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sexta-feira, 31 de outubro de 2014 Pâncreas Resumo do Robbins - Cáp. 19. Pancreatite: É uma inflamação do pâncreas associada a uma disfunção em seu parênquima exócrino. As manifestações clínicas variam desde sintomas leves a mais graves, oscilando de uma doença autolimitada a um processo inflamatório agudo com risco de vida; podendo a duração da doença variar desde um ataque transitório até a perda permanente da função. Na pancreatite aguda a glândula pode voltar ao normal quando a causa subjacente da pancreatite for solucionada. Em contrapartida, a pancreatite crônica é definida pela perda irreversível do parênquima pancreático exócrino. - Pancreatite Aguda: Com relação à pancreatite hereditária, é caracterizada por episódios recorrentes de pancreatite grave, geralmente com início na infância. A maioria dos casos é causada por mutações germinativas (herdadas) no gene tripsinogênio catiônico (também conhecido como PRSS1). Quando este sítio está alterado, a tripsina se torna resistente à clivagem por outra molécula de tripsina; e se uma pequena quantidade desta tripsina for inapropriadamente ativada no pâncreas, ela pode ativar outras pró-enzimas digestivas, resultando no desenvolvimento da pancreatite. É um tipo de herança autossômica dominante. 1 sexta-feira, 31 de outubro de 2014 O gene inibidor Kazal do tipo 1 de serino protease do (SPINK1) codifica para um inibidor pancreático de secreção de tripsina que, como o nome sugere, inibe a atividade da tripsina, ajudando a prevenir a autodigestão do pâncreas pela tripsina ativada. Quando há mutações nesse gene há a pancreatite, e nesse caso o padrão de herança é autossômico recessivo. Morfologia → As alterações básicas são: (1) extravasamentos microvasculares causando edema; (2) necrose de tecido adiposo por enzimas lipolíticas; (3) inflamação aguda; (4) destruição proteolítica do parênquima pancreático; e (5) destruição dos vasos sanguíneos e subsequente hemorragia intersticial. Na forma mais branda, pancreatite aguda intersticial, as alterações histológicas estão limitadas a uma leve inflamação, edema intersticial e áreas focais de necrose gordurosa na porção central do pâncreas e no tecido adiposo peripancreático. A necrose gordurosa, como vimos, resulta da atividade enzimática da lipase. Os ácidos graxos liberados combinam com o cálcio para formar sais insolúveis que conferem aparência microscópica granular azul às células adiposas. Na forma mais grave, pancreatite necrosante aguda, os tecidos acinares e ductais, como as ilhotas de Langerhans se encontram necróticos. Lesões vasculares provocam hemorragia no parênquima do pâncreas. Macroscopicamente, o tecido pancreático apresenta áreas hemorrágicas em vermelho e preto, intercaladas com focos de branco-amarelado provindos da necrose gordurosa calcificada. Os focos de necrose também podem ser encontrados fora do pâncreas. Na sua forma mais grave, a pancreatite hemorrágica, uma extensa necrose parenquimatosa é acompanhada por uma hemorragia abundante dentro da glândula pancreática. Patogenia → Se a tripsina for inapropriadamente ativada, ela pode ativar outras pró-enzimas como pró-fosfolipase e a pró-elastase, que depois de ativadas, degradam células adiposas e danificam as fibras elásticas dos vasos sanguíneos, respectivamente. A tripsina também converte a pré-calicreína na sua forma ativada, atraindo o sistema quinina pela ativação do fator de Hageman (fator XII) como os sistemas complemento e de coagulação. Desta forma há uma elevação da inflamação e trombose de pequenos vasos (que pode levar à congestão e ruptura e de quase todos os vasos já fragilizados). Sendo assim, a inapropriada ativação do tripsinogênio é um importante fator no desencadeamento da pancreatite aguda. 