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Transfus�o de concentrado de hem�cias fenotipadas em pacientes con anemia falciforme TCC Antonio Haroldo Faculdade Anhanguera Bras�lia



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INTRODUÇÃO 
 
 A anemia falciforme é a doença gênica mais comum no Brasil. É resultante da 
degradação de hemácias circulantes. A causa da doença é uma mutação de ponto 
(GAG → GTG) no gene da globina beta da hemoglobina, gerando uma hemoglobina 
anormal S (HbS), ao invés de uma hemoglobina normal A (HbA). Esta mutação 
ocorre por substituição na sexta posição de um ácido glutâmico por uma valina na 
cadeia beta (β) (PASTERNAK, 2007). 
 A anemia falciforme é uma das hemoglobinopatias hereditárias mais 
frequentes. Aproximadamente um em cada trezentos e cinquenta afro-americanos 
nasce com o gene da hemoglobina S, que é a doença hereditária de maior 
prevalência nos Estados Unidos. Na Inglaterra, cerca de 140 a 175 crianças nascem 
anualmente com a doença falciforme. No Brasil, na região Sudeste, há um 
heterozigoto para o gene de hemoglobina S a cada 31 nascimentos e cerca de um 
recém-nascido a cada 1.500 apresenta doença falciforme (PASTERNAK, 2007). 
 O gene da globina S está presente em três principais haplótipos africanos 
distintos, todos originados em regiões diferentes dos continentes africanos e 
asiáticos. As guerras e o tráfico de escravos foram os responsáveis pela 
disseminação desse gene. Existe uma quarta e importante mutação falcêmica, 
provavelmente de origem da cultura do Vale Harappa na Índia, foi disseminada para 
Arábia Saudita, Berein, Kuwait e Omã (ANVISA, 2002). 
 O homozigoto (SS) é a forma mais comum que existe, podendo fazer 
associações com outras variantes de hemoglobina, tais como (HbC), (HbD) e as 
talassemias (HbS/βº talassemia, HbS/β + talassemia e HbS/α talassemia) incluindo 
ainda também o traço falciforme (HbAS) e a anemia falciforme associada a 
persistência hereditária de hemoglobina fetal (HbS/PHHF) (AVINSA, 2002). 
 A doença falciforme é apenas um termo genérico usado para determinar um 
grupo de alterações genéticas caracterizadas pelo predomínio da hemoglobina S 
que incluem heterozigose, associadas com outras variantes de hemoglobina. 
Enquanto a anemia falciforme é determinada pela substituição de um aminoácido 
 
 
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por outro, obtendo uma anomalia SS caracterizando uma homozigose 
(PASTERNAK, 2007). 
 Uma das principais características da anemia falciforme é o aumento da 
viscosidade sanguínea (vasculopatia), que causa lesão tecidual gerando crises 
dolorosas transitórias causando comprometimento neurológico ou intelectual, 
insuficiência renal crônica, degeneração da cabeça do fêmur, retinopatia, priapismo 
e complicações na gravidez. A anemia é resultado de múltiplos fatores 
principalmente o estado de hemólise crônica pela destruição de hemácias 
falcêmicas com diminuição da vida eritrocitária (JUNQUEIRA, 2009). 
Para Junqueira (2009), a transfusão sanguínea representa um dos principais 
recursos na terapia dos pacientes com anemia falciforme, podendo melhorar a 
sobrevida e algumas complicações relacionadas à doença. A terapia transfusional 
em pacientes com anemia falciforme promove a diminuição da fração de HbS por 
diluição e aumento do hematócrito (Hct) com supressão relativa da eritropoiese e 
consequentemente diminuição da produção da hemoglobina S, levando à melhora 
do transporte de oxigênio aos tecidos e prevenindo os efeitos vasculares à 
falcização. 
O autor Junqueira (2009), diz que a aloimunização contra antígenos 
eritrocitários é uma complicação transfusional, principalmente em pacientes com 
anemia falciforme. Estudos indicam que entre 18% e 36% dos pacientes com 
anemia falciforme são aloimunizados, considerando que alguns anticorpos formados 
têm natureza transitória, com rápido declínio de seus títulos, tornando-se portanto, 
indetectáveis, como ocorre no sistema Kidd e Duffy. Nesse caso toda terapia 
transfusional realizada em pacientes com anemia falciforme deverá ser fenotipada 
com a finalidade de não gerar outras complicações como reações hemolíticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 ANEMIA FALCIFORME 
De acordo com Junqueira (2009), a anemia falciforme é uma doença da 
estrutura da hemoglobina que ocorre com a substituição de um ácido glutâmico por 
uma valina no sexto resíduo da cadeia da hemoglobina, resultando na formação de 
um tetrâmero de hemoglobina pouco solúvel ou hemoglobina S. 
Para ANVISA (2004), a anemia falciforme é a doença gênica de mutação de 
ponto (GAG->GTG) no gene da globina beta da hemoglobina, originando uma 
hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HbS), ao invés da hemoglobina 
normal denominada hemoglobina A (HbA). Esta mutação leva à substituição de um 
ácido glutâmico por uma valina na posição 06 da cadeia beta, com consequente 
modificação fisicoquímica na molécula da globina. Em determinadas situações, 
estas moléculas podem sofrer polimerização, com falcização das hemácias, 
ocasionando encurtamento da vida média dos glóbulos vermelhos. 
Segundo Lima (1996), relata que a anemia falciforme deriva do fato de que os 
glóbulos vermelhos que possuem HbS alteram-se quando o teor de oxigênio diminui, 
quando bem oxigenadas os eritrócitos são normais mas, quando desoxigenadas 
ficam alongadas com forma de foice. Essa anomalia resulta de uma mutação no 
sexto códon da cadeia β. Na hemoglobina normal esse códon é GAA ou GAG que 
codifica o ácido glutâmico, enquanto que na hemoglobina siclêmica (S) ele é GUU, 
GUC, GUA ou GUG, codificando o aminoácido valina. 
 
