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A ADOCAO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS1

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A ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS[1: Trabalho orientado pelo Prof. Me. Adailson Moreira, da UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.]
Pablo Muriel de Lima Silva[2: Acadêmico do curso de Direito, da UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Três Lagoas.]
RESUMO:
Este artigo busca esclarecer para as pessoas todas as dificuldades enfrentadas pelos casais homossexuais para poderem adotar uma criança no brasil. Essas dificuldades estão claras e se entrelaçam com ignorância das pessoas que, por incrível que pareça, preferem ver as crianças passando necessidades a estarem vivendo com esses casais que tanto tem a oferecer. O trabalho aponta pesquisas que mostram que muitas vezes esses casais têm mais condições financeiras e intelectuais do que outros, além de terem o essencial, vontade. É fácil dizer que eles não podem simplesmente adotar, que o mundo não aceita isso, e de forma bem grosseira dizer apenas que Deus não aceitaria mesmo porque o trabalho não entra nesse mérito, mas tenta ser o mais racional possível e esclarece todos os pontos positivos de ter a aceitação da sociedade esse é um problema tão grave no Brasil.
PLAVRAS-CHAVE: Adoção; Homossexualidade; Preconceito.
INTRODUÇÃO
Vários assuntos intrigam a sociedade, assuntos que não conseguem ser unanimidade e nem ao menos respeitar os direitos de todos, que em tese seriam direitos inerentes ao homem. Temas que com o passar do tempo foram se tornando cada vez mais difíceis de serem lidados por diversos motivos. Em uma conversa informal, em qualquer lugar do país, vê-se varias formas de preconceitos enraizados no povo, a sociedade brasileira não aceita sequer a união estável entre pessoas do mesmo sexo, e como dizer a essas pessoas sobre a adoção por estes mesmos casais? Um bom exemplo disso é a dificuldade em que as pessoas têm de conversar sobre o homossexualismo, os atos jurídicos que por eles poderiam ser gerados e os problemas sociais que eles poderiam ajudar a amenizar. 
Muitos casais não tem oficializado a união estável para um único propósito, a adoção. Nos dias atuais, mesmo estando acontecendo varias mudanças no sentido de jurisprudências a favor da adoção por casais homoafetivos, o caminho mais fácil ainda é não encarar anos e anos de tribunais e aceitar ter de “esconder” juridicamente a união estável, facilitando o processo adotivo.
1 FAMÍLIA
“A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos” (DALLARI, 1985, 5-6). 
A humanidade se acostumou a viver em conjunto, isso porque o homem notou o quanto seria mais fácil seus afazeres vitais em comunidade. Varias sociedades ao longo dos tempos nos dão exemplo de que sempre buscamos a vida em forma de união, seja ela em forma de casamento ou de apenas uma grande junção e a partir disso surgiu o termo família.
1.2 ORIGEM DE FAMILIAS
	Como a juíza Ana Maria Gonçalves Louzada assim destacou “A idéia de família surgiu muito antes do Direito, dos códigos, da ingerência do Estado e da Igreja na vida das pessoas” (LOUZADA, 2013, p.1).
	Com o código de Hammurabi, primeiro conjuntos de leis escritas, vieram algumas leis sobre o casamento. Um exemplo disso é a lei 137 desse mesmo código.
 
 Se um homem quiser se separar de uma mulher ou esposa que lhe deu filhos, então ele deve dar de volta o dote de sua esposa e parte do usufruto do campo, jardim e casa, para que ela possa criar os filhos. Quando ela tiver criado os filhos, uma parte do que foi dado aos filhos deve ser dada a ela, e esta parte deve ser igual a de um filho. A esposa poderá então se casar com quem quiser.
Inteiramente contendo leis sobre as formas de organização familiar, que nesse caso seria patriarcal e monogâmica, mesmo podendo acontecer o concubinato. No demais o casamento só poderia acontecer na forma de contrato e o divorcio por qualquer uma das partes, mas a mulher teria de ter sua conduta ilibada. Além disso, o homem poderia desfazer seu contrato de casamento caso a mulher não honrasse com seus afazeres de esposa e dona de casa. Vale ressaltar ainda, que até a chegada do cristianismo as sociedades antigas admitiam o divórcio.
