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Capitalismo ou Marxismo Cultural?


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
Faculdade de Direito e Ciências do Estado 
 
 
 
 
 
 
 
Milton Leão 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte – MG 
Outubro de 2018 
 
Milton Leão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho requisitado pela disciplina História Do Pensamento Econômico do 2º 
Período do Curso de Ciências do Estado da UFMG. 
 
Orientador: Prof. Leonardo de Deus 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte – MG 
Outubro de 2018 
Introdução 
O presente trabalho tem como objetivo a análise da evolução das opiniões e 
deturpações da teoria de Marx até o presente momento, no qual seus opositores 
mais conservadores taxam tudo que há de “imoral” no ocidente de “Marxismo 
Cultural”. Do ponto de vista das Ciências do Estado, enquanto ciência social 
aplicada, buscaremos compreender como uma teoria econômica teve seu nome 
corrompido e batiza um cenário que favorece não a ascensão comunista, mas o 
avanço selvagem do liberalismo no mundo. 
Sobre Marx 
Karl Marx se situa temporalmente no século XIX, durante a expansão 
capitalista no mundo. Suas obras influenciaram não somente a economia, mas 
diversas áreas como a política, ciências sociais e história, representando um marco 
teórico de grande relevância da modernidade em diante, sendo capaz de moldar 
-ainda que de maneiras controversas- o futuro das relações de trabalho, produção, 
ideologia e economia. 
Marx em nenhuma instância deve ser ignorado enquanto raiz de muitas 
discussões presentes, e muitos ainda são aqueles que se dedicam a refutá-lo, 
atualizá-lo ou confirmar suas idéias. Se afirmava enquanto cientista, e dizia que o 
homem é resultado das condições materiais em que é criado. Exigia também que 
não houvessem diferenças entre teoria e prática na filosofia, e que nenhuma idéia 
pode existir verdadeiramente sem efeitos materiais na sociedade. Marx é um 
materialista. 
 
O conceito de Marxismo Cultural 
É justo que deixemos bem claro o seguinte: como dito no tópico anterior, 
Marx era um materialista -​stricto sensu- ​e jamais aceitou que ideias por si só fossem 
capazes de gerar consequências significativas ou reais no mundo, e é exatamente 
isso que a direita chama de Marxismo Cultural -erro conceitual horrendo-, e atribui a 
new left ​tal fenômeno. 
Marxismo Cultural seria, para aqueles que o conceituam, resultado dos 
escritos de Gramsci e da famigerada Escola de Frankfurt. Percebendo que o 
proletariado não seria o agente da revolução, o “movimento” deveria passar a atuar 
na esfera cultural (ideias causando consequências sem prática), minando a cultura 
dita cristã ocidental até que caminhassem ao socialismo. A dominação cultural por 
essa estratégia seria portanto a nova revolução, que atuaria sobre as idéias antes 
de atuar no mundo material. 
Aos que acreditam na existência desse fenômeno, há a teoria de que as 
instituições seriam instrumentalizadas para contribuir na expansão do Marxismo 
Cultural, dividindo o mundo em opressor e oprimido. A luta por “justiça social” contra 
o capitalismo afetaria as relações, taxando de “homofóbicos”, “racistas”, “xenófobos” 
e afins os seus opositores, afirmando o que os “destros” chamam de “politicamente 
correto” que empurra a sociedade em direção ao colapso identitário e a leva ao 
socialismo. 
Mas agora, vamos ao que de fato acontece. Marxismo Cultural é alguma 
outra coisa (que logo revelarei) que não marxismo, como acredito que já foi possível 
entender a partir das bases apresentadas em nosso primeiro tópico. Marx era muito 
firme no determinismo econômico e na negação da teoria sem a prática, se 
retirarmos ou negarmos isso, não será mais marxismo, e portanto Marxismo Cultural 
é um crasso erro conceitual (tal como liberal conservador) que não revela o real 
sentido dos fenômenos que pretende englobar. Ainda que para uns, Gramsci 
estivesse correto (ou o inverso), a nomenclatura é errônea e maliciosa pois sua 
argumentação não é materialista, portanto não é marxista (há quem diga que é 
hegeliana). Marx visava a alteração da cultura pela mudança do modo de produção, 
e não o caminho inverso. A indústria cultural e seus irmãos mais feios são muito 
mais afetos ao capitalismo que ao marxismo, e iremos compreender logo. 
 
