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Aula 02 ANTONIO NÓBREGA

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DIREITO EMPRESARIAL (Analista Judiciário - STJ) 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 2 – Direito Empresarial (Analista Judiciário - STJ)
Prof. Antonio Nóbrega 
Prezado candidato, prosseguiremos com nossos estudos sobre Direito 
Empresarial. O tema de hoje é Direito Societário, o qual, devido a sua extensão, 
será dividido em duas aulas. 
Nesta primeira etapa, trataremos da teoria geral do Direito Societário. 
Serão discutidos tópicos relevantes acerca dos sócios, da sociedade limitada e 
de outros tipos societários menores, além de outros temas, como no roteiro 
abaixo. Manteremos nosso padrão didático de exposição, com teoria e exercícios 
comentados. 
Lembramos ao candidato que é importante a leitura da própria legislação. 
Muitas vezes, a resposta certa de uma questão de concurso é o texto literal de 
uma norma legal. 
Na aula de hoje, trabalharemos unicamente com o Código Civil, enquanto 
que, na próxima aula, o assunto concentrar-se-á na Lei das Sociedades 
Anônimas. 
ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 
1. Sociedade empresária: teoria geral e conceitualização. 
 1.1. Terminologia 
2. Sociedades personificadas e sociedades não personificadas: 
2.1. Personalidade jurídica da sociedade empresarial. 
2.2. Sociedade irregular: a sociedade em comum. 
2.3. Sociedade em conta de participação. 
3. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica e a 
desconsideração inversa. 
4. Regime jurídico dos sócios, diretores e administradores. 
4.1. Regime jurídico dos sócios. 
4.2. Regime jurídico dos administradores. 
5. Classificação das sociedades empresárias: 
5.1. Sociedade simples. 
5.2. Sociedade limitada. 
5.3. Sociedade em nome coletivo. 
5.4. Sociedade em comandita simples. 
5.5. Sociedade em comandita por ações. 
6. Dissolução e extinção das sociedades. 
7. Exercícios. 
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1. Sociedade empresária: teoria geral e conceitualização 
O Código Civil, em seu art. 44, dispõe que há cinco tipos de pessoas 
jurídicas de direito privado: associações, fundações, sociedades, partidos 
políticos e organizações religiosas. As sociedades privadas são o resultado 
da união de duas ou mais pessoas para a realização de fins econômicos comuns, 
com escopo negocial, resultando na criação de um ente de personalidade 
jurídica própria. Nesta direção, o art. 981 do Código Civil, prevê que: 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente 
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de 
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
As sociedades podem se dividir em duas espécies no ordenamento 
jurídico vigente: simples e empresária. A primeira é aquela que explora 
atividades específicas, como as intelectuais, rurais, pequenos negócios ou que 
apresente uma estrutura organizacional simplificada, não caracterizando o 
exercício da atividade empresaria. 
As sociedades empresárias, conforme arts. 982 e 966 do Código Civil - 
CC, são aquelas que exercem atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou serviços. Como vimos na aula passada, o aspecto 
mais importante deste tipo de sociedade é o desenvolvimento de uma estrutura 
organizacional empresarial para exercer atividade econômica, ou seja, a 
produção e/ou circulação de bens e/ou serviços. 
O argumento parece circular, mas basta lembrarmos da lição anterior e 
recapitularmos que organização empresarial é sinônimo de organização 
de fatores de produção. Assim, da mesma forma que um profissional liberal 
não é um empresário, uma sociedade de profissionais liberais não é uma 
sociedade empresarial, pois não organiza fatores de produção. Vejamos o que 
diz o Código Civil: 
Art. 966, Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda 
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da 
profissão constituir elemento de empresa. 
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Isto é o que distingue uma sociedade empresária de uma sociedade 
simples. Não é o lucro, pois, como vimos no art. 981, toda sociedade tem 
objetivo econômico e seus sócios partilham os resultados — isto é, os lucros. 
O objetivo econômico é o que distingue uma sociedade de uma 
associação. O que distingue uma sociedade empresária de uma simples é a 
organização empresarial, isto é, a organização dos fatores de produção. É muito 
importante que o prezado candidato tenha isto em mente. 
As sociedades empresariais podem se subdividir em variados tipos, com 
regras diferenciadas, considerando-se o grau de responsabilidade dos sócios, a 
participação dos mesmos na atividade da empresa, a forma de constituição, etc. 
O regime legal aplicado a estas diferentes modalidades de pessoas jurídicas 
algumas vezes coincide em determinados pontos, considerando as disposições 
do Código Civil. 
Contudo, na maior parte do tempo, notadamente em relação às 
sociedades anônimas e limitadas, as quais apresentam maior destaque dentro 
do cenário nacional, devem ser observadas regras específicas, que consideram 
justamente a natureza do vínculo estabelecido entre os sócios e o modo como a 
empresa irá desenvolver suas atividades. 
Com o advento do Código Civil no ano de 2002, a maior parte das normas 
relativas às sociedades simples e às sociedades empresárias passou a ser 
encontrada naquele estatuto. Note, inclusive, que a disciplina das sociedades 
simples (arts. 997 ao 1.038 do CC) se aplica subsidiariamente às sociedades 
em nome coletivo, comandita simples e limitadas, de acordo com os arts. 
1040, 1.046 e 1.053, respectivamente, da já referida lei, e por isso será 
objeto de nossos estudos. 
No tocante às sociedades anônimas, o Código Civil foi, de certa forma, 
econômico, apresentando somente dois artigos. O art. 1.088 reza que, em tal 
tipo societário, o “capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou 
acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.” 
Uma das principais características que a diferenciam de outros modelos 
societários é apresentada no texto do artigo supracitado: a responsabilidade do 
acionista é limitada ao preço que prometeu pagar à sociedade. Adiante 
falaremos mais deste assunto. 
O art. 1.089 estatui que a sociedade anônima “rege-se por lei especial, 
aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste código.” Ou seja, há 
previsão específica para que a regra insculpida ao longo do Código Civil ocorra 
de forma subsidiária. A lei específica que se refere o artigo supracitado é a Lei 
6.404/76, que será mencionada mais a frente. 
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1.2. Terminologia 
Com o objetivo de facilitar a compreensão dos termos que serão utilizados 
durante esta aula, vamos aprender alguns conceitos relevantes para o estudo 
do Direito Societário. 
Capital Social - Para que as sociedades empresárias possam operar, é 
necessário que disponham de recursos, os quais, em regra, são obtidos junto 
aos próprios sócios. O capital social é, de forma resumida, o montante do 
resultado dessa transferência do patrimônio dos sócios para o patrimônio da 
sociedade. 
Podemos afirmar que capital social é igual ao patrimônio? 
A resposta para tal questionamento é negativa. Utilizando a lição do 
professor José E. Tavares Borba, podemos afirmar que “o capital é um valor 
formal e estático, enquanto o patrimônio é real e dinâmico.O capital não se 
modifica no dia-a-dia da empresa — a realidade não o afeta, pois se trata de 
uma cifra contábil”. 
Com efeito, pode-se afirmar que quando se iniciam as operações da 
companhia há alguma equivalência entre o capital social e o patrimônio. 
Posteriormente, pode haver uma flutuação negativa ou positiva neste 
patrimônio, mas o capital continuará o mesmo constante no estatuto.
Integralização e Subscrição - A subscrição é uma promessa, um 
compromisso de contribuir com certa quantia para a sociedade. A 
integralização é a efetiva contribuição prometida pelo acionista para formação 
do capital social. 
Tais conceitos serão tratados novamente quando debatermos as 
responsabilidades dos sócios. 
Objeto Social – o objeto social indica o tipo de empreendimento que a 
sociedade irá realizar, demarcando-lhe seu âmbito de atuação.
É necessário registrar que, não obstante ser facultado à sociedade deixar 
de exercer parte das atividades constantes em seu objeto social, a atuação fora 
daqueles parâmetros poderá gerar consequências jurídicas. 
Neste diapasão, a teoria ultra vires inspirou a regra consignada no inciso 
III, do parágrafo único do art. 1015 do Código Civil, que prevê que o 
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excesso por parte dos administradores poderá ser oposto a terceiros diante de 
operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. 
 Domicílio – Domicílio é o local onde funciona a administração da 
sociedade ou aquele que for indicado no estatuto ou contrato social, nos termos 
do inciso IV, do art. 75 do CC.
