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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS CONTABILIDADE FISCAL Autoria: Fábio Darci Kowalski 657.490981 K75c Kowalski, Fábio Darci Contabilidade Fiscal/ Fábio Darci Kowalski. Indaial : UNIASSELVI, 2016. 157 p. : il. ISBN 978-85-69910-17-6 1. Contabilidade Fiscal - Brasil I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão Gramatical: Sandra Pottmeier Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © UNIASSELVI 2016 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Possui graduação em Ciências Contábeis, especialização em Contabilidade Financeira e Auditoria e mestrado em Ciências Contábeis. Atualmente é professor e Coordenador do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Leonardo da Vinci - Uniasselvi. É professor de ensino superior nos cursos de pós-graduação (latu senso) lecionando as disciplinas de Planejamento Tributário e Auditoria Tributária. É contador das empresas: CEESAM GERADORA S/A - COOPERATIVA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E DESENVOLVIMENTO SANTA MARIA - COOPERATIVA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA SANTA MARIA Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Contabilidade Avançada, Fiscal, Tributária e Comercial. Fábio Darci Kowalski Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Documentos Fiscais ...................................................................... 9 CAPÍTULO 2 Introdução ao ICMS .................................................................... 33 CAPÍTULO 3 ICMS Normal ................................................................................ 45 CAPÍTULO 4 ICMS Substituição Tributária .................................................. 101 CAPÍTULO 5 Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI ..................... 135 APRESENTAÇÃO A redução de custos é uma necessidade de todas as empresas brasileiras, sob condições de alta competitividade, que se impõe de forma ainda mais urgente no que tange aos custos tributários, dado seu fortíssimo incremento nos últimos anos e suas características de drenar o caixa das organizações. Assim, dentre os ins trumentos utilizados pela Contabilidade Fiscal, um dos mais importantes aos contadores/controllers é o que leva a uma redução legal do ónus tributário empresa rial, denominado planejamento tributário. Sendo assim, a expressão “Contabilidade Fiscal” é usualmente utilizada para designar a escrituração de fatos que geram obrigações tributárias e fiscais. Porém, com a crescente integração dos setores, a contabilidade fiscal vem sendo utilizada de forma ampla e versátil, pois possibilita a geração de economia através da redução de tributos de forma lícita. Por esse motivo, apresentamos nesse caderno de estudos 5 capítulos voltados, além da escrituração de fatos que geram obrigações tributárias e fiscais, a análise de obrigações tributárias, ao planejamento tributário, a obtenção de créditos e redução de débitos tributários e a formação de preço de venda. Dessa forma, o Capitulo 1 apresenta os documentos fiscais mais utilizados atualmente, principais campos obrigatórios que devem ser preenchidos, informações complementares e as principais características da EFD ICMS IPI. No Capítulo 2, é dada uma introdução ao ICMS, sendo analisada especificamente a legislação do Estado de Santa Catarina, bem como, as principais interposições do ICMS SC com demais Estados. No Capítulo 3, é apresentado o ICMS normal, suas alíquotas internas e interestaduais, principais créditos e o cálculo da não cumulatividade. Já no Capítulo 4, é apresentado o ICMS Substituição Tributária, o conceito de substituto e substituído, margem de valor agregado, cálculo e as diferencias de operações entre empresas normais e do simples nacional. E, o Capítulo 5, encerra o caderno de estudos abordando o IPI, o efeito tributário das compras de material de consumo e para revenda e o cálculo do preço de venda com ou sem ICMS na base de cálculo do IPI. O autor. CAPÍTULO 1 Documentos Fiscais A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os principais campos obrigatórios que devem ser preenchidos para emissão de uma nota fi scal eletrônica. Conhecer os documentos fi scais exigidos pela legislação. Preenchimento de informações complementares nas notas fi scais. Conhecer os principais livros fi scais exigidos pelo governo federal, estadual e municipal. Conhecer a declaração da EFD ICMS IPI e suas principais características e necessidades operacionais. 10 Contabilidade fi scal 11 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 ConteXtualização A contabilidade fi scal está relacionada a emissão de documentos fi scais, desde modelos de documentos a serem utilizados até seu correto preenchimento. Conhecer a forma correta de emitir um documento fi scal credencia o contabilista a atuar num campo muito amplo e requisitado pelo mercado de trabalho: o setor fi scal/tributário da empresa. Há vários tipos de documentos fi scais e vários campos a serem preenchidos. Incorrer em erro nesse preenchimento, inutiliza o documento fi scal, uma vez que a legislação considera que documentos fi scais preenchidos de forma incorreta ou incompleta são inválidos para fi ns fi scais e contábeis. Tipos de Documentos Fiscais Há vários tipos de documentos fi scais a serem emitidos, dentre os principais destacam-se: a) Nota Fiscal, modelo 1. b) Nota Fiscal de Produtor, modelo 4. c) Nota Fiscal Avulsa. d) Nota Fiscal Conta de Energia, modelo 6. e) Nota Fiscal de Venda a Consumidor, modelo 2 série D. f) Cupom Fiscal. g) Nota Fiscal Eletrônica, modelo 55. h) Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas, modelo 8 (ou modelo 57 CTRC-e). i) Nota Fiscal de Serviço de Comunicação, modelo 21. j) Nota Fiscal de Serviço de Telecomunicação, modelo 22. Entretanto, o modelo mais comum e utilizado atualmente é a Nota Fiscal Eletrônica, modelo 55. Você poderá conhecer um pouco mais da Nota Fiscal Eletrônica através do seguinte site: <www.nfe.fazenda.gov.br>. O DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica) é uma representação gráfi ca simplifi cada da Nota Fiscal Eletrônica, também conhecida 12 Contabilidade fi scal como NF-e, e tem como funções, dentre outras, conter a chave de acesso da NF-e (permitindo, assim, a consulta às suas informações na Internet) e acompanhar a mercadoria em trânsito. Tendo como base o DANFE da Nota Fiscal modelo 55, analisaremos alguns dos principais requisitos necessários para seu preenchimento. NATUREZA DA OPERAÇÃO (CFOP) NATUREZA DA OPERAÇÃO – Este campo servirá para especifi car a fi nalidade da Nota Fiscal, ou seja, tratando-se de uma venda, uma devolução, remessa para conserto etc. Juntamente com a natureza de operação é inserido o CFOP – Código Fiscal de Operação e Prestações. É o código que identifi ca a natureza da operação. O CFOP é composto por 4 dígitos. O primeiro dígito identifi cará a seguinte situação: 5 – saída para dentro do estado. 6 – saída para fora do estado. 7 – saída para fora do país. Todas as notas fi scais de saída são emitidas com o código 5, 6 ou 7. Depois, o destinatário codifi ca essas mesmas notas fi scais como entradas, com o código 1, 2 ou 3. Haverá documento fi scal com o código1, 2 ou 3 desde que a própria empresa emita uma nota fi scal de entrada. Por exemplo: Na venda de mercadorias a uma pessoa física: CFOP 5.102 Se a pessoa devolver a mercadoria para a empresa, então, essa precisará dar a entrada através de documento fi scal, nesse caso, emitirá uma nota fi scal com o CFOP de 1.202. Dessa forma, pode-se concluir que: 5 – saída para dentro do estado. O destinatário codifi cará o CFOP para a entrada onde o primeiro dígito será 1. 6 – saída para fora do estado. O destinatário codifi cará o CFOP para a entrada onde o primeiro dígito será 2. 7 – saída para fora do país. O destinatário codifi cará o CFOP para a entrada onde o primeiro dígito será 3. 13 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 Agora que vimos o primeiro dígito do CFOP, vamos analisar os outros 3. Os demais dígitos visam identifi car a natureza da operação. Veja alguns exemplos: a) Entradas 1.101 ou 2.101 ou 3.101 - Compra para industrialização - Classifi cam- se neste código as compras de mercadorias a serem utilizadas em processo de industrialização. Também serão classifi cadas neste código as entradas de mercadorias em estabelecimento industrial de cooperativa recebidas de seus cooperados ou de estabelecimento de outra cooperativa. 1.102 o u 2.102 ou 3.102 - Compra para comercialização - Classifi cam-se neste código as compras de mercadorias a serem comercializadas. Também serão classifi cadas neste código as entradas de mercadorias em estabelecimento comercial de cooperativa recebidas de seus cooperados ou de estabelecimento de outra cooperativa. 1.252 ou 2.252 - Compra de energia elétrica por estabelecimento industrial - Classifi cam-se neste código as compras de energia elétrica utilizada no processo de industrialização. Também serão classifi cadas neste código as compras de energia elétrica utilizada por estabelecimento industrial de cooperativa. 1.303 ou 2.303 - Aquisição de serviço de comunicação por estabelecimento comercial - Classifi cam-se neste código as aquisições de serviços de comunicação utilizados por estabelecimento comercial. Também serão classifi cadas neste código as aquisições de serviços de comunicação utilizados por estabelecimento comercial de cooperativa. 