1.1 Origem da anemia falciforme 
Acredita-se que a Anemia Falciforme surgiu nos países do centro-oeste 
africano, da Índia e do leste da Ásia, há cerca de 50 a 100 mil anos, entre os 
períodos paleolítico e mesolítico. Ainda permanece desconhecido o fato que motivou 
a mutação do gene da hemoglobina normal (HbA) para o gene da hemoglobina S 
(HbS). A doença foi trazida às Américas pela imigração forçada dos escravos. No 
Brasil, distribui-se heterogeneamente, sendo mais freqüente onde a proporção de 
antepassados negros da população é maior (nordeste). Além da África e Américas, é 
hoje encontrada em toda a Europa e em grandes regiões da Ásia (ANVISA, 2004). 
 
 
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Conforme Junqueira (2009), o gene da hemoglobina S está presente em três 
principais haplóticos africanos, todos originados em regiões distintas dos continentes 
africano e asiático. As guerras e o tráfico de escravos foram responsáveis pela 
disseminação desse gene. Outra importante mutação falcêmica indo-europeia, 
provavelmente originária da cultura do Vale do Harappa na Índia foi distribuída para 
Arábia Saudita, Barein, Kuwait e Omã. 
 
1.2 Incidência 
De acordo com Junqueira (2009), aproximadamente 01 em cada 350 afro-
americanos nasce com o gene da HbS, o que a torna a doença hereditária mais 
prevalente nos Estados Unidos. Na Inglaterra, estima-se que 140 a 175 crianças 
nasçam anualmente com a doença falciforme. Na região sudeste do Brasil, há um 
heterozigoto para o gene da HbS a cada 31 nascimentos e cerca de 01 bebê a cada 
1.500 nascimentos apresenta doença falciforme. 
No Brasil, a doença é predominante entre negros e pardos, também 
ocorrendo entre brancos. No sudeste do Brasil, a prevalência média de 
heterozigotos (portadores) é de 2%, valor que sobe a cerca de 6-10% entre negros. 
Estimativas, com base na prevalência, permitem estimar a existência de mais de 
dois milhões de portadores do gene da HbS, em todo o país, mais de 8.000 afetados 
com a forma homozigótica (HbSS). Estima-se o nascimento de 700-1.000 novos 
casos anuais de doenças falciformes no país (ANVISA 2004). 
Para Zago (2004), em algumas regiões do Brasil que houve grande aporte de 
imigrantes originários da Itália, como o estado de São Paulo, são frequentemente 
observados filhos de HbS e β- talassemia, dando origemuma outra forma de doença 
derivada concomitantemente dos dois genes anormais. Em alguns locais essa forma 
de integração pode corresponder aproximadamente um terço do total de pacientes 
com doenças falciformes. 
 
 
 
 
 
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1.3 Fisiopatologia 
De acordo com Zago (2004), o crescimento das propriedades estereoquímicas 
da hemoglobina permitiu um melhor entendimento do mecanismo molecular da 
falcização. A substituição do ácido glutâmico por valina na posição β6 ocorre na 
superfície da molécula, sem provocar alterações significativas na sua conformação 
global. Dados experimentais, contudo, indicam que, como conseqüência da 
substituição, poderia ocorrer uma perda da estrutura helicoidal desta região. A 
hemoglobina S na conformação oxi é isomorfa à hemoglobina normal, sugerindo que 
a estrutura das duas moléculas é similar. 
A hemoglobina é a proteína respiratória presente no interior dos eritrócitos 
dos mamíferos que tem como principal função o transporte de oxigênio por todo o 
organismo. O eritrócito Hb SS quando submetido à desoxigenação, modifica sua 
forma de disco bicôncavo para uma célula alongada, em forma de “foice”, devido ao 
processo de polimerização que ocorre quando a molécula Hb S está em 
conformação desoxi, formando longos polímeros com alinhamento das fibras e 
deformação da hemácia (a hemoglobina SS desoxigenada torna-se um gel firme que 
deforma o formato da hemácia) levando à respectiva sequência que causa 
obstrução, hipóxia, isquemia e infarto. Consequentemente, podem ocorrer lesões em 
algumas estruturas sendo mais vulneráveis ao infarto e necrose os ossos, rins, 
fígado, baço e cérebro, tendo em vista que a capacidade do eritrócito atravessar a 
microcirculação depende, principalmente, da sua flexibilidade. Possivelmente os 
eritrócitos SS possuem maior capacidade de aderência às células endoteliais 
capilares retardando o tempo de trânsito na microcirculação aumentando o grau de 
formação de polímeros (OLIVEIRA, 2009). 
Para Oliveira (2009), após a destruição das hemácias, o anel porfirínico da 
hemoglobina é convertido em pigmentos biliares que são excretados pelo fígado. Na 
Anemia Falciforme, à vida média das hemácias é reduzida, e o excesso de anel 
porfirínico leva ao excesso de pigmentos biliares o que predispõe à colelitíase e 
colecistite. Alguns fatores predispõem a infecção na anemia falciforme, como: 
diminuição da opsonização, diminuição da função de neutrófilos, devido às baixas 
tensões de oxigênio e a lesão tissular causada pela crise falcêmica. Em crianças 
com idade inferior a cinco anos pode ser fatal a crise de sequestração caracterizada 
 