Sócio – Uma pessoa (pode ser jurídica ou física) que contribui para a formação 
do capital de uma sociedade e, em razão disto, terá certos deveres e direitos, dentre 
estes, por exemplo, o direito de participação nos resultados da sociedade. 
Há dois tipos de sócios. Os sócios investidores são aqueles que participam 
apenas na formação do capital e não com trabalho. Já os sócios empreendedores
são aqueles que trabalham — no sentido amplo, não que tenham um contrato de 
trabalho — na administração da sociedade. Esta distinção será importante na 
caracterização de algumas sociedades, como veremos. 
 
Sociedades de pessoas e sociedades de capital – As sociedades de 
pessoas são aquelas cujos sócios tem importância fundamental na sociedade: 
diz-se haver affectio societatis entre os sócios. Por isso, um sócio não pode 
alienar suas quotas sem a anuência dos outros sócios. O melhor exemplo de 
sociedade de pessoas é a sociedade em nome coletivo. 
Nas sociedades de capital, a pessoa dos sócios não influi na sociedade, 
mas apenas seus investimentos. Em razão disto, um sócio pode alienar 
livremente suas ações. As sociedades anônimas são o exemplo clássico deste 
tipo de sociedades, por isso, não à toa, têm este nome. 
Sociedades contratuais e sociedades institucionais – As sociedades 
contratuais são aquelas cujo vínculo entre os sócios é um contrato social. Isto 
significa que eles possuem uma ampla autonomia para pactuar o que for melhor 
de acordo com seus interesses. Exemplo de sociedade contratual é uma 
sociedade limitada. 
Já em uma sociedade institucional, o ato constitutivo é um estatuto social
e a autonomia das vontades dos sócios é bem reduzida, considerando que a 
interferência do legislador é muito grande. Pode-se dizer que estas sociedades 
são instituições e o melhor exemplo delas são as sociedades anônimas. 
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Nacionalidade da sociedade – O art. 1.126 dispõe que “é nacional a 
sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a 
sede de sua administração”. Assim, não importa a nacionalidade dos sócios ou a 
origem do capital. Se a sociedade possuir estas características, será brasileira. 
Caso contrário, será uma sociedade estrangeira e necessitará de autorização 
para funcionar no Brasil. 
Autorização para funcionamento – Embora a Constituição tenha 
consagrado o regime da livre iniciativa, certas sociedades nacionais, além das 
estrangeiras, necessitam de autorização do poder executivo para funcionar. São 
exemplos destas sociedades as empresas financeiras, de meios de comunicação, 
de transporte aéreo, entre outras. 
2. Sociedades personificadas e sociedades não personificadas 
2.1. Personalidade jurídica da sociedade empresarial 
É possível afirmar que a consequência mais relevante da formação de uma 
sociedade comercial é o nascimento de sua personalidade jurídica, 
transformando-se em um novo ser, que pode ser titular de direitos e obrigações, 
com um nome, domicílio e nacionalidade. Além disso, passa a possuir 
patrimônio próprio, distinto das pessoas que participaram de sua constituição. 
Ressalte-se que as pessoas jurídicas diferem dos chamados entes 
despersonalizados (espólio, massa falida etc.). A principal distinção entre estas 
espécies jurídicas reside no fato de que, enquanto as primeiras têm autorização 
genérica para a prática dos atos jurídicos, as segundas só podem praticar os 
atos essenciais previstos em lei para o seu funcionamento. 
A formação da personalidade jurídica das sociedades ocorre com a 
inscrição no respectivo registro, nos termos dos arts. 45 e 985 do Código Civil. 
Assim, a sociedade empresária adquirirá personalidade jurídica após o 
arquivamento de seus contratos ou atos constitutivos na Junta Comercial. 
Frise-se que parte da doutrina entende que o encontro da vontade dos 
sócios já seria suficiente para criação da personalidade jurídica. José Edwaldo 
Tavares Borba afirma que embora, “segundo o Código Civil, as sociedades só 
adquiram personalidade com a inscrição no registro próprio (art. 985), na 
verdade adquirem-na com a sua constituição, tanto que terceiros podem provar 
a existência da sociedade não inscrita” (art. 987). 
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Data venia ao ilustre doutrinador, esta afirmação não está totalmente 
correta. Ele está falando de um ente despersonificado, que se chama sociedade 
em comum e o que os terceiros poderão provar é a existência da sociedade e 
não a existência da pessoa jurídica, que são conceitos que não se confundem. 
Provando esta existência, esta sociedade terá tanta personalidade quando 
um espólio, um condomínio ou uma massa falida. Ela poderá ser parte de um 
processo, assim como estes outros entes, mas que também não possuem 
personalidade jurídica. Vejamos o que diz o Código de Processo Civil: 
Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: [...] 
VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, 
ou, não os designando, por seus diretores; 
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem 
couber a administração dos seus bens [...]. 
Como se pode ver claramente, o Direito discrimina claramente uma 
pessoa jurídica — criação da lei — de uma sociedade — um fato social — 
sem personalidade jurídica. 
O que o ilustre doutrinador supra parece pretender é posicionar-se de 
acordo com a teoria realista das pessoas jurídicas, pela qual estas possuem 
realidade anterior ao Direito e este deve apenas reconhecê-las. A esta teoria 
opõe-se a teoria da ficção, pela qual as pessoas jurídicas são meras criações 
intelectuais humanas e, para o mundo jurídico, só adquirem esta personalidade 
na forma da Lei. 
Tudo o que o prezado candidato precisa guardar é que o Direito Brasileiro 
adotou um posicionamento misto em relação a esta teoria: 
ƒ O Direito reconhece sociedades como produto dos fatos sociais e 
estas sociedades podem serpartes eu um litígio, tanto ativa quanto 
passivamente (teoria realista). 
ƒ O Direito só concede personalidade jurídica às sociedades que se 
constituírem de acordo com as formalidades da Lei (teoria da ficção). 
Porém, o Direito Brasileiro adota a teoria da ficção, no que concerne os 
benefícios da atividade empresarial, e uma sociedade não personalizada poderá 
até atuar, mas será uma sociedade irregular. É o que veremos a seguir. 
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AS PESSOAS JURÍDICAS TÈM AUTORIZAÇÃO GENÉRICA 
PARA A PRÁTICA DOS ATOS JURÍDICOS, ENQUANTO OS ENTES 
DESPERSONALIZADOS SÓ PODEM PRATICAR OS ATOS PREVISTOS 
EM LEI. 
CONFORME DISPOSIÇÃO DO CÓDIGO CIVIL, A 
PERSONALIDADE JURÍDICA SE INICIA COM A INSCRIÇÃO NO 
RESPECTIVO REGISTRO. 
2.2. Empresário irregular 
De acordo com o texto lapidado no art. 986 do Código Civil, “enquanto 
não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em 
organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no 
que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples”. 
Destarte, tais sociedades encontram-se em situação irregular. Adotando a 
nomenclatura apresentada pelo Código Civil, tais sociedades devem ser 
chamadas de sociedades em comum. Optamos por tratar deste assunto neste 
capítulo, justamente pela ligação com a questão da personalização das 
sociedades. 
Essa irregularidade gera algumas consequências previstas no 
ordenamento jurídico, sendo a principal delas a impossibilidade dos sócios 
se beneficiarem da limitação de responsabilidade, tendo em vista o 
disposto no art. 990 do Código Civil, que prevê que todos os sócios 
respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.
É relevante notar que aquele sócio que contratou em nome da sociedade 
em comum fica excluído do benefício previsto no art. 1024 do CC, segundo o 
qual os bens dos sócios só poderiam ser executados após a execução dos bens 
da sociedade. Ou seja, aquele que contrata em nome sociedade irregular pode 
ter seus bens executados antes ou em conjunto com os da sociedade. 
Como vemos no art. 987, terceiros podem provar a existência da 
sociedade comum por qualquer meio admitido em direito. Já para os sócios, 
vigora a regra de que, entre si ou com terceiros, a existência da sociedade deve 
ser provada por escrito. 
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Pode-se destacar que as sociedades em comum também não terão acesso 
à recuperação judicial, nem terão autorização para requerer falência, nos 
termos da legislação falimentar. 