1.353 ou 2.353 ou 3.353 - Aquisição de serviço de transporte por estabelecimento comercial - Classifi cam-se neste código as aquisições de serviços de transporte utilizados por estabelecimento comercial. Também serão classifi cadas neste código as aquisições de serviços de transporte utilizados por estabelecimento comercial de cooperativa. 1.403 ou 2.403 - Compra para comercialização em operação com mercadoria sujeita ao regime de substituição tributária - Classifi cam-se neste código as compras de mercadorias a serem comercializadas, decorrentes de operações com mercadorias sujeitas ao regime de substituição tributária. Também serão classifi cadas neste código as compras de mercadorias sujeitas ao regime de substituição tributária em estabelecimento comercial de cooperativa. 14 Contabilidade fi scal 1.551 ou 2.551 ou 3.551 - Compra de bem para o ativo imobilizado - Classifi cam-se neste código as compras de bens destinados ao ativo imobilizado do estabelecimento. 1.556 ou 2.556 ou 3.556 - Compra de material para uso ou consumo - Classifi cam-se neste código as compras de mercadorias destinadas ao uso ou consumo do estabelecimento. 1.653 ou 2.653 - Compra de combustível ou lubrifi cante por consumidor ou usuário fi nal (Código 1.653, introduzido pela alteração nº 472, Dec. nº 1.321, DOE 23.12.2003, início de vigência 1º.01.2004). 1.910 ou 2.910- Entrada de bonifi cação, doação ou brinde - Classifi cam- se neste código as entradas de mercadorias recebidas a título de bonifi cação, doação ou brinde. 1.949 ou 2.929 ou 3.949 - Outra entrada de mercadoria ou prestação de serviço não especifi cada - Classifi cam-se neste código as outras entradas de mercadorias ou prestações de serviços que não tenham sido especifi cadas nos códigos anteriores. b) Saídas 5.101 ou 6.101 ou 7.101 - Venda de produção do estabelecimento - Classifi cam-se neste código as vendas de produtos industrializados no estabelecimento. Também serão classifi cadas neste código as vendas de mercadorias por estabelecimento industrial de cooperativa destinadas a seus cooperados ou a estabelecimento de outra cooperativa. 5.102 o u 6.102 ou 7.102 - Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros - Classifi cam-se neste código as vendas de mercadorias adquiridas ou recebidas de terceiros para industrialização ou comercialização, que não tenham sido objeto de qualquer processo industrial no estabelecimento. Também serão classifi cadas neste código as vendas de mercadorias por estabelecimento comercial de cooperativa destinadas a seus cooperados ou estabelecimento de outra cooperativa. 5.124 ou 6.124 - Industrialização efetuada para outra empresa - Classifi cam- se neste código as saídas de mercadorias industrializadas para terceiros, compreendendo os valores referentes aos serviços prestados e os das mercadorias de propriedade do industrializador empregadas no processo industrial. 15 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 5.252 ou 6.252- Venda de energia elétrica para estabelecimento industrial - Classifi cam-se neste código as vendas de energia elétrica para consumo por estabelecimento industrial. Também serão classifi cadas neste código as vendas de energia elétrica destinada a estabelecimento industrial de cooperativa. 5.302 ou 6.302 - Prestação de serviço de comunicação a estabelecimento industrial - Classifi cam-se neste código as prestações de serviços de comunicação a estabelecimento industrial. Também serão classifi cados neste código os serviços de comunicação prestados a estabelecimento industrial de cooperativa. 5.353 ou 6.353 - Prestação de serviço de transporte a estabelecimento comercial - Classifi cam-se neste código as prestações de serviços de transporte a estabelecimento comercial. Também serão classifi cados neste código os serviços de transporte prestados a estabelecimento comercial de cooperativa. 5.405 ou 6.405 - Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros em operação com mercadoria sujeita ao regime de substituição tributária, na condição de contribuinte substituído - Classifi cam-se neste código as vendas de mercadorias adquiridas ou recebidas de terceiros em operação com mercadorias sujeitas ao regime de substituição tributária, na condição de contribuinte substituído. 5.551 ou 6.551 ou 7.551 - Venda de bem do ativo imobilizado - Classifi cam- se neste código as vendas de bens integrantes do ativo imobilizado do estabelecimento. 5.653 ou 6.653 - Venda de combustível ou lubrifi cante de produção do estabelecimento destinado a consumidor ou usuário fi nal (Código 5.653, introduzido pela alteração nº 473, Dec. nº 1.321, DOE 23.12.2003, início de vigência 1º.01.2004) - Classifi cam-se neste código as vendas de combustíveis ou lubrifi cantes industrializados no estabelecimento destinados a consumo em processo de industrialização de outros produtos, à prestação de serviços ou a usuário fi nal, inclusive aquelas decorrentes de encomenda para entrega futura, cujo faturamento tenha sido classifi cado no código 5.922 ou 6.922- “Lançamento efetuado a título de simples faturamento decorrente de venda para entrega futura”. 5.902 ou 6.902 - Retorno de mercadoria utilizada na industrialização por encomenda - Classifi cam-se neste código as remessas, pelo estabelecimento industrializador, dos insumos recebidos para industrialização e incorporados ao produto fi nal, por encomenda de outra empresa ou de outro estabelecimento da mesma empresa. O valor dos insumos nesta operação deverá ser igual ao valor dos insumos recebidos para industrialização. 16 Contabilidade fi scal 5.912 ou 6.912 - Remessa de mercadoria ou bem para demonstração - Classifi cam-se neste código as remessas de mercadorias ou bens para demonstração. 5.949ou 6.949 ou 7.949 - Outra saída de mercadoria ou prestação de serviço não especifi cado - Classifi cam-se neste código as outras saídas de mercadorias ou prestações de serviços que não tenham sido especifi cados nos códigos anteriores. Note que nem todos os CFOP possuem o código 3 ou 7 de início, ou seja, não são todas as operações que podem estar relacionadas ao mercado externo, isso varia de acordo com as regras fi scais vigentes. Você poderá acessar todos os CFOP através do seguinte site: <https://www.sefaz.pe.gov.br/Legislacao/Tributaria/Documents/ Legislacao/Tabelas/CFOP.htm>. INSCRIÇÃO ESTADUAL DO SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO Neste campo deve ser preenchida a Inscrição Estadual do Substituto Tributário. O contribuinte substituto estabelecido em outra unidade da Federação poderá inscrever-se no CCICMS de qualquer Estado, mediante pedido de inscrição na SEFAZ – Secretaria da Fazenda Estadual. Após obter a inscrição como Substituto Tributário o ICMS retido por Substituição Tributaria não precisará mais ser pago toda a vez que houver a emissão de algum documento fi scal que tenha a retenção de ICMS por substituição tributaria, mas sim, no mês subsequente ao período de apuração em relação a todos os documentos fi cais emitidos para aquele estado e que tenha substituição tributária. Para cada estado é necessária a inscrição como substituto. A Inscrição Estadual como Substituto Tributário não é obrigatória, mas para aquelas empresas que são substitutos tributários (indústria ou importadores que vendem mercadorias sujeitos a substituição tributária) poderá facilitar tanto a apuração como o pagamento do imposto retido. Mais informações sobre substituição tributária você verá adiante no capítulo 4 desse caderno de estudos. CÓDIGO DO PRODUTO CLASSIFICAÇÃO FISCAL SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA 17 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 CÓDIGO DO PRODUTO – Código interno defi nido pela entidade que emitiu o documento fi scal. CLASSIFICAÇÃO FISCAL – Está relacionada à Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) para produtos industrializados, conforme defi nido pelo Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto nº 7.212/2010. Mais informações sobre o IPI você verá adiante no capítulo 5 desse caderno de estudos. Mas para pesquisar o NCM dos produtos que são vendidos em todo o Mercosul acesse: <idg.receita.fazenda. gov.br/acesso-rapido/legislacao/documentos-e-arquivos/tipi>. SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA - É composta por 3 dígitos sendo que o primeiro identifi ca a origem da mercadoria: 0 – Nacional, exceto as indicadas nos códigos 3, 4, 5 e 8 (cf. Ajuste SINIEF 15/2013 – efeitos a partir de 1° de agosto de 2013); 1 – Estrangeira – importação direta, exceto a indicada no código 6; 2 – Estrangeira – adquirida no mercado interno, exceto a indicada no código 7; 3 – Nacional, mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação superior a 40% (quarenta por cento) e inferior ou igual a 70% (setenta por cento); (cf. Ajuste SINIEF 15/2013 – efeitos a partir de 1° de agosto de 2013); 4 – Nacional – cuja produção tenha sido feita em conformidade com os processos produtivos básicos de que tratam o Decreto-Lei n° 288/67 e as Leis nos 8.248/91, 8.387/91, 10.176/2001 e 11.484/2007; 5 – Nacional – mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação inferior ou igual a 40% (quarenta por cento); 6 – Estrangeira – importação direta, sem similar, constante em lista de Resolução CAMEX e gás natural; (cf. Ajuste SINIEF 2/2013 – efeitos a partir de 8 de fevereiro de 2013); 7 – Estrangeira – adquirida no mercado interno, sem similar nacional, constante em lista de Resolução CAMEX e gás natural. (cf. Ajuste SINIEF 2/2013 – efeitos a partir de 8 de fevereiro de 2013); 18 Contabilidade fi scal 8 – Nacional, mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação superior a 70% (setenta por cento); (cf. Ajuste SINIEF 15/2013 – efeitos a partir de 1° de agosto de 2013); Os outros 2 dígitos a seguir identifi cam a tributação pelo ICMS: 00 – Tributada integralmente. 