	A relação entre homens, nas sociedades antigas, era aceitável, sendo valorizado apenas o polo ativo da relação. Explica-se que o a sociedade machista da época valorizava o ato do homem e não a quem e com quem ele o faria.
	No direito Romano, o termo família cabia tanto para as coisas quanto para as pessoas. Coisas, no sentido de patrimônio e pessoas no sentido de parentesco, podendo ser somente jurídico, chamado agnatio, ou biológico, chamado cognatio. O parentesco jurídico era tudo que fosse englobado e estivessem sob o mesmo pater famílias. É importante esclarecer que tudo que fosse de encontro entre esses dois direitos (agnatio e cognatio) prevaleceria o direito biológico sobre o jurídico. Halperin (1989) lembra que mesmo entre os gregos o homoerotismo acontecia em relações assimétricas: o parceiro ativo sempre deveria pertencer a um estatuto superior ao parceiro passivo. Segundo o autor, o que prevalecia era um “ethos de penetração e dominação”. (HALPERIN, 1989, p. 34-35).
	Na Idade Média, com o domínio total da Igreja Católica, devido à queda acentuada do poder laico motivado pelo feudalismo, o casamento passou de um contrato apenas para um status de sacramento. A igreja passou a julgar tudo o que envolvia o casamento, filhos, divorcio etc. Assim, a igreja passou a defender o casamento somente como forma de procriação, tudo contrário a isso seria abominável e contrário a Deus.
 
Durante a Idade Média, a pederastia ou amor grego foi repudiada pela Igreja Católica. Mas a desvalorização dos homens efeminados permaneceu como característica fundamental das relações sociais e dos papéis sexuais. A bravura e a honra se tornaram as marcas desse período e as normas a serem seguidas pelos homens nos seus duelos e torneios. (Intolerância e homossexualidade: as marcas da homofobia da cultura ocidental. Edmar Henrique Dairell Davi).
	A partir da Revolução francesa, a igualdade entre homens e mulheres passou a ser discutida e teve um grande avanço, apesar de o código napoleônico ainda frisar que o homem teria maiores direitos sobre os filhos. O marido também teria o poder patriarcal sobre sua esposa. O código falava a respeito de divórcio, que repudiava o adultério feminino, sendo causa, por parte do marido, de por fim no casamento. Era admitido o adultério masculino, desde que o homem trouxesse a outra mulher a sua casa. Filhos fora do casamento poderiam ser admitidos desde que o homem se casasse com a sua mãe e caso não acontecesse, o filho fora do casamento não teria os mesmos direitos do outro.
	A ordem iluminista, mesmo trazendo grandes avanços de cunho intelectual e até mesmo de liberdade sexual, acabou por condenar veementemente a união homoafetiva. Sendo que a homossexualidade masculina era mais discriminada do que a feminina, uma vez que havia perda de sêmen. A homossexualidade feminina era considerada mais branda, pois além de não haver perda de sêmen as mulheres não eram muito valorizadas. Para eles o sêmen seria único e não produzido mais durante a vida. Uma espécie de estoque que para ele não poderia ser gasto indevidamente com relações que não trariam mais vida.
	No século XIX, com o afastamento da dogmática religiosa, os pensadores de começaram a dirigir estudos realmente científicos a cerca deste assunto. Sem qualquer dado concreto, definiu-se a homossexualidade como doença, gerando assim tratamentos médicos altamente desumanos e degradantes, exemplos disso são os choques compulsivos, lobotomia e terapias por aversão. “homossexual passou a ser explicado como um produto das espécies individuais” (NUNAN, 2003, p.35). Queriam de qualquer forma que a homossexualidade fosse “tratada”. Obviamente nada foi conseguido com esse tipo de tratamento, pois a homossexualidade não é algo patológico.
	A sexualidade,que poderia representar a diversidade, acabou por se converter em um destino aprisionante, particularmente para aqueles que, tal como os homossexuais, apresentam uma sexualidade considerada desviante. (NUNAN 2003, p.36).
No século XX, a homossexualidade como opção sexual começou a ser aceita.
	Na pós-modernidade, já se encontra aceitação na família constituída a partir de laços de afeto e não somente os conceitos antiquados de homem e mulher.
