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Marketing - A DEMANDA E A OFERTA

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IV 
1 – A DEMANDA E A OFERTA 
 
 Estruturas de mercado, função demanda, função oferta, preço de 
equilíbrio no mercado de concorrência perfeita, escassez e excedente, tabelamento, 
deslocamentos das curvas de demanda e de oferta. 
 
1.1 – CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS 
 
 O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de 
determinados bens e serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação 
geográfica que hoje não mais subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas 
comunicações permitem que hajam transações econômicas até sem contato físico entre 
o comprador e o vendedor, tais como nas vendas por telefone e/ou Internet. 
 
 Os economistas classificam os mercados as seguinte forma: 
▪ Concorrência perfeita – Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes 
fatores: 
a) Existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores; 
b) O produto transacionado é homogêneo; 
c) Há livre entrada e saída de empresas no mercado; 
d) Perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento pelos compradores e 
vendedores, de tudo o que ocorre no mercado; 
e) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos 
 
 Como se percebe por suas características, o mercado de concorrência 
perfeita não é facilmente encontrado na prática, embora possa se afirmar que os 
mercados que mais se aproximam dela são os mercados de produtos agrícolas. 
 O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para 
servir como um paradigma (referencial de perfeição) para análise dos outros mercados. 
 
▪ Monopólio – é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. 
O monopólio pode ser legal ou técnico. 
 V 
▪ Oligopólio – é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em 
que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes 
domina a maior parte do mercado. 
▪ Monopsônio – é um mercado em que há apenas um único comprador. 
▪ Oligopsônio – é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de 
compradores ou ainda que, embora haja um grande número de compradores, uma 
pequena parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras 
ocorridas no mercado. 
▪ Concorrência Monopolística – trata-se de um mercado em que apesar de haver um 
grande número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um 
deles é como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos 
demais. 
 
 Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a 
mais utilizada. 
 Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no 
grau de controle que vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é 
transacionado no mercado. 
 Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado 
isoladamente, tem influência sobre o preço de mercado. 
 Neste mercado, portanto, é somente a influência conjunta de todos os 
vendedores e de todos os compradores quem determina o preço de mercado. 
 Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, 
isoladamente, pode impor um preço ao mercado. 
 
1.2 – A DEMANDA 
 
1.2.1 – CONCEITO 
 
 A demanda de um determinado bem é dada pela quantidade de bem que 
os compradores desejam adquirir num determinado período de tempo. Ela será 
representada pelo símbolo DX. 
 VI 
 A demanda do bem x depende de uma série de fatore, dos quais, os 
economistas consideram como os mais relevantes: 
 
▪ O preço do bem x (Px); 
▪ A renda do consumidor (Y); 
▪ O preço de outros bens (Pz); 
▪ Os hábitos e gostos dos consumidores (H). 
 
 Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bom de x pela 
seguinte expressão: 
 
Dx = f(Px, Y, Pz, H, etc.) 
 
Onde a letra f significa que Dx é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis 
variáveis. 
 A demanda do bem x é, portanto, a resultante da ação conjunta ou 
combinada de todas essas variáveis. 
 Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda 
do bem x se o preço do mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis 
que influenciam a demanda permaneçam com o mesmo valor, de modo que a variação 
da demanda seja atribuível exclusivamente a variação de preço. 
 Nesse caso, podemos rescrever a demanda do bem x como sendo apenas 
a função do preço de x, já que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado: 
 
Dx = f (Px) 
 
 A esta relação denominaremos de função da demanda do bem de x e à 
sua representação gráfica será chamada de curva de demanda do bem x. 
 Supondo-se que o bem x seja perfeitamente divisível, sua curva de 
demanda provavelmente assumirá o formato a seguir: 
 VII 
 Matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x é uma função 
inversa ou decrescente do seu preço. 
 Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a 
quantidade procurada do bem x varie inversamente ao seu preço, os economistas 
justificam tal comportamento da demanda em função de dois efeitos: 
a) Efeito-renda – quando o preço do bem x aumenta, o consumidor fica, em termos 
reais, mais pobre e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o 
preço do bem x diminuir. 
b) Efeito-substituição – se o preço do bem x aumenta e o de outros bens fica constante, 
o consumidor procurará substituir o seu consumo por outro bem similar; se o preço 
diminuir, o consumidor aumentará o consumo do bem x às expensas da diminuição 
do consumo dos bens sucedâneos. 
 
