento ou recuperação. Isso se deve, pois no caso de nacionais do mesmo Estado Lançador, o que deverá aplicada são as normas de Responsabilidade do próprio Estado Lançador. Já no caso de estrangeiros que sofrerem danos enquanto participam do evento, a Convenção não se aplica pelo fato do estrangeiro ser alguém convidado, sendo que o mesmo deve estar ciente das possibilidades de sucesso e fracasso do evento lançador.
No que tange ao Pedido de Indenização, o art. 9º da Convenção disciplina:
Art. 9º. O pedido de indenização por dano deverá ser apresentado a um Estado lançador por via diplomática. Se determinado Estado não mantiver relações diplomáticas com o Estado lançador em questão, pode o primeiro Estado pedir a um outro Estado que apresente sua queixa ao Estado lançador ou, de alguma forma, represente seus interesses conforme esta Convenção. Poderá também apresentar sua queixa através do Secretário-Geral das Nações Unidas, no caso de o Estado demandante e o Estado lançador serem ambos das Nações Unidas.
No caso, o Pedido de Indenização por Dano deve ser apresentado ao Estado Lançador responsável por meio diplomático, sendo que a Convenção possibilita que no caso do Estado lesado não possuir relações diplomáticas ou o responsável, poderá pedir para que outro Estado o represente perante o Lançador, a fim de conseguir a indenização. Caso não seja possível, poderá ainda o Estado lesado apresentar o Pedido para o Secretário-Geral das Nações Unidas, porém, para isso, é necessário que tanto o Estado Lançador, quanto o Estado Lesado, seja das Nações Unidas. 
No que se refere ao prazo para o Pedido de Indenização, o art. 10 da Convenção explica que o pedido pode ser apresentado ao Estado Lançador no prazo de até 1(um) ano após a data da ocorrência do dano ou da identificação do Estado Lançador. Porém, se o Estado não tiver conhecimento da ocorrência do dano, o prazo apenas começará a contar a partir do momento em que tomar conhecimento do fato. Vale ressaltar que em nenhuma hipótese o período poderáexceder um ano. Se eventualmente o Estado Lesador venha ter conhecimento que os danos causados foram maiores do que os mencionados no Pedido de Indenização, o mesmo poderá entrar com pedido de Revisão de Indenização e submeter à documentação adicional depois da expiração dos prazos. 
Um outro ponto importante é que de o Art. 11 da Convenção disciplina que um Estado não poderá apresentar um pedido de indenização amparado na Convenção por dano se já está sendo objeto de pedido de indenização no âmbito de Tribunais de Justiça. 
O valor a ser indenizado, no que tange o art. 12, será determinado pelo Direito Internacional e pelos Princípios de Justiça e Equidade, a fim de proporcionar a compensação pelo dano para que se possível o bem lesado seja restaurado nas condições que teria caso o dano não houvesse ocorrido. O pagamento deve ser feito em moeda corrente do Estado lesado, porém, caso este concorde, o Estado Indenizante poderá pagar em outra moeda. 
NÃO ACORDO ENTRE AS PARTES
Segundo o art. 14 da Convenção, caso não cheguem em um acordo no prazo de um ano, como disciplina o art. 9º, será estabelecida uma Comissão de Reclamações que contará com um membro nomeado pelo Estado Demandante/Lesado, um membro do Estado Lançador e um terceiro membro que será escolhido em comum acordo pelas partes. Para isso, todos os membros devem ser nomeados dentro do prazo de dois meses, iniciados a partir do pedido de estabelecimento da comissão de reclamações. 
No caso da Comissão não chegar a um acordo na escolha do Presidente dentro de 4 meses, contatos do pedido de estabelecimento da comissão, qualquer uma das duas partes poderá pedir ao Secretário-Geral das Nações Unidas para nomear o Presidente dentro de um prazo adicional de dois meses. 
No tocante a decisão da Comissão, a mesma será apresentada as partes e ao Secretário-Geral das Nações Unidas. Sendo que todas as despesas incorridas com a Comissão, serão igualmente divididas entre as partes.

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