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DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA EC 872015 FINAL


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DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA EMENDA CONSTITUCIONAL 87/2015: dificuldades e impactos causados para a empresa X 
Emival Miranda de Oliveira Nenzico Junior
Mhatheus Eterno Borges[1: Alunos concluintes do curso de Ciências Contábeis, da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação do professor Ms. João Arlindo do Prado Gusmão.]
RESUMO: O artigo tem como objetivo trazer as novas regras da Emenda Constitucional 87/2015, que produziu efeitos somente a partir de 1º de janeiro de 2016. Foi realizado um levantamento da forma de trabalho adotada pela empresa X, no ramo de materiais para construção, identificando todas as dificuldades e trazendo o máximo de sugestões possíveis para ajudar na tomada de decisão, visando ao melhor desenvolvimento das novas atividades. A metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, coletando dados e retornando resultados, como a abertura de novas inscrições, que, além de facilitar o recolhimento sobre muitas notas fiscais, também diminui as despesas geradas para a empresa. É que o excesso de notas fiscais impõe obstáculos à realização do recolhimento do ICMS pela empresa para o destino no ato de emissão da nota, de maneira que, quando submetidas a pagamentos futuros, haveria a incidência de multa e juros, além do risco de uma autuação por infração administrativa. Outra solução, já acatada pela empresa X, é a emissão de guias em lote, em que um arquivo é enviado com inúmeras notas fiscais para o WebService do portal da GNRE, retornando com o código de barras das guias emitidas. Assim, só há preocupação com o pagamento, com ganho de tempo e também facilitando-se o controle.
PALAVRAS-CHAVE: ICMS. Diferencial de alíquota. Emenda constitucional. 
1 INTRODUÇÃO
O comércio de vendas e-commerce e interestaduais cresceu de forma significativa nos últimos anos. Paralelamente, adveio a Emenda Constitucional 87/2015, que nada mais é do que um diferencial de alíquotas destinado ao consumidor final não contribuinte do ICMS.
O ICMS devido é calculado entre as diferenças das alíquotas interna do destino e a alíquota interestadual. Há também a inclusão do fundo de combate à pobreza, que funciona como um adicional à parte para a unidade de destino, podendo alcançar, no máximo, 2% sobre a base do imposto de alguns produtos, sendo que estes devem ser consultados na Secretaria da Fazenda de cada Estado da Federação.
Uma das mudanças de maior impacto está no valor recolhido, pois desde o advento da Emenda Constitucional nº 87/2015, o valor deve ser dividido entre o Estado de origem e o de destino, seguindo uma tabela de percentuais/ano, até a sua normatização, que será de 2019 em diante. 
Para melhores esclarecimentos, apenas se enquadram no caso citado acima quando se originar de vendas interestaduais para consumo final (não ser mercadoria para revenda e sim uso e consumo), e o consumidor não se tratar de um contribuinte (pessoa física ou jurídica, este desde que não tenha inscrição como substituto, entre outras). 
Socioeconomicamente falando, o sistema tributário brasileiro precisou se atualizar, a fim de acompanhar o crescimento. Essa atualização foi uma medida tomada para maior equilíbrio fiscal, pois, anteriormente, o Estado de origem era o mais beneficiado (Rio de Janeiro e São Paulo), recebendo grande parte do ICMS, enquanto o Estado de destino contribuía apenas na sustentação, não recebendo nenhuma quantia, incomodando assim Estados do Norte e Nordeste.
Assim, essa pesquisa justifica-se por se tratar de um assunto pouco abordado até esse momento, pela novidade que ele representa tanto para os não contribuintes e principalmente para a empresa, trazendo uma opinião técnica e concisa, com a ajuda da perícia contábil, valendo-se da interpretação das normas pertinentes, explicando-se de forma clara as mudanças trazidas pela Emenda Constitucional nº 87/2015.
