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1/56 Disciplina: Mecânica Aplicada Engenharia Mecânica CLEBER GRANATO DE FARIA Assunto: Cabos de Aço 2/56 Os cabos de aço são amplamente usados em maquinaria de elevação. Comparado às correntes eles possuem as seguintes vantagens: • Maior leveza; • Menor suscetibilidade a danos devido a solavancos; • Operação silenciosa, mesmo em altas velocidades; • Maior confiança em operação. Órgãos flexíveis de elevação 3/56 Nas correntes o rompimento ocorre repentinamente, enquanto que nos cabos de aço os fios externos, sujeitos a desgastes mais intensos e rompem-se antes que os fios internos. Como resultado, os cabos de aço tornam-se esfiapados muito antes da ruptura e devem ser imediatamente substituídos. Os cabos de aço custam menos que as correntes mas necessitam de maiores tambores, o que torna todo o mecanismo de elevação mais pesado e inconveniente. Órgãos flexíveis de elevação 4/56 Os cabos de aço são elementos flexíveis, constituintes básicos dos aparelhos de suspensão de carga e compostos essencialmente de fios de aço de alta resistência, formando cordões ou pernas que envolvem um núcleo central chamado alma. Este núcleo central geralmente é de cânhamo, que suporta e lubrifica os cordões. Quando o cabo é submetido ao calor, um núcleo de aço ou de cordão de fios de aço deve ser utilizado. Cabos de Aço 5/56 Constituição É constituído de alma e perna. A perna se compõe de vários arames em torno de um arame central. 6/56 Construção O cabo pode ser construído de uma ou mais operações, dependendo do número de fios da perna. Exemplo: um cabo de aço 6 por 19 significa que uma perna de 6 fios é enrolada com 12 fios em duas operações, conforme segue: 7/56 Construção 8/56 Construção 9/56 Os cabos de aço são fabricados utilizando dois tipos de enrolamento. O entrelaçado regular, que tem o fio torcido em uma direção para formar os cordões, e os cordões torcidos na direção oposta pra formar o cabo. Desta forma, os fios visíveis são aproximadamente paralelos ao eixo do cabo. Estes tipos de cabo não enroscam nem distorcem e são fáceis de manusear. Cabos de Aço Entrelaçado Regular 10/56 O entrelaçado concordante (Lang) têm os fios e os cordões torcidos na mesma direção, portando, os fios externos correm diagonalmente paro eixo do cabo. Estes cabos são mais resistentes ao desgaste por abrasão e falha decorrente de fadiga que os regulares, porém são propensos a enroscar e distorcer. Cabos de Aço Entrelaçado Lang 11/56 A designação dos cabos é dada pelo diâmetro, número de cordões e fios por cordão. Exemplo: corda de reboque de 28 mm x 6 x 7. Ou seja, o cabo tem 28 mm de diâmetro, seis pernas e 7 fios por perna. Cabos de Aço Seção do Cabo 28 mm x 6 x 7 12/56 Cabos de Aço 13/56 Cabos de Aço 14/56 Diâmetro do Cabo de Aço 15/56 O passo de um cabo é a distância na qual uma perna dá uma volta completa em torno da alma do cabo. Cabos de Aço 16/56 Distribuição É a maneira como estão dispostos os arames nas pernas. É um dos fatores que define o tipo de cabo mais adequado a um determinado uso. 17/56 Tipos de Distribuição Seale: As camadas são alternadas com fios grossos e finos, em coroas alternadas com fios externos mais grossos, aumentando a resistência ao desgaste, mas é menos flexível. 18/56 Tipos de Distribuição Filler : as pernas contêm fios de diâmetro pequeno que são utilizados como enchimento dos vãos, dos fios grossos. Apresenta boa flexibilidade e boa resistência ao desgaste e amassamento. 19/56 Tipos de Distribuição Warrington : as pernas são construídas com duas bitolas intercaladas de arames na mesma coroa. É mais flexível e menos resistente ao desagaste. 20/56 Tipos de Almas As almas de cabos de aço podem ser feitas de vários materiais, de acordo com a aplicação desejada. 21/56 Tipos de Almas Alma de fibra : é o tipo mais utilizado para cargas não muito pesadas. As fibras podem ser naturais (AF) ou artificiais (AFA). Não se deterioram em contato com agentes agressivos; São obtidas em maior quantidade; Não absorvem umidade; São mais caras; São utilizadas somente em cabos especiais. 