10 – Tributada e com cobrança do ICMS por substituição tributária. 20 – Com redução de base de cálculo. 30 – Isenta ou não tributada e com cobrança do ICMS por substituição tributária. 40 – Isenta. 41 – Não tributada. 50 – Suspensão. 51 – Diferimento. 60 – ICMS cobrado anteriormente por substituição tributária. 70 – Com redução de base de cálculo e cobrança do ICMS por substituição tributária. 90 – Outras. Mais informações sobre a tributação do ICMS você verá adiante no capítulo 2 desse caderno de estudos. CÁLCULO DO VALOR TOTAL DA NOTA: O valor total da Nota Fiscal será sempre o resultado dos campos com os seguintes valores: ICMS Substituição + total dos produtos + frete + seguro (-) desconto + outras despesas acessórios + IPI. Figura 1 – Cálculo do valor total da nota Base Cálculo ICMS Valor ICMS Base de Cálculo ICMS S.T. Valor ICMS Substituição Valor Total dos Produtos Valor de Frete Valor do Seguro Desconto Outras Desp. Acessórias Valor Total do IPI Valor Total da Nota Fonte: O autor. A base de cálculo do ICMS corresponde ao valor da operação desde que tributada. Incluem-se também os valores com seguro, fretes e outras despesas. O IPI também será incluído na base de cálculo do ICMS quando a operação se destinar ao usuário fi nal. Os descontos incondicionais não devem compor a 19 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 base de cálculo do ICMS, somente a base de cálculo do IPI. O ICMS nunca será somado ao valor total da nota fi scal, ele é apenas destacado uma vez que é um imposto que se calcula por dentro. Mais informações sobre a tributação do ICMS você verá adiante no capítulo 2 desse caderno de estudos, inclusive com diversos exemplos de cálculo do ICMS Substituição Tributária e IPI. TRANSPORTADOR / VOLUMES TRANSPORTADOS FRETE POR CONTA Inserir no documento fi scal quem será o responsável pelo frete. Geralmente em pedidos e/ou orçamentos consta a expressão: CIF (PAGO) ou FOB (A PAGAR). CIF é a abreviação de cost, insurance and freight (custo, seguro e frete), terminologia indicativa de que fi ca por conta do vendedor o ônus do serviço de transporte, seguro e outras despesas inerentes à remessa das mercadorias ou produtos que foram vendidos até o seu destinatário, porém sendo cobrada, para isso, uma quantia que integrará o preço de venda. A cláusula CIF também é conhecida como “Frete pago pelo remetente”. FOB é a abreviação free on board (livre a bordo), neste caso as despesas inerentes do serviço de transporte, como o frete, seguro de demais despesas decorrentes do serviço de transporte, entre o estabelecimento vendedor até o destinatário adquirente, que correm por conta do último, ou seja, o adquirente das mercadorias. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES Neste campo, devem ser preenchidas informações de interesse ao fi sco, como por exemplo, a indicação da base legal que torna a mercadoria isenta, do IPI e/ou ICMS. Devem ser preenchidas as informações para o destinatário da mercadoria, produto ou serviço, como por exemplo, dados para depósito, memórias de cálculo etc. Sempre que uma nota fi scal for emitida sem os destaques do impostos (ICMS para qualquer circulação de mercadoria e IPI somente para indústria) deverá obrigatoriamente haver alguma informação complementar que justifi que tal motivo. São alguns exemplos de observações fi scais de acordo com o regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina, conforme Decreto 2.870/2001: Sempre que uma nota fi scal for emitida sem os destaques do impostos deverá obrigatoriamente haver alguma informação complementar que justifi que tal motivo. 20 Contabilidade fi scal Amostra Grátis ICMS Isento, Anexo 2, artigo 2, inciso XVIII, do RICMS/SC. Remessa Industrialização ICMS Suspenso, conforme Anexo 2, artigo 27, inciso I do RICMS/SC. Retorno Industrialização ICMS Suspenso, Anexo 2, artigo 27, inciso II do RICMS/SC. Remessa para conserto ICMS suspenso, anexo 2, artigo 27, inciso I do RICMS/SC. Retorno de conserto ICMS suspenso, anexo 2, artigo 27, inciso II doRICMS/SC. Substituição Tributária Imposto Retido por Substituição Tributária, Anexo 3 do RICMS/SC. Venda de ativo para Pessoa Jurídica ICMS Isento, anexo 2, artigo 35, inciso I. Venda de Pessoa Física ou Não contribuinte de ICMS (NF de entrada ou NF avulsa) Não contribuinte do ICMS, artigo 7 do RICMS/SC. Transferência para Filial ICMS Diferido, Anexo 3, artigo 8, inciso III, do RICMS/SC. Remessa conserto de ativo ICMS Suspenso, artigo 36, inciso II, anexo 2 do RICMS/SC. Remessa ativo uso fora do estabelecimento ICMS Suspenso, artigo 36, inciso II, anexo 2 do RICMS/SC. Remessa de sucata em SC ICMS Diferido, Anexo 3, inciso XVI, artigo 8. Exportação ICMS não incidência, artigo 6, inciso II do RICMS/SC. São alguns exemplos de observações fi scais de acordo com o regulamento do IPI, conforme Decreto 7.212/2010: 21 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 Remessa para exposição ou feira IPI suspenso conforme artigo 43, inciso II do RIPI 2010. Industrialização por encomenda IPI suspenso conforme artigo 43, inciso VI do RIPI 2010. Remessa para armazém IPI suspenso conforme artigo 42, inciso III do RIPI 2010. Venda para zona franca de Manaus IPI suspenso conforme artigo 84, do RIPI 2010. Quanto às observações fi scais do IPI, pelo fato de ser um imposto federal, vale para todas as unidades federativas, entretanto, quanto ao ICMS, será necessário verifi car em cada regulamento qual o correto dispositivo legal a ser utilizado. LiVros Fiscais São os livros exigidos pelo governo federal, estadual e municipal. Dentre os mais importantes destacam-se: • Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR (apura o lucro tributá vel base para cálculo do Imposto de Renda). • Livro de Apuração do IPI (utilizado pelos estabelecimentos industriais, e equiparados a industrial para controle do Imposto sobre Produtos Industrializados). Substituído por quem adota a EFD; • Registro de Entrada de Mercadorias (utilizado para registro de todas as entradas de produtos ou mercadorias); Substituído por quem adota a EFD ICMS IPI; • Registro de Saída de Mercadorias (utilizado para registro de todas as saídas de produtos ou mercadorias); Substituído por quem adota a EFD ICMS IPI; • Livro de Apuração do ICMS (utilizado para registro de todas as entradas e saídas de produtos ou mercadorias, para apuração do ICMS); Substituído por quem adota a EFD ICMS IPI; • Registro de Inventário (utilizado pelos estabelecimentos que mantiverem estoque, prontos ou em elaboração); Substituído por quem adota a EFD ICMS IPI; • Livro Registro de Apuração do ISSQN (utilizado para escriturar as prestações de serviços da empresa e o respectivo imposto devido sobre essas); 22 Contabilidade fi scal • Registro de Impressão de Documentos Fiscais (utilizado pelos estabelecimentos que confeccionarem documentos fi scais para o uso próprio ou para terceiros); • Registro de Empregados (utilizado em todas as atividades para registrar informações acerca dos funcionários e sua movimentação. Poderá ser feito através de livros, fi chas ou sistema eletrônico). A grande maioria dos livros contábeis e fi scais vem sendo exigida dentro de alguma das modalidades de exigência do SPED, como por exemplo, é o caso do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR, que passou a ser feito dentro da Escrituração Contábil Fiscal ECF e sua denominação agora é e-Lalur. SPED: EFD ICMS/IPI De acordo com o Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre o fi sco e os contribuintes. Conforme a Receita Federal do Brasil, RFB (2016), o Sped consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fi scalizadores, utilizando-se da certifi cação digital para fi ns de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. Ainda de acordo com a Receita Federal do Brasil, RFB (2016), o Sped: • Iniciou-se com três grandes projetos: Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal Digital e a NF-e - Ambiente Nacional. • Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três esferas governamentais: federal, estadual e municipal. • Mantém parceria com 20 instituições, entre órgãos públicos, conselho de classe, associações e entidades civis, na construção conjunta do projeto. • Firma Protocolos de Cooperação com 27 empresas do setor privado, participantes do projeto-piloto, objetivando o desenvolvimento e o disciplinamento dos trabalhos conjuntos. • Possibilita, com as parcerias fi sco-empresas, planejamento e identifi cação de soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias, em face às exigências a serem requeridas pelas administrações tributárias. 