Portanto, questiona-se: como a empresa X pode melhor administrar as mudanças surgidas devido à integração da legislação do diferencial de alíquotas para consumidor final não contribuinte do ICMS?
A resposta é fundamentada a partir dos seguintes objetivos: compreender e abordar com clareza a legislação aplicável; mencionar as novas rotinas ocasionadas pelo DIFAL; analisar e demonstrar situações práticas.
Para tanto, a metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica, a fim de realizar um embasamento teórico e foi utilizada também a pesquisa de campo, que cuida da coleta de dados diretamente na empresa X, no ramo de atividade de materiais para construção.
2 DEBATE TEÓRICO
Neste trabalho será apresentada a Emenda Constitucional nº 87/2015, os principais assuntos pertinentes ao ICMS como guerra fiscal, fundo de combate à pobreza, Sistema Público de Escrituração Digital, Guia de informações e apuração do ICMS, bem como substituição tributária e exemplificação em documentos fiscais de uma empresa.
2.1 Informações sobre ICMS
Segundo Sabbag (2014), ICMS é um imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e também prestações de serviços (transporte interestadual e intermunicipal) e sobre comunicação, sendo um imposto de ampla aplicação.
O ICMS é de competência dos Estados e do Distrito Federal e possui um caráter fiscal, ou seja, não pode ser cobrado, aumentado ou diminuído sem a existência de uma lei. (ARGENTIM, 2016)
Trata-se de um imposto não cumulativo e, para Martins (2014), funciona no sistema de débito e crédito. O débito seria quando ocorrem operações em que há a incidência, ficando assim a obrigação de recolhimento junto ao fisco, e o crédito quando adquire bens e serviços, relativo ao imposto pago destacado na sua aquisição ou contratação.
Referente à não cumulatividade, trata-se do contribuinte ter a condição de aproveitar uma compensação em operações posteriores, ou seja, creditar o valor que já foi pago anteriormente. [2: Informação publicada em Revista de Doutrina, autor: Rodrigo Koehler Ribeiro – Juiz Federal.]
2.2 Guerra Fiscal 
Para Varsano (1997), guerra fiscal nada mais é do que a competitividade entre os Municípios e os Estados brasileiros para atrair empresas a se instalarem em seus territórios. Segundo ele, essa “briga” ocorre por disputa para um maior recebimento de investimento vindo das empresas que ali poderão ser sediadas, sendo que os Estados chegam a oferecer incentivos diferenciados, tais como benefícios, isenções e até mesmo espaços públicos.
Para Minato (2015, p.102):
[...] guerra fiscal sobre o comércio eletrônico são utilizados como referencias à tributação exigida pelos estados na entrada de mercadorias adquiridas por vias remotas, de forma contrária à repartição tributária delineada pela Constituição Federal.
Minato (2015) ainda cita que os benefícios que são dados às empresas, por mais que elas se hospedem em seus territórios, não são tão satisfatórios, visto que a perda de arrecadação é grande.
2.3 Emenda Constitucional Nº 87/2015
Segundo Argentim (2016): 
[...] uma emenda constitucional é uma modificação da Constituição Federal do Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional, as quais são restritas a determinadas matérias, entretanto, ressalvada a abolição das chamadas cláusulas pétreas, pois com relação aos direitos e garantias fundamentais, estes somente podem ser ampliados e jamais restringidos ao texto originalmente elaborado pelo constituinte.
Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 87/2015 e convênios respectivos, as empresas contribuintes do ICMS tiveram novas regras para as operações interestaduais, entrando em vigor apenas no ano seguinte ao de sua publicação, começando a valer então a partir do dia primeiro de janeiro de 2016. (CAMARGO; PREDOLIM, 2015)
Estabelece a Emenda Constitucional nº 87 (BRASIL, 2015):
Art. 1º Os incisos VII e VIII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal passam a vigorar com as seguintes alterações:
(...) VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquotainterestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual;
a) (revogada);
b) (revogada);
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII será atribuída:
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto;
Ainda sobre ela, houve a inclusão de que o valor arrecadado será partilhado numa proporção, melhor demonstrada a seguir:
Quadro 1 – Partilha do ICMS 
 
	Fonte: Emenda Constitucional 87/2015 (elaborado pelos autores)
Isso significa dizer que os Estados de origem não iriam “da noite para o dia” perder a parcela total que a eles cabia antes da promulgação da Emenda Constitucional, relativamente ao diferencial de alíquotas nas operações realizadas com não contribuintes do imposto. [3: 	 Informação obtida em um comentário sobre a EC 87/2015, feita por Aluísio Neto – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.]
O Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) completou a Emenda Constitucional, dispondo do convênio de ICMS 93/2015, afirmando ainda que terá um adicional destinado ao fundo de combate a pobreza.
2.4 Fundo estadual de combate a pobreza (FECP OU FCP) 
Fundo de combate à pobreza refere-se a um valor destinado para órgãos públicos, que será usado na educação, saúde, ações para crianças e adolescentes, entre outros. [4: 	 Informações obtidas em palestra no CRC-GO, ministrada por Otávio Martins de Oliveira - Conselheiro e Vice-Presidente de Fiscalização do CRC-GO.]
Prevê o artigo 82 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – Constituição Federal do Brasil de 1988: 
§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos e serviços supérfluos e nas condições definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não se aplicando, sobre este percentual, o disposto no art. 158, IV, da Constituição. (art. 82, BRASIL, 1988)
O adicional supramencionado deve ser observado pela legislação do Estado de destino, justamente por ser o recebedor. Abaixo uma lista para possível embasamento, lembrando que este pode ser alterado (VITER, 2016).
Quadro 2 – Consulta FCP por estado 
	AL
	LEI Nº 7742 DE 09/10/2015
	CE
	DECRETO N° 31.860, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2015.
	DF
	LEI Nº 5569 DE 18/12/2015
	ES
	LEI 10.379, DE 16-6-2015
	GO
	ANEXO XIV (Art. 20, § 6º)
	MA
	LEI nº 10.329, de 30.09.2015 – DOE MA de 30.09.2015.
	MG
	DECRETO N° 46.927, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2015.
	MS
	LEI nº 4.751, de 05.11.2015 – DOE MS de 06.11.2015.
	MT
	LEI 10.337, de 16.11.2015 – DOE MT de 16.11.2015.
	PB
	DECRETO Nº 36209 DE 30/09/2015 01/01/2016
	PE
	LEI Nº 15599 DE 30/09/2015 01/01/2016
	PI
	LEI N° 6.745, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2015.
	PR
	LEI Nº 18573 DE 30/09/2015 01/02/2016
	RJ
	LEI COMPLEMENTAR 61/2015
	RN
	LEI Nº 9991 DE 29/10/2015
	RO
	LEI COMPLEMENTAR Nº 842 DE 27/11/2015
	RS
	LEI nº 14.742, de 24.09.2015 – DOE RS de 25.09.2015.
	SE
	DECRETO Nº 30118 DE 20/11/2015
	SP
	LEI Nº 16006 DE 24/11/2015
	TO
	LEI Nº 3019 DE 30/09/2015
Fonte: Viter, 2016. 
2.5 Mudanças na nota fiscal e quanto ao recolhimento
Segundo Moraes (2015), o processo de diminuir a desigualdade entre os Estados é ate bem solucionado pela Emenda Constitucional, mas poderiam apenas ter estipulado a criação da repartição entre os próprios Estados, facilitando até mesmo a fiscalização. Porém, a mudança foi outra e para as empresas não foi uma novidade tranquila, visto que essas alterações trouxeram uma grande quantidade de rotinas a serem acopladas no decorrer do fechamento. 
Brevemente abordado no começo desse artigo, uma das novas tarefas foi a alteração do preenchimento das notas fiscais de vendas aos não contribuintes do ICMS, em que foram acrescentados os seguintes campos, melhor demonstrado na imagem (NOTA TÉCNICA, 2015.003):
Quadro 3 – Campos alterados na NF-e
 
Fonte: Nota fiscal da empresa X, 2016.