 
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por início rápido de esplenomegalia devido ao acumulo de sangue, e, diminuição 
brusca de hemoglobina. 
Segundo ANVISA (2002), a anemia falciforme, doença genética que levou ao 
conceito de “doença molecular, é caracterizada por anemia hemolítica crônica e 
fenômenos vasoclusivos que levam a crises dolorosas agudas e à lesão tecidual e 
orgânica crônica e progressiva. É causada pela substituição de adenina por timina 
(GAG->GTG), codificando valina ao invés de ácido glutâmico, na posição 6 da 
cadeia da globina, com produção de hemoglobina S (HbS). Esta pequena 
modificação estrutural é responsável por profundas alterações nas propriedades 
físico-químicas da molécula da hemoglobina no estado desoxigenado. Estas 
alterações culminam com um evento conhecido como falcização, que é a mudança 
da forma normal da hemácia para a forma de foice, resultando em alterações da 
reologia dos glóbulos vermelhos e da membrana eritrocitária. 
De acordo com ANVISA (2002), o processo primário deste evento é a 
polimerização ou gelificação da desoxiHbS. Sob desoxigenação, devido à presença 
da valina na posição 06, estabelecem-se contatos intermoleculares que seriam 
impossíveis na hemoglobina normal. Estes contatos dão origem a um pequeno 
agregado de hemoglobina polimerizada. A polimerização progride, com adição de 
moléculas sucessivas de HbS à medida que a porcentagem de saturação de 
oxigênio da hemoglobina diminui. Os agregados maiores se alinham em fibras 
paralelas, formando um gel de cristais líquidos chamados tactóides. 
A falcização dos eritrócitos ocorre pela polimerização reversível da HbS 
dentro da célula, sob condições de desoxigenação. Sob completa desoxigenação 
formam-se células em forma de foice, clássicas da anemia falciforme. Sob 
desoxigenação parcial podem existir pequenas quantidades de polímeros sem 
anormalidades morfológicas visíveis. A quantidade de polímeros aumenta 
progressivamente com a desoxigenação, até que as células vermelhas assumem a 
forma de foice. Este fenômeno é reversível com a oxigenação, desde que a 
membrana da célula não esteja definitivamente alterada. Quando isto ocorre 
formam-se os eritrócitos irreversivelmente falcizados, que permanecem deformados 
independentemente do estado da HbS intracelular (ANVISA, 2004). 
 
 
 
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2 TRANSFUSÃO 
Para ANVISA (2004), a hemoterapia moderna se desenvolveu baseada no 
preceito racional de transfundir-se somente o componente que o paciente necessita, 
baseado em avaliação clínica e/ou laboratorial, não havendo indicações de sangue 
total. A maioria das padronizações de indicação de hemocomponentes está baseada 
em evidências determinadas através de análise de grupos de pacientes, nunca 
devendo ser empíricas ou baseadas somente na experiência do profissional médico 
envolvido. As indicações básicas para transfusões são restaurar ou manter a 
capacidade de transporte de oxigênio, o volume sanguíneo e a hemostasia. 
De acordo com Zago (2004), a terapia transfusional baseia-se na reposição 
de hemocomponente ou hemoderivado em baixos níveis no paciente. Essa terapia 
tem um papel importante para reposição específica do componente que o paciente 
necessita, tornando desnecessária a administração de outros hemocomponentes 
que o paciente não necessita. A transfusão de hemácias deve ser realizada com 
bastante critério clínico e laboratorial, pois envolve sustâncias humanas que são 
capazes de causar riscos imediatos ou riscos no futuro. Tem como objetivo repor a 
capacidade de oxigênio aos tecidos em pacientes anêmicos. 
Segundo Junqueira (2009) a terapia transfusional é um processo que mesmo 
em contextos de indicação precisa ser administrada de maneira correta, respeitando 
todas as normas técnicas preconizadas, envolve risco sanitário com a ocorrência 
potencial de incidentes transfusionais, sejam eles imediatos ou tardios. Em algumas 
situações clínicas, a transfusão pode representar a única maneira de salvar uma 
vida, ou melhorar rapidamente uma grave condição por falta ou diminuição de algum 
componente do sangue. Contudo, antes de se prescrever o sangue ou 
hemocomponentes a um paciente é essencial sempre medir os riscos transfusionais 
potenciais e compará-los com os riscos que se tem ao não se realizar a transfusão. 
 
 
 
 
 
