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PROCESSO PENAL I ERICK DOS SANTOS Professor: ALMIR GODINHO FACULDADES ESTÁCIO VITÓRIA, SETEMBRO DE 2018 AÇÃO PENAL • CONCEITO: É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito publico subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente satisfação de pretensão punitiva. • CLASSIFICAÇÃO: a par da tradicional classificação das ações em geral, levando-se em conta a natureza do provimento jurisdicional invocado (de conhecimento, cautelar e de execução) no processo penal é corrente a divisão subjetiva das ações, isto é, em função da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. Segundo esse critério, as ações penais serão publicas ou privadas, conforme sejam promovidas pelo Ministério Público ou pela vitima e seu representante legal, respectivamente. É o que diz o art. 100, caput, do CP: “A ação penal e pública, salvo quando a lei, expressamente, a declara privativa do ofendido”. CONDIÇÕES DA AÇÃO • São requisitos que subordinam o exercício do direito de ação. Para se poder exigir, no caso concreto, a prestação jurisdicional, faz-se necessário, antes de tudo, o preenchimento das condições da ação. Ao lado das tracionais condições que vinculam a ação civil, também aplicáveis ao processo penal (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade para agir), a doutrina atribui a este algumas condições especificas de procedibilidade . São elas: “(a) representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça; (b) entrada do agente em território nacional; (c) autorização do legislativo para a instauração do processo contra Presidentes e Governadores, por crimes comuns; e (d) transito em julgado de sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento e erro essencial ou ocultamento do impedimento. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA • TITULARIEDADE: a Constituição da República atribui ao MP, com exclusividade, a propositura da ação penal pública, seja ela incondicionada ou condicionada (art.129, I CF) . A proposito, também os arts. 25, III, da Lei n. 8.625/93 (LONMP), VI, da Lei Complementar n. 734/93 (LOEMP). • A constituição prevê, todavia, no art, 5º, LIX, uma única exceção: caso o MP não ofereça denuncia no prazo legal, e admitida a ação penal privada subsidiária, proposta pelo ofendido ou seu representante legal. Ressalva está prevista, também nos, art. 29 do CPP, e 100, § 3º, do CP. O art. 598 do CPP, admite, ainda, o recurso supletivo do ofendido, quando o MP não fizer. da mesma forma o art. 584, § 1º, do CPP, admite recurso supletivo na forma do art, 581, VII (sentenlidade). • Obs: cumpra-se destacar, que não cabe mais, no procedimento do júri, o recurso em sentido estrito contra senteça de impronuncia (arts. 581,VI, e 584, § 1º do CPP), mais apelação (art. 416 do CPP). PRINCÍPIOS • OBRIGATORIEDADE: não pode o MP recusar-se de dar início a ação penal. Há, quanto a propositura desta, dois sistemas diariamente opostos: o da legalidade ( ou obrigatoriedade), segundo o qual o titular da ação está obrigado a propô-la sempre que presentes os requisitos necessários, e o da oportunidade, que confere a quem cabe promove-la certa parcela de liberdade para apreciar a oportunidade, que confere a quem cabe promove-la certa parcela de liberdade para apreciar a oportunidade e conveniência de fazê-lo. O art. 28 do CPP, ao exigir que o MP exponha as razoes do seu convencimento sempre que pedir o arquivamento dos autos do inquérito policial, confirma a opção pelo critério da legalidade. • Obs: atualmente, o principio sofre inegável mitigação com a regra do art. 98, I, da CF. que possibilita a transação penal entre o MP e autor do fato, nas infrações penais de menor potencial ofensivo (crimes apenados com no máximo dois anos de pena privativa de liberdade e contravenções penais- art. 2º, parágrafo único, da Lei n. 10.259, de 12 de junho de 2001, e art. 61 da Lei n. 9.099/95). A possibilidade de transação ( proposta de aplicação de pena não privativa de liberdade) está regulamentada no art. 76 da Lei n. 9.099/95, substituindo, nestas infrações penais, o principio da obrigatoriedade pelo da discricionariedade regrada. • INDISPONIBILIDADE: oferecida a ação penal, o MP dela não pode desistir (art. 42, CPP). Esse principio nada mais e que a manifestação do princípio anterior no desenvolvimento do processo penal. • OFICIALIDADE: os órgãos encarregados da persecução penal as oficiais isto é, públicos. Sendo o controle da criminalidade uma das funções mais típicas do Estado. • AUTORIDADE: são autoridades publicas os encarregados da persecução penal extra e in judicio ( respectivamente, autoridade policial e membro do MP). • OFICIOSIDADE: os encarregados da persecução penal devem agir de oficio, independentemente de provocação, salvo na hipótese em que a ação penal publica for condicionada a representação ou à requisição do ministro da justiça (art.100, § 1º do CP e art. 24 do CPP) • INDIVISIBILIDADE: também aplicável à ação penal privada (art. 48 do CPP). A ação penal publica devem abranger todos aqueles que cometeram a infração. Regra é desdobramento do princípio da legalidade: se o MP está obrigado a propor a ação penal pública, é obvio que não poderá escolher, dentre os indiciados, quais serão processados pois isso implicaria necessariamente a adoção do princípio da oportunidade em relação ao “perdoado” • INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal só pode ser proposta conta quem se imputa a pratica do delito. Salienta esse principio em virtude do fato de que há sistemas em que a satisfação do dano ex delicto faz parte da pena, devendo, por isso, ser pleiteada pelo órgão da acusação em face do responsável civil. • Sufiencia da ação AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA • CONCEITO: e aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal ( representação) como também a requisição do Ministro da Justiça • Obs: mesmo nesses casos a açao penal continua sendo pública, exclusiva do MP, cuja