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AD2 Turismo e Patrimônio - 2018.2

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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
AVALIAÇÃO À DISTÂNCIA – AD2
Período - 2018/2º
Disciplina: Turismo e Patrimônio
Coordenador: Euler David de Siqueira
Nome: Ramon Filipe Cornélio Simião
Matrícula: 17117130081
Questão 01 – (Valor 100 pontos). 
	
	No dia 02 de setembro de 2018, o Museu Nacional foi consumido por um incêndio devastador cujos efeitos sobre a cultura e a memória encontram-se longe de serem conhecidos. Um dos efeitos mais imediatos A comoção provocada pelo incêndio foi de nível nacional e mesmo internacional. Várias instituições internacionais prestaram suas homenagens ao mesmo tempo em que ofereceram auxílio à instituição brasileira. Nessa ocasião, diferentes autoridades, lideres políticos, artistas, intelectuais, pesquisadores, profissionais e professores das mais diferentes áreas do conhecimento como a museologia, a antropologia, a arquitetura, o turismo, etc., pronunciaram-se a respeito da tragédia.
	Como não poderia deixar de ser nessas ocasiões em que o patrimônio é destruído ou encontra-se diante de graves riscos e ameaças, o discurso da perda ou a retórica da perda do patrimônio foi acionado diversas vezes. Entendemos por retórica da perda uma situação em que algo tido como um valor se encontra na iminência de ser perdido. Uma parcela significativa da memória nacional foi destruída ou perdida nesse incêndio. O que foi destruído pelo incêndio no Museu Nacional envolveu seu acervo material, tangível, físico, enfim, concreto, mas isso não foi tudo. Uma outra dimensão do patrimônio, imaterial, intangível, abstrato ou ideacional foi também atingida e com conseqüências imprevisíveis para a memória nacional. Tanto o patrimônio material quanto o imaterial foram duramente comprometidos, sendo que o material desapareceu complemente enquanto o imaterial se viu órfão dos aspectos sensíveis que lhe davam suporte. Ambos se encontram imbricados, o patrimônio material e imaterial. A separação entre essas dimensões do patrimônio é sempre arbitrária. Dito de outra forma, não se trata de algo que é, primeiro, necessário e, sem segundo, algo....
	Há fotografias, imagens e registros de diversas ordens feitos sobre o patrimônio material que se situava no interior do Museu Nacional. Contudo, a perda desse patrimônio único, singular e não reprodutível, significa a impossibilidade das futuras gerações em entrar em contato com aspectos produzidos em diferentes contextos históricos e sociais precisos. Dito de outra forma, pinturas, documentos, objetos, roupas, moveis, etc., que ganharam vida nas e pelas mãos de diversos atores sociais que viveram em épocas tão diferentes da nossa não existem mais e nunca mais voltarão a existir materialmente assim como as ideias que as animavam.
	O conhecimento acerca da natureza do patrimônio é um dos elementos ou aspectos importantes que muitos daqueles que ocupam cargos de poder deveriam conhecer ou ao menos ser assessorados corretamente. Esse conhecimento ou ao menos a sensibilização para aspectos importantes do campo do patrimônio poderiam ser fatores importantes no futuro para que eventos como o que atingiu o Museu Nacional não se repitam. Vejamos então como algumas autoridades reagiram a tragédia que atingiu o Museu Nacional.
	Uma das autoridades que se posicionaram após a tragédia no Museu Nacional foi o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella�. O prefeito veio a público dizer que o patrimônio destruído no incêndio seria recuperado e que a prefeitura do Rio de Janeiro iria colaborar com esse processo. Outro político que usou as redes sociais para se manifestar sobre a tragédia do Museu Nacional foi o deputado federal Rodrigo Maia�. Em ambos os casos, internautas manifestaram-se a respeito das duas falas com críticas aos dois políticos.
	Tanto Crivella quanto Maia foram durante criticados por suas falas principalmente pelo fato de que desconhecem a natureza social, cultural e simbólica do patrimônio. Em suas falas, transparece a ideia de que o patrimônio se resume única e exclusivamente a dimensão material e, pior, de que essa dimensão pode ser reproduzida sem maiores prejuízos. Ignora-se o fato de que o patrimônio material não pode ser concebido sem a dimensão imaterial, ou seja, as ideias, afetos, emoções, sentimentos, memórias e concepções que portam esses bens. Como assinala o sociólogo francês Rachid Amirou (2000), não é possível separar a materialidade da imaterialidade sob pena de arbitrariamente rompermos com uma unidade indissolúvel.	