 
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3 INDICAÇÕES DE TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
 As transfusões de concentrado de hemácias são indicadas para vários tipos 
de anemias, que podem ser desde a anemia aguda hipovolêmica que é considerada 
sangramento agudo, anemia aguda normovolêmica e anemia Crônica (ANVISA, 
2004). 
As anemias agudas hipovolêmica são divididas em quatro classes com 
necessidade ou não de transfusão. A perda de 15 % da volemia é considerada de 
classe I, é indicada infusão de cristalóides e colóides e não há indicação de 
transfusão. A perda de 15 a 30% da volemia é considerada de classe II, e é indicado 
infundir colóides e cristalóides. A necessidade de transfusão é pouco provável. A 
perda de 30 a 40% da volemia é classificada como classeIII. É indicado infundir 
colóides e cristalóides e a transfusão provavelmente são indicados. A perda de 40% 
da é considerada classe IV. Há indicação de infundir colóides, cristalóides e a 
transfusão de concentrado de hemácias também e indicado (ANVISA, 2004). 
Segundo ANVISA (2004), nas anemias agudas normovolêmica o limite inferior 
de tolerância a essa anemia ainda não foi estabelecida, deve-se avaliar a velocidade 
da anemia, idade e doença preexistente. 
As anemias crônicas são melhores toleradas do que às anemias agudas 
devido à causa da anemia ser determinada, e a realização da transfusão é iniciada 
somente em casos de risco de vida como é no caso das anemias falciforme, que é 
considerada uma anemia crônica, e as transfusões não dependem do nível de 
hemoglobina. Nos casos de hemoglobinopatias, toda transfusão deve ser orientado 
e acompanhado junto com um especialista (ANVISA, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 TRANSFUSÕES DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS MODIFICADOS 
O concentrado de hemácias (CH) constitui os glóbulos vermelhos 
remanescentes na bolsa coletada após a centrifugação do sangue total e a extração 
do plasma para uma bolsa satélite. Esse concentrado de hemácia deve ter um 
hematócrito entre 65 a 75%, e o volume aproximadamente de 270 a 320 ml. A 
transfusão de uma unidade de (CH) aumenta o valor da hemoglobina em 1,0 g/dl e o 
hematócrito em 3% em um receptor de 70 quilos, com sangramento ativo. O ideal é 
que se transfunda uma unidade de (CH) de cada vez em um tempo máximo de 4 
horas (ANVISA, 2004). 
 
4.1 Concentrado de Hemácias Deleucotizado. 
A remoção de leucócitos do Concentrado de Hemácias (CH) incluem que 
filtros reduzem em 99.9% dos leucócitos em cada bolsa. Diminui a aloimunização em 
HLA e previne transmissão de Citomegalovirus (CMV) e vírus Epstein-Baar (EBV) e 
HTLV I / II. A validade em sistema fechado se mantém a original que é a de 35 dias 
após a coleta, e a validade do sistema aberto com prazo de 24 horas (ANVISA, 
2004). 
 
4.2 Concentrado de Hemácias Lavado. 
Nos Concentrados de Hemácias Lavadas é removido cerca de 80 a 90% do 
componente plasmático. É indicado para prevenção de reações alérgicas, e sua 
validade é de 24 horas após a lavagem com armazenamento de 4 + 2ºC (ANVISA, 
2004). 
 
4.3 Concentrado de Hemácias Irradiado. 
O concentrado de hemácias irradiado tem como objetivo inativação dos 
linfócitos para prevenção da doença enxerto contra hospedeiro, a dosagem de 
irradiação é submetidos a 2.500 a 3.000 cGy, contudo a leucorredução não é 
substituída. Não existe risco para os profissionais envolvidos na manipulação deste 
 
 
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hemocomponente. Já a validade é reduzida para 28 dias após a data da irradiação 
(ANVISA, 2004). 
4.4 Concentrado de Hemácias Fenotipado. 
O Programa de Hemácias Fenotipadas, consiste na utilização de CH tipados 
para antígenos de outros sistemas além do ABO para pacientes sensibilizados ou 
profilaticamente. Os sistemas mais imunogênicos são o Rh, Kell, Duffy e Kidd, e tem 
como objetivo evitar que pacientes politransfundidos cronicamente sejam 
aloimunizados contra antígenos eritrocitários (ANVISA, 2004). 
 Para Junqueira (2009), em transfusões profiláticas de hemácias fenotipadas, 
deve-se incluir a determinação antigênica dos antígenos (D, C, E, c, e, K, Jkª, Jk-b, 
Fyª, Fjb, S, s), e se possível realizar transfusão de concentrado de hemácias com Rh 
negativo para os antígenos aos quais o paciente seja negativo. 
 Pacientes aloimunizados que apresentam um maior grau risco de 
imunofenotipatem, no caso da anemia falciforme, é recomendável que se faça um 
programa de profilaxia para outros sistemas eritrocitários, que são: C, c, E, e 
(sistema Rh), K, k (sistema Kell), Fyª, Fyab (sistema Duffy), Jkª, Jkb (sistema Kidd), 
Diª (sistema Diego), S, s (sistema MNS) (ANVISA, 2004). 
A classificação do fenótipo eritrocitário corresponde à presença ou ausência 
de determinados antígenos na membrana das hemácias. A exposição da membrana 
dos eritrócitos com antígenos estranhos pode haver formação de anticorpos, 
denominados aloanticorpos. A partir deste momento, se houver nova exposição 
pode ocorrer uma reação hemolítica. O objetivo da fenotipagem é evitar a 
aloimunização em pacientes que irão ser submetidos a múltiplas transfusões e evitar 
reações transfusionais hemolíticas naqueles já sensibilizados (JUNQUEIRA, 2009). 
Transfundir sempre que o hematócrito tenha caído mais de 20% abaixo do 
nível de base do paciente, ou quando houver sinais de descompensação 
hemodinâmica induzida pela anemia. Transfundir hemácias fenotipadas para os 
antígenos Rh e Kell (Rh1, Rh2, Rh3, Rh4, K1). Se o paciente estiver em esquema 
de transfusão crônica, respeitar, a menos que isto seja extremamente difícil, os 
antígenos Jkª e Jkb (ANVISA, 2004). 
 