A Dinamarca, no ano de 1989, foi o primeiro país a considerar a união estável entre pessoas do mesmo sexo, os partidos socialistas propuseram um projeto de lei que deu origem à registeret partnerskab: a oficialização de uma união civil em que os conviventes não estivessem sujeitos aos estigmas de poder e dominação que ainda há o casamento. Chamados agora de partners: Parceiros, companheiros. Isso surgiu como um grande avanço sobre as constituições vigentes mesmo não tratando ainda de adoção. Após a Dinamarca, vieram outros países a oficializarem essa aceitação (MATOS, 2004, p. 90 – 95) como Noruega em 1993, Suécia em 1995, Islândia em 1996, entre outras nações.
	Mesmo aceitando a união entre casais do mesmo sexo, em juízo, isso só veio acontecer em 2001, na Holanda. Os holandeses foram seguidos pela Bélgica em 2003, Espanha, Canadá e Grã-Bretanha em 2005.
	Além disso, o estado de Massachusetts nos Estados Unidos da América se posicionou favoravelmente ao tema civilmente no ano de 2004. 
“O casamento é uma instituição social vital. O compromisso exclusivo de duas pessoas uma à outra nutre amor e mútua assistência; ele traz estabilidade à nossa sociedade. (...) Uma pessoa que entra em uma união íntima e exclusiva com outra do mesmo sexo e tem acesso barrado às proteções, benefícios e obrigações do casamento civil é arbitrariamente privada do acesso a uma das instituições mais estimadas e compensatórias da nossa comunidade. Essa exclusão é incompatível com os princípios constitucionais de respeito à autonomia individual e à igualdade perante a lei”.
Disse assim em uma decisão da suprema corte do estado de Massachusetts. Comprovando assim o crescimento da aceitação por parte das nações de quase todo o mundo.
	Exceções são comprovadas em países como o Irã, que repudia fortemente o homossexualismo e, além disso, pune com pena de morte quem o pratica. Tais regressões reforçam a importância do direito subsidiando as sociedades e dando a proteção necessária a cada ser humano. A homossexualidade sempre existiu dados históricos apresentados comprovaram isso, o que não existia era o direito pleno para as pessoas que são homossexuais. A aceitação por parte da das demais pessoas demorou a acontecer, mas já está havendo, talvez a demora tenha acontecido devido a imposição durante anos pela a igreja.
	“A família é muito mais que a um casamento estabelecido entre um homem e uma mulher. Família é comunhão de afetos, troca de amparo e responsabilidade”. Diz-se assim a juíza Ana Maria Gonçalves Louzada.
1.3 FAMILIA CIVIL BRASILEIRA
	As legislações vigentes em cada sociedade têm por obrigação acompanhar as mutações que ocorrem nas mesmas. A constituição de 1824 não trazia muito a respeito sobre o casamento, dizendo apenas que a união deviria ser religiosa. Tais concepções são explicadas facilmente pela época vivida. A igreja ditava regras de moralidade e tinha muita força tomando lugares como esse, do direito.
	Essa concepção de união formada pela igreja vigorou em nosso território até o ano de 1891. Com isso, a nova constituição passou a adotar o casamento civil insolúvel como forma de união entre os casais. O código civil de 1916 em seu artigo 233, dizia:
Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos (art.240, 247 e 251). (Redação dada pela Lei nº 4.121, de 27.8.1962). Compete-lhe: I – a representação legal da família; (Redação dada pela lei 4.121, de 27.8.1962 II – a administração dos bens comuns e particulares da mulher que ao marido incumbir administrar, em virtude do regime matrimonial adotado, ou do pacto antenupcial (arts.178, $9º, I, c, 274, 289, I e 331); (Redação dada pela lei 4.121, de 27.8.1962) III – o direito de fixar o domicílio da família, ressalvada a possibilidade de recorrer a mulher ao juiz, no caso de deliberação que a prejudique; (Redação dada pela lei 4.121, de 27.8.1962) IV – prover a manutenção da família, guardada as disposições dos art. 275 e 277; (inciso V renumerado e alterado pela Lei nº 4.121, de 27.8.1962).