Como podemos ver, a Lei reconhece as sociedades como fato social — 
teoria da realidade — apenas para beneficiar terceiros. O reconhecimento desta 
existência apenas força que os sócios desta empresa regularizem sua atividade, 
de modo que sua personalidade jurídica seja reconhecida e tenha os benefícios
concedidos pela Lei — adequando-se a teoria da ficção. 
 
2.3. Sociedades em Conta de Participação 
O primeiro ponto importante que o prezado candidato deve guardar, ao 
estudar a sociedade em conta de participação, é que esta, apesar do nome, 
não é um tipo societário, mas um contrato. Ao contrário de uma sociedade em 
comum que pode vir a regularizar-se, a sociedade em conta de participação 
nunca terá personalidade jurídica. 
O art. 981 do Código Civil prevê que na “sociedade em conta de 
participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente 
pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva 
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes”. 
Com efeito, na sociedade em conta de participação existem dois tipos de 
sócios: o ostensivo e o oculto. O primeiro, também chamado de operador, é 
Responsabilidade 
ilimitada e 
solidária dos 
sócios 
Podem ser 
demandadas em 
juízo, mas não 
podem propor 
ações 
Terceiros podem provar 
sua existência por 
qualquer meio admitido 
em direito, já os sócios 
devem provar por escrito 
Sociedades em 
Comum
Não terão acesso à 
recuperação 
judicial, nem terão 
autorização para 
requerer falência 
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aquele que negocia com terceiros, contratando sob o seu nome e 
responsabilidade. Já o sócio oculto, conhecido também como participante, é 
aquele que fornece capital ao sócio ostensivo para aplicação em 
empreendimentos de interesse comum. 
Nos contratos celebrados com o sócio ostensivo, não há necessidade de 
que os terceiros tenham ciência de que o negócio é explorado na forma de conta 
de participação, já que, diante desses, o único interessado no empreendimento 
é aquele sócio operador, que contratou em nome próprio. 
Deste modo, como a sociedade em conta de participação não se revela 
diante de terceiros, eventuais demandas ajuizadas em face do sócio ostensivo por 
eventuais descumprimentos contratuais não poderão se estender aos sócios 
participantes. Os sócios ocultos só respondem aos sócios ostensivos, e, ainda 
assim, dentro dos contornos delineados no contrato de conta de participação, nos 
termos da regra positivada no parágrafo único do art. 981 do Código Civil.
Complementando o que já foi dito na introdução, ainda que o instrumento de 
celebração da sociedade em conta de participação tenha sido inscrito no respectivo 
registro, tal sociedade não adquirirá personalidade jurídica (art. 993). 
A sociedade em conta de participação não tem patrimônio próprio, já que 
os recursos do sócio oculto são entregues ao sócio ostensivo e, junto com o 
patrimônio deste, passam a ser considerados patrimônio especial (art. 994). 
Saliente-se que tal especialização, de acordo com o §1º do art. 994, só produz 
efeitos em relação aos sócios. Ou seja, o sócio ostensivo responderá com seu 
patrimônio perante terceiros. 
Ocorrendo a falência do sócio ostensivo, ocorrerá a “dissolução da 
sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito 
quirografário” (§2º do art. 994). Caso a falência seja do sócio oculto, o 
“contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos 
contratos bilaterais do falido” (§3º do art. 994). Na linha do que foi debatido 
acima, denota-se que terceiros não serão afetados de modo direto pela falência 
do sócio oculto. 
As regras atinentes às sociedades simples aplicam-se, no que couber, às 
sociedades em conta de participação. 
Alguns autores chamam a sociedade em conta de participação de 
sociedade secreta, enquanto outros consideram que ela é apenas um 
contrato especial de investimento, não sendo uma sociedade, por não ter 
personalidade jurídica. Pelo que já vimos, pensamos ser mais correto considerar 
que ela é uma sociedade, enquanto fato social, mas, juridicamente, é um 
contrato e não um tipo societário, já que este requer personalidade jurídica. 
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3. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica e a 
desconsideração inversa 
Candidato, conforme vimos acima, no momento em que uma sociedade 
adquire personalidade jurídica distinta da dos sócios, passa a ter obrigações e 
deveres em seu nome, além de possuir patrimônio próprio. 
Para evitar abusos por parte dos sócios na utilização desta ficção jurídica, 
foi desenvolvida uma teoria que permite a desconsideração da personalidade 
jurídica em relação a certos atos, para atingir a responsabilidade, no âmbito 
patrimonial,dos sócios.
É importante notar que esta situação excepcional, e que ocorrerá somente 
em situações específicas, não tem como escopo a declaração de nulidade da 
personificação da sociedade, mas sim sua ineficácia para determinados atos. 
Busca-se, desta forma, a preservação do instituto, com a separação do 
patrimônio da sociedade e dos sócios, medida que, de certa maneira, limita a 
perda destes últimos e incentiva o investimento em novos negócios. 
Dois sócios: 
oculto e 
ostensivo 
Só o sócio 
ostensivo se 
obriga perante 
terceiros 
Ainda que ocorra registro, 
tal sociedade não adquira 
personalidade jurídica 
Sociedades em 
Conta de 
Participação 
Os recursos do sócio oculto são 
entregues ao sócio ostensivo e 
junto com o patrimônio passam a 
ser considerados patrimônio 
especial 
Aplica-se 
subsidiariamente as 
regras relativas às 
sociedades simples 
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Apesar de não tratar especificamente da desconsideração da personalidade 
jurídica, o Código Civil, em seu art. 50, apresenta a seguinte norma1: 
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a 
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir 
no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
O artigo em comento apresenta, assim, duas hipóteses em que estará 
caracterizado o abuso na utilização do instituto da personalidade jurídica: desvio 
de finalidade e confusão patrimonial. 
Destarte, a utilização fraudulenta e abusiva da sociedade — como, por 
exemplo, no caso do uso de recursos da sociedade para pagamento de despesas 
particulares dos sócios ou, ainda, realização de empreendimentos estranhos ao 
objeto social para atender a interesses particulares destes —, gerará a 
desconsideração de sua personalidade jurídica, possibilitando que o 
patrimônio dos sócios seja momentaneamente atingido. 
Ao abordar este tema, Rubens Requião assevera que, ao discutir o 
assunto, os Tribunais “declaram que não põem dúvida na diferença de 
personalidade entre a sociedade e os seus sócios, mas no caso específico de que 
tratam, visam a impedir a consumação de fraudes e abusos de direito cometidos 
através da personalidade jurídica (...)”. 
Registre-se que certas hipóteses permitem que os sócios sejam 
responsabilizados pelas obrigações contraídas pela sociedade, sem que haja 
necessidade de má-fé ou dolo, como no caso em que há responsabilidade 
ilimitada, conforme o art. 990 do Código Civil. Neste caso, não há de se falar 
em desconsideração da personalidade jurídica. 
A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA PERMITE QUE, EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS, A 
AUTONOMIA PATRIMONIAL DAS SOCIEDADES SEJA AFASTADA, 
RESPONSABILIZANDO-SE OS SÓCIOS. 
 
1 A desconsideração da personalidade jurídica também é citada em outros diplomas legais, 
como no art. 28 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), no art. 18 da Lei 8.994/94 
e no art. 4º da Lei 9.605/98. 
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Um problema grave é o parágrafo 5º do art. 28 do Código de Defesa do 
Consumidor: 
Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de 
prejuízos causados aos consumidores. 
 
Uma boa parcela de autores considera que esta norma põe em risco o 
princípio da autonomia patrimonial, pois considera que mero prejuízo do credor 
possa causar a desconsideração da pessoa jurídica. 
A criação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica nunca teve este 
objetivo, mas evitar fraudes. Adotar esta postura é praticamente eliminar a 
limitação da responsabilidade, o que pode causar sérios entraves econômicos ao 
empreendedorismo de um país. Este raciocínio vem sendo estendido à 
jurisprudência trabalhista, causando os mesmos problemas. 
Por fim, há também a chamada teoria da desconsideração inversa. Esta 
ocorre quando os bens da pessoa jurídica são utilizados para saldar dívidas de 
um ou mais sócios. Esta teoria é muito utilizada no Direito de Família, quando 
um dos cônjuges desvia bens pessoais para uma pessoa jurídica, com o intuito 
de fraudar uma partilha ou prestação de alimentos. 