As empresas terão que consultar a legislação específica de cada Estado, observando tanto o local em que possuem sede quanto onde ocorrerá as suas vendas, devido ao fato de que cada Estado regulamenta uma maneira de recolhimento, havendo as seguintes formas: (BRASIL, 2015)
Lançamento no livro de apurações ou recolhimento de uma guia dos valores destinados a vendas para não contribuintes do ICMS - UF origem;
Recolhimento do UF destino – pode ser por operações, ou seja, quando a empresa não possui inscrição estadual no Estado de destino, ela deverá emitir guia na saída da mercadoria ou prestação de serviço e pode ser por apuração, ou seja, a empresa abrir e informar a Inscrição Estadual no Estado de destino, enviar a obrigação acessória GIA ST Nacional até o dia 10 do mês subsequente e emitir uma guia geral até o dia 15 do mês subsequente;
Recolhimento feito para o Estado de destino, referente ao fundo de combate a pobreza, quando devido, e lembrando que, nessa hipótese, não há partilha do valor.
2.6 Guia de informações e apuração do ICMS substituição tributária (GIA ST NACIONAL)
É uma obrigação de que os contribuintes de outros Estados, portando Inscrição Estadual no destino da operação (responsável), declarem informações interestaduais, a exemplo das vendas para não contribuintes. Estes usam o aplicativo (GIA-ST3) para digitação, disponibilizado na Secretaria do Rio Grande do Sul, e depois envia via transmissão eletrônica de documentos. (SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2015)
Os contribuintes devem enviar a obrigação de acordo com art. 38, § 9º do Anexo VIII do RCTE: 
(...) O sujeito passivo por substituição tributária estabelecido em outra unidade federada deve, também, remeter à Secretaria da Fazenda de Goiás, até o dia 10 (dez) do mês subsequente ao da apuração do imposto retido, a Guia Nacional de Informação e Apuração do ICMS Substituição Tributária (GIA-ST). 
Após o processo de envio, o contribuinte receberá um comunicado no e-mail cadastrado como comprovante da entrega.
2.7 Escrituração Fiscal Digital (EFD)
Para Krumheuer, EFD é mais conhecido como Sistema Público de Escrituração Digital (SPED Fiscal), e é um arquivo digital que informa todos os documentos fiscais e informações que os Fiscos Federal, Estadual e, em breve, Municipal, precisam saber. Essas informações referem-se ao período em que são apurados os impostos de ICMS e IPI.
Segundo ela, o EFD visa a facilitar para as empresas a entrega de toda documentação (registros de entradas, saídas, apurações e inventários). O arquivo é gerado no formato TXT e importado para o Programa validador e assinador (PVA), no qual, como o próprio nome diz, é validado e apontados os possíveis erros e advertências. Após correções, o arquivo deve ser assinado e enviado.
Com as alterações da Emenda Constitucional nº 87/2015, o SPED alterou e criou alguns campos, conforme Ato COTEPE/ICMS Nº 44/2015: 
VII – Alterado o nome do registro 0015 para “DADOS DO CONTRIBUINTE SUBSTITUTO OU RESPONSÁVEL PELO ICMS DESTINO”. 
VIII – Alterada a descrição do campo 02 – UF_ST do registro 0015 para “Sigla da unidade da federação do contribuinte substituído ou unidade de federação do consumidor final não contribuinte - ICMS Destino EC 87/15” 
IX – Alterada a descrição do campo 03 – IE_SR do registro 0015 para “Inscrição Estadual do contribuinte substituto na unidade da federação do contribuinte substituído ou unidade de federação do consumidor final não contribuinte - ICMS Destino EC 87/15”.