 
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5 EXSANGUINEOTRANSFUSÃO 
A transfusão visa o aumento da capacidade de carreamento de oxigênio, sem 
reduzir significativamente a concentração de HbS. O aumento do hematócrito acima 
de 35%, sem redução do percentual de HbS, poderá levar a um aumento na 
viscosidade sanguínea, ocasionando um efeito negativo da transfusão com a 
patologia. Neste caso a modalidade de transfusão de troca é realizada em 
processadoras automáticas de fluxo continuo ou eritrocitaférese, ou manualmente. 
Indicado nos casos de AVC isquêmico e Síndrome Torácica Aguda grave 
(JUNQUEIRA, 2009). 
A exsanguineotransfusão é uma terapia que utiliza a retirada de uma 
quantidade sanguínea e outra equivalente é infundida, pode ser realizada 
manualmente ou por eritrocitaférise (automatizada). È indicada em (AVC), priapismo 
ou síndrome, tendo como vantagem a redução de hemoglobina S, para evitar a 
hipervolemia e hiperviscosidade (ANVISA, 2004). 
De acordo com Junqueira (2009), na exanguineotransfusão há uma retirada 
parcial do volume de sangue do paciente, seguida por transfusões de hemácias. 
Essa terapia tem como objetivo retirar hemácias com hemoglobina S, reduzindo 
assim o teor global desta hemoglobina anormal, mantendo níveis de Hb S em torno 
de 30-50%. A principal indicação para regime de exsanguíneotransfusão parcial é a 
prevenção de recorrência de acidente vascular cerebral (AVC). Iniciando-se o 
regime com uma transfusão de troca (exsanguíneo ou eritracitaférese). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS EM PACIENTES COM 
ANEMIA FALCIFORME 
 O princípio da transfusão de hemácias é elevar a capacidade de carrear 
oxigênio e a liberação deste aos tecidos. 
 A terapia transfusional em pacientes com anemia falciforme representa um 
dos principais recursos terapêuticos, sabendo que, toda transfusão traz em si um 
risco, seja imediato ou tardio, devendo ser sempre criteriosamente indicado. Essa 
indicação transfusional, deve ser baseada em critérios clínicos e laboratoriais. A 
terapia transfusional é um Serviço de Saúde obrigatório, implantado pelo Comitê 
Transfusional desde 2002 com a publicação no Diário Oficial da União da Resolução 
RDC nº343 em 13 de dezembro e retificada pela RDC nº 153 de junho de 2004. A 
finalidade do Comitê é estabelecer critérios científicos para as indicações 
transfusionais. Nestes pacientes, não se deve transfundir hemácias com traço 
falcêmico (presença de Hemoglobina S), nem com outras hemoglobinas anormais 
(C, D etc.) (ANVISA, 2004). 
Para Junqueira (2009), a transfusão sanguínea representa um dos principais 
recursos na terapia transfusional em pacientes com anemia falciforme, tendo como 
objetivo a diminuição da produção de HbS por troca pela HbA, com isso diminui 
relativamente a carga de produção da eritropoiese, consequentemente também à 
produçãode HbS, levando à melhora do transporte de oxigênio aos tecidos e 
evitando efeitos vasculares relacionados à falcização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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As anormalidades que são encontradas na anemia falciforme, faz com que 
haja uma viscosidade sanguíneo decorrente de uma grande quantidade de HbS na 
corrente sanguínea, devido a desoxigenação da hemoglobina que causam uma 
mudança na flexibilidade celular. As transfusões de concentrado de hemácias em 
pacientes com anemia falciforme, ajudam a diminuir essa viscosidade evitando 
vasoclusão e morbidade tecidual, melhorando significadamente a oxigenação e 
prevenindo a oclusão vascular (JUNQUEIRA, 2009). 
 
Figura 01: Ilustração de uma vasoclusão. 
Fonte: www.ibrafh.org/anemiafalciformetraçofalcemico.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 MANIFESTAÇÃO CLÍNICA E INDICAÇÃO TRANSFUSIONAL 
A presença de maior percentual de HbF no paciente com genótipo SS, tende 
a reduzir as manifestações clínicas do paciente, tendo em vista que a HbF 
(hemoglobina fetal) inibe a polimerização da HbS. Assim, a doença falciforme é 
frequentemente assintomática nos primeiros meses de vida, e à medida que a 
quantidade de hemoglobina fetal diminui, após 03 a 06 meses, aumenta a 
possibilidade de complicações, principalmente infecções bacterianas, inclusive a 
pneumocócica. As anemias em geral, podem provocar os seguintes sintomas: 
Dispnéia de esforço, palpitações, tontura, cefaléia (latejante), fácil fatigabilidade, 
diminuição da libido, distúrbios do humor, diminuição da capacidade de 
concentração, maior sensibilidade ao frio e anorexia (OLIVEIRA, 2009). 
Segundo Zago (2004), as manifestações clínicas nas doenças falciformes são 
extremamente variáveis, mas são derivadas primariamente da oclusão vascular e, 
em menor grau, da anemia. Praticamente todos os órgãos podem ser afetados pela 
oclusão vascular. O recém-nascidos portadores de doenças falciformes possuem 
níveis elevados de HbF e, por essa razão não apresentam manifestações clínicas 
significativas. De fato, apenas quando os níveis de HbF declinam significativamente 
aparecem os primeiros sinais de sintomas da doença, em geral após os seis meses 
de idade. 
Os pacientes com doença falciforme apresentam períodos sem manifestações 
clinica denominados fase estável da doença. A fase estável pode ser interrompida 
por manifestações agudas, denominadas crises de falcização, que são em geral, 
classificadas em crises vaso-oclusivas, dolorosas, aplásticas, hemolíticas e 
síndrome de seqüestro (ZAGO, 2004). 
É importante destacar que pacientes com a doença falciforme, diferentemente 
da anemia falciforme, apresentam crises agudas temporárias quando ocorre a 
vasoclusão devido à falcização das hemácias, isto é, causa isquemia dos tecidos 
provocando resposta inflamatória aguda, precisamente nos ossos longos, 
articulações e região lombar (ZAGO, 2004). 
A indicação da transfusão de concentrado de hemácias apresenta um dos 
principais recursos na terapia ao pacientes com doença falciforme, melhorando a 
 