1.2.2 – EXCEÇÕES À LEI DA PROCURA 
 
 Há dias exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de 
Veblen. 
 Os bens de Giffen são bens de pequenos valor, porém de grande 
importância no orçamento dos consumidores de baixa renda. 
 Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de 
arte, jóia, tapeçarias e automóveis de luxo. 
 Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com 
inclinação positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita. 
Preço do bem x ($) 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
8 
 
 
 
 100 120 Quantidade 
procurada 
 VIII 
1.2.3 – CURVA DE DEMANDA DO MERCADO 
 
 Tudo o que foi exposto até agora referia-se ao consumidor individual, 
mas vale também para o mercado como um todo, já que a curva de demanda do 
mercado resulta de agregação das curvas individuais. 
 Assim, por exemplo, se o mercado for composto por dois consumidores 
(A e B), Ter-se-ia: 
 
 Consumidor A Consumidor B Mercado 
 
1.3 – A OFERTA 
 
 Q quantidade do bem x, por unidade de tempo, que os vendedores 
desejam oferecer no mercado constitui a oferta do bem x. Similarmente à demanda, a 
oferta também é influenciada por diversas variáveis, entre elas: 
 
a) o preço do bem x (Px); 
b) preço dos insumos utilizados na produção (Pi); 
c) tecnologia (T); 
d) preço de outros bens (Pz). 
 
 Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem x (Ox) pela seguinte 
função: 
 
Ox = f (Px . Pi . T . Pz . etc.) 
Px 
 
 
 
 
 
 
10 
 
8 
 
 
 
 20 40 
QPx 
Px 
 
 
 
 
 
 
10 
 
8 
 
 
 
 15 28 
QPx 
Px 
 
 
 
 
 
 
10 
 
8 
 
 
 
 35 68 
QPx 
 IX 
 
OBS.: etc. = refere-se a outras possíveis variáveis que possam influenciar a oferta. 
 Assumindo-se a hipótese do carteris paribus: 
 
Ox = f (Px) 
 
Expressão que é denominada função de oferta do bem x; a sua representaçãográfica, 
mostrada a seguir, é denominada de curva do bem x. 
 
 
 A oferta do bem x é uma curva ascendente da esquerda para a direita, 
mostrando que, quanto maior o preço, maior será a quantidade que os produtores 
desejarão oferecer no mercado. 
 A oferta do bem x é portanto, uma função direta ou crescente do preço. 
 
1.4 – O EQUILÍBRIO DE MERCADO NA CONCORRÊNCIA PERFEITA 
 
1.4.1 – CONCEITO 
 
 A oferta e a demanda do bem x conjuntamente determinam o preço de 
equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o 
preço que iguala as quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades 
ofertadas pelos vendedores, de tal modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos. 
Px 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 QOx 
 X 
 
Veja o gráfico a seguir: 
 
 
 O gráfico apresenta as curvas de demanda e oferta do bem x e sua 
interação no mercado. 
 O preço e a quantidade de equilíbrio somente serão alterados no mercado 
se ocorrer um deslocamento das curvas de oferta e procura. 
 
1.4.2 – TRATAMENTO MATEMÁTICO 
 
 Embora os economistas refiram-se às curvas de demanda e de oferta, 
estas também podem ser expressas linearmente. 
 
QDx = 280 - 4Px (demanda) 
QOx = - 20 + 2Px (oferta) 
 
Px QDx = 280 – 4Px QOx = 20 + 2Px 
30 280 – (4 x 30) = 160 - 20 + (2 x 30) = 40 
40 280 – (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 60 
50 280 – (4 x 50) = 80 - 20 + (2 x 50) = 80 
60 280 – (4 x 60) = 40 - 20 + (2 x 60) = 100 
P x 
 
 
 
 
 
 
20 
 
14 
 
 
10 
 
 
 40 60 100 150 170 Ox 
 XI 
 
 Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preço de 
equilíbrio é $50. 
 Para se obter o preço de equilíbrio, seria mais fácil igualar-se as 
quantidades demandadas e ofertadas (já que o preço de equilíbrio iguala as duas 
quantidades). 
 
280 - 4Px = 20 + 2Px 
300 = 6Px 
Px = 300 
 6 
Px = 50 
 
1.4.3 – TABELAMENTO 
 
 Num mercado em concorrência perfeita, caso o Governo tabele o preço 
num valor inferior ao de equilíbrio, ocorrerá escassez do bem (excesso de quantidade 
demandada sobre a oferta). 
 Tendo em vista que a solução adequada para esta escassez, que seria a 
elevação do preço de mercado, não é possível pois o mesmo está tabelado, não há outra 
alternativa ao não ser a administração da escassez. 
 