X – Incluídos os seguintes registros no apêndice B – leiaute da escrituração fiscal digital
Registro C101: informação complementar dos documentos fiscais quando das operações interestaduais destinadas a consumidorfinal não contribuinte EC 87/15.
Registro D101: informação complementar dos documentos fiscais quando das prestações interestaduais destinadas a consumidor final não contribuinte EC 87/15.
Registro E300: período de apuração do ICMS diferencial de alíquota – UF origem/destino EC 87/15
Registro E310: apuração do ICMS diferencial de alíquota – UF origem/destino EC 87/15.
Registro E311: ajuste/benefício/incentivo da apuração do ICMS diferencial de alíquota UF origem/destino EC 87/15.
Registro E312: informações adicionais dos ajustes da apuração do ICMS diferencial de alíquota UF origem/destino EC 87/15.
Registro E313: informações adicionais dos ajustes da apuração do ICMS diferencial de alíquota UF origem/destino EC 87/15 identificação dos documentos fiscais.
Registro E316: obrigações do ICMS recolhido ou a recolher – diferencial de alíquota UF origem/destino EC 87/15.
Enfim, nos registros C101(NF-e) ou D101(CT-e) são informados valores destacados nos documentos referentes ao FCP, ICMS UF Origem e ICMS UF destino e os registros E300, E310, E311, E312, E313 e E316 são usados para apurar os lançamentos (por Estado) mencionados nos registros C101 ou D101. (SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2015)
2.8 Demonstrações 
Para Lukesic (2015), antes da aprovação da Emenda, nas notas fiscais, era aplicado sobre o ICMS a alíquota interna do Estado de origem. Após sua entrada em vigor, passaram a ser aplicadas as alíquotas interestaduais, podendo elas ser de 12% (Sul e Sudeste – exceto Espírito Santo), 7% (Centro-oeste, Norte, Nordeste e Espírito Santo) ou de 4% (quando se referir a produtos importados).
Segundo Lukesic (2015), o ICMS referente às alíquotas interestaduais destacados será recolhido para o Estado de origem, ao passo que o diferencial de alíquotas será para o Estado de destino, em uma proporção demonstrada na tabela citada no artigo.
Abaixo segue alguns exemplos para melhor entendimento.
Quadro 4 – Cálculo antes da EC 87/2015
Fonte: elaborado pelos autores.
	
Quadro 5 – Cálculo após a EC 87/2015
Fonte: elaborado pelos autores.
Quadro 6 – Cálculo após a EC 87/2015 com o FCP
Fonte: elaborado pelos autores.
3 METODOLOGIA
Definem-se como metodologia quais os métodos, tipos de pesquisa e instrumentos de coleta de dados utilizados no estudo, incluindo roteiro com as etapas do trabalho. (ANDRADE, 2009)
A metodologia utilizada na elaboração do assunto desse artigo foi a pesquisa bibliográfica, que, segundo Lakatos e Marconi (2011), são informações e documentações obtidas na coleta de materiais publicados, como livros, teses, boletins, dissertações entre outros.
Para melhor resultado foi realizada uma pesquisa de campo, em que foram feitas coletas de dados via pesquisa documental no próprio ambiente do assunto abordado, observando diretamente a atividade no seu decorrer. (GIL, 2008)
Foram utilizadas também entrevistas informais com funcionários, desde assistentes até gestores, finalizando assim o embasamento teórico, apresentando o máximo de informações necessárias para a empresa, a fim de melhor entendimento e, posteriormente, de tomadas de decisões.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para a realização da pesquisa foi feito um levantamento na empresa X, optante do lucro real e do ramo de atividades de materiais para construção, utilizando-se como base dois produtos que bateram recordes de vendas: o primeiro é um kit mini abajur (código 634379) e o segundo uma cuba redonda (código 1273833). Dados foram focados em uma loja do Rio de Janeiro que portava maior número de vendas para consumidor final e ser a filial destinada para o e-commerce.