 
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sobrevida evitando algumas complicações relacionadas à doença. Esse tipo de 
terapia tem como objetivo a prevenção dos efeitos da anemia e da vasoclusão 
(JUNQUEIRA, 2009). 
As crises aplásticas são caracterizadas por diminuição acentuada dos níveis 
de hemoglobina e reticulócitos, causando insuficiência transitória da eritropoese. 
Esse distúrbio limita-se em período de 05 a 10 dias, e logo após a eritropoese volta 
ao normal. No período agudo da anemia pode haver necessidade de terapia 
transfusional de concentrado de hemácias (ZAGO, 2004). 
Segundo Junqueira (2009), o sequestro esplênico ocorre tipicamente no baço 
e mais raramente no fígado, ambas as condições têm as mesmas fisiopatologias 
com sequestro de hemácias em capilares, resultando na disfunção do órgão, ou 
seja, aumento maciço do baço. 
Para Zago (2004), a crise de sequestro esplênico é definida pelos níveis 
basais de hemoglobina causando hiperplasia da medula óssea e aumento do baço 
especialmente em portadores de hemoglobinopatias SC e S/beta-talassemia. Essas 
crises são responsáveis por um elevado número de mortes nos primeiros dez anos 
de vida. 
 
Figura 02: Ilustração de uma criança com o baço aumentado. 
Fonte: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/13963 
 
 
27 
De acordo com Junqueira (2009), na crise de sequestro esplênico a 
transfusão de concentrado de hemácias é indicada somente quando houver sintoma 
precoce da anemia grave e hipotensão, que resultará na estabilidade do volume 
circulante adequado. 
No acidente vascular cerebral (AVC), uma das mais graves complicações 
causada pela doença falciforme provoca arteriopatia intracraniana resultante de 
lesão do endotélio vascular. O (AVC), pode ser isquêmico com infarto ou 
hemorrágico. Havendo qualquer sintoma neurológico em pacientes com a anemia 
falciforme, a terapia transfusional torna-se uma importante intervenção. A transfusão 
simples de concentrado de hemácias pode ser administrada em pacientes com 
níveis baixos de hemoglobina objetivando restaurar a oxigenação cerebral e com o 
intuito de prevenir danos cerebrais. Assim que possível deve-se realizar uma 
exsanguíneotransfusão manual ou automatizada para reduzir a concentração de 
hemoglobina S. Em um AVC isquêmico a exsanguineotransfusão deve ser realizada 
rapidamente após o começo dos sintomas neurológicos para reverter déficit 
neurológico (JUNQUEIRA, 2009). 
A síndrome torácica aguda é uma doença pulmonar aguda heterogênea que 
pode ocorrer isoladamente ou com outras complicações relacionadas à anemia 
falciforme. Ela é caracterizada por dor torácica, febre e infiltrado pulmonar à 
radiografia do tórax, que frequentemente é acompanhada por hipoxemia e 
leucocitose. A transfusão de sangue está indicada somente no caso de piora clinica 
objetivando elevação da hemoglobina para nível próximo do normal no intuito de 
melhorar a oxigenação dos tecidos pulmonares (JUNQUEIRA, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
As úlceras nas pernas constituem uma complicação de difícil tratamento em 
anemia falciforme, sua relação está estritamente correlacionada ao grau de anemia 
e devido à precariedade das extremidades exteriores. O tratamento é difícil, uma vez 
que a fisiopatologia das úlceras está relacionada com a hipóxia. A transfusão de 
concentrado de hemácias é indicada ao tratamento local. No entanto, estudos 
comparativos demonstraram que os resultados encontrados entre o tratamento local 
e o programa transfusional ainda não são conclusivos (ANVISA, 2004). 
 
Figura 03: Ilustração de úlcera na perna. 
Fonte: http:// www.drashirleydecampos.com.br/noticias/13963 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Segundo Junqueira (2009), pacientes com anemia falciforme apresentam 
anomalias na fração de ejeção sistólica, hipertrofia ventricular outros sinais e 
sintomas de disfunção cardíaca que podem ser evidentes conforme a idade. O 
programa de transfusão depende da relação clínica entre a anemia e a insuficiência 
cardíaca podendo ser indicada por tempo indeterminado com monitoramento intenso 
do paciente e a transfusão, uma vez que a sobrecarga de volume pode acarretar em 
edema agudo pulmonar. 
Na anemia falciforme o priapismo é considerado uma complicação frequente 
podendo alcançar entre 30% a 80% pacientes do sexo masculino. È causado por 
falha na detumescência da ereção peniana em decorrência do acúmulo persistente 
do sangue no corpo do pênis por um longo período. Está associada à condição 
dolorosa, morbidade e impotência. O programa de indicação transfusionalde 
hemácias nos casos de priapismo é controverso, apesar da exsanguineotranfusão 
ter obtido sucesso na reversão em alguns casos da sintomatologia (JUNQUEIRA, 
2009). 
A gestação está associada à significativa morbidade e mortalidade, e 
apresenta índice de mortalidade materna de 30% a 40%, e com perda fetal de até 
80%. Nos dias atuais a mortalidade materna está estimada em menos de 1%, 
entretanto a morbilidade permanece em um nível alto, associada a crise de oclusão, 
relacionado ao aumento da demanda metabólica e da estase vascular. Não estão 
indicadas as transfusões de sangue as gestações sem intercorrências. São 
indicações formais para transfusão sanguíneas septicemia toxemia gravitíssima, 
insuficiência renal aguda, gestações múltiplas, queda da Hb abaixo de 30% do nível 
norma, síndrome torácica aguda, hipoxemia, antecedente de perda fetal recorrente e 
trabalho de parto prematuro (ANVISA, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
30 
8 TABELA COM RESUMO DE MANIFESTAÇÕES SINTOMAS E INDICAÇÃO DE 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS EM PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME 
AVC Acidente vascular cerebral, episódios agudos ou intermitentes 
causados por infarto. Os melhores resultados são obtidos quando a 
troca e realizada até 06 horas após a instalação do quadro. O 
objetivo é manter a HbS entre 30 a 50%. 
STA Síndrome torácica aguda apresenta sintoma de dor torácica ou 
abdominal, febre, infiltrado pulmonar ao exame radiológico, falência 
respiratória progressiva, dispnéia. Os melhores resultados são 
obtidos, com a introdução da transfusão de troca, tão logo a STA se 
estabeleça. 
Priapismo O procedimento deve ser realizado em no máximo até 12h após a 
instalação do quadro, principalmente se o hematócrito (HCT) menor 
de 20% do basal, em crianças ou menor 25% em adultos. 
Crise álgica 
refratária 
Neste caso quando a medicação não responde nas primeiras 48h a 
dores musculares que podem causar necrose devido à injúria 
isquêmica tecidual. 
Úlcera de 
perna 
Indicada em casos especiais que deverão ser discutidos em conjunto 
com o grupo multidisciplinar. Indicada a Transfusão de Troca ou a 
hipertransfusão, nos casos de tratamento hiperbárico concomitante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
CONCLUSÃO 
 