Liberalismo nada conservador 
Os que se intitulam conservadores e atacam o Marxismo Cultural, em 
verdade estão atacando seu próprio amante, o liberalismo, e não o comunismo. 
Essa estirpe que atualmente se coloca como liberal na economia e 
conservadora nos costumes, descola o liberalismo econômico do liberalismo 
enquanto cosmovisão, dotado de inúmeras ramificações que sustentam o primeiro 
ramo que é o econômico e portanto são indissociáveis. 
Por excelência o liberalismo é -em seu sentido teleológico- globalista, no 
sentido de mercado mundial; É anti-familiar, pois enaltece a família nuclear, e não a 
família tradicional de grandes patriarcas e matriarcas, valorizando pequenos 
individualismos.; É anti-religioso, pois tem em suas raízes históricas a cisão entre 
Estado e igreja, e portanto solapa o ópio do brasileiro conservador: ​Deus acima de 
tudo​; É tão individualista quanto as pautas identitárias do dito Marxismo Cultural. 
Perceba que dois pólos que pareciam opostos não são mais tão distantes. O 
Marxismo Cultural, como foi conceituado, não caminha para o socialismo, mas para 
o individualismo liberal que favorece sua expansão, e isso reforça ainda mais a 
contradição conceitual que é cometida. Nesses termos, não é possível ser 
conservador e liberal, tampouco ser liberal e chamar de Marxismo Cultural aquilo 
que mais se parece com Capitalismo Cultural. 
 
Capitalismo Cultural: nada de Marx, tudo do Capital 
Todas as características atribuídas ao Marxismo Cultural se encaixam 
perfeitamente aqui, e não é impossível dizer que faz muito mais sentido vermos 
Coca-Cola, Globo, Nike e afins incentivam as pautas que sempre foram relegadas a 
esquerda pelos conservadores. As imigrações em massa, por exemplo, servem 
muito mais aos interesses corporativos que aos humanitários. E vamos agradecer 
ao filantropo Soros, por esse lampejo de humanidade vindo de um magnata liberal. 
Para concluirmos nosso trabalho, após tamanha explanação, é importante 
que possamos perceber o liberalismo enquanto teoria hegemônica, que acabou por 
afetar brutalmente a construção do pensamento de diversos setores, fazendo com 
que os conflitos se tornem somente aparentes por meio de confusões conceituais e 
de imagens, onde o que parece não é, corrompendo Marx e suas teorias, culpando 
suas ideias e seu nome por algo muito distante de seu pensamento e ideias. O 
liberalismo, para se sustentar, revira conceitos e os destrói, para que eles não 
possam mais se organizar. 
Milton Leão. 
Bibliografia 
https://colunastortas.com.br/o-que-e-marxismo-cultural/ 
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1896&ac=100148https://mises.org.br/Article.aspx?id=2953&ac=225240 
https://bertonesousa.wordpress.com/2016/02/20/marxismo-cultural-ou-a-burrice-ideo
logica-de-direita/ 
https://www.vice.com/pt_br/article/jpn83x/marxismo-cultural-direita-ama 
https://www.pragmatismopolitico.com.br/2018/05/mundo-amor-odio-a-karl-marx.html 
https://mises.org.br/Article.aspx?id=1409 
https://www.cartacapital.com.br/politica/karl-marx-os-altos-e-baixos-de-uma-ideologi
a 
http://novaresistencia.org/2018/09/24/as-grandes-corporacoes-sao-o-motor-por-tras-
da-degeneracao-cultural/ 
http://novaresistencia.org/2017/08/11/a-culpa-e-do-capitalismo-cultural/ 
https://legio-victrix.blogspot.com/search?q=marxismo+cultural 
http://novaresistencia.org/2018/01/10/nao-e-possivel-ser-liberal-e-conservador-ao-m
esmo-tempo/