O acompanhamento diário permite averiguar todo o processo, esse executado da seguinte forma: o cliente faz sua compra, realiza o preenchimento de um cadastro na loja ou no site, e, após a transação ocorrer com sucesso, ele pode transportar a mercadoria por conta própria ou solicitar à empresa que faça a entrega (solicitação de um terceiro).
Toda nota fiscal de venda é gerada por um emissor próprio da empresa e validadas as possíveis regras fiscais em um sistema chamado Synchro, em que também de maneira automática alimenta-se uma base de apoio, esse chamado de Commerce. Na virada do dia, ou seja, quando meia noite assinala, todas as transações sobem para o módulo fiscal cujo nome é Intranet.
No módulo fiscal é onde começa a “arte”. Mediante alterações ocorridas com a chegada da Emenda Constitucional 87/2015, funcionários e gestores da área fiscal solicitaram junto ao pessoal da Tecnologia da Informação a criação de um layout para melhor atende-los. Nessa demanda originou-se um projeto em que caberiam os seguintes enquadramentos:
A venda ocorrer para um não contribuinte do ICMS;
Destinada para outro estado (Interestadual);
Destinada para consumo final e não revenda.
Tudo que se enquadra nas condições acima citadas é levado para um relatório, e um funcionário especifico foi denominado para dar sequência a essa atividade. Ele então gera um arquivo texto, transformando-o em uma planilha Excel, faz análises para verificar se as informações que ali estão são verídicas e trata do enquadramento criado e citado anteriormente. Depois, totaliza o valor do ICMS que deve ser recolhido para o Estado de origem e recolhe em guia única. Já para a parte de destino, ele emite uma guia para cada nota fiscal e efetua o recolhimento.
Como a empresa encontra-se no Rio de Janeiro, foi criada uma inscrição como substituto tributário apenas no estado de São Paulo por decisão de maiores, então, as notas fiscais destinadas a este também podem ser recolhidas em uma guia única mensal.
A permissão de recolhimento com guia única mensal para o Estado de destino gera uma obrigação acessória, conhecida como GIA ST NACIONAL, que tem a função básica de realizar um confronto de informações, ou seja, a pessoa declara o valor que será destinado à SEFAZ em que o contribuinte possui inscrição e envia.
Feito o primeiro confronto, a segundo nada mais, nada menos que a inclusão no SPED fiscal, em que, no registro C101, são informados os valores destacados nos documentos referentes ao FCP, ICMS UF Origem e ICMS UF destino e os registros E300, E310, E311, E312, E313 e E316 são usados para apurar os lançamentos (por estado) mencionados no registro C101, esses novos campos criados, foram introduzidos também pelo pessoal da TI no arquivo que é gerado pela empresa, validado e enviado ao fisco.
4.1 O cadastro
É o ponto crucial de toda essa atividade, devido ao fato de que, se estiver sendo feito de maneira rígida e conforme condição exigida, não ocorrerá a falta de pagamento ou pagamento sobre notas que não seriam necessárias. Vejam o caso abaixo:
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Como visto, devido um erro de preenchimento na hora do cadastro a empresa recolheu o diferencial de alíquota partilhado indevido sobre essa nota. Analisando, chegamos à conclusão que o destinatário é um contribuinte do ICMS, portando até inscrição estadual. 
Outra parte observada é que, mesmo não contendo os campos que deveriam ser destacados, os valores da partilha do ICMS são alimentados no XML da nota e automaticamente carregados para a planilha, que é usada como controle de recolhimento. Em casos como este, para melhor justificar-se diante de uma fiscalização, o adequado seria fazer uma carta correção alterando o CFOP para 6102 e a natureza de operação para venda de mercadoria adquirida por terceiros.