2 sexta-feira, 31 de outubro de 2014 A ingestão crônica de álcool resulta na secreção de um fluido pancreático rico em proteínas, levando à deposição de cálculos proteicos condensados no interior dos pequenos ductos pancreáticos promovendo obstrução destes. O álcool também aumenta transitoriamente a secreção pancreática exócrina e a contração do esfíncter de Oddi (o músculo da ampola de Vater), exercendo ainda efeitos tóxicos diretos sobre as células acinares. Aspectos Clínicos → A dor abdominal é a principal manifestação da pancreatite aguda. Caracteristicamente, a dor é constante e intensa sendo muitas vezes referida na parte superior das costas e, ocasionalmente, pode estar associada a uma dor no ombro esquerdo. Sintomas como anorexia, náuseas e vômitos frequentemente podem acompanhar a dor. A suspeita de pancreatite aguda é primariamente diagnosticada pela presença de níveis plasmáticos elevados de amilase e lipase, como pela exclusão de outras causas de dor abdominal. Esses pacientes costumam apresentar um calamitoso aparecimento súbito de “abdome agudo”. Podemos observar ainda leucocitose, hemólise, coagulação intravascular disseminada, retenção de fluidos, síndrome da angústia respiratória aguda, e necrose gordurosa difusa. O colapso vascular periférico e choque com necrose tubular renal aguda também podem ocorrer. A principal abordagem para a pancreatite aguda é o “descanso” do pâncreas através da restrição total da ingestão oral e do suporte terapêutico com analgésicos e fluidos intravenosos. - Pancreatite Crônica: É d e fi n i d a c o m o u m a inflamação do pâncreas com uma destruição irreversível do parênquima exócrino, presença de fibrose, e, na f a s e t a r d i a , a d e s t r u i ç ã o d o parênquima endócrino. A causa mais comum é o consumo abusivo de álcool. Outras causas, são pancreatite hereditária, tropical (típica da áfrica), obstrução de ductos e as Mutações no gene CFTR diminuem a secreção de bicarbonato pelas células dos ductos pancreáticos, promovendo a adesão d e p r o t e í n a s n e s t e s e o desenvolvimento de pancreatite crônica. Patogenia → alguns mecanismos propostos: 1. Obstrução ductal por c o n c r e ç õ e s : o a u m e n t o d a s concentrações de proteínas no suco pancreático. Estas proteínas formam cálculos proteicos aderidos aos ductos. Podem se calcificar, formando cálculos compostos de carbonato de cálcio precipitado, podendo obstruir ainda mais os ductos pancreáticos e contribuir para o desenvolvimento da pancreatite crônica. 2. Efeitos tóxicos 3 sexta-feira, 31 de outubro de 2014 das células acinares. 3. Estresse oxidativo induzido por álcool pode gerar radicais livres nas células acinares, levando a uma oxidação lipídica da membrana e a ativação de fatores de transcrição, incluindo AP1 e NF-6B, que por sua vez induzem a expressão de quimiocinas que atraem células mononucleares. O estresse oxidativo pode promover a fusão de lisossomos e grânulos de zimogênio, necrose celular acinar, inflamação e fibrose. Morfologia → é caracterizada por fibrose parenquimatosa, pelo reduzido número e tamanho dos ácinos, pelo relativo acometimento das ilhotas de Langerhans e pela variável dilatação dos ductos pancreáticos. Estas alterações são normalmente acompanhadas por um infiltrado inflamatório crônico em torno dos lóbulos e dos ductos. Os ductos interlobulares e intralobulares se encontram frequentemente dilatados e contêm proteínas aderidas em seu lúmen. O epitélio ductal pode estar atrofiado ou hiperplásico ou pode ainda apresentar uma metaplasia escamosa e as concreções ductais podem ser evidentes. A glândula fica rígida e com ductos extremamente dilatados. A pancreatite esclerosante linfoplasmacítica (pancreatite autoimune) é uma forma distinta de pancreatite crônica, caracterizada por um infiltrado celular inflamatório misto no centro dos ductos, venulite, e um aumento do número de células produtoras de plasma IgG4. Aspectos Clínicos → Pode estar associada a ataques repetidos de dores abdominais com intensidade de moderada a grave, ataques recorrentes de dor leve e/ou dores abdominais persistentes e dores nas costas. A doença pode se desenvolver totalmente silenciosa até que a insuficiência pancreática e o diabetes mellitus sejam notados. Em outros casos, ataques recorrentes de icterícia ou esporádicos ataques de indigestão podem sugerir doenças pancreáticas. Esses ataques podem ser desencadeados pelo abuso de álcool, excessos alimentares (por aumentar a demanda no pâncreas), ou pelo uso de opiáceos e outras drogas que aumentam o tônus do esfíncter de Oddi. Carcinoma Pancreático: Estas lesões precursoras são conhecidas como “neoplasias intraepiteliais pancreáticas” (NIpans). 