1.5 – MUDANÇA NO PREÇO DE EQUILÍBRIO DE MERCADO EM VIRTUDE DE 
DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE OFERTA E PROCURA 
 
1.5.1 – DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE DEMANDA 
 
 A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando 
uma daquelas variáveis que supusemos constantes quando traçamos a curva mudar de 
valor. Ela se deslocará para a direita da posição original quando a mudança do valor da 
variável antes suposta constante contribuir para aumentar a demanda e para a esquerda 
da posição original quando contribuir para diminuir a demanda. 
 
 XII 
1.5.1.1 – MUDANÇA NA RENDA DOS CONSUMIDORES 
 
1.5.1.1.1 – BENS NORMAIS 
 
 Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda 
do consumidor se eleva. 
 
 Suponha-se que um determinado nível de renda dos consumidores, a 
curva de demanda do bem x apresente os seguintes pares e quantidades procuradas: 
 
Px QPx 
10 100 
11 90 
12 81 
13 76 
 
 O gráfico seria o seguinte: 
 
 Caso a renda dos consumidores se eleve, provavelmente eles aumentarão 
também as quantidades demandadas do bem x de tal forma que, para os possíveis níveis 
de preços: 
Px 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
12 
 
11 
10 
 
 Dx 
 
 76 81 90 100 
QPx 
 XIII 
 
 
Px QPx QP’x 
10 100 110 
11 90 100 
12 81 91 
13 76 86 
 
 
1.5.1.1.2 – BENS INFERIORES 
 
 bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda 
do consumidor aumenta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre. 
 Se o bem x for um bem inferior, o aumento de renda dos consumidores 
reduz a sua demanda, a curva desloca-se para a esquerda e o preço e a quantidade de 
equilíbrio diminuem. 
 
1.5.1.2 – MUDANÇAS NOS PREÇOS DE OUTROS BENS (PZ) 
 
 Um determinado bem Z pode Ter as seguintes relações com o bem x: 
a) Z é um bem de consumo independente de x; 
b) Z é substituto de x; 
c) Z é complementar de x. 
Px 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
12 
 
11 
 
10 
 
 
 76 81 90 100 
QPx 
 XIV 
 
1.5.1.2.1 – BENS SUBSTITUTOS 
 
 São aqueles bens em que o consumo de um deles exclui o consumo do 
outro. A substituição não precisa ser total, basta o fato de ele comprar maiores 
quantidades de manteiga implicar um certa redução do seu consumo de margarina. 
 
1.5.1.2.2 – BENS COMPLEMENTARES 
 
 São os bens cujo consumo é feito geralmente de forma simultânea. Da 
mesma forma que a substitubilidade, a complementaridade não precisa ser total, ou seja, 
o consumo de um implicar necessariamente no consumo do outro, bastando que o 
consumo de ambos seja associado de alguma forma. Exemplo: Pão e manteiga. 
 
1.5.1.3 – HÁBITOS E GOSTOS DOS CONSUMIDORES 
 
 Esta variável é influenciada principalmente por campanhas de 
publicidade e propaganda do bem x. Por exemplo, se uma campanha publicitária 
convencer o consumidor que o consumo de um determinado produto faz bem a saúde, a 
demanda deste deverá aumentar e, consequentemente, elevar seu preço e quantidade de 
equilíbrio. 
 
1.5.2 – DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA 
 
 A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando 
uma daquelas variáveis que foram supostas constantes ao se traçar a curva mudar de 
valor. Se a mudança do valor da variável aumentar a oferta, ela se deslocará para a 
direita e de diminuir, para à esquerda da posição original. 
 
1.6 – TRATAMENTO MATEMÁTICO DA FUNÇÃO DEMANDA REVISITADO 
 
 A demanda do bem x pode ser expressa matematicamente da seguinte 
forma: 
 XV 
 
Dx = f (Px, Y, Pz, H, etc.) 
 
 Assumindo-se que a função demanda seja linear, pode-se Ter, por 
exemplo: 
 
QDx = - 2Px + 0,05Y – 1,5Pz 
 
 Aplicando-se a hipótese do cateris paribus, se for suposto que a renda do 
consumidor e o preço do outro bem permaneçam constantes em 1.000 e 8, 
respectivamente, obter-se à curva de demanda do bem x: 
 
QDx = -2Px + (0,05 x 1000) – (1,5 x 8) 
QDx = -2Px + 50 – 12 
QDx = 38 – 2Px 
 
 
Texto gentilmente cedido por Fabrício Fernandes Pinheiro (fabpage@achei.net) 
 
www.sti.com.br

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