4.2 O cálculo antes do DIFAL
Até o ano de 2015, as vendas para consumidor final, quando iam para outra unidade de federação, o ICMS era calculado com um percentual da alíquota interna do Estado de origem, sendo esse resultado o valor a ser repassado à SEFAZ de origem, vejam os exemplos a seguir:
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Cálculo produto 634379:
Valor unitário: R$ 15,21
Quantidade: 4 unidades
Valor unitário x Quantidade = Total dos produtos: R$ 60,84
Frete: R$ 13,90
Total dos produtos + Frete = Valor total da nota: R$ 74,74
Base de cálculo paraICMS: R$ 74,74
Alíquota interna do estado do Rio de Janeiro: 19%
Base de cálculo x alíquota interna = ICMS a recolher: R$ 14,20 
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Cálculo produto 1273833:
Valor unitário: R$ 126,90
Quantidade: 1 unidade
Valor unitário x Quantidade = Total dos produtos: R$ 126,90
Frete: R$ 62,64
Total dos produtos + Frete = Valor total da nota: R$ 189,54
Base de cálculo para ICMS: R$ 189,54
Alíquota interna do estado do Rio de Janeiro: 19%
Base de cálculo x alíquota interna = ICMS a recolher: R$ 36,01 
4.3 O cálculo depois do DIFAL
A partir de janeiro do ano de 2016, começou a viger a nova sistemática. As vendas destinadas ao consumidor final, quando vão para outra unidade de federação, o ICMS será calculado com um percentual de alíquota interestadual, sendo de 7% (Sul e Sudeste – exceto Espírito Santo), 12% (Centro-oeste, Norte, Nordeste e Espírito Santo) ou 4% (quando referir a produtos importados). Todo esse valor arrecadado continua sendo destinado à SEFAZ de origem.
Outra mudança é a entrada da existência do diferencial de alíquota, que antes não existia para essas notas. Vejam os exemplos abaixo: 
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Cálculo produto 634379:
Valor unitário: R$ 15,75
Quantidade: 1 unidade
Valor unitário x Quantidade = Total dos produtos: R$ 15,75
Frete: R$ 7,12
Total dos produtos + Frete = Valor total da nota: R$ 22,87
Base de cálculo para ICMS: R$ 22,87
Alíquota interestadual entre o Rio de Janeiro e São Paulo: 12%
1) Base de cálculo x alíquota interestadual = ICMS: R$ 2,74 
DIFAL - Diferença entre a alíquota interna do destino e a alíquota interestadual 
Base de cálculo para o diferencial: R$ 22,87
Alíquota interna do destino (São Paulo): 18%
2) Base de cálculo x alíquota interna do destino (São Paulo) = R$ 4,12
Diferencial de alíquota - ICMS = Valor partilhado: R$ 1,38
Desse valor 60% para origem (Rio de janeiro) = R$ 0,82
Valor 40% para o destino (São Paulo) = R$ 0,55
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Cálculo produto 1273833:
Valor unitário: R$ 139,90
Quantidade: 1 unidade
Valor unitário x Quantidade = Total dos produtos: R$ 139,90
Frete: R$ 66,72
Total dos produtos + Frete = Valor total da nota: R$ 206,62
Base de cálculo para ICMS: R$ 206,62
Alíquota interestadual entre o Rio de Janeiro e Paraná: 12%
1) Base de cálculo x alíquota interestadual = ICMS: R$ 24,79 
DIFAL - Diferença entre a alíquota interna do destino e a alíquota interestadual 
Base de cálculo para o diferencial: R$ 206,62
Alíquota interna do destino (Paraná): 18%
2) Base de cálculo x alíquota interna do destino (Paraná) = R$ 37,19
Diferencial de alíquota - ICMS = Valor partilhado: R$ 12,40
Desse valor 60% para origem (Rio de janeiro) = R$ 7,44
Valor 40% para o destino (Paraná) = R$ 4,96
4.4 Levantamentos por saídas de notas fiscais 
Conforme citações feitas com base em informativos da Secretaria da Fazenda, a empresa tem a permissão de apurar seu imposto relativo ao ICMS partilhado quando esta possuir inscrição no Estado de destino. Em virtude dessa possibilidade, a empresa X de imediato solicitou a sua abertura em São Paulo.