A partir daí, com a constituição de 1934, temas como o a formação familiar foi mais bem tratado. Além disso, determinou-se que o casamento indissolúvel poderia acabar por forma de nulidade ou desquite. Em 1937, a constituição determinou mesmo direito a filhos legítimos e naturais. As duas próximas constituições nada descreverem de novo sobre isso, somente mantiveram as inscrições contidas nas anteriores sobre o casamento civil. Em 1969, que ainda tratava o casamento como forma insolúvel de união, porém, em 1977, foi criada a lei do divórcio que atualizou levemente a situação da união civil do país.
A constituição de 1916 admitia como elemento formador do sistema familiar apenas a união civil entre pessoas, apesar de existirem jurisprudências da época favoráveis às uniões estáveis. Apesar disso, somente na constituição de 1988 seu conteúdo veio a tratar das demais formas de formação familiar como a já falada união estável e o núcleo formado por qualquer um dos pais ou descendentes. Com isso, mudaram-se as formas de entendimento de qual seria o pressuposto pelo qual partiria a formação familiar, isso é, não somente aquela advinda do casamento, mas sim da convivência entre pessoas com a adoção de afeto.
	O reconhecimento da união homo afetiva gerou diferenças entre os doutrinadores brasileiros. Há quem ache que esse assunto de união por casais de mesmo sexo deva ser tratado pelo direito das obrigações, isso porque, em tese, isso seria uma sociedade de fato. Outros acreditam que os casais homossexuais teriam os mesmos direitos que casais unidos heterossexualmente.
 Dá-se a esta situação o nome de sociedade de fato, desprezando-se, porém, que sociedade de fato é gênero e que o concubinato deve pertencer a uma espécie. Esta espécie é exatamente a sociedade universal. A sua característica de serem sociedade "de fato" prendem-se exclusivamente à falta de formalidade para sua constituição, da inexistência de contratos escritos firmados entre as partes, nada tendo a ver com sua natureza. A doutrina da sociedade de fato se assenta no pressuposto de que a sociedade é constituída pelo simples acordo de vontades dos sócios, inexistindo maiores formalidades – ainda que exista contrato, este não é registrado – mas, produzindo efeitos jurídicos patrimoniais entre os partícipes (GALBIATTI apud GAMA, 1998, p. 257).
	Com relação à união estável entre pessoas do mesmo sexo, pode-se afirmar que a união acontecendo de forma afetiva, duradoura, pública, contínua e com o objetivo de constituição familiar, não há como não falar em sendo uma formação de família de fato.
Para Fernandinho Martins,
 o que é uma família hoje? Formas de relacionamento novas resultam em arranjos inéditos, o que significa que a partir de agora o afeto vale muito mais do que laços burocráticos. A possibilidade de escolher as pessoas com quem se quer viver – a chamada “nova família” – abre um leque variado de combinações possíveis em que o amor parece ser a chave do relacionamento. (2003, p.06)
Ainda, segundo Maria Berenice Dias, parafraseada por José Carlos Teixeira Giorgis, um conceito moderno de família é: 
 Comprovada a existência de um relacionamento em que haja vida em comum, coabitação e laços afetivos, está-se à frente de uma entidade familiar, forma de convívio que goza de proteção constitucional, nada justificando que se desqualifique o reconhecimento dela, pois o só fato dos conviventes serem do mesmo sexo não permite que lhes sejam negados os direitosassegurados aos heterossexuais. (2000, p. 88)
2 A UNIÃO HOMOAFETIVA
A Homoafetividade é a relação entre pessoas de mesmo sexo. Os homossexuais buscam efetivar direitos já conquistados, porém, que são muitas vezes ignorados pela sociedade. Esse grupo também tenta conquistar possíveis novos direitos que o preconceito de outras pessoas ainda não deixou. Trata deste tema Maria Berenice Dias: “Por ser fato diferente dos estereótipos, o que não se encaixa nos padrões é tido como imoral ou amoral, sem buscar-se a identificação de suas origens orgânicas, sociais ou comportamentais”. (2005, p.17).