22/56 Cabos de Aço 23/56 Cabos de Aço 24/56 Cabos de Aço 25/56 O ângulo não deve exceder 1º30’ quando o enrolamento é feito em um tambor liso (sem canais) e 2º quando tiver canais (figura ao lado) Diâmetro do Cabo de Aço 26/56 As principais vantagens deste tipo de cabo são: 1. Nos cabos não pré-formados os fios e as pernas tendem a endireitar-se, e a força necessária para mantê-los em posição provoca tensões internas. 2. O manuseio é muito facilitado pela ausência de tensões internas. 3. O equilíbrio do cabo é garantido, dividindo-se a carga em partes iguais entre as pernas. 4. O manuseio é mais seguro, não tendendo a escapar das mãos. 5. Quando o fio se quebra, ele fica na sua posição, não se dobrando para fora, o que tornaria perigoso seu manuseio. Cabos Pré-formados Nos cabos pré-formação cada fio e cada perna são submetidos a um processo adicional que faz com que estes fiquem torcidos na forma helicoidal, sendo colocados dentro do cabo na sua posição natural, com um mínimo de tensões internas. 27/56 Seleção de cabos de aço A operação dos cabos envolvem fenômenos extremamente complexos, os quais, em grande parte, são indeterminados. Fios individuais em cabos curvos carregados suportam uma pressão complexa constituída por tensões de tração, flexão e torção, combinadas com compressão mútua, deslizamento dos fios e pernas resultando em somente um certo grau de aproximação na determinação das tensões desenvolvidas. Por outro lado quando passam por polias e tambores, os fios externos são submetidos à abrasão. 28/56 Seleção de cabos de aço Experimentos tem mostrado que a vida do cabo é altamente afetada pela fadiga, sendo esta inversamente proporcional ao número de flexões. Uma flexão é a transição do cabo de uma posição reta para uma posição curva e/ou pela transição de uma posição curva para uma reta. Sendo que para flexões em sentido contrário o efeito considerado é duplo. 29/56 O número de flexões é determinado pela quantidade de pontos em que o cabo entra e sai da polia e/ou tambor, sendo as flexões em um mesmo sentido equivalentes a flexão simples e a flexão em sentidos variáveis a uma flexão dupla. Número de flexões 30/56 A vida do Cabo também pode ser determinada a partir da relação entre o diâmetro da polia ou tambor pelo diâmetro do cabo ou do fio. Assim para uma certa quantidade de flexões sofridas, uma relação entre o diâmetro da polia ou tambor pelo diâmetro do cabo deve ser respeitada. Estes valores são apresentados na tabela ao lado. Número de flexões x relação D/d. 31/56 P er d a d e re si st ên ci a p er ce n tu al Razão D/d Perda de resistência percentual devido a diferentes razões D/d obtidas por teste padronizado em cabos das classes 6 x 19 e 6 x 17. Perda de carga em função da relação entre D/d 32/56 Quando um cabo passa ao redor de uma roldana ocorre flexão. A tensão em um fio neste cabo pode ser calculada como se segue. Eliminando M e resolvendo para a tensão, temos: onde e é o diâmetro do fio. onde é o módulo de elasticidade do cabo. Tensão no cabo 33/56 34/56 Onde Uma tração no cabo com a mesma tensão de tração que a flexão daroldana é chamada de carga equivalente de flexão Fb dada por Seleção dos cabos 35/56 A primeira consideração ao selecionar um cabo é determinar a carga estática que é composta por: • O peso conhecido • Cargas adicionais causadas por paradas súbitas ou arrancadas • Cargas de choque • Atrigo de mancal em roldanas Um cabo pode falhar devido à carga estática, porém, falhas dessa natureza geralmente são culpa do operador que permitiu que o cabo fosse submetido a cargas para as quais ele não foi projetado. Carga equivalente 36/56 A soma destas cargas pode ser comparada à resistência máxima do cabo e com a utilização de um fator de segurança adequado, determinar o cabo a ser usado em uma certa