Da mesma forma que ocorre com o Direito do Consumidor, esta regra tem 
que ser utilizada com cautela, pois o objetivo é evitar fraudes e não meros 
prejuízos. Porém, o Enunciado 283 do CJF acolhe esta teoria: 
É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada 
‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para 
ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. 
4. Regime jurídico dos sócios, diretores e administradores 
 
4.1. Regime jurídico dos sócios 
 
O regime jurídico dos sócios é um importante traço diferencial nos 
variados tipos de sociedades previstos em nossa legislação. Além disso, a 
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espécie de sócio também tem relevância para determinar a extensão de sua 
responsabilidade. 
Poderíamos optar por estudar tal tópico junto com cada tipo societário que 
será debatido em seguida, contudo, o regime jurídico dos sócios é bastante 
unificado em nosso ordenamento, sendo mais fácil tratá-lo como um assunto 
integrado, ressalvando as eventuais diferenças. A exceção ocorre nas 
sociedades por ações, o que será tratado na próxima aula. 
Como vimos anteriormente, quando a sociedade adquire personalidade 
jurídica passa a ser sujeito de direitos e obrigações, com patrimônio distinto dos 
sócios. A sociedade responde ilimitadamente pelas suas obrigações, não sendo 
possível, em regra, demandar dos sócios valores por ela devidos. 
Essa separação patrimonial é um importante instrumento de incentivo à 
exploração de atividades econômicas, já que fornece certa garantia de que o 
patrimônio do sócio investidor não será dilapidado por dívidas contraídas em 
nome da sociedade. 
Todavia, casos há em que, estando a sociedade impossibilitada de 
satisfazer seus credores, será possível acionar os sócios. Nesta hipótese 
estaremos diante da responsabilidade ilimitada dos sócios, como no caso das 
sociedades em comum e nas de nome coletivo.
Neste passo, é oportuno notar a regra do art. 1024, que se aplica às 
sociedades em comum nos termos do art. 990 e às sociedades em nome 
coletiva de acordo com a letra do art. 1040, determina que “os bens 
particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, 
senão depois de executados os bens sociais”. 
Ou seja, nestes casos, para que os sócios respondam com seu patrimônio 
por dívidas contraídas pela sociedade, é necessário que ocorra a insolvência 
desta pessoa jurídica, tendo em vista que se trata de responsabilidade 
subsidiária.
Frise-se, contudo, que o próprio art. 990 apresenta uma hipótese em que 
não há necessidade do esgotamento do patrimônio social para que os bens do 
sócio sejam atingidos. Com efeito, no caso de sociedades irregulares, o sócio 
que contratou pela sociedade fica excluído do benefício de ordem previsto no 
art. 1.024. 
E como funciona a responsabilidade dos sócios e acionistas das sociedades 
limitadas e anônimas, principais espécies societárias de nosso ordenamento 
jurídico? 
Na realidade, em ambos os casos os sócios respondem limitadamente. 
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Na sociedade limitada, conforme regra estatuída no art. 1.052 do Código 
Civil, apesar da responsabilidade dos sócios ser restrita ao valor de suas quotas, 
todos respondem solidariamente pela integralização do capital (recorde-se do 
conceito de integralização de capital). Desta forma, pode-se afirmar que o limite 
de responsabilidade dos sócios em uma sociedade limitada é o total do capital 
subscrito e não integralizado. 
Assim, a título exemplificativo, caso três sócios (A, B e C) subscrevam o 
valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para a formação de uma sociedade e o 
sócio C não integralize este valor, os dois sócios restantes, além de estarem 
obrigados a integralização de suas respectivas quotas naquele valor, também 
são solidariamente obrigados pela integralização do capital referente ao sócio 
que não cumpriu sua promessa. 
Desta forma, de modo simplificado, caso esta sociedade responda a uma 
ação judicial e não tenha bens para adimplir com um pagamento, pois somente 
possui capital social de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), referente ao capital 
integralizado pelos sócios A e B, o credor poderá demandar de ambos os R$ 
30.000,00 (trinta mil reais) restantes não integralizados pelo sócio C. 
Nas sociedades anônimas o quadro é diferente. Em regra, o acionista 
responde somente pela sua parte no capital social, ou seja, pela integralização 
do preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir, nos termos do art. 
1º da Lei 6.404/76, não tendo responsabilidade pessoal pelas dívidas da 
sociedade.
As sociedades em comanditas simples e as sociedades em comandita por 
ações apresentam sócios em diferentes condições, em que somente alguns têm 
responsabilidade ilimitada.
No tocante às sociedades em comanditas simples, o art. 1.045 do Código 
Civil reza que naquela espécie societária “tomam parte sócios de duas 
categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente 
pelo valor de sua quota”. 
Já em relação às sociedades em comanditas por ações, deve-se atentar 
para a norma consignada no art. 1091, segundo a qual “somente o acionista 
tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde 
subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade”. 
No caso de sociedade simples, os sócios respondem de modo subsidiário 
no caso de insolvência da sociedade, na proporção em que participaram das 
perdas, salvo cláusula de responsabilidade solidária, nos termos do art. 1.023. 
Todavia, considerando que o inciso VIII do art. 997 prevê que o contrato 
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escrito deverá mencionar “se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, 
pelas obrigações sociais”, é possível que a sociedade simples opte pela 
responsabilidade limitada dos sócios. Porém, para isso, deverá organizar-se 
como sociedade limitada. Apesar de parecer confuso, isto ficará claro quanto 
tratarmos de cada espécie societária, em separado.
SOCIEDADE LIMITADA: A responsabilidade dos sócios é 
restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem 
solidariamente pela integralização do capital. 
SOCIEDADES ANÔNIMAS: O acionista responde somente 
pela integralização do preço de emissão das ações que subscrever 
ou adquirir. 
SOCIEDADES EM COMUM E EM NOME COLETIVO: 
Responsabilidade ilimitada. 
SOCIEDADES EM COMANDITA SIMPLES E EM COMANDITAS 
POR AÇÕES: Regime misto de responsabilidade. 
SOCIEDADES SIMPLES: O contrato deve dispor sobre a 
responsabilidade dos sócios. 
Ainda no que diz respeito às responsabilidades dos sócios, é importante 
notar o disposto no art. 1080 do CC. De acordo com o teor daquele dispositivo 
legal, “as deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a 
responsabilidade dos que expressamente as aprovaram”. 
Deste modo, utilizando o exemplo apresentado pelo Prof. Fabio Ulhoa, 
caso o contrato social proíba a sociedade de prestar fiança e os sócios autorizam 
a concessão de tal garantia, “esses sócios são responsabilizáveis pelas 
obrigações sociais de fiador. O credor da sociedade pode cobrar dos sócios 
participantes da deliberação irregular, diretamente, o valor afiançado.” 
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Ressalte-se que, conforme lição do celebrado mestre, “na sanção às 
irregularidades praticadas na sociedade limitada, a responsabilização do sócio 
não depende do prévio exaurimento do patrimônio social”. 
Outra disposição legal que merece nossa atenção é relativa à 
responsabilidade do sócio que ingressa em sociedade já constituída. Com efeito, 
conforme o estatuído no art. 1.025, “o sócio, admitido em sociedade já 
constituída, não se exime das dívidas sociais anteriores à admissão”. Como este 
sócio se beneficiará dos negócios e dos investimentos feitos antes de sua 
admissão, nada mais justo que responda por eventuais débitos contraídos em 
operações anteriores. Portanto, candidatos, muito cuidado. Caso queiram 
ingressar como sócio em uma sociedade já constituída, verifiquem o passivo da 
empresa! 
Por outro lado, tratando-se da responsabilidade do sócio que se retira da 
sociedade, vale atentar ao parágrafo único do art. 1003, que dispõe que “até 
dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente 
solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas 
obrigações que tinha como sócio”. 
Desta forma, o sócio que cede sua participação, ficará vinculado 
juntamente com o cessionário que ingressou na sociedade, pelas obrigações até 
o momento de sua retirada. Frise-se que esta vinculação ocorre pelo período 
determinado de dois anos. 
 O art. 1032 também versa, porém de modo mais amplo, sobre a 
responsabilidade dos sócios nos casos de resolução em relação a um deles. 
Assim, nos casos de morte, retirada ou exclusão de sócio, este — ou seus 
herdeiros — ficará responsável pelas obrigações anteriores, até dois anos após 
averbada a resolução da sociedade. Isto, na proporção de seus quinhões de 
herança, pois, conforme a Constituição, ninguém pode herdar mais dívidas do 
que recebeu de herança. 