2.1 A DISCRIMINAÇÃO
A prática da homossexualidade não é privilégio somente de seres humanos, tal afirmação provém de estudos contidos no livro “Homossexualidade: uma história” de Colin Spencer. Segundo ele: 
 Com base em observações mais recentes de zoólogos, que o relacionamento sexual entre dois primatas do mesmo gênero é com freqüência uma solução positiva para a rivalidade entre machos jovens e maduros; já que o macho dominante apoderou-se de todas as fêmeas, e os machos mais jovens procuram e conseguem proteção do adulto superior pela adoção de uma postura feminina, tornando-se assim, também objeto de ataques sexuais, reais ou simbólicos. (1999, p. 17). 
Sendo assim, a homossexualidade no reino animal é uma prática natural, com isso, é de se pensar que o mesmo ocorra com o homem.
Como já dito neste trabalho, o homossexualismo sempre existiu e a partir disso começaram as discriminações. A abolição da relação entre pessoas do mesmo sexo, por parte da igreja católica, fez com que essa minoria fosse rejeitada pela sociedade. Discriminação essa que até compara-se a sofrida pelas mulheres e pelos negros, porém, ainda não se pode dizer que conquistaram a mesma evolução que esses dois últimos. Discorre sobre esse assunto Ana Maria Gonçalves Louzada: 
 A discriminação contra o negro e a mulher, apesar de ainda persistirem em nossa sociedade, são objetos de cuidados legislativos, enquanto que a discriminação contra os homossexuais continua a ser velada, sóbria e sórdida, pois os pares homoafetivos são tratados como pessoas inexistentes, pessoas sem direitos, mas com muitas obrigações perante o fisco.
	O precursor da hostilidade aos gays provém de um histórico judáico-cristã, a homossexualidade era considerada como um elemento constitutivo, inclusivo, indispensável para a vida do indivíduo (sobretudo do masculino). O cristianismo acentuou a hostilidade da lei judáica, colocando em seguida os atos homossexuais e, portanto, as pessoas que os cometem, não somente fora da salvação, mas também fora da natureza. O cristianismo triunfante fez desta colocação fora da natureza o elemento precursor da ideologia homofóbica. O homossexual é considerado como um doente passível de internação ou o pervertido que acabaria seus dias em um campo de extermínio, uma vez que deixou de pertencer à espécie humana. Tratamento esse que nem os mais sádicos e doentes sofrem nos dias de hoje. Seria uma espécie de banimento e exclusão como forma de pena. Borrillo (2001 p. 46) Revela desta maneira: “A desumanização foi assim conditio sine qua non da infravalorização, da segregação e da eliminação dos marginais sexuais”.
O preconceito enraizado na cultura das pessoas partiu do que foi dito a cima, porém, pode-se afirmar que pouco se mudou a partir daí. A homofobia, discriminação contra a minoria homossexual, cresceu a passos largos enquanto o seu com batimento caminhou e ainda caminha lentamente. A ministra do STF Ellen Gracie se pronunciou a respeito do tema:
 “O reconhecimento hoje pelo tribunal desses direitos responde a grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida. As sociedades se aperfeiçoam através de inúmeros mecanismos e um deles é a atuação do Poder Judiciário”.
2.2 A UNIÃO ESTÁVEL ENTRE HOMOSSEXUAIS
O dia 05 de maio de 2011 foi um dia histórico para os gays que vivem no Brasil. Neste dia o Supremo Tribunal Federal teve de votar sobre uma das questões mais difíceis e controvérsia de sua história, o STF decidiu a favor dos homossexuais sobre a união estável e a asseguração de direitos ainda inexistentes, como foi destacado por Debora Santos do jornal online G1. 
“Aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados da maioria. As escolhas pessoais livres e legítimas são plurais na sociedade e assim terão de ser entendidas como válidas. (...) O direito existe para a vida não é a vida que existe para o direito. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição Federal”. Afirmou a ministra Cármen Lúcia ao elaborar sua votação
A votação trouxe além de segurança jurídica a pessoas que dependiam dessa decisão e também direitos pelos casais de mesmo sexo, direitos esses como herança e pensão. Como não pensar em adoção? Uma hora ou outra esse tema seria abordado, afinal, que família não gostaria de ter filhos? 
3 ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS
	A adoção é a forma que o estado propõe de crianças que não tiveram lares e perderam ou não conhecem os pais de ter isso de volta. Se as opiniões já divergiam no que dizia respeito união e constituição familiar por homossexuais, aqui neste assunto, a discussão será bem mais acirrada.