	Os políticos também foram criticados por não terem se mobilizado antes para trazer recursos que poderiam ter alterado o destino trágico do Museu Nacional. Ambos ocuparam cargos de elevada importância na política brasileira e nenhum gesto foi feito em direção ao Museu Nacional enquanto estavam nesses cargos. Após a tragédia, Maia e Crivella aparecem na mídia prometendo todos os recursos necessários para reconstruir algo que não pode mais ser recuperado. Quando tiveram a oportunidade de fazê-lo não o fizeram, criticam muitos dos internautas.
	Como tarefa dessa AD2, proponho uma pequena investigação acerca da situação de um patrimônio próximo de onde você vive. Não se trata da elaboração de nenhum laudo ou parecer técnico, mas simplesmente a elaboração de um texto seu, livre, ressaltando o atual estado do bem tombado e os dispositivos existentes, se existem, para sua proteção e conservação. Esse relatório pode ser acompanhado de uma pequena entrevista com os responsáveis pela salvaguarda do bem tombado, caso seja possível. Recomendo a leitura da apostila N° 06 para um maior contato com a temática dos riscos ao patrimônio.
	Procure ser original, crítico e reflexivo. Use os textos que foram disponibilizados na plataforma no começo do semestre ou outros que achar conveniente. 
Bom trabalho, 
Cordialmente, Euler Siqueira.
	Texto da AD2
O acesso à cultura é algo que sempre está na pauta dos nossos governantes, pois sem ela nosso povo não terá conhecimento e sem conhecimento não poderá ir atrás dos seus direitos, mas isso é uma conversa para outro momento. Na Baixada Fluminense, região onde eu resido, há pouquíssimos espaços onde podemos ver um pedaço da nossa história, e como ela se manteve ao longo dos anos. Destaco aqui dois lugares que muitas pessoas conhecem ou já ouviram falar, são eles: a Fazenda São Bernardino em Nova Iguaçu e o Museu Vivo Santo Bento localizado em Duque de Caxias. 
	A Fazenda São Bernardino, localizada no município de Nova Iguaçu é o retrato do descaso total com o patrimônio histórico em nosso país. O local que foi tombado em 1951 pelo Patrimônio Histórico está completamente abandonado, largado às traças e as intempéries causadas pela chuva e pelo sol. Tive o prazer de ver localmente esse dispositivo turístico no ano de 2006 através de um passeio cultural promovido pelo SESC São João de Meriti, vi com meus olhos como aquele espaço poderia ser revitalizado mantendo sua estrutura original, já que ele é tombado. Fiquei muito triste ao sair de lá e ver aquele lugar no estado em que se encontrava. Mas fazendo uma pesquisa encontrei uma informação relevante, o lugar não estava de posse da prefeitura, mas em outubro de 2017 por meio de uma ação judicial todo o terreno onde a fazenda se encontra agora pertence a prefeitura, com isso o espaço será revitalizado e se tornará um parque público segundo notícias recentes. Haverá um restauro na fachada, mantendo suas características originais, depois será mexido na parte da senzala e será feito um espaço para visitação, segundo essa mesma notícia.
	Um outro lugar que quero destacar é o Museu Vivo de São Bento, localizado no município de Duque de Caxias. Através das pesquisas feitas para o trabalho, consegui perceber que aqui há uma maior preocupação em manter a história viva. Este museu foi criado em 03 de novembro de 2008. O estado de conservaçãodeste museu é muito maior em comparação com com a Fazenda São Bernardino. Ele é um ecomuseu de percurso, ou seja, visitando o local onde ele se encontra você encontrará as histórias, as relíquias que lá se encontram. Através de um sítio arqueológico sambaquiano existente ali que se pode experimentar um olhar diferente sobre esta época. O lugar é bem preservado pela prefeitura de Duque de Caxias, que constantemente desenvolve trabalhos no museu, passando pelo Cineclube, Quintais Culturais até um Cineclube, lá também é local de exposições sobre os mais diversos temas desde a história da Fazenda do Iguaçu passando por exposições fotográficas.
	Vimos aqui neste pequeno texto que há uma grande diferença entre os dois dispositivos. Enquanto um ainda luta para ser restaurado e remodelado para que outras pessoas tem um melhor acesso à história do lugar, no outro há uma constante preocupação em manter o museu vivo – com o perdão do trocadilho -. Infelizmente não realizei nenhuma entrevista com algum responsável dos lugares, pois com certeza o parecer deles iria ajudar e muito, além de enriquecer ainda mais meu olhar sobre estes dois lugares que muita gente já ouviu falar mas por falta de temo ou de oportunidade não conseguiu ir até esses lugares tão importantes não só para a Baixada Fluminense, mas para todo o Brasil.
� https://extra.globo.com/noticias/rio/em-nota-crivella-fala-em-recompor-acervo-do-museu-nacional-causa-indignacao-23033520.html
� https://extra.globo.com/noticias/rio/em-nota-crivella-fala-em-recompor-acervo-do-museu-nacional-causa-indignacao-23033520.html

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