Nas hipóteses de retirada ou exclusão, a lei determina que haja também 
responsabilidade pelas obrigações posteriores, e pelo mesmo prazo de dois 
anos, enquanto não se requerer a averbação do ato que determinar a retirada 
ou exclusão. Perceba que o biênio se refere o período em que a 
responsabilidade subsistirá. 
A responsabilidade limitada dos sócios poderia afastar a regra do art. 
1.032 — dispositivo que se encontra no capítulo atinente às sociedades simples 
—, todavia, na esteira das palavras de Rubens Requião, o sócio “pode assumir, 
mesmo no caso de sociedades de responsabilidade limitada outras obrigações 
contratuais, de variada gama, ou ter responsabilidades por atos de gestão, por 
exemplo. Estas obrigações é que estariam contempladas pelo art. 1.032”. 
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Além do dever de subscrever e integralizar o capital, e da 
responsabilidade que isto acarreta, um sócio não pode substituir-se de suas 
funções sem a autorização dos demais sócios: 
Art. 1.002. O sócio não pode ser substituído no exercício das suas 
funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em 
modificação do contrato social. 
Ademais, as sociedades que iremos tratar nos tópicos seguintes — 
sociedade simples, sociedade limitada, sociedade em nomecoletivo e sociedade 
em comandita simples —, não são sociedades de capital, mas de pessoas. Como 
já deixamos claro quando introduzimos a terminologia o Direito Societário, 
nestas sociedades, a figura do sócio tem relevância na constituição da 
sociedade, pois há o affectio societatis — afeição de sociedade, em latim. Em 
razão disto, os sócios não podem alienar livremente suas quotas: 
Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente 
modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, 
não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. 
Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do 
contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a 
sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio 
Como se vê, a regra é que qualquer alienação de quotas seja aprovada 
pelos demais sócios, pois estes não têm a obrigação de aceitar um estranho 
com o qual não possuam affectio societatis. 
Esta regra é um pouco atenuada nas sociedades limitadas: 
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou 
parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos 
outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um 
quarto do capital social. 
Neste tipo societário, os sócios podem estipular, no contrato social, que a 
alienação de quotas pode ser feita livremente e, mesmo sem esta estipulação, é 
preciso haver oposição de pelo menos um quarto do capital social para o veto. 
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As sociedades em comandita simples são consideradas mistas pela 
doutrina: uma mistura de sociedade de pessoas e de capital. Alguns sócios são 
apenas investidores, assim, a lógica seria que poderiam ceder livremente suas 
quotas. Porém, não há nada expresso na lei que permita isto, logo, caso o 
candidato seja questionado se existe a possibilidade de alienar as 
quotas livremente, deverá responder que não. 
Já que os sócios não podem alienar suas quotas livremente, como 
ninguém pode ser obrigado a ser associado eternamente, conforme a 
Constituição — art. 5º, XX “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado” —, eles terão o direito de retirar-se da sociedade, caso 
esta seja por tempo indeterminado. 
Além disso, um sócio pode falecer e, como os remanescentes podem não 
ter affectio societatis com os herdeiros, suas quotas deverão ser liquidadas e 
seus valores repassados aos herdeiros. 
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: 
I - se o contrato dispuser diferentemente; 
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; 
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio 
falecido. 
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio 
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante 
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; 
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa. 
Em ambos os casos, a situação é a mesma: calcula-se o valor da empresa 
e paga-se ao sócio ou os herdeiros o valor na proporção de suas quotas. Podem 
um ou mais sócios querer adquirir estas quotas, pagando suprindo o valor ou o 
capital social da sociedade ser reduzido: 
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um 
sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente 
realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com 
base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada 
em balanço especialmente levantado. 
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§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais 
sócios suprirem o valor da quota. 
§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a 
partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. 
O mesmo ocorrerá quando for excluído judicialmente ou no caso de justa 
causa, quando o contrato permitir esta possibilidade: 
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, 
pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos 
demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, 
ainda, por incapacidade superveniente. 
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio 
declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do 
parágrafo único do art. 1.026[: O credor particular de sócio pode, na 
insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o 
que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em 
liquidação. Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o 
credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor, apurado na 
forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução, 
até noventa dias após aquela liquidação]. 
Quanto aos direitos dos sócios, todo tem o direito à participação nos 
resultados, sendo vedada qualquer estipulação contrária: 
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e 
das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja 
contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na 
proporção da média do valor das quotas. 
Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de 
participar dos lucros e das perdas. 
As demais prerrogativas dos sócios variam conforme o tipo societário e 
serão tratadas nos tópicos específicos. 
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4.2. Regime jurídico dos administradores 
Primeiramente, devemos distinguir os atos que necessitam de deliberação
— o aspecto democrático das sociedades — e os atos nos quais uma ou um 
número reduzido de pessoas decidem o destino da empresa — de forma 
autocrática. 
A Lei ou o contrato social pode estipular situações em que seja necessária 
a deliberação de todos os sócios. Neste aspecto, quanto às sociedades de 
pessoas, o Código Civil distingue as demais sociedades da limitada. Quanto 
àquelas, há apenas uma regra: 
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios 
decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por 
maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. 
§ 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos 
correspondentes a mais de metade do capital. 
§ 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso 
de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. 
§ 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma 
operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação 
que a aprove graças a seu voto. 
Quanto às sociedades limitadas, iremos tratar do assunto em tópico 
específico. O que importa é que todo o sócio tem o direito de participar nas 
deliberações. 
Porém, devido à necessidade de certas decisões serem tomadas com 
celeridade, em toda sociedade há uma (ou algumas) figura(s) chamada(s) 
administrador(es). Estes administradores têm prerrogativas, mas também têm 
responsabilidades, que veremos agora. 
Novamente, o Código Civil distingue a administração das limitadas das 
demais sociedades de pessoas. Contudo, nada impede que a regra geral 
complemente as lacunas das regras específicas. Por exemplo: 
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Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas 
funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma 
empregar na administração de seus próprios negócios. 
É óbvio que o administrador das limitadas deve agir com probidade, 
embora esta regra esteja estampada no capítulo das sociedades simples, que 
serve de regra geral para todas as sociedades de pessoas. 
Entretanto, lendo os dois institutos, intui-se que cada seção que dispõe 
sobre administração caminha para lados distintos. A administração das 
sociedades simples, e que se aplica às sociedades em nome coletivo, tende a 
uma administração coletiva, enquanto a das sociedades limitadas prevê um 
número menor de administradores. Comparemos os dois institutos: 
Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato 
social, compete separadamente a cada um dos sócios. 
Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas 
designadas no contrato social ou em ato separado. 
Nas sociedades em comandita simples, como já dito, há sócios 
empreendedores e sócios investidores. Somente os empreendedores podem 
praticar atos de gestão: 
Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da 
sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário [sócio 
investidor] praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma 
social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio 
comanditado. 
Tudo o que foi dito explica muito sobre a natureza destas sociedades: a 
sociedade em nome coletivo e a sociedade simples são típicas sociedades de 
pessoas; a sociedade em comandita simples és claramente mista; já a 
sociedade limitada é um tipo mais maleável, podendo tornar-se mais capitalista 
ou mais pessoal conforme a vontade dos contratantes. 
Assim, vamos tratar sobre estes regimes jurídicos dos administradores, 
ressaltando as diferenças de cada um. 
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Convém recordar que aqueles que ocupam os cargos de administração das 
sociedades, ao praticarem os atos de gestão da empresa, o fazem em nome e 
por conta desta. As pessoas jurídicas não têm vontade própria, sendo 
necessário que atuem por meio de seus administradores. 
Nos termos da regra prevista no art. 1.015, “no silêncio do contrato, os 
administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; 
não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende do 
que a maioria dos sócios decidir”. 
A responsabilidade daqueles que conduzem os rumos da sociedade desponta 
quando são desatendidos os deveres gerais dos administradores, conforme os 
dispositivos legais relativos ao tema. 
Em regra, os administradores não deverão ser responsabilizados por atos 
realizados em nome da sociedade, desde que atuem dentro de suas funções. Deste 
modo, o art. 1.016 reza que “os administradores respondem solidariamente perante 
a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções”. 