	Muito já se mudou sobre as leis de adoção, isso porque, as leis se adequam a sociedade e as regras antigamente impostas acabaram por ser empecilho grave para famílias que tinham sobre tudo a vontade de adotar. Discorre sobre o assunto Marina Eirado Pereira:
A recente alteração feita a este parágrafo pela Lei 12.010/09 substituiu a redação “adoção por ambos os cônjuges ou concubinos” por adotantes “casados civilmente” ou que “mantenham união estável”. Em casos excepcionais, é admitida a adoção por duas pessoas divorciadas, judicialmente separadas ou ex-companheiros, desde que concordem sobre o regime de guarda e visitas e quando o adotando já se encontrava e convivência com a família, antes do desfazimento da relação.
3.1 DIFICULDADES, INSEGURANÇAS E BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO POR PAR HOMOSSEXUAL
	A adoção sempre foi muito difícil no Brasil, o excesso de burocracia e o alto número de requisitos fez com que as pessoas desanimassem de praticá-la. Isso começou a ser mudado com a luz que foi dada aos casais homossexuais.
Esses casais são um grupo a parte, geralmente tem muita vontade e carinho além de terem muitas vezes mais condições por serem um tipo de casal mais desenvolvido econômica e financeiramente. Os pais gays “tendem a ser mais motivados, mais comprometidos do que os heterossexuais, na média, porque escolhem serem pais”, afirma à psicóloga Abbie Goldberg, pesquisadora desse tipo de pais.
Mesmo assim, alguns autores como Leite (2005, p. 106) considerando a complexidade do assunto, assegura que esta questão "além de complexa é gravíssima, na medida que, da sua aceitação (ou não) está se decidindo o destino, o futuro, o bem-estar e a felicidade de crianças e de adultos, de seres humanos". Para Falcão a adoção de crianças por homossexuais pode significar falta de zelo com o desenvolvimento humano. [...] inserir crianças nas uniões homossexuais através de adoção significa, na realidade, praticar a violência sobre essas crianças, no sentido que se aproveita de sua fraqueza para introduzi-la em ambientes que não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano. (FALCÃO, 2004, p. 14). 
Ao analisar Leite (1996), Brandão, (2002. p. 94-95) citado por Oltramari, (2005, p. 37), verifica-se que estes autores alegam que:
 No caso homossexual masculino, além da flagrante ausência mãe-mulher, faltará, também, a imagem bem definida do homem-pai, começando pelo fato de aqueles dois companheiros que falam em parceria são dois iguais. Faltando a mulher, faltará com ela a referência que remeterá a criança a distinguir as diferenças da figura masculina. Além do que a criança estará sendo criada por duas pessoas que não desejam, no sentido exótico, sexuale amoroso, a mulher. Já no caso homossexual feminino, é flagrante a falta do pai ou do homem e também da mulher; da mulher, bem definida. Em ambos os quadros têm-se o que se chamaria didaticamente de uma orfandade dupla de supostos pais e mães vivos. Não é difícil avaliar a carga de angústia extrema que se abaterá em crianças que supostamente viessem a ser criadas nessas condições. Isso porque a angústia, a partir de certo ponto, quer dizer, certo acúmulo de angústia ao longo da vida é a geratriz da maioria dos quadros psicopatológicos que se conhece. Além da questão óbvia da identificação sexual que, no mínimo, ficará truncada e, talvez, sem opções, poderá ocorrer também a transformação de um ego fragilizado, senão cindido. Imagine-se, sempre como hipótese, também a ida dessas crianças para os seus primeiros contatos escolares, traduzindo, assim, a sua inserção no meio social. Será possível para uma criança de quatro, cinco, seis anos de idade, enfrentar essa situação frente às analogias de seus colegas e do mundo que permeia e envolve a maioria das pessoas? Terá ela condições de entender os mundos hetero e homossexual sem danos pessoais? 