23 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 • Faz com que a efetiva participação dos contribuintes na defi nição dos meios de atendimento às obrigações tributárias acessórias exigidas pela legislação tributária contribua para aprimorar esses mecanismos e confi ra a esses instrumentos maior grau de legitimidade social. • Estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência mútua, com refl exos positivos para toda a sociedade. Segundo a Receita Federal do Brasil, RFB (2016), o Sped tem como benefícios: • Redução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel; • Eliminação do papel; • Redução de custos com a racionalização e simplifi cação das obrigações acessórias; • Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas unidades federadas; • Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas; • Redução do tempo despendido com a presença de auditores fi scais nas instalações do contribuinte; • Simplifi cação e agilização dos procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária (comércio exterior, regimes especiais e trânsito entre unidades da federação); • Fortalecimento do controle e da fi scalização por meio de intercâmbio de informações entre as administrações tributárias; • Rapidez no acesso às informações; • Aumento da produtividade do auditor através da eliminação dos passos para coleta dos arquivos; • Possibilidade de troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de um layout padrão; • Redução de custos administrativos; • Melhoria da qualidade da informação; • Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fi scais; • Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos distintos e concomitantes; • Redução do “Custo Brasil”; • Aperfeiçoamento do combate à sonegação; • Preservação do meio ambiente pela redução do consumo de papel. Sendo assim, o Sped tem como objetivos: • Promover a integração dos fi scos, mediante a padronização e compartilhamento das informações contábeis e fi scais, respeitadas as restrições legais. 24 Contabilidade fi scal • Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos fi scalizadores. • Tornar mais célere a identifi cação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fi scalização mais efetiva das operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. A EFD-ICMS/IPI que faz parte do Sped, é um arquivo digital, que reúne informações dos documentos fi scais e de outras informações de interesse dos Fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, além da apuração do ICMS e do IPI. Para que a EFD-ICMS/IPI seja enviada é obrigatório o uso da certifi cação digital. A legislação geral aplicável à EFD-ICMS/IPI encontra-se no endereço: <http://sped.rfb.gov.br/pastalegislacao/show/518>. Entretanto, cada unidadefederativa possui legislação específi ca a qual deve ser consultada no site da Secretaria de Fazenda do domicílio do contribuinte. A EFD-ICMS/IPI deve ser enviada uma vez por mês e deve ser assinada digitalmente pelo representante legal da empresa ou procurador desse. Comumente o prazo é o dia 20 do mês subsequente ao da apuração, porém é necessário verifi car esse prazo em cada unidade federativa. Não será preciso imprimir os livros fi scais constantes da EFD-ICMS/IPI e autenticá-los na repartição estadual, não há que se falar em autenticação de livros impressos, uma vez que um dos objetivos do Projeto Sped é a economia de papel. O Guia Prático da EFD-ICMS/IPI está disponível em: <http:// sped.rfb.gov.br/pasta/show/1573>. A EFD-ICMS/IPI é enviada de acordo com o perfi l de enquadramento do contribuinte. O perfi l de enquadramento determina os registros a serem apresentados, ou seja, o perfi l “A” determina a apresentação dos registros de forma mais detalhada, o perfi l “B” trata as informações de forma sintética (totalizações por período: diário e mensal) e o perfi l “C”, implementado a partir de 01/01/2013, é utilizado para a apresentação de escriturações mais simplifi cadas. 25 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 O contribuinte deve gerar e manter uma EFD-ICMS/IPI para cada estabelecimento, devendo esta conter todas as informações referentes aos períodos de apuração do(s) imposto(s), ou seja, se a empresa possui 01 matriz e 3 fi liais, deverá enviar 4 arquivos. Se existir a informação, o contribuinte está obrigado a prestá-la. A omissão ou inexatidão de informações poderá acarretar penalidades e a obrigatoriedade de reapresentação do arquivo integral, de acordo com as regras estabelecidas pela Administração Tributária. De acordo com a Receita Federal do Brasil, RFB (2016), considera-se a totalidade das informações: 1 - as relativas às entradas e saídas de mercadorias, bem como aos serviços prestados e tomados, incluindo a descrição dos itens de mercadorias, produtos e serviços. 2 - as relativas à quantidade, descrição e valores de mercadorias, matérias- primas, produtos intermediários, materiais de embalagem, produtos manufaturados e produtos em fabricação, em posse ou pertencentes ao estabelecimento do contribuinte declarante, ou fora do estabelecimento e em poder de terceiros e de terceiros de posse do informante. 3 - as relativas à produção de produtos em processo e produtos acabados e respectivos consumos de insumos, tanto no estabelecimento do contribuinte quanto em estabelecimento de terceiro, bem como o estoque escriturado. 4 - qualquer informação que repercuta no inventário físico e contábil, no processo produtivo, na apuração, no pagamento ou na cobrança de tributos de competência dos entes conveniados ou outras de interesse das administrações tributárias. Além disso, qualquer situação de exceção na tributação do ICMS ou IPI, tais como: isenção, imunidade, não-incidência, diferimento ou suspensão do recolhimento, também deverá ser informada no arquivo digital, indicando-se o respectivo dispositivo legal. O preenchimento da EFD-ICMS/IPI poderá ser feito de forma manual ou através da importação das informações através de outro sistema fi scal auxiliar de uso interno de cada empresa. A maioria das empresas opta pela importação, uma vez que a informação já vem parametrizada, o que torna mais prático e seguro o seu preenchimento. A EFD-ICMS/IPI está dividida em 9 BLOCOS distintos: Bloco 0: Abertura, Identifi cação e Referências. Bloco C: Documentos Fiscais I – Mercadorias (ICMS/IPI). Se existir a informação, o contribuinte está obrigado a prestála. 26 Contabilidade fi scal Bloco D: Documentos Fiscais II – Serviços (ICMS). Bloco E: Apuração do ICMS e do IPI. Bloco G: Controle do Crédito de ICMS do Ativo Permanente – CIAP. Bloco H: Inventário Físico. Bloco K: Controle da Produção e do Estoque. Bloco 1: Outras Informações. Bloco 9: Controle e Encerramento do Arquivo Digital. Estes 9 Blocos estão divididos em vários registros. Inicia-se pelo registro 0000 e termina no registro 9999, referindo-se cada um deles a um agrupamento de documentos e de outras informações econômico-fi scais. Todos os programas do Sped, inclusive a EFD ICMS IPI, estão disponíveis para download gratuitamente no seguinte site: <http:// sped.rfb.gov.br/>. CertiFicação DiGital O comitê Gestor da ICP-Brasil, mantido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, o qual possui a função de coordenar a implantação e o funcionamento da infraestrutura (art. 4º, inc. I, da M.P. 2.200-2/01), em reunião realizada no dia 10 de fevereiro de 2009, defi niu que o certifi cado digital é tratado como um produto, e não serviço. Sendo assim, o certifi cado digital ICP-Brasil atua como uma identidade virtual que permite a identifi cação segura e inequívoca do autor de uma mensagem ou transação feita em meios eletrônicos, como por exemplo, para envio da EFD- ICMS/IPI será obrigatório o uso do certifi cado digital. Esse documento eletrônico é gerado e assinado por uma terceira parte confi ável, ou seja, uma Autoridade Certifi cadora (AC) que, seguindo regras estabelecidas pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, associa uma entidade (pessoa, processo, servidor) a uma série de chaves criptográfi cas. Os certifi cados contêm informações de seu titular, conforme detalhado na Política de Segurança de cada Autoridade Certifi cadora O certifi cado digital é um documento eletrônico que identifi ca de forma muito segura pessoas, empresas, sistemas e informações no mundo digital. Ele é imprescindível nos dias de hoje onde as pessoas buscam qualidade de vida e precisam lidar com as obrigações cotidianas de fi rmar compromissos, assinar 27 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 documentos e identifi car-se perante instituições que exigem comprovação inequívoca da sua identidade. Há um aumento signifi cativo de pessoas e empresas que têm experimentado os benefícios da tecnologia do certifi cado digital - um componente de inovação que aumenta extremamente o grau de confi ança das transações eletrônicas. E sua utilização promove o surgimento de novas soluções e serviços digitais de forma segura e confi ável. Pode-se dizer que as principais vantagens do uso do certifi cado digital são suas propriedades tecnológicas e legais, atribuindo segurança digital e validade jurídica em documentos assinados eletronicamente. A certifi cação digital surgiu para substituir a assinatura manuscrita em documentos e eliminar a impressão e gastos relacionados ao controle, envio e reconhecimento de fi rmas. Por meio de uma operação eletrônica, a assinatura eletrônica é executada pela Internet, de forma simplifi cada e com total legitimidade. De acordo com o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, a lista de serviços que requerem o uso de certifi cados digitais cresce diariamente, permitindo trazer maior conforto às pessoas nas suas atividades profi ssionais. São alguns dos benefícios da certifi cação digital: • Reduz custos e simplifi ca o seu dia a dia; • Reduz fraudes na comunicação digital, propiciando menor risco à sua experiência de liberdade na internet; • Aumenta a confi ança em transações eletrônicas; • Diminui a burocracia; • Dispensa o reconhecimento de fi rma em cartório; • Atribui validade jurídica a documentos eletrônicos; • Aumenta credibilidade digital das partes envolvidas; • É ecologicamente correto: mais economia e sustentabilidade; • Garante privacidade. Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, é possível utilizar a certifi cação digital para: • Declaração de Imposto de Renda, Notas Fiscais, SPED Fiscal e Contábil, simplifi cando a declaração das suas obrigações acessórias junto ao Fisco; • Acessar áreas restritas dos serviços da Receita Federal (e-CAC); • Assinar digitalmente documentos, como uma apólice de seguro, contratos de câmbio e de qualquer natureza, dispensando a impressão e reconhecimentode fi rmas em cartório; • Assinar e-mails; 28 Contabilidade fi scal • Emitir procurações eletrônicas para participação em assembleias de acionistas; • Assinar e enviar documentos de faturamento envolvidos no atendimento médico-hospitalar (TISS); • Assinar e proteger o prontuário médico eletrônico do paciente; • Realizar operações de comércio exterior (Siscomex); • Acesso ao Sistema PROUNI-SISPROUNI pelas Instituições de Ensino Superior; • Acessar a Caixa Econômica Federal para envio do FGTS (Conectividade Social ICP). Algumas das formas de utilização são opcionais, como é o caso, por exemplo, da assinatura de e-mails, mas outras, como é o caso de todas as declarações exigidas pelo SPED, sem o uso do certifi cado não é possível enviar essas informações ao fi sco. Atividades de Estudos: 1) Qual a importância de preencher os documentos fi scais de forma correta? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) De que forma poderia ser evidenciado numa nota fi scal que algum imposto não estaria sendo tributado? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 3) Qual a diferença entre CFOP e SITUAÇÃO TRIBUTÁRIA na Nota Fiscal? Dê exemplos de CFOP não citados neste caderno de estudos: 29 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 4) Uma empresa deseja revender dentro do próprio estado mercadorias nacionais tributadas integralmente pelo ICMS. Qual seria o CFOP e a situação tributária a ser utilizada no documento fi scal? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 5) Considere agora que uma empresa, na condição de substituído, deseja revender para fora se seu estado mercadorias nacionais sujeitas a substituição tributária do ICMS. Qual seria o CFOP e a situação tributária a ser utilizada no documento fi scal? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 6) Para envio da EFD-ICMS/IPI é necessário algum tipo de dispositivo eletrônico ou qualquer pessoa poderá enviá-la? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 30 Contabilidade fi scal AlGumas ConsideraçÕes Neste capítulo, conhecemos os principais campos obrigatórios que devem ser preenchidos para emissão de uma nota fi scal eletrônica: natureza de operação juntamente com o CFOP, inscrição estadual como substituto tributário, situação tributária, classifi cação fi scal, valor total da nota fi scal, dados do transporte e informações complementares. Conhecemos os documentos fi scais exigidos pela legislação, onde foram apresentados vários tipos de documentos fi scais, sendo que o mais comum é a Nota Fiscal Eletrônica. Verifi camos algumas informações complementares onde que, para toda a saída que não haja tributação de IPI ou ICMS deverá haver alguma informação complementar que comprove a não tributação. Conhecemos os principais livros fi scais exigidos pelo governo federal, estadual e municipal, bem como sua utilidade na empresa. Conhecemos a declaração da EFD ICMS IPI e suas principais características e necessidades operacionais, como por exemplo, a obrigatoriedade do uso da certifi cação digital. ReFerÊncias BRASIL, Decreto no. 2.870, de 27 de agosto de 2001. Disponível em: <http:// legislacao.sef.sc.gov.br/cabecalhos/frame_ricms_01_00_00.htm>. Acesso em: 14 set. 2016. ______. Decreto no. 6.022, de 22 de janeiro de 2010. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Decreto/D6022.htm>. Acesso em: 14 set. 2016. ______. Decreto no. 7.212, de 15 de junho de 2010. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm>. 14 set. 2016. CFOP. Código Fiscal de Operações e Prestações. Disponível em: <https://www. sefaz.pe.gov.br/Legislacao/Tributaria/Documents/Legislacao/Tabelas/CFOP.htm>. Acesso em: 13 set. 2016. GORGES, Almir José. Dicionário do ICMS: o ICMS de A a Z.13. ed. Blumenau: Nova Letra, 2012. 31 DOCUMENTOS FISCAISCapítulo 1 ITI. Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Disponível em: <http://www.iti.gov.br/>. Acesso em: 17 de setembro de 2016. NFE. Nota fi scal eletrônica. Disponível em: <http://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx>. Acesso em: 13 set. 2016. SPED. Receita Federal do Brasil. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/>. Acesso em: 18 set. 2016. 32 Contabilidade fi scal CAPÍTULO 2 Introdução ao ICMS A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Entender quem são os contribuintes do ICMS e de que forma esse imposto volta para a sociedade. Conhecer genericamente a legislação tributária do ICMS SC. Conhecer as principais interposições do ICMS SC com os demais Estados. 34 Contabilidade fi scal 35 INTRODUÇÃO AO ICMSCapítulo 2 ConteXtualização O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS é uma das principais fontes de arrecadação dos Estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação constitucional está prevista na Lei Complementar 87/1996 (a chamada “Lei Kandir”), alterada posteriormente pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000. Cada Estado e o Distrito Federal possui um regulamento do ICMS, o que torna um dos impostos mais complexos do País, uma vez que há alterações diárias em todos os 27 regulamentos. Sendo assim, difi cilmente há alguém que possa afi rmar que conhece 100% de todos os regulamentos do ICMS, uma vez que devido as constantes alterações o acompanhamento se torna quase impossível. Entretanto, há no mercado tributário consultores que se especializam nos regulamentos de regiões específi cas, como por exemplo, região Sul do País. Esses profi ssionais são muito requisitados por empresas para que prestem consultorias. Tais profi ssionais possuem uma remuneração acima da média do mercado, pelo fato de possibilitarem as empresas uma geração de economia tributária através do planejamento tributário, buscando benefícios fi scais, reduzindo débitos e aumento créditos. São contribuintes do ICMS toda e qualquer pessoa física ou jurídica que realize com frequência ou em grande quantidade, tal que caracterize uma ação comercial, operações de circulação de mercadorias (venda, transferência, transporte, entre outros) ou serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e comunicações. De todo o valor arrecadado de ICMS pelos estados 25% voltam para os municípios. Os recursos arrecadados se destinam ao atendimento de exigências sociais e melhoria dos serviços públicos, tais como educação, saúde e segurança. Por isso, é muito importante que toda a compra que fi zermos devemos exigir nota fi scal, pois sem a emissão dessa, não haverá retorno de ICMS para o município e quem acaba perdendo somos todos nós. ReGulamento do ICMS Há27 regulamentos do ICMS na federação, porém praticamente todos têm a mesma forma de apresentação, ou seja, iniciam como uma conceitualização básica do imposto e depois divide o regulamento em anexos ou capítulos para facilitar a pesquisa. 