Evidencia-se que, afastando-se dos deveres de cuidado, lealdade e diligência 
(art. 1.011), e com uma atuação pautada pela imprudência, negligência ou 
imperícia, o administrador irá responder pessoalmente com seu patrimônio 
particular, perante a sociedade e terceiros eventualmente prejudicados. 
Neste passo, devemos recorrer a Lei das S.A. (Lei 6.404/76), que apresenta 
em seus arts. 153 e 155 regras gerais, que podem ser aplicadas àqueles que 
administram os mais diversos tipos societários. 
Mesmo não sendo a Lei das S.A. subsidiária de todos os tipos societários, 
devemos lembrar que, segundo a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro 
(antiga Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro — LICC), “Art. 4º Quando a lei 
for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito”. 
Ao abordar o dever de diligência, o art. 153 dispõe que o “administrador da 
companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência 
que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus 
próprios negócios”. 
A definição é fluída, sendo recomendável, para seu pleno entendimento, a 
análise do caso concreto, para que possa se verificar se o administrador pautou 
sua atuação pelos padrões naturalmente exigíveis daqueles que participam da 
gestão dos negócios da companhia. 
 Adiante, o art. 155 passa a discorrer sobre o dever de lealdade. Ao discorrer 
acerca do tema, o já citado mestre Rubens Requião afirma que “se o acionista se 
prende, por um dever ético, à sociedade, com muito mais força deve o 
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administrador pautar sua atuação dentro de princípios de lealdade para com a 
empresa. Embora isso esteja implícito na conduta de qualquer pessoa dentro do 
grupo social em que vive e atua, a lei resolveu reiterar, como regra expressa, o 
dever de lealdade do administrador”. 
A lista de condutas que são vedadas pelo art. 155 são as seguintes: 
1. usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem 
prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de 
que tenha conhecimento em razão do exercício de seu 
cargo; 
2. omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia 
ou, visando à obtenção de vantagens, para si ou para 
outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de 
interesse da companhia; 
3. adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe 
necessário à companhia, ou que esta tencione adquirir. 
Dessa forma, se o administrador atuar com imprudência, negligência e 
imperícia, caracterizando falta de diligência e lealdade, e, em decorrência deste 
ato, a sociedade vier a sofrer danos, ele será responsável por eventual 
ressarcimento. 
 Outrossim, o art. 1.017 do Código Civil determina que “o administrador 
que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou bens sociais em 
proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o 
equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele 
também responderá.” Percebe-se que a lei permite a aplicação de créditos ou 
bens sociais em proveito do próprio administrador ou de terceiros, todavia, é 
necessário consentimento escrito dos sócios. 
Outra previsão legal que merece destaque é a do §2º do art. 1.013, 
segundo a qual o administrador responderá por perdas e danos caso realize 
“operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a 
maioria”. 
Quanto às diferenças, por ter uma administração mais coletiva, um 
administrador de uma sociedade de pessoas — excluída a limitada —, cuja 
função seja estabelecida no contrato social, não pode ser destituído sem justa 
causa (art. 1.019). Já, na sociedade limitada, os mecanismos de troca de 
administradores são muito mais fluidos. Este, inclusive, pode não ser sócio. 
Sendo assim, cumpre notar esta regra exclusiva do art. 1.061, com redação 
nova dada pela Lei 12.375/2010: 
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Art. 1.061. A designação de administradores não sócios dependerá de 
aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver 
integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização. 
5. Classificação das sociedades empresárias 
Vamos tratar agora das espécies societárias previstas no art. 997 do 
Código Civil em diante e como são classificadas. Saliente-se, candidato, que 
serão discutidos somente os pontos principais a respeito de cada modelo 
societário, já que o aprofundamentoneste assunto demandaria um número 
maior de aulas. Daremos ênfase às sociedades simples e limitadas, a primeira 
por servir de base a todas as outras e a segunda por ser o principal tipo 
societário utilizado. 
Quanto à classificação, muito já foi dito nos tópicos anteriores, 
principalmente, no tópico terminologia. Apresentaremos, agora, um quadro 
esquemático, que sintetiza tudo que já foi dito: 
Classificação Gênero Espécie 
Quanto à responsabilidade 
dos sócios 
Ilimitada Sociedade simples (regra) 
Sociedade em nome coletivo 
Limitada Sociedade anônima 
Sociedade limitada 
Sociedade simples (organizada como 
limitada) 
Mista Sociedades em comandita simples 
Sociedade em comandita por ações 
Quanto ao regime de 
constituição e de 
dissolução 
Contratuais Sociedade simples 
Sociedade em nome coletivo 
Sociedade em comandita simples 
Sociedade limitada 
Institucionais Sociedade anônima 
Sociedade em comandita por ações 
Quanto à composição De pessoas Sociedade simples 
Sociedade em nome coletivo 
Sociedade limitada (salvo se determinado 
o contrário no contrato social) 
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De capital Sociedade anônima 
Sociedade em comandita por ações 
Mista Sociedade em comandita simples 
 
5.1. Sociedades Simples 
Primeiramente, prezado candidato, você deve estar se perguntando: “por 
que estudar a sociedade simples em um curso de Direito Empresarial, se a 
sociedade simples não é empresária”. Há duas respostas a esta pergunta: a 
primeira, mais pragmática é que está no edital; a segunda, mais didática, é que 
este tipo societário é a base de muitos outros. Vejamos o Código Civil: 
Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste 
Capítulo e, no que seja omisso, pelas do Capítulo antecedente [sobre 
sociedade simples]. 
Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da 
sociedade em nome coletivo [que por sua vez, é complementada pelas 
normas da sociedade simples], no que forem compatíveis com as deste 
Capítulo. 
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, 
pelas normas da sociedade simples. 
Por outro lado, sociedade simples não se opõe à sociedade limitada ou à 
sociedade em nome coletivo ou à sociedade em comandita simples. Sociedade 
simples opõe-se à sociedade empresarial. Não devemos confundir as coisas. 
A sociedade simples é uma sociedade civil, com fim econômico sem 
organização empresarial. Os tipos societários, como limitada, etc. são 
tipos de organização societária e não de organização empresarial. A 
sociedade simples pode organizar-se como qualquer um desses tipos. 
Vejamos o Código Civil: 
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Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos 
regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se 
de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às 
normas que lhe são próprias. 
A sociedade simples, não só pode, como deve organizar-se conforme um 
desses tipos. A melhor forma de organização, como as estatísticas indicam, é a 
sociedade limitada, graças às vantagens da limitação da responsabilidade. 
Porém, mesmo que se organize como outro tipo societário, não terá nada a 
perder, só a ganhar. 
De qualquer forma, são possíveis quatro tipos de sociedades 
simples: a sociedade simples pura, a sociedade simples limitada, a sociedade 
simples em nome coletivo e a sociedade simples em comandita simples. 
Ela só não poderá organizar-se como sociedade anônima ou sociedade em 
comandita por ações, pois o Código Civil determina que estes tipos societários 
são, necessariamente, empresariais. Assim, teríamos um paradoxo: uma 
sociedade que não pode ser, em hipótese alguma, empresarial, organizando-se 
como uma sociedade que deve ser, em qualquer hipótese, empresarial. 
A sociedade simples se dedica às atividades próprias de profissão intelectual, 
como ciência, literatura ou artes, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa (parágrafo único do art. 966). Pela tradição histórica 
destas profissões — as chamadas profissões liberais —, elas são consideradas 
atividades que não são atividades de mercância. Embora isto, nos dias de hoje, 
fuja à realidade, a ideologia ainda se mantém. Eis a razão da distinção. 
Apresentados estes conceitos preliminares, vamos apontar os principais 
aspectos da sociedade simples, da forma mais abrangente possível, pois, desta 
forma, quando estudarmos os demais tipos societários, já teremos estudado 
bastante do que se aplica a eles, necessitando, apenas, estudar as diferenças. 
Da mesma forma, quando estivermos estudando estes outros tipos 
societários, estaremos estudando regras que podem ser aplicadas, 
opcionalmente, às sociedades simples. 
 O art. 997 trata de um importante elemento do Direito Societário, que é 
o contrato social: 
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou 
público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: 
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I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se 
pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos 
sócios, se jurídicas; 
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; 
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo 
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação 
pecuniária; 
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; 
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em 
serviços; 
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e 
seus poderes e atribuições; 
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; 
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações 
sociais. 
