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AP2 LIT. BRAS. V

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Paráfrase 
A palavra "paráfrase" é derivada do latim e do grego clássico que em sua origem significava: repetição de uma 
sentença, dizer em outras palavras. Desta forma, na paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do texto é 
confirmada pelo novo texto. A alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto 
citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Para exemplificar a paráfrase uma música de Antonio Carlos 
Jobim e Chico Buarque de Holanda chamada "Sabiá": 
Vou voltar! 
Sei que ainda vou voltar 
Para o meu lugar 
Foi lá e é ainda lá 
Que eu hei de ouvir 
Cantar uma Sabiá... 
Vou voltar! 
Sei que ainda vou voltar 
Vou deitar à sombra 
De uma palmeira que já não há 
Colher a flor que já não dá (...) 
 
É possível perceber a reintereção de conceitos expostos pela "Canção do exílio" de Gonçalves Dias e, ao mesmo 
tempo, a recriação do tema pelo viés amoroso: o último verso no feminino demonstra sutilmente a saudade 
amorosa que o eu-lírico sente. 
 
Paródia 
A paródia é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou 
abertamente. Ela muitas vezes perverte o texto anterior, visando a crítica de forma irônica. Ocorre um choque de 
interpretação: a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, levar o leitor a uma reflexão crítica 
de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse processo há uma indagação sobre os dogmas 
estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas 
humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequentemente: os discursos de políticos são abordados de maneira 
cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe 
dominante. 
Um dos maiores cultivadores do poema-paródia foi Oswald de Andrade, que a partir do conceito antropófago, 
deglutia o conceito original para transformá-lo em algo novo. Oswald fez esse processo com a "Canção do exílio" 
trazendo-a para a atualidade de sua época e questionando a perfeição com a qual Gonçalves Dias descreve o 
Brasil: 
 
CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA 
Minha terra tem palmares 
onde gorjeia o mar 
Os passarinhos daqui 
Não cantam como os de lá 
Minha terra tem mais rosas 
E quase que mais amores 
Minha terra tem mais ouro 
Minha terra tem mais terra 
Ouro terra amor e rosas 
Eu quero tudo de lá 
Não permita Deus que eu morra 
Sem que volte para lá 
Não permita Deus que eu morra 
Sem que volte pra São Paulo 
Sem que veja a Rua 15 
E o progresso de São Paulo 
 
 
 
Oswald de Andrade retoma o formato do poema original de Gonçalves Dias e, astuciosamente, modifica alguns 
detalhes e insere novos conceitos para questionar e desconstruir a "canção" original. Ao inserir a palavra 
"palmares", Oswald introduz uma crítica a escravidão brasileira e ao modificar, na última estrofe, a pátria (não 
mais Brasil, mas sim São Paulo), o poeta modernista, ironicamente, desmonta o nacionalismo romântico. Vestido 
de seriedade, o poema de Oswald guarda um sorriso no canto dos lábios que ri da idealização romântica. 
Estilização 
A estilização ocorre quando o artista retoma uma arte anterior e retira os seus detalhes, de modo que seja 
possível identificá-la. A estilização simplifica uma figura suprimindo, substituindo e acrescentando elementos para 
obter determinado efeito estético. Um exemplo é esta figura de duas corujas em que o artista simplificou os traços 
originais do animal, mas permitindo que ele fosse facilmente identificado: 
 
Há um poema de José Paulo Paes que retoma a "Canção do exílio" estilizandoa: retira o máximo de elementos 
possíveis, mantendo a mesma mensagem do poema original e tornando-o facilmente identificável: 
 
Canção do Exílio Facilitada 
lá? 
ah! 
Sabiá.. 
Papá.. 
Maná... 
Sofá... 
Sinhá... 
cá? 
bah! 
 