 Durante a realização desse trabalho de conclusão, tive a oportunidade de 
esclarecer diversas dúvidas em relação à anemia falciforme, uma doença hereditária 
muito comum no Brasil e pouco conhecida entre a população. 
A anemia falciforme, expressão clínica da homozigose do gene da 
hemoglobina S, configura-se como um problema de saúde pública no Brasil por ser 
a doença hereditária de maior prevalência no país. 
Por se tratar de uma doença genética, a hereditariedade é a questão 
primordial dessa patologia, por isso o aconselhamento genético possui importância 
fundamental, pois tem o intuito de orientar os pacientes portadores do traço 
falciforme sobre a tomada de decisões em relação à reprodutividade e ajudar a 
compreender outros aspectos da doença, como o sofrimento, tratamento, 
prognóstico, etc. Esse tipo de serviço é pouco realizado no país, sendo oferecidos 
em alguns hospitais universitários, alguns hospitais públicos nos grandes centros e 
nos centros de referência para a doação de sangue. 
Este trabalho relata a importância da transfusão de concentrado de hemácia 
fenotipada na anemia falciforme, como forma de prevenção a crises graves que 
podem levar o paciente a óbito, pois as terapias gênicas são limitadas, o custo é 
caro e não há cura para esta doença. 
As anemias em geral, podem provocar os seguintes sintomas: Dispnéia de 
esforço, palpitações, tontura, cefaléia (latejante), fácil fatigabilidade, diminuição da 
libido, distúrbios do humor, diminuição da capacidade de concentração, maior 
sensibilidade ao frio, anorexia. Em casos graves, pode ocorrer palidez da pele e das 
mucosas, taquicardia, aumento da pressão do pulso, sopro sistólico, edema 
periférico. Na Anemia Falciforme, além dos sinais e sintomas citados, o paciente 
pode sentir início súbito de dor na coluna, no tórax ou nas extremidades, nas crises 
vaso-oclusivas (isquemia ou infarto na região afetada), que podem ocorrer nos 
ossos, e, articulações; em órgãos abdominais; no sistema nervoso central, e dor 
torácica, quando ocorre oclusão dos vasos pulmonares, ou em outros órgãos, 
podendo haver associação com infecção no início dos episódios. Assim, a crise 
 
 
32 
vaso-oclusiva também denominada de crise falciforme ou drepanocítica é uma 
complicação comum da doença falciforme em adolescentes e adultos, constituindo 
causa importante de atendimento de urgência. Também constituem fatores 
precipitantes para as crises dolorosas, como: desidratação, infecção, menstruação, 
estresse e o uso de bebida alcoólica. 
Na época do calor, devido à maior possibilidade do paciente sofrer 
desidratação as crises surgem com incidência mais acentuada, pois a diminuição da 
quantidade de água na circulação sanguínea facilita a obstrução dos capilares pelas 
hemácias deformadas. Em geral, a febre começa 01 a 02 dias após o início da dor, 
dependendo do grau de necrose tecidual, assim a dor varia de algumas horas a 
alguns dias. 
A associação de febre com tosse e dor torácica pode ser provocada por 
pneumonia ou infarto pulmonar. Tem sido relatada a Síndrome mão-pé ou dactilite 
em crianças com idade inferior a dois anos, devido à isquemia ou necrose da 
medula óssea nas mãos e/ou pés, provocando eritema e edema, podendo ser 
dolorosa, principalmente nas articulações proximais, com tendência à simetria. Um 
infarto ósseo próximo a uma articulação pode provocar um derrame, mas em geral, 
no comprometimento ósseo não há sinais externos, como calor, edema e 
hipersensibilidade das partes moles sobre os ossos afetados. 
Os falcêmicos, especialmente os que têm a forma SS da doença, cursam com 
hematócritos relativamente baixos entre (20-25%). O paciente desenvolve grande 
tolerância a estes níveis diminuídos de hemoglobina, até porque as hemácias 
falcêmicas têm uma baixa afinidade pelo oxigênio, o que faz com que a liberação de 
oxigênio para os tecidos seja feita com mais facilidade. Portanto, não há indicação 
para a transfusão de hemácias em falcêmicos que apresentam hematócritos baixos, 
desde que este seja o seu hematócritos de base. A transfusão de hemácias em 
falcêmicos está indicada apenas nas situações de perdas agudas, ou quando a 
dosagem de hemoglobina cair dois ou mais gramas abaixo do seu nível basal. 
Em determinadas circunstâncias clínicas o priapismo, síndrome torácica 
aguda, AVC, infecções refratárias a antibióticos, crises dolorosas persistentes e de 
difícil resolução, pode ser necessário baixar rapidamente os níveis de HbS. 
 