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto 
separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. 
O artigo seguinte trata da obrigatoriedade do registro. Vejamos que o 
contrato deverá ser inscrito Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ao contrário de 
uma sociedade empresarial, que, como vimos na aula passada, deve requerer 
suas inscrições à Junta Comercial de seu estado: 
Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade 
deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das 
Pessoas Jurídicas do local de sua sede. 
Atente-se à disposição que determina que o contrato social deve constituir 
o capital da sociedade simples, imposição inexistente no regime anterior das 
sociedades civis. Ainda, é possível a admissão de sócio que não participe do 
capital, em moldes semelhantes às antigas sociedades de capital e indústria. 
Apesar desta situação jurídica, este sócio de serviço participa dos lucros na 
proporção da média do valor das quotas (art. 1.007) e deverá se dedicar 
inteiramente à sociedade (art. 1006). 
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Conforme o art. 997, I, os sócios da sociedade simples poderão ser 
pessoas físicas ou jurídicas, mas isto parece ser um grande erro legislativo, pois 
a participação de pessoas jurídicas neste tipo de sociedade é contra sua própria 
natureza, pois, nela, os sócios devem ser profissionais e não investidores e uma 
pessoa jurídica jamais poderá ter participação profissionalem uma sociedade. 
Parece que o legislador quis criar uma regra geral de contratos sociais para 
todos os tipos societários e esqueceu-se desta brecha que estava criando. 
De qualquer forma, caso o candidato seja perguntado se uma pessoa 
jurídica pode ser sócia de uma sociedade simples, deverá responder que sim, 
por mais absurdo que possa parecer. 
Em toda questão ambígua, a melhor opção é sempre ser o mais positivista 
possível, ou seja, o mais literal. A não ser que seja uma ambiguidade legal que 
a jurisprudência já haja resolvido e não seja mais questão de conflitos. Porém, 
são estas brechas legais que permitem que uma sociedade empresarial se 
personalize como uma sociedade simples, utilizando-se de seus benefícios, o 
que pode ser descaracterizado, por exemplo, no Direito Falimentar, como 
veremos em aula própria. 
Reiterando o que já foi dito, os sócios responderão pelas obrigações 
sociais de acordo como o teor do contrato social (art. 997, VIII). Esta 
obrigação poderá ser subsidiária ou solidária, como se pode aduzir da leitura 
sistemática deste inciso com a leitura dos arts. 1.023 e 1.024 do Código Civil: 
Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, 
respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das 
perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. 
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por 
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. 
Isto significa que, por regra, a responsabilidade dos sócios de uma 
sociedade simples é subsidiária, isto é, esgotados os bens da sociedade, os bens 
pessoais podem ser executados ilimitadamente. A única forma de uma 
sociedade simples limitar a responsabilidade dos sócios é organizar-se como 
uma sociedade limitada, não basta colocar no contrato que os sócios não 
respondem subsidiariamente pelas obrigações contratadas. 
A administração das sociedades simples deverá ser exercida por pessoa(s) 
natural(is) (art. 997, VI), não sendo possível a delegação de poderes (art. 
1.018). 
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As alterações no contrato social, que versem sobre matérias previstas no 
art. 997, dependem de consentimento de todos os sócios; outros temas podem 
ser decididos por maioria absoluta de votos, se o contrato, ou a lei, não determinar 
necessidade de deliberação unânime (art. 999). Enfatize-se que a cessão de 
quota social também depende da aprovação dos demais sócios (art. 1.003). 
Para que o sócio se retire da sociedade com prazo determinado deverá haver 
justa causa; caso a sociedade seja sem prazo, poderá se retirar a qualquer tempo
(art. 1.029). 
O sócio, ainda que majoritário, poderá ser expulso da sociedade nos moldes 
do art. 1.030. Neste caso, deverá haver pedido da maioria dos demais sócios e 
“falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade 
superveniente”. Ressalte-se que se trata de exclusão judicial. O sócio declarado 
falido ou que tenha tido suas quotas liquidadas será, de pleno direito, excluído da 
sociedade (parágrafo único do art. 1.030). 
O sócio que faltar com suas contribuições previstas no contrato social, além 
de responder por perdas e danos, também poderá ser excluído da sociedade, neste 
caso extrajudicialmente (art. 1.004 e respectivo parágrafo único). 
Repare que é possível a unipessoalidade temporária, nos termos do inciso IV 
do art. 1.033. Nesta situação, a sociedade poderá permanecer, durante um período 
não superior a cento e oitenta dias, com um sócio. Após este lapso, mantendo-se a 
unipessoalidade, a sociedade será dissolvida. Os demais casos de dissolução 
encontram-se elencados no mesmo art. 1.033. 
Como foi possível perceber, candidato, há vários detalhes e regras no regime 
legal relativo às sociedades simples. O mais relevante neste momento é se recordar 
que esses normativos aplicam-se, conforme informado acima, a diversas outras 
espécies societárias. 
Acredito que não haja necessidade da memorização de todos os dispositivos 
legais mencionados. Contudo, recomendo uma breve leitura nos pontos sublinhados 
acima, de modo que no momento da prova, caso seja cobrado conteúdo referente a 
tais tópicos, o candidato possa se recordar mais facilmente do tema tratado. 
SOCIEDADES SIMPLES 
Æ ATIVIDADES PRÓPRIAS DE PROFISSÃO INTELECTUAL; 
Æ NÃO PODE ASSUMIR A FORMA DE SOCIEDADE POR AÇÕES; 
Æ AS NORMAS TAMBÉM SE APLICAM ÀS SOCIEDADES EM NOME COLETIVO, COMANDITA 
SIMPLES, ÀS SOCIEDADES LIMITADAS (SE O CONTRATO SOCIAL NÃO ELEGER A LEI DAS 
S.A. COMO DIPLOMA DE REGÊNCIA SUPLETIVA) E À SOCIEDADE EM CONTA DE 
PARTICIPAÇÃO; 
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Æ CONSTITUÍDAS POR ATO ESCRITO, PARTICULAR OU PÚBLICO; 
Æ OS SÓCIOS PODEM SER PESSOAS NATURAIS E JURÍDICAS, MAS A ADMINISTRAÇÃO 
DEVE SER EXERCIDA POR PESSOAS NATURAIS; 
Æ É POSSÍVEL A UNIPESSOALIDADE TEMPORÁRIA E A ADMISSÃO DE SÓCIOS DE 
SERVIÇO. 
4.2. Sociedades Limitadas 
Anteriormente, as sociedades limitadas eram reguladas pelo Decreto 
3.708/19. Após o advento do Código Civil, no ano de 2002, tal modelo 
societário passou a ser regido por esse diploma legal e poderá ser utilizado 
tanto pelas sociedades simples como pelas sociedades empresárias. 
Como já vimos, as situações não reguladas no capítulo próprio das 
sociedades limitadas no Código Civil serão regidas supletivamente pelo regime 
das sociedades simples. Contudo, por convenção, no contrato social, poderá ser 
regida, subsidiariamente, pelo disposto na Lei das S/A, conforme a norma do 
art. 1.053 e respectivo parágrafo único. 
De acordo com o que foi debatido e exemplificado no capítulo relativo à 
responsabilidade dos sócios, na sociedade limitada, apesar da responsabilidade 
dos sócios ser restrita ao valor de suas quotas, todos respondem solidariamente 
pela integralização do capital (art. 1.052). Assim, o limite de responsabilidade 
dos sócios em uma sociedade limitada é o total do capital subscrito e não 
integralizado.
É relevante também apontar a responsabilidade prevista no §1º do art. 
1.055 do Código Civil, que determina que todos os sócios respondem 
solidariamente pela avaliação incorreta feita pelos sócios. Percebe-se que tal 
disposição legal não atinge aqueles sócios que ingressaram na sociedade em 
momento posterior à avaliação. 
As quotas das sociedades limitadas constituem frações do capital social e 
podem ser de valor igual ou não (art. 1.055). 
Em relação à cessão de quotas nas sociedades limitadas, insta ressaltar 
que, na esteira da previsão consubstanciada no art. 1.057, caso o contrato 
social não apresente regra diversa, “o sócio pode ceder sua quota, total ou 
parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, 
ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do 
capital social.” 
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Deste modo, omitindo-se o contrato, a livre transferência de quotas só 
ocorrerá quando o cessionário for outro sócio.