O "lá?" representa a terra distante, o Brasil. A interjeição "ah!" o sentimento de saudade e, em seguida, os 
elementos que lhe dão saudade: "sabiá, papá, maná, sofá e sinhá". Depois com o "cá?", uma interrogação de 
como está onde está, o longe. E pra finalizar, uma nova interjeição, mas agora de insatisfação "bah!". 
Assim, podemos compreender a importância dos manifestos de Oswald de Andrade para a poesia brasileira e, 
como, a antropofagia, em seu conceito intertextual, foi utilizada por diversos escritores. Os conceitos de paráfrase, 
paródia e estilização exemplificaram a teoria oswaldiana a partir das releituras feitas do poema nacionalista 
romântico "Canção do exílio". 
 
 Intertextualidade é o diálogo entre textos ou entre artes, possuindo diversas modalidades e tipos. A paráfrase 
retoma o que foi dito para dizer o mesmo com outras palavras, ou seja, expõe o mesmo conceito em ambos os 
poemas. A paródia é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, 
sutil ou abertamente. E a estilização retoma uma arte anterior e retira os seus detalhes, simplificando-a, de modo 
que seja possível identifica-la. 
O nacionalismo modernista exalta o Brasil sem as idealizações românticas, buscando o cotidiano nacional para 
descrevê-lo e questioná-lo. Esse jogo intertextual exemplifica os conceitos expostos por Oswald de Andrade em 
seus manifestos: a valorização do cotidiano e a intertextualidade crítica. Conhecendo os conceitos de paráfrase, 
paródia e estilização, pode-se perceber que o Modernismo brasileiro, como vanguarda, buscou e valorizou muito 
mais o questionamento crítico do que a simples referência/reverência, e que a "Canção do exílio" de Gonçalves 
Dias serviu perfeitamente para os objetivos nacionalistas e críticos dos poetas modernistas. 
Oswald de Andrade escreve dois grandes manifestos: Manifesto da poesia pau brasil e Manifesto antropófago. O 
primeiro representa um grito pelo Nacionalismo, no qual propõe uma literatura extremamente vinculada à 
realidade brasileira. O segundo retoma o grito nacional para acrescentar a relação social que deriva do primeiro 
momento: a importância de não copiar o que já foi feito, mas digeri-lo para, a partir daquele conhecimento, criar 
algo novo e único. 
Poetas buscam a "Canção do exílio" para uma dupla função: reverenciar e questionar o projeto nacional dos 
Românticos, dessacralizando e reconstruindo o poema mais recriado da Literatura Brasileira. 
Vimos que um dos fundamentos ideológicos do Romantismo foi o Nacionalismo. No Brasil, tal sentimento 
nacionalista levou à tentativa de romper com a tradição literária portuguesa e instaurar uma literatura brasileira. 
A partir desse cenário que Gonçalves Dias constrói sua poesia marcada, historicamente, por forte nacionalismo. O 
poeta maranhense é autor de um dos poemas mais famosos da história brasileira: a "Canção do Exílio", que será 
retomado pelos modernistas, o que o tornará o poema mais reescrito da história brasileira". 
Os modernistas, reconhecendo o projeto nacional romântico como a primeira tentativa de rompimento com 
modelos europeus, irão dialogar com a arte romântica criando uma dupla relação de reverência e questionamento. 
Este jogo de diálogo entre textos ou entre artes é chamado intertextualidade. Há diversas modalidades de 
intertextualidade e, durante a aula, focamos em três tipos básicos: paráfrase, paródia e estilização. 
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto é confirmada pelo novo texto. A alusão ocorre para 
atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. 
A paródia é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou 
abertamente. Ela muitas vezes perverte o texto anterior, visando a crítica de forma irônica. 
A estilização ocorre quando o artista retoma uma arte anterior e retira os seus detalhes, de modo que sejapossível identificá-la. A estilização simplifica uma figura suprimindo, substituindo e acrescentando elementos para 
obter determinado efeito estético. 
Os conceitos de paráfrase, paródia e estilização exemplificaram a teoria oswaldiana a partir das releituras feitas do 
poema nacionalista romântico "Canção do exílio".

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