4 sexta-feira, 31 de outubro de 2014 - Carcinogênese Molecular: KRAS: O gene KRAS (cromossomo 12p) é o oncogene mais frequentemente alterado no câncer pancreático. Este oncogene é ativado por uma mutação pontual em 80% a 90% dos casos. Estas mutações pontuais prejudicam as atividades da guanosina trifosfatase intrínseca e da proteína K- ras, resultando em uma proteína que é constitutivamente ativa. Que ativa fatores de transcrição. CDKN2A/p16 o gene supressor tumoral mais frequentemente inativado no câncer pancreático. A proteína p16 desempenha um papel fundamental na coordenação do ciclo celular, e inativação da p16 revoga um importante controle do ciclo celular. SMAD4 é uma gene supressor de tumor que fica inativado em alguns casos de CA, ele codifica uma proteína que desempenha um papel importante na transdução do sinal da família TGF-β nos receptores da superfície celular. p53 é uma proteína ligada ao DNA nuclear, que atua tanto no controle do ciclo celular, como na indução da morte celular (apoptose) e na senescência celular. Também é um gene supressor de tumor. A hipermetilação do promotor de vários genes supressores tumorais está associada com o silenciamento transcricional dos genes. Epidemiologia, Etiologia e Patogenia → O câncer pancreático é essencialmente uma doença de idosos, pois 80% dos casos ocorrem entre as idades de 60 e 80 anos. 61 A doença é mais comum em negros do que em brancos. A principal influência ambiental é o tabagismo, que é considerado responsável por dobrar o risco de câncer pancreático. A associação da pancreatite crônica e do diabetes mellitus oferece um risco aumentado. Morfologia → Aproximadamente 60% dos cânceres de pâncreas surgem na cabeça da glândula, 15% no corpo e 5% na cauda, sendo que em 20% a neoplasia envolve difusamente toda a glândula. Os carcinomas do pâncreas são geralmente rígidos, branco-acinzentados, estrelados e com massas mal-definidas. São duas as principais características do câncer pancreático: ele é altamente invasivo (mesmo “precoce” o câncer pancreático invasivo invade extensivamente os tecidos peripancreáticos), e desperta uma intensa reação não neoplásica no hospedeiro composta de fibroblastos, linfócitos e matriz extracelular (chamada de “resposta desmoplásica”). A maioria dos carcinomas da cabeça do pâncreas obstrui o ducto biliar comum distal à medida que este avança pela cabeça do pâncreas. De acordo com contrastes marcados, os carcinomas do corpo e cauda do pâncreas não exercem qualquer incidência sobre as vias biliares permanecendo despercebidos durante algum tempo. Podem ser muito grandes e a maioria se encontra amplamente disseminada no momento em que são descobertos. Normalmente envolve linfonodos, ele pode crescer ao longo de nervos e invadir o retroperitônio. A aparência é normalmente de um adenocarcinoma pouco a moderadamente diferenciado, formando estruturas tubulares abortivas ou um aglomerado de células, demonstrando um padrão de crescimento agressivo e profundamente infiltrativo. Uma densa fibrose estromal acompanha o câncer invasivo, e há uma tendência para a invasão perineural, dentro e fora do órgão. A invasão linfática e de grandes vasos também é comumente observada. As glândulas malignas são mal-formadas e estão normalmente revestidas por células epiteliais pleomórficas cuboidais e/ou colunares. 5 sexta-feira, 31 de outubro de 2014 Aspectos Clínicos → De acordo com abordagens anteriores, deve ser evidente que os carcinomas do pâncreas permaneçam silentes até que invadam as estruturas adjacentes. A dor é normalmente o primeiro sintoma, porém no momento em que a dor aparece estes cânceres já se apresentam geralmente como incuráveis. A icterícia obstrutiva está associada com a maioria dos casos de carcinoma da cabeça do pâncreas. A perda de peso, a anorexia, a fraqueza e a sensação de mal- estar generalizado tendem a ser sinais da doença avançada. A tromboflebite migratória, conhecida como síndrome de Trousseau, ocorre em cerca de 10% dos pacientes e é atribuída à elaboração dos fatores de agregação plaquetária e pró-coagulantes do carcinoma ou de seus produtos necróticos. Pancreatoblastoma: Pancreatoblastomas são neoplasias raras que ocorrem principalmente em crianças com idades entre 1 a 15 anos. Eles apresentam uma aparência microscópica distinta, com focos escamosos misturados com células acinares. Estas neoplasias são completamente malignas, embora a sobrevida possa ser melhor do que a do adenocarcinoma pancreático ductal. 6
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