A vantagem de obter a inscrição é justamente o contribuinte poder controlar e apurar o recolhimento, fazendo o pagamento até o décimo quinto dia útil do mês subsequente, não precisando da emissão da guia para acompanhamento da nota fiscal.
Mediante essa alternativa foi feito um levantamento por Estado de todas as notas fiscais de saída, que se enquadram nas condições do layout criado pela área de TI para atender as necessidades da área fiscal:
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Após a coleta, é perceptível que, para o Estado de São Paulo, realmente precisaria da inscrição estadual como substituto tributário. Entretanto, também foi aconselhada a abertura de novas inscrições nos estados de Minas Gerais e Paraná, facilitando assim o recolhimento do ICMS sobre inúmeras notas fiscais.
Para o restante dos Estados, como a quantidade de notas fiscais é insignificante, não sendo viável ter a inscrição, a sugestão é que a empresa, para amenizar o retroativo e também proceder com as emissões futuras das guias que acompanham as notas fiscais, use a seu favor o WebService do portal da GNRE.
O WebService é um aplicativo que funciona recebendo e enviando dados de XML. A empresa ganha tempo, porque ao invés de emitir guia, ela conseguirá criar e enviar lotes contendo os XML. Ele receptaria a partir dos parâmetros, emitindo as guias retornando com o código de barras, ganhando assim agilidade no processo e diminuindo o operacional.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa teve a finalidade de comentar com clareza as mudanças provocadas pela Emenda Constitucional 87/2015, demonstrando com exemplos as formas de cálculos, antes e depois da Emenda, buscando possibilidades e inovações, a fim de ajuda-los a melhor gerir essas informações.
Após ter feito um levantamento na empresa X, percebe-se que a vigência da legislação trouxe dias conturbados para seus funcionários, analisando desde a capacidade de entendimento até as grandes demandas de atividades acrescentadas em suas rotinas, mudando totalmente os tratamentos destinados à operação de não contribuinte quando estas forem interestaduais.
Diante dos pontos expostos, foram levantados três detalhes cruciais a serem resolvidos: a revisão dos dados cadastrais já existentes e a exigência de campos obrigatórios nos próximos criados; a solicitação da abertura de inscrições estaduais em Minas Gerais e Paraná para facilitar o recolhimento do ICMS partilhado e a integração do módulo fiscal com o WebService do portal GNRE para a emissão de guias em lote.
Constatou-se, de modo geral, que existem algumas possibilidades para melhor administrar as mudanças e facilitar o processo, como utilizar a seu favor o portal da GNRE, aberturas das inscrições em casos de grandes volumes, focar alguns funcionários para essa demanda, entre outros, respondendo assim à problemática levantada e atendendo às expectativas quanto aos objetivos, e, por se tratar de um assunto extenso, sugerem-se pesquisas focadas para as exceções dos Estados, para saber quem é considerado não contribuinte.
ABSTRACT: The article aims to present the new rules of Constitutional Amendment No. 87/2015, which took effect only as of January 1, 2016. A survey was made of the form of work adopted by company X, in the field of construction materials, Identifying all the difficulties and bringing the maximum of possible suggestions to help in the choice of decision, aiming at the best development of the new activities. The methodology applied was the bibliographical research and field research, collecting data and returning results, such as the opening of new registrations, which, in addition to facilitating the collection on many invoices, also reduces the expenses generated for the company. It is because the excess of invoices imposes obstacles to the realization of the ICMS payment by the company to the destination in the act of issuing the note, so that, when submitted to future payments, there would be a fine and interest, besides the risk of a Fine for administrative infraction. Another solution, already accepted by company X, is the issuance of batch guides, in which a file is sent with numerous invoices for the WebService of the GNRE portal, returning with the barcode of the guides issued. Therefore, there is only concern with the payment, with gain of time and also facilitating the control.
KEYWORDS: ICMS. Differential aliquot. Constitutional amendment
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