A letra do art. 1.059 também demanda atenção, ao dispor que “os sócios 
serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer 
título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se 
distribuírem com prejuízo do capital.” 
A administração da sociedade limitada é tratada nos arts. 1.060 a 1.065. 
Como já vimos, podemos destacar a norma positivada no art. 1.061, que 
dispõe que permite a previsão contratual de administradores não sócios. 
Contudo, a designação desses dependerá “de aprovaçãoda unanimidade dos 
sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de dois terços, no 
mínimo, após a integralização”. 
No caso de administrador sócio, nomeado no próprio contrato social ou em 
alteração contratual, sua destituição dependerá da decisão de dois terços do 
capital social, salvo disposição contratual diversa. (art. 1.063, §1º). Por 
outro lado, tratando-se de administrador não sócio ou nomeado em ato 
separado, é certo que sua destituição poderá ocorrer por vontade da maioria do 
capital. 
No tocante ao conselho fiscal (arts. 1.066 a 1.070), órgão que tem 
como missão principal a fiscalização dos atos dos administradores, sua criação é 
optativa. Caso instituído, será composto de três ou mais membros e respectivos 
suplentes, sócios ou não, residentes no País.” 
 Os arts. 1.071 a 1.080 versam sobre o processo decisório dentro das 
sociedades limitadas. Preliminarmente, enfatize-se que a maioria é calculada em 
função do número de quotas e não pelo número de sócios. Destarte, um sócio 
com 50 quotas, influenciará mais os rumos da sociedade que três sócios com 10 
quotas, cada um. 
O quórum necessário para a aprovação das diversas matérias de interesse 
das limitadas é bastante simples, bastando a leitura dos arts. 1.071 e 1.076.
Ressalte-se que não há impedimento para que o contrato social aumente o 
mínimo necessário para a aprovação de certas questões. 
 O art. 1.077 apresenta importantes regras acerca do direito de recesso. 
Como na sociedade limitada os sócios se vinculam à própria duração do 
empreendimento, a lei prevê algumas hipóteses que permitem a retirada do 
sócio, haja vista o seu possível desinteresse em se manter na entidade. 
De acordo com aquele dispositivo normativo, “quando houver modificação 
do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá 
o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade”. 
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Em relação ao aumento do capital social (art. 1.081), tal providência só 
poderá ocorrer após sua total integralização. Já a redução do capital da 
sociedade, poderá ocorrer em duas hipóteses: “I - depois de integralizado, se 
houver perdas irreparáveis; II - se excessivo em relação ao objeto da 
sociedade” (art. 1.082). O quórum necessário para a aprovação de ambas as 
providências é de três quartos do capital social. 
Para que seja possível a todos os sócios manter a sua participação 
proporcional no capital da sociedade, o §1º do art. 1.081 determina que “até 
trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do 
aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares”. Busca-se, deste 
modo, evitar a diluição da participação societária dos sócios com o aumento do 
capital. 
Para concluir esta etapa, merece destaque o art. 1.085 que versa sobre 
uma possibilidade de exclusão extrajudicial do sócio. Assim, “quando a maioria 
dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que 
um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude 
de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante 
alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa 
causa”. 
Nas palavras de Fabio Ulhoa, “se o expulso é minoritário e há, no 
contrato social, cláusula que permite a expulsão de sócio por justa causa (...) 
o sócio ou sócios titulares de mais da metade do capital social, diante de 
elementos que demonstrem estar o minoritário pondo em risco a 
continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, devem 
convocar reunião ou assembléia para apreciar a matéria. É condição de 
validade do ato que seja dada ciência ao acusado da convocação para que ele 
possa comparecer e, querendo, defender-se”. 
Vale recordar que o art. 1.004 apresenta outra possibilidade de exclusão 
extrajudicial do sócio, enquanto o art. 1.030 nos traz hipótese de exclusão 
judicial do sócio minoritário remisso. 
Segue abaixo quadro com algumas das regras mais relevantes no regime 
legal relativo às sociedades limitadas: 
SOCIEDADES LIMITADAS 
Æ A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS É RESTRITA AO VALOR DE SUAS QUOTAS, MAS 
TODOS RESPONDEM SOLIDARIAMENTE PELA INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL;
ÆO SÓCIO PODE CEDER SUA QUOTA LIVREMENTE A SÓCIOS, OU A ESTRANHO, SE NÃO 
HOUVER OPOSIÇÃO DE MAIS DE UM QUARTO DO CAPITAL SOCIAL; 
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Æ É POSSÍVEL A PREVISÃO CONTRATUAL DE ADMINISTRADORES NÃO SÓCIOS, MAS A 
DESIGNAÇÃO DESSES DEPENDERÁ DE APROVAÇÃO DA UNANIMIDADE DOS SÓCIOS, 
ENQUANTO O CAPITAL NÃO ESTIVER INTEGRALIZADO, E DE DOIS TERÇOS, NO MÍNIMO, 
APÓS A INTEGRALIZAÇÃO; 
Æ A INSTITUIÇÃO DO CONSELHO FISCAL É OPTATIVA; 
Æ NAS DELIBERAÇÕES SOCIAIS, A MAIORIA É CALCULADA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE 
QUOTAS E NÃO PELO NÚMERO DE SÓCIOS; 
Æ É POSSÍVEL O SÓCIO RETIRAR-SE DA SOCIEDADE QUANDO HOUVER MODIFICAÇÃO 
DO CONTRATO, FUSÃO DA SOCIEDADE, INCORPORAÇÃO DE OUTRA, OU DELA POR OUTRA; 
Æ A EXPULSÃO DO SÓCIO QUE DESCUMPRE SEUS DEVERES, QUANDO HOUVER 
PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA, PODE SER FEITA EXTRAJUDICIALMENTE; 
Æ O AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL SÓ PODE OCORRER APÓS SUA TOTAL 
INTEGRALIZAÇÃO. 
5.3. Sociedades em Nome Coletivo 
As principais características das sociedades em nome coletivo já vêm 
previstas no art. 1.039, que dispõe que somente pessoas físicas podem fazer 
parte de tal espécie societária e todos os sócios responderão solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais.
Evidencia-se que, diante dessa responsabilidade ilimitada, a sociedade em 
nome coletivo não é muito utilizada, considerando que não preserva os sócios 
do risco do empreendimento. 
É certo que os sócios poderão limitar a responsabilidade entre si, todavia, 
tal limitação não poderá ser oposta a terceiros e deverá ser feita no ato 
constitutivo ou unanimemente por convenção posterior (parágrafo único do 
art. 1.039). 
 O art. 1.042 determina que a administração da sociedade em nome 
coletivo compete exclusivamente aos sócios.
 
SOMENTE PESSOAS FÍSICAS PODEM FAZER PARTE DA SOCIEDADE 
EM NOME COLETIVO E TODOS OS SÓCIOS RESPONDERÃO SOLIDÁRIA 
E ILIMITADAMENTE PELAS OBRIGAÇÕES. 
5.4. Sociedades em Comandita Simples 
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Nas sociedades em comandita simples há dois tipos de sócios: 
comanditados e comanditários. Os primeiros devem ser pessoas físicas e se 
obrigam solidária e ilimitadamente, enquanto os segundos são simples 
prestadores de capitais, com a responsabilidade limitada às suas contribuições 
de capital (art. 1.045). Tal distinção deve estar prevista no ato constitutivo.
Justamente por sua condição, o sócio comanditário não pode “praticar 
qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar 
sujeito às responsabilidades de sócio comanditado” (art. 1.047). A gerência da 
sociedade caberá, deste modo, a todos os sócios comanditados, ou, dentre 
esses, àqueles que forem designados no contrato social. 
Contudo, nada impede que o comanditário, nos moldes do parágrafo 
único do art. 1.047, seja constituído procurador da sociedade para 
determinado negócio. 
É curioso notar que a ausência de uma das categorias de sócio 
(comanditado e comanditário) por período inferior a cento e oitenta dias não é 
suficiente para a dissolução da sociedade em comandita simples, de acordo com 
o teor do inciso II, do art. 1.051. 
 
NA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES HÁ O SÓCIO 
COMANDITADO, PESSOA FÍSICA QUE RESPONDE SOLIDÁRIA E 
ILIMITADAMENTE PELAS OBRIGAÇÕES

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