36 Contabilidade fi scal Em nosso caderno de estudos vamos analisar um regulamento em específi co, o do Estado de Santa Catarina, o qual é defi nido no Decreto 2.870/2001. Você poderá pesquisar o regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina através do seguinte site: <http://legislacao.sef.sc.gov. br/>. O Decreto 2.870 de 28 de agosto de 2001 apresenta de início 11 capítulos, os quais são descritos a seguir: Capítulo I - da Incidência. Art. 1º. ao 5º. Capítulo II - da Não-Incidência. Art. 6º. Capítulo III - do Sujeito Passivo. Art. 7º e 8º. Capítulo IV - do Cálculo do Imposto. Art. 9º ao 27. Capítulo V - da Não-Cumulatividade do Imposto. Art. 28 ao 39-A Capítulo VI - da Transferência de Créditos. Art. 40 ao 52-A. Capítulo VII - da Apuração do Imposto. Art. 53 ao 57. Capítulo VIII - da Liquidação do Imposto. Art. 58 e 59. Capítulo IX - do Recolhimento do Imposto. Art. 60 ao 67. Capítulo X - do Controle e Fiscalização do Imposto. Art. 68 ao 78. Capítulo XI - das Disposições Finais e Transitórias. Art. 79 ao 93. O artigo 1 ao 9 deve ser apresentado na forma ordinal, já os demais artigos na forma cardinal. Fica muito mais simples dizer Art. 555 ou invés de Art. 555º. Em seguida, apresentam-se 11 anexos, os quais são descritos a seguir: Anexo 1 – Produtos sujeitos a tratamento específi co. Anexo 2 – Benefícios fi scais. Anexo 3 – Substituição tributária. Anexo 4 – Tratamento diferenciado e simplifi cado da microempresa e da empresa de pequeno porte – Simples/SC. Anexo 5 – Obrigações acessórias. Anexo 6 – Regimes e procedimentos especiais. Anexo 7 – Sistema de emissão de documentos fi scais e escrituração de livros fi scais por contribuinte usuário de equipamento de processamento de dados e regime especial para impressão e emissão simultânea de documentos fi scais. O artigo 1 ao 9 deve ser apresentado na forma ordinal, já os demais artigos na forma cardinal. Fica muito mais simples dizer Art. 555 ou invés de Art. 555º. 37 INTRODUÇÃO AO ICMSCapítulo 2 Anexo 8 – Equipamento de uso fi scal. Anexo 9 – Emissor de cupom fi scal. Anexo 10 – Código de situação tributária e código fi scal de operações e prestações. Anexo 11 – Obrigações fi scais acessórias em meio eletrônico. O ICMS é Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicações. Com os recursos do ICMS, o poder público atende de diversas formas a população, por exemplo, com a construção de rodovias, hospitais, creches, postos de saúde etc. Nos demais serviços haverá apenas a incidência do imposto sobre serviços o ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), ou seja, não haverá dupla tributação. Sendo assim, as receitas serão tributadas pelo ICMS ou pelo ISSQN, mas não pelos dois ao mesmo tempo. SeletiVidade Seletividade é a técnica fi scal que faz com que as mercadorias sejam tributadas de acordo com sua essencialidade. Sendo assim, a ideia principal é a de que os produtos supérfl uos suportem um tributo maior do que os produtos essenciais. O ICMS é um imposto seletivo em função da essencialidade da mercadoria e serviços, conforme disposição contida no artigo 155, § 2º, inciso III, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), ou seja, válido para todos os regulamentos de ICMS da federação. Cabe aqui uma ressalva, os serviços de telefonia e o consumo de energia elétrica e combustíveis são essenciais à boa qualidade de vida do cidadão, entretanto, são excessivamente onerados pelo ICMS, cujas alíquotas são as mais elevadas previstas na legislação, ou seja, 25%. IncidÊncia Derivado de incidir, na terminologia fi scal, signifi ca o alcance ou chegada efetiva do imposto sobre a pessoa que o deve pagar ou contribuir com o encargo que lhe é atribuído. Apreensão do contribuinte pelo tributo, pelo motivo de haver realizado o fato gerador do imposto. Nos demais serviços haverá apenas a incidência do imposto sobre serviços o ISSQN ou seja, não haverá dupla tributação. 38 Contabilidade fi scal Fato Gerador É o momento exato em que o contribuinte executa um fato previsto em lei (hipótese de incidência), originando a obrigação tributária para com o sujeito ativo. Contribuinte É a pessoa, física ou jurídica, obrigada por Lei a pagar o tributo, dada sua relação pessoal direta com o respectivo fato gerador. Contribuinte do ICMS, de acordo com o artigo 4º da Lei Complementar nº 87/1996, é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no Exterior. Não-IncidÊncia É a ocorrência de um ato jurídico que não está compreendido no campo de incidência do tributo, ou seja, o ato praticado não se enquadra em nenhum dos casos previstos na legislação tributária como hipótese de incidência tributária. São alguns exemplos da não-incidência do ICMS, conforme RICMS/SC Art. 6º. Capitulo II: I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços; III - operações interestaduais relativas à energia elétrica e petróleo, inclusive lubrifi cantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização etc. A lista de itens com não-incidência no RICMS/SC Art. 6º. Capítulo II vai até o inciso IX. Entretanto, nas demais unidades federativas será necessário verifi car quais são esses itens de acordo com seus regulamentos. 39 INTRODUÇÃO AO ICMSCapítulo 2 Isenção É uma situação devidamente estabelecida em lei, que dispensa o pagamento do tributo. Embora ocorra o fato gerador do tributo, o contribuinte fi ca desobrigado do seu pagamento. Excepcionalmente, as isenções do pagamento do ICMS são concedidas e revogadas através de convênios fi rmados pelos representantes dos Estados e do Distrito Federal. São alguns exemplos da isenção do ICMS conforme RICMS/SC Anexo 2, Capitulo I, Seção I, art. 2º. Inciso I: a) abóbora, abobrinha, acelga, agrião, aipim, aipo, alecrim, alface, alfavaca, alfazema, alcachofra, almeirão, aneto, anis, araruta, arruda, aspargo e azedim; b) batata, batata-doce, berinjela, bertalha, beterraba, brócolis e brotos de vegetais etc. A lista de itens com isenção no RICMS/SC Anexo 2, Capítulo I, Seção I, art. 2º. Inciso I vai até a letra “t”. Entretanto, nas demais unidades federativas será necessário verifi car quais são esses itens de acordo com seus regulamentos. Base de Cálculo Reduzida Algumas unidades da Federação entendem que a redução da base de cálculo é uma espécie de isenção parcial. São alguns exemplos da redução da base de cálculo do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 2, Capitulo II, Seção I, art. 7º: - III - em 58,823% (cinquenta e oito inteiros e oitocentos e vinte e três milésimos por cento) nas saídas de tijolo, telha, tubo e manilha. Por exemplo: Determinada mercadoria está sendo vendida por R$ 100,00 com incidência de 17% de ICMS, porém com redução de 40% na Base de Cálculo do ICMS. Qual o valor a ser destacado de ICMS no documento fi scal? Como há redução de 40% fi caria da seguinte forma: R$ 100,00 – 40% = 60,00 x 17% = R$ 10,20 de ICMS destacado. 40 Contabilidade fi scal Suspensão É o adiamento temporário da exigência de pagamento do tributo, mesmo ocorrendo o seu fato gerador, mediante o cumprimento de certas condições estabelecidas em lei. Caso essas condições não sejam integralmente cumpridas, caberá aocontribuinte benefi ciado recolher o imposto dispensado à época. São alguns exemplos da suspensão do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 2, Capítulo IV, art. 27: - I – a saída de qualquer mercadoria, para conserto, reparo ou industrialização, desde que retorne ao estabelecimento de origem, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da saída. A lista de itens com suspensão no RICMS/SC Anexo 2, Capítulo IV, art. 27 vai até o inciso IV. Entretanto, nas demais unidades federativas será necessário verifi car quais são esses itens de acordo com seus regulamentos. DiFerimento Diferimento ou substituição tributária das operações antecedentes é a postergação temporária do pagamento do imposto para uma etapa posterior de operação ou prestação, desde que cumpridos todos os requisitos legais. Desta forma, é transferida a obrigatoriedade de recolhimento do imposto ao próximo contribuinte, adquirente da mercadoria ou tomador do serviço. São alguns exemplos de diferimento do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 3, Capítulo II: Art. 3º O imposto fi ca diferido para a etapa seguinte de circulação na saída das seguintes mercadorias, quando destinadas à comercialização, industrialização ou atividade agropecuária: I - cama de aviário; II - casca de arroz; III - erva-mate em folha ou cancheada; IV - farinha grossa e raspa leve ou pesada de mandioca. A lista de itens com diferimento no RICMS/SC Anexo 3, Capítulo II vai até o inciso XII. Entretanto, nas demais unidades federativas será necessário verifi car quais são esses itens de acordo com seus regulamentos. 41 INTRODUÇÃO AO ICMSCapítulo 2 Substituição Tributária Substituto: é a pessoa física ou jurídica que, sem guardar relação pessoal e direta com o respectivo fato gerador, fi ca com a incumbência de recolher o tributo. INDUSTRIAL / FABRICANTE / IMPORTADOR Substituído: é a pessoa física ou jurídica que paga antecipadamente o tributo ao substituto que deverá efetuar imediatamente esse recolhimento que seria devido em etapa subsequente. O QUE RECEBE A MERCADORIA Os contribuintes realizam diariamente várias operações de circulação de mercadorias e bens ou de prestação de serviço de transporte e comunicação. Cada uma delas possui um tratamento fi scal peculiar, ou pela função que lhe é atribuída ou pelo destino dado. Existem, dentro da legislação, várias defi nições que são de grande relevância para que se possa entender as mencionadas operações e prestações. Mais informações sobre substituição tributária você verá adiante no capítulo 4 nesse caderno de estudos. São alguns exemplos de mercadorias sujeitas a substituição tributário do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 3, Artigo 11: Seção I - Operações com Cerveja, Refrigerante, Água Mineral ou Potável e Gelo. Seção II - Operações com Sorvete. Seção III - Operações com Cimento. Seção IV - derivados de petróleo e demais combustíveis e lubrifi cantes. A lista de itens com substituição tributária no RICMS/SC Anexo 3, Artigo 11 vai até a Seção XXXIX. Entretanto, nas demais unidades federativas será necessário verifi car quais são esses itens de acordo com seus regulamentos Atividades de Estudos: 1) Qual a importância da arrecadação do ICMS para os municípios? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 42 Contabilidade fi scal 2) Explique a seguinte afi rmativa: “Conhecer o ICMS é algo muito importante, porém difícil de ser verifi cado”. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 3) Determinada mercadoria está sendo vendida por R$ 1.500,00 com incidência de 18% de ICMS, porém, com redução de 51% na Base de Cálculo do ICMS. Qual o valor a ser destacado de ICMS no documento fi scal? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 4) Determinada mercadoria está sendo remetida para outra empresa nas condições do Regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina Decreto 2.870/2001, Anexo 2, Artigo 27, Inciso I. Pesquise no regulamento se haverá cobrança de ICMS nessa operação. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 5) Determinada empresa está vendendo papel para impressão de livros. Sabe-se que nessa operação não há incidência de ICMS. Indique o dispositivo legal no Regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina Decreto 2.870/2001 que permita essa não incidência. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 43 INTRODUÇÃO AO ICMSCapítulo 2 AlGumas ConsideraçÕes Neste capítulo, entendemos quem são os contribuintes do ICMS e de que forma esse imposto volta para a sociedade, a importância de sempre solicitarmos nota fi scal em nossas compras, uma vez que os recursos arrecadados por esse imposto são destinados a saúde, educação e segurança em nossos municípios. Conhecemos genericamente a legislação tributária do ICMS SC e vimos que cada Estado mais o Distrito Federal possui um regulamento distinto. Conhecemos as principais interposições do ICMS SC com demais Estados, uma vez que os principais conceitos como seletividade, incidência, não incidência, fato gerador, isenção, diferimento, suspensão, base de cálculo reduzida, contribuinte e substituição tributária são comuns em todas as Unidades federativas. ReFerÊncias BRASIL, Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 set. 2016. BRASIL, Decreto no. 2.870, de 27 de agosto de 2001. Disponível em: <http:// legislacao.sef.sc.gov.br/cabecalhos/frame_ricms_01_00_00.htm>. Acesso em: 14 set. 2016. GORGES, Almir José. Dicionário do ICMS: o ICMS de A a Z.13. ed. Blumenau: Nova Letra, 2012. 44 Contabilidade fi scal CAPÍTULO 3 ICMS Normal A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer as alíquotas do ICMS sobre operaçõesdiversas. Entender o efeito tributário das compras de material de consumo, para revenda e imobilizado. Identifi car os principais tipos de créditos de ICMS nas entradas. Analisar a infl uência dos descontos sobre a base de cálculo do ICMS. Calcular a não-cumulatividade do ICMS. 46 Contabilidade fi scal 47 ICMS NORMALCapítulo 3 ConteXtualização O Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS é o principal imposto de competência estadual. Os principais fatos geradores são as operações relativas à circulação de mercadorias, as prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e as prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza. Mas o ICMS também incide, entre outras hipóteses, sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquerque seja a fi nalidade. ICMS na Formação do Preço de Venda O ICMS é considerado um imposto por dentro, pois seu valor está incluído no valor dos produtos, mercadorias ou dos serviços constantes da nota fi s cal. Exemplo 1: Determinada mercadoria custou R$ 1.000,00, mas terá a incidência de ICMS de 17% quando for vendida. Sendo assim, terá que ser embutido no preço de venda o percentual do ICMS, uma vez que o consumidor fi nal arcará com esse imposto. Pergunta-se: qual valor de venda dessa mercadoria se fosse vendida pelo preço de custo? Resposta: Se aplicarmos os 17% diretamente sobre os R$ 1.000,00 o preço de venda fi caria em R$ 1.170,00, porém, o ICMS deve ser calculado sobre o valor da venda e não sobre o custo da mercadoria, dessa forma o preço teria que ser de R$ 1.204,80 para que fosse vendida pelo preço de custo. Observe o cálculo abaixo: Calculando o preço de venda: Forma errada Forma correta Custo da Mercadoria 1.000,00 1.000,00 + ICMS 17% 170,00 204,80 = Preço de Venda 1.170,00 1.204,80 48 Contabilidade fi scal Quando a empresa vender essa mercadoria, ela deverá calcular o ICMS sobre o preço de venda e, esse valor, terá que ser pago ao governo Estadual. O saldo que sobrar é o que realmente fi cará para a empresa. Prova real: para ver se realmente a mercadoria foi vendida pelo preço esperado, nesse caso, o de custo: Forma errada Forma correta Preço de venda 1.170,00 1.204,80 (-) ICMS 17% 198,90 204,80 = Preço líquido de venda 971,10 1.000,00 Observe que se fosse apenas lançado o ICMS sobre o custo, a venda teria sido feita por R$ 971,10, abaixo do resultado esperado, porém, se fosse vendida por R$ 1.204,80, o valor que sobraria seria exatamente o pretendido, ou seja, os R$ 1.000,00. Um dos métodos para calcular corretamente o ICMS sobre o custo é este: Divide-se o custo pelo valor restante entre o percentual do imposto e 100%, assim feito: Preço de Venda = 1.000,00 / (1 – 0,17) = 120,48. Conforme, exemplo anterior, o ICMS é calculado mediante a aplicação de um percentual, denominado alíquota, a qual pode variar de acordo com o tipo da mercadoria ou do ser viço, sua origem e destinação. Por exemplo, na venda de produtos da cesta básica a alíquota é de 7% e energia elétrica em geral é 12% ou 25%. Exemplo 2: A empresa Vende Mais S/A está querendo saber qual o valor que deve cobrar de um de seus clientes sabendo que: Valor do custo da mercadoria: 1.000,00 Margem de ganho esperada sobre venda: 11,45% Alíquota incidente de ICMS: 17%. Qual valor que a empresa Vende Mais S/A deverá cobrar? Resposta: 1.000,00 / 0,8855 = 1.129,31 / 0,83 = 1.360,61 Note que 0,8855 é o resultado de 1 – 0,1145 49 ICMS NORMALCapítulo 3 Exemplo 3: A Indústria Fibratec S/A tem o benefício do pró-emprego. Tal benefício relaciona-se a aquisição de mercadorias no processo de industrialização equivalente a redução de 92% na Base de Cálculo do ICMS. A empresa está adquirindo produtos para industrialização do fornecedor Solaris S/A. O fornecedor passou um orçamento por e-mail do produto constando o seguinte: Preço de Venda: R$ 8.000,00 Base de Cálculo do ICMS: R$ 8.000,00 ICMS 17%. R$ 1.360,00. Já incluso nos R$ 8.000,00. A Indústria Fibratec S/A retornou o e-mail alegando que o preço de venda estaria incorreto, uma vez que ela possui o benefício do pró-emprego com redução de 92% na Base de Cálculo do ICMS. Sua tarefa será refazer o novo preço de venda, base de cálculo do ICMS e o valor do ICMS considerando o benefício do pró-emprego. OBS.: EMPRESA NORMAL, VENDAS DENTRO DO ESTADO, PRODUTOS NACIONAIS. Resposta: 8.000,00 – 17% = 6.640,00 (valor sem ICMS) 100 - 92 = 8% (tributado). Logo, se a empresa possui 92% de redução na base de cálculo do ICMS, então, apenas 8% precisa ser tributado. 17% x 8% = 1,36%. Dessa forma, essa será a alíquota efetiva para fi ns de cálculo no preço de venda: 1 (–) 0,0136 = 0,9864 6.640,00 / 0,9864 = 6.731,55 (preço de venda) Porém, no documento fi scal fi cará assim descrito: Preço de Venda: R$ 6.731,55 Base de Cálculo do ICMS reduzida em 92%: R$ 538,52 ICMS 17%. R$ 91,55 Prova real: 6.731,55 – 91,55 = 6.640,00 Exemplo 4: Em 31/12/2015 a Cia. do Vale apresentou em seu estoque um valor de 24.600,00 que era composto por 100 unidades de uma determinada 50 Contabilidade fi scal mercadoria. Em 05/01/2016, a empresa adquiriu mais 50 unidades da mesma mercadoria por um total de 15.000,00 com incidência de 17% de ICMS. Sabe-se que a empresa mantém um controle de estoque permanente, o qual controla pela média ponderada e não houve mais nenhuma movimentação desse a não ser esta compra. Sendo assim, a valor de cada mercadoria constante no estoque em 05/01/2016 será de: Resposta: Pelo fato do estoque ser controlado de forma permanente pela média ponderada, se a compra de 15.000,00 teve 17% de ICMS, logo, houve um crédito desse imposto no valor de 2.550,00, o que reduziu o valor para o estoque em 12.450,00. Se o estoque anterior estava avaliado em 24.600,00, então: 24.600,00 + 12.450,00 = 37.050,00 / (100 + 50) = 247,00 por unidade Todos os impostos recuperáveis não deverão compor o custo da mercadoria, uma vez que a empresa poderá considerar estes como direitos em seu ativo. AlÍQuotas (EXceto Empresas do Simples Nacional) Podem ser internas ou interestaduais e variam de Estado para Estado. São fi xadas através das Resoluções do Senado, em função da sua essencialidade. Ficou estabelecido que: • A alíquota será interestadual quando a operação acontecer de um Estado para outro. • Alíquota será interna quando fazemos operação dentro do Estado. As Alíquotas do ICMS podem ser de 4%, 7%, 12%, 17%, 18% ou 25%. Veja a seguir a alíquota interna de ICMS praticada por cada Estado: 51 ICMS NORMALCapítulo 3 Região Norte: Estado Alíquota Acre 17% Amapá 18% Amazonas 18% Pará 17% Rondônia 17,5% Roraima 17% Tocantins 18% Região Nordeste: Estado Alíquota Alagoas 17% Ceará 17% Bahia 18% Maranhão 18% Paraíba 18% Pernambuco 18% Piauí 17% Rio Grande do Norte 18% Sergipe 18%Região Centro-Oeste: Estado Alíquota Goiás 17% Mato Grosso 17% Mato Grosso do Sul 17% Região Sudeste: Estado Alíquota Espírito Santo 17% Minas Gerais 18% Rio de Janeiro 18% São Paulo 18% Região Sul: Estado Alíquota Paraná 18% Rio Grande do Sul 18% Santa Catarina 17% Distrito Federal 18% Sendo assim, se uma mercadoria tributada normalmente é vendida dentro do Estado do Paraná a alíquota de ICMS será de 18%, porém se a mesma mercadoria, também tributada normalmente, for vendida dentro do Estado de Piauí, a alíquota será de 17%. Exemplo 1: A empresa Plastic S/A está analisando a instalação de uma nova empresa nos seguintes Estados: Ceará, Bahia e Rondônia. Sabe-se que a mercadoria é tributada normalmente e será vendida apenas internamente (dentro do Estado). Sabe-se que o custo da mercadoria é igual em ambos Estados. Calcule o preço de venda em cada um desses Estados levando em consideração um 52 Contabilidade fi scal custo de 100,00 por mercadoria e uma margem de 12% de ganho respondendo: Qual o maior e menor preço de venda? OBS.: EMPRESA NORMAL, VENDAS DENTRO DO ESTADO, PRODUTOS NACIONAIS. Respostas: Ceará: Margem de lucro: 12% > 0,88 > 100 / 0,88 = 113,64 Alíquota ICMS: 17% > 0,83 > 113,64 / 0,83 = R$ 136,92 Bahia: Margem de lucro: 12% > 0,88 > 100 / 0,88 = 113,64 Alíquota ICMS: 18% > 0,82 > 113,64 / 0,82 = R$ 138,59 Rondônia: Margem de lucro: 12% > 0,88 > 100 / 0,88 = 113,64 Alíquota ICMS: 17,5% > 0,825 > 113,64 / 0,825 = R$ 137,75 Perceba que quanto maior for a alíquota do imposto maior será o preço de venda. No exemplo, o Estado da Bahia apresentou um preço de venda de 125,00, maior que os demais Estados em função da alíquota do ICMS ser maior também. Já nas vendas interestaduais, ou seja, de um Estado para outro as alíquotas do ICMS são diferentes. Veja abaixo as alíquotas do ICMS nas operações interestaduais originadas no Estado de Santa com destino a cada região do País. Origem:Santa Catarina Destino: Região Alíquota Norte 7% Nordeste 7% Centro-Oeste 7% Sudeste 12% (menos para ES, alíquota de 7%) Sul 12% Dessa forma, se uma empresa situada no Estado de Santa Catarina vende mercadorias para outra empresa situada no Estado do Paraná (Região Sul) a alíquota de ICMS será de 12%. Porém, se a mesma empresa, situada no Estado 53 ICMS NORMALCapítulo 3 de Santa Catarina, vender mercadorias para outra empresa situada no Estado do Pará (Região Norte) a alíquota de ICMS será de 7%. É preciso verifi car a alíquota interestadual de cada Estado. No site a seguir, você poderá consultar todas as alíquotas interestaduais de todos os Estados. Acesse: <http://www.contabilidadenobrasil.com. br/aliquotas-internas-2016/>. Exemplo 2: A empresa Papel Bom S/A está situada no Estado do Paraná e irá vender mercadorias destinadas ao uso e consumo para o Estado de Alagoas. Sabe-se que a mercadoria é tributada normalmente. Leve em consideração um custo de 120,00 por mercadoria e uma margem de 11% de ganho. Sua tarefa será calcular o preço de venda. OBS.: EMPRESA NORMAL, VENDAS FORA DO ESTADO, PRODUTOS NACIONAIS. Resposta: De Paraná para Alagoas a alíquota interestadual será de 7%. Mais os 11% Margem de Ganho o total a ser inserido será de 18%. Logo, 1 – 0,18 = 0,82 120,00 / 0,82 = 146,34 A carga tributária é repassada aos seus consumidores. No caso do ICMS fi ca mais simples pelo fato de ser um imposto que incide diretamente sobre o valor da venda. DiFerencial de AlÍQuotas de ICMS - DIFAL Nas operações interestaduais é necessário averiguar se a mercadoria está ou não sujeita ao Diferencial de Alíquota - DIFAL. Entretanto, antes de analisarmos essa diferença de imposto, seus percentuais e métodos de cálculo, é preciso saber que há duas formas distintas de DIFAL: 1. Operações destinadas a contribuintes do ICMS; e 2. Operações destinadas a não contribuintes do ICMS. 54 Contabilidade fi scal Vamos analisar, inicialmente, as Operações destinadas aos contribuintes do ICMS. Entende-se por contribuinte do ICMS, de acordo com o artigo 4º da Lei Complementar nº 87/1996, qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no Exterior. Dessa forma, para contribuintes do ICMS, o DIFAL é um percentual que o comprador paga ao seu Estado pelo fato da compra ter sido efetuada por um percentual menor do que o praticado internamente por esse, que é o Estado de destino. Por exemplo: empresa situada no Estado do Rio Grande do Sul comprou mercadorias com incidência de 12% de ICMS, porém a alíquota interna desse Estado é de 18%. Nesse caso, a mercadoria poderá estar sujeita ao DIFAL de 6% (18% menos 12%), onde que esse deverá ser calculado sobre o valor da mercadoria adquirida e pago ao Estado do Rio Grande do Sul pelo comprador. Todos os contribuintes do ICMS são obrigados a recolher o ICMS relativo à diferença existente entre a alíquota interna (praticada no Estado destinatário) e a alíquota interestadual nas seguintes operações e prestações: a) na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para uso e consumo; b) na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para o ativo imobilizado; c) na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual cuja prestação tenha iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de materiais para uso e consumo; d) na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual cuja prestação tenha iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de materiais para o ativo imobilizado. A base de cálculo do diferencial de alíquota é o valor da operação que decorrer a entrada da mercadoria ou da prestação do serviço. Exemplo 1: A Empresa ABC Ltda, estabelecida no Espírito Santo, efetuou a compra de uma determinada mercadoria da Empresa XSW S/A com sede no Estado de São Paulo, pelo valor de R$ 100.000,00. ICMS destacado na NF: R$ 7.000,00 = (R$ 100.000,00 x 7%) ICMS alíquota interna ES: R$ 17.000,00 = (R$ 100.000,00 x 17%) Diferencial de alíquota: R$ 10.000,00 = (R$ 17.000,00 – R$ 7.000,00) 55 ICMS NORMALCapítulo 3 Sendo assim, a Empresa ABC Ltda, situada no Estado de Espírito Santo, que adquiriu a mercadoria irá dever R$ 10.000,00 de DIFAL ao seu Estado, onde o valor poderá ser adicionado junto com os demais valores de ICMS a recolher ou compensado em conta gráfi ca. Conta Gráfi ca é a não cumulatividade do ICMS. Ou seja, se uma empresa tem 100,00 de ICMS a compensar e 120,00 de ICMS a pagar, deverá ser pago apenas a diferença: R$ 20,00. É admissível o crédito do valor do ICMS destacado na nota fi scal e no conhecimento de transporte de carga, inclusive o diferencial de alíquota do ICMS devido na entrada do bem e do serviço de transporte destinados ao ativo imobilizado e que estiver vinculada à atividade fi m da empresa, à razão de 1/48 por mês, conforme rege a Lei Complementar nº 87/96. Porém, mesmo que a mercadoria seja destinada ao uso e consumo ou ativo imobilizado se faz necessário consultar a legislação de cada Estado para analisar se há ou não a incidência do DIFAL. No Estado de Santa Catarina, os produtos que não sofrem a incidência do DIFAL, estão relacionados no Anexo 1 do RICMS/ SC – Decreto 2.870/2001. Anexo 1 – Produtos sujeitos a tratamento específi co. Cabe ressaltar, que de acordo com a Seção IV da Constituição Federal de 1988, nem todas as mercadorias estão sujeitas ao ICMS: há mercadorias que não sofrem a sua tributação por estarem imunes ou isentas; há aquelas que, mesmo sofrendo a incidência, tendo em vista benefícios fi scais (podendo ser estaduais), poderão estar isentas por determinado período; ou que não sofrem incidência do imposto. Exemplo 2: A empresa Metaltim S/A, empresa normal, está situada no Estado de Santa Catarina e irá vender mercadorias nacionais para os seguintes Estados: São Paulo e Bahia. Sabe-se que a mercadoria é tributada normalmente. Inicialmente, calcule o preço de venda para cada um desses Estados levando em consideração um custo de 60,00 por mercadoria e uma margem de 15% de ganho. Em seguida, sabe-se que a mercadoria vendida é destinada ao uso e consumo e está sujeita ao DIFAL em todos os dois Estados adquirentes. Calcule qual o valor do DIFAL que cada um dos Estados têm de direito. Calcule o custo total da mercadoria adquirida em cada um dos dois Estados. Respostas: Preço de venda: = 60,00 / 0,85 = 70,59 Conta Gráfi ca é a não cumulatividade do ICMS. Ou seja, se uma empresa tem 100,00 de ICMS a compensar e 120,00 de ICMS a pagar, deverá ser pago apenas a diferença: R$ 20,00. 56 Contabilidade fi scal Operação de SC para São Paulo alíquota de 12% = 70,59 / 0,88 = 80,22 de preço de venda Operação de SC para Bahia alíquota de 7% = 70,59 / 0,93 = 75,90 de preço de venda Cálculo do DIFAL e custo dos adquirentes: Respostas NF DIFAL São Paulo 80,22 (18% - 12%) = 6%, logo o custo será de 80,22 + 6% = 85,03 Bahia 75,90 (17% - 7%) = 10%, logo o custo será de 75,90 +10% = 83,49 Agora, vamos analisar as Operações destinadas a não contribuintes do ICMS, nesse caso, pode-se entender que são os destinatários ou compradores que adquirem os produtos ou serviços sem intuito de revendê-las e, que, não possuem cadastro de ICMS, ou seja, na maioria das vezes as pessoas físicas ou empresas prestadoras de serviços. Essa nova metodologia de cálculo do DIFAL iniciou em 01/01/2016 através do Convênio ICMS nº 93/2015. Nessa situação, a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual será atribuída ao remente e não ao destinatário. Exemplo 3: Pessoa física situada no Estado do Rio Grande do Sul comprou mercadorias de uma Empresa situada
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