 
33 
A maneira de se lograr este intento é realizando transfusões de troca 
(Exsanguineotransfusão) em que, além de se transfundir hemácias normais (AA), 
faz-se, concomitantemente, a retirada de sangue do paciente, para assim reduzir o 
percentual de hemoglobina S. 
Em pacientes que apresentaram acidente vascular-cerebral, está 
recomendada a instalação de um programa de transfusão crônica, cujo objetivo é 
manter os níveis de hemoglobina S abaixo de 30-50%. Este objetivo pode 
geralmente ser obtido com transfusões de troca iterativas (a cada duas a três 
semanas) ou mesmo com a transfusão, também a cada duas a três semanas. Se a 
opção for pela transfusão, é essencial a utilização de quelante de Ferro, para evitar 
a sobrecarga de Ferro. 
Nos falcêmicos que vão se submeter a cirurgias eletivas, ou em gestantes 
falcêmicas, há quem proponha a manutenção dos níveis de hemoglobina S abaixode 30-40%, por meio de transfusões ou de troca. 
Apesar da anemia falciforme ainda não ter cura, é essencial que o profissional 
Biomédico procure realizar as funções inerentes ao cargo com responsabilidade e 
segurança, pois a vida de seres humanos depende de sua atuação e critério como 
profissional. Ser apenas mais um no mercado de trabalho, é o mesmo que estar 
jogando fora tudo aquilo que construiu. A falta de gerenciamento adequado que 
acarreta a Saúde Pública e em outros hospitais, dificultam o desenvolvimento de um 
bom trabalho, porém com perseverança e dedicação o profissional pode superar 
qualquer obstáculo. A maioria dos Pacientes com Anemia Falciforme ou com 
qualquer outro tipo de patologia não compreende a doença que tem, por isso cabe 
ao Biomédico, perguntar, orientar, pesquisar, questionar e verificar irregularidades 
sempre visando o bem estar do paciente e o melhor procedimento a ser aplicado. 
Pois a vida dos pacientes depende do bom sucesso do profissional. 
 
 
 
 
 
 
34 
REFERÊNCIAS 
 
JUNQUEIRA, Pedro Clóvis; HAMERSCHLAK, Nelson; ROSENBLIT, Jacob. 
Hemoterapia Clínica. 1ª Ed. São Paulo. Editora Roca Ltda. 2009. 
 
PASTERNAK, Jack J. Uma Introdução à Genética Molecular Humana. Mecanismo 
das Doenças Hereditárias. 2ª Ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan S.A. 
2007. 
 
LIMA, de Celso Piedemonte. Genética Humana. 3ª Ed. São Paulo. Editora Harbra 
Ltda. 1996. 
 
ZAGO, Marco Antonio; FALCÃO, Roberto Passetto; PASQUINI, Ricardo. 
Hematologia. Fundamentos e Prática. Edição revisada e atualizada. Editora 
Atheneu. 2004. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução 
da Diretoria Colegiada – RDC 153. Regulamento Técnico dos Serviços de 
Hemoterapia. Brasília 2004 (DOU 24/06/2004). 
 
HTTP//www.noticiadaki.com.br/ 
 
HTTP//www.edu/esp.imagepages/1223.htm 
 
HTTP//: http://www.saude.gov.br/bvs 
 
 
35 
GLOSSÁRIO 
 
 
Aloimunização – Resposta imunológica do receptor a antígenos estranhos do 
doador. 
Anel porfirínico – Local onde se acomoda um átomo de ferro ligado a quatro átomos 
de nitrogênio. 
Colecestite – Inflamação da parede da vesícula biliar. 
Colelitíase – Formação de Cálculos no interior da vesícula biliar, ou ductos biliares. 
Colóides – Formação de agregados de átomos, moléculas, ou íons. 
Cristalóides – Soluções capazes de passar através de uma membrana 
semipermeável. 
Deleucotizado – Reduções de leucócitos por filtração. 
Estereoquímica – Ramo da química que estuda os aspectos tridimensionais das 
moléculas. 
Exsanguineotransfusão – Terapia que utilizada para retirada deu uma quantidade de 
sangue e infundida outra equivalente. 
Eritrocitaférese – Substituição dos eritrócitos por meio automatizado. 
Fenótipo – Características apresentadas por um indivíduo, morfológicas, fisiológicas 
e comportamentais. 
Genótipo – Constituição genética do indivíduo. 
Haplótipo – Combinação de alelos que não se encontram em equilíbrio de ligamento. 
Hemoglobinopatia – Doença genética decorrente de anormalidade na estrutura ou 
produção da hemoglobina. 
Homozigose – Termo genético que indica alelos idênticos, ou dominância completa. 
Heterozigose – Tem caráter recessivo. 
Hemocomponente – Componentes do sangue obtidos por meio de processos físicos. 
Imunofenotipagem – Processo que classifica as células do sistema imune. 
Opsonização – Processo que facilita a ação do sistema imune na superfície 
bacteriana, permitindo a fagocitose.