Pura e simplesmente, pode se dizer que tais dúvidas levantadas seriam convincentes para que uma criança não fosse adotada. Visto que com esses levantamentos até o sentimento de medo surge para o futuro psicológico dessas crianças. Porém Bruno Motta destaca: 
Os que são contrários à adoção afirmam que seria “estranho” para o adotado. Dirão: Como chamará os “novos pais”? Como os colegas de escola receberão o fato? Que tipo de educação a criança terá, sobretudo quando precisar de orientação sexual? Alguns lançarão argumentos religiosos, sempre objetivando proteger o que entendem ser “os bons costumes”, a “moralidade social”. E, sobretudo, com o adotado encarará o fato de não ter um “pai” ou uma “mãe”. Será? Será que é relevante a forma como o adotado chamará os pais? Será que o bullying sofrido pelo adotado não deve ser reprimido, ao invés de se atacar a razão para a manifestação do ódio discriminatório? Até porque, não se pune a mulher bonita vítima da violência sexual. E sobre a educação sexual? O adotado não poderá ser educado sexualmente por um casal homossexual? Vale lembrar que os homossexuais foram, como regra geral, educados por pais heterossexuais, que os geraram e criaram. Por sua vez, os argumentos religiosos não podem ser considerados em um estado essencialmente laico.
Observa-se que Oliveira (2005, p. 325 e 326), através dos aspectos sociológicos analisa que:
[...], num país como o nosso, que prima pelas injustiças sociais, que tem como uma de suas chagas sociais (nesse contexto de 30 milhões de miseráveis) um enorme contingente de menores abandonados e em situação irregular, filhos de mães solteiras, de famílias desfeitas e desestruturadas ou frutos da paternidade irresponsável, carentes de um mínimo de amparo do Poder Publico, apesar dos ditames constitucionais e do ECA, uma criança condignamente educada num lar de homossexuais tem muito mais chance de uma boa educação e formação do que crianças integrantes desse exército de menores abandonados em situação irregular que perambulam pelas ruas das grandes cidades, à mercê de sua sorte, sofrendo toda a gama de carência e de riscos, acabando por enveredar cedo no caminho da criminalidade, e que, nessa trilha perversa, muitas são usadas e até eliminadas por adultos (e também produtos acabados, oriundos dos mesmos canteiros adubados de safras anteriores), quando não trucidadas pela própria polícia. Por todos esses motivos, a sociologia do direito recomenda o reconhecimento pelo Estado-legislador do direito da formação de lares por homossexuais masculinos ou femininos, assegurando-lhes o direito de procriação e educação dos filhos próprios ou adotivos.
Essa perspectiva aponta a sociologia muito a favor da adoção por casais homossexuais. Isso se dá porque a sociologia está preocupada pura e simplesmente com a criança e não com preconceitos advindos desta adoção.
4 CONCLUSÃO:
O homossexualismo já visto aqui foi alvo de muita discriminação durante muitos anos. A busca por igualdade mesmo das minorias foi uma grande luta durante séculos e ainda acontece. Com tantas pesquisas na tentativa de achar patologias e curas para elas muito se mal tratou esse grupo. 
Muito tempo depois, a busca por direitos fez com que essas pessoas buscassem uma união no sentido familiar e com isso filhos. Casais de mesmo sexo não podem ter filhos a não ser que adotem.
A adoção é um problema nacional, que pode ser entre outros motivos justificada pela alta taxa de natalidade. Os empecilhos colocados, por parte do Estado, para ter o direito à adoção se justificam afinal estamos falando de uma vida e seu futuro. Com o problema sério de carência de pais procurando adotar surge estaria aí uma solução que muitos doutrinadores e conservadores buscam não dar ouvidos.
Dizem os mais conservadores que essas crianças sofrerão bullyng, terão uma educação voltada ao homossexualismo, entre outras justificativas. Porém outros autores dizem que não é único desse tipo de criança sofrer esse mal, e que isso o traria uma autodefesa e que seguindo o raciocínio a cima, todos os filhos de pais heterossexuais seriam heterossexuais, o que não deixaria existir homossexuais.
As análises feitas por autores buscam no fim ao menos uma só preocupação: A não existência de preconceito.
Ao ter preocupação com a criança e a tentativa de protegê-la de um mundo externo preconceituoso, não caracteriza o preconceito em si. Tendo em vista que nada se fala dos pais adotivos da criança, somente o meio externo. Porém com a evolução da sociedade o preconceito tende a acabar e assim fatos como adoção e casamento de pessoas de mesmo sexo tendem, eu espero, a se tornarem algo normal para nossa sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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