aplicação. Na tabela abaixo são listados fatores de segurança mínimos para algumas situações de projeto. Aqui o fator de segurança é definido como n = Fu Ft onde Fu a carga máxima do fio e Ft a máxima carga de tração. Seleção dos cabos 37/56 Fatores de segurança mínimos 38/56 A próxima consideração é a vida ao desgaste do cabo e das roldanas. A quantidade de desgaste que ocorre depende da pressão do cabo exerce nas roldanas, que é chamada de pressão de suporte e é dada por: Onde • F = força de tração no cabo • d = diâmetro do cabo • D = diâmetro da roldana Na tabela abaixo são listadas pressões admissíveis para alguns materiais. Porém, estas devem ser utilizadas apenas como um indicador grosseiro. Pressão de suporte 39/56 Máximas pressões admissíveis de suporte de cabos em roldanas (em MPa) 40/56 Número de flexões até a falha (milhões) R az ão p re ss ão -r es is tê n ci a, 1 0 0 0 p /S u Relação entre a vida de fadiga em cabos de aço versus pressão na roldana 41/56 Observa-se pelo comportamento do cabo submetido a fadiga que o cabo terá uma vida longa se a razão p/Su for menor que 0,001. substituindo-se essa razão na equação da pressão de suporte temos, Onde Su é a resistência máxima do fio. Fadiga em cabos de aço 42/56 Dividindo-se ambos os lados da equação da pressão de suporte pela resistência máxima dos fios Su e resolvendo para F Ff é interpretado como a tração de fadiga permissível à medida que o fio é flexionado um número de vezes correspondente a p/Su . Alguns valores para Su são listados abaixo: Aço Alta resistência Aço média resistência Aço fundido ultra resistente Aço Fundido 1378 MPa 1206 MPa 1102 MPa 965 MPa Fadiga em cabos de aço 43/56 O fator de segurança em fadiga pode ser definido como: Sendo que Ff é a resistência de tração do cabo sob flexão e Ft é a tração no lugar onde o cabo está flexionado O fator de segurança em carregamento estático pode ser definido como: Sendo que Fb é a tração no cabo equivalente à produzida por flexão. Fatores de segurança 𝑛𝑓 = Ff Ft 𝑛𝑠 = 𝐹𝑢 𝐹𝑡 44/56 Onde • W = peso na extremidade do cabo, N • m = número de cabos de aço suportando a carga • w = peso/metro do cabo de aço, N/m • l = comprimento suspenso do cabo, m • a = máxima aceleração/desaceleração experimentada, m/s2 • g = aceleração da gravidade, m/s2 Para cargas com aceleração/desaceleração, a tração Ft no cabo é dada por Tração para cargas aceleradas 45/56 Propriedades úteis 46/56 Um içador de mina utiliza um cabo de aço monitor 6 x 19 de 50 mm de diâmetro. O cabo é utilizado para puxar cargas de 36 kN a 145 m abaixo. O tambor possui um diâmetro de 1,8 m, as roldanas são de aço fundido de boa qualidade e a menor possui 1 m de diâmetro (a)Utilizando uma velocidade de içamento máxima de 6 m/s e uma aceleração de 0,6 m/s2, calcule as tensões no cabo. (b)Calcule os vários fatores de segurança 47/56 Um pequeno guincho elétrico de uma tonelada deve ser projetado para operar como uma talha de baixa velocidade de levantamento de carga, por sobre a cabeça, para uma loja de máquinas pequenas. Dois cabos de aço são usados para suportar a carga que esta conectada a uma polia que se move verticalmente com um gancho de rotula, como mostrado na figura. A vida de projeto desejada para o cabo de aço é de 2 anos e, aproximadamente, 15 elevações por hora, 8 horas por dia e 250 dias por ano. Selecione o diâmetro de um cabo 6 X 37. Ocasionalmente, pode ocorrer que cargas sejam aplicadas subitamente. Ainda, especifique o diâmetro da polia. Os padrões de segurança locais exigem um fator de segurança de 5 baseado na resistência última. 48/56 RUDENKO, N. Máquinas de elevação e transporte. Livros Técnicos e Científicos editora, SA, 1976. BRASIL, Haroldo Vinagre. Máquinas de levantamento. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985. BUDYNAS, Richard G.; NISBETT, J. Keith. Elementos de máquinas de Shigley. AMGH Editora, 2009. Bibliografia
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