a atividade fica apenas subordinada a uma daquelas condições ( arts. 24, CPP e 100, § 1º CP). AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO • O MP, titular dessa ação, só pode a ela dar início se a vitima ou seu representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação de vontade. • NATUREZA DA REPRESENTAÇÃO: A representação é a manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal no sentido de autorizar i desencadeamento da persecução penal em juízo. Trate-se de condução objetiva de procedibilidade. • TITULAR DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: Se o ofendido contar com menos de 18 anos ou for mentalmente enfermo, o direito de representação cabe exclusivamente a quem tenha qualidade para representa-lo. Podem também ser exercido por procurador com poderes especiais (art.39,caput, CPP). No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º do CPP) • PRAZO: “Salvo disposição em contrario, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contato do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou , no caso do art. 29, do dia em que esgotar o prazo para oferecimento da denuncia”(art.38, do CPP). No mesmo sentido, o art. 103 do CP. • Trata-se, como se vê, de prazo decadencial, que nem suspende nem prorroga, e cuja fluência iniciada a partir do conhecimentoda autoria da infração, é causa extintiva de punibilidade do agente (art. 107,VI do CP). • FORMA: A representação não tem forma especial. O CPP, todavia, estabelece alguns preceitos a seu respeito (art. 39, caput e §§ 1º e 2º), mas a falta de um ou de outro não será, em geral, bastante para invalidá-la • DESNTINATÁRIO: Pode ser dirigida ao juiz , ao representante do MP ou à autoridade policial (art. 39, caput, do CPP): • AO JUIZ: se haver elementos suficientes para instruir a denúncia, ao juiz deverá remete-lo diretamente ao MP, para o seu oferecimento. Não havendo tais elementos deverá o magistrado encaminhá-la à autoridade policial, com requisição de instauração de inquérito. Se oral ou por escrito, mas sem assinatura autenticada, o juiz deverá reduzi-lo a termo • AO MP: se o ofendido ou a quem tem direito fizera representação por escrito e com firma reconhecida, oferecendo com ela todos elementos indispensáveis à propositura da ação penal, o órgão do MP, dispensando o inquérito, deverá oferecer denuncia no prazo de quinze dias, contato da data em que conhecer a vontade do representante. Do contrario, deverá requisitar a autoridade policial a instauração de inquérito, fazendo a representação acompanhar a requisição, ou, então deverá pedir o arquivamento das peças de informação . se oral ou pro escrito, mas sem firma reconhecida, deverá reduzi-lo a termo, observando-se tudo o que disse quanto à existência de elementos para a propositura da ação. • A AUTORIDADE POLICIAL: se por escrito e com firma reconhecida, a autoridade deverá instaurar inquérito policial (art. 5º, § 4º) ou, sendo incompetente, deverá remete-la à autoridades policial que tiver atribuição para fazê-lo (art. 39, § 3º do CPP). Se feita oralmente ou por escrito, mas sem firma reconhecida, a representação deverá ser reduzida a termo. • IRRETRATABIIDADE: A representação e irretratável após o oferecimento da denuncia (art.25, do CPP; art. 102, do CP). A retratação só pode ser antes do oferecimento da denuncia, pela mesma pessoa que representou. • NÃO VINCULAÇÃO: A representação não obriga o MP a oferecer a denúncia, devendo este analisar se é ou não caso de propor a ação penal, podendo concluir pela sua instauração, pelo arquivamento do inquérito, ou pelo retorno dos autos a polícia, para novas diligências. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA • Neste caso, ação é pública, porque e promovida pelo MP, mas para que possa promovê-la, e preciso que haja requisição do ministro da justiça, sem o que e impossível a instauração do processo (art. 24 do CPP). • HIPÓTESES DE REQUISIÇÃO: nos crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art.145, § único, primeira parte), nos delitos praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art.7º, §3o ), e, ainda, em determinados crimes praticados através da imprensa (art.23, I c/c. art.40, I, a, da Lei nº5.250/67). • PRAZO: O CPP e omisso a respeito. Entende-se, assim, que o ministro da justiça poderá oferece-lo a qualquer tempo, enquanto não estiver extinta a punibilidade do agente. • RETRATAÇÃO: Não deve ser admitida. A requisição e irretratável porque a lei não contempla expressamente esta hipótese, como no caso da representação. • VINCULAÇÃO: Não obriga o MP a oferecer a denúncia, sendo o MP exclusivo da ação penal pública. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA • CONCEITO: Estado transfere ao ofendido ou ao seu representante legal a legitimidade para propor a ação penal. Trata-se de legitimação extraordinária e foi conferida essa legitimidade ao ofendido por razões de política criminal. • DA OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA: A vítima não está obrigada a promover a ação penal, mesmo estando presentes as condições necessárias para a propositura da ação. • DA DISPONIBILIDADE: Pelo princípio da disponibilidade se entende que se o ofendido decidir ingressar com uma ação penal contra o autor do fato, aquele poderá a qualquer tempo desistir do prosseguimento do processo, ou seja, o ofendido é quem decide se quer prosseguir até o final e essa disponibilidade pode se dar de duas formas, quais sejam, pela perempção ou pelo perdão do ofendido, estes dois institutos são causas de extinção da punibilidade e são aplicáveis a todos os tipos de ações privadas, com exceção da ação privada subsidiária da pública, uma vez que, nesta, o dever de agir cabe ao órgão do Ministério Público. O ofendido poderá dispor do processo até o trânsito em julgado da sentença • DA INDIVISIBILIDADE: o princípio da indivisibilidade tem previsão expressa no artigo 48 do Código de Processo Penal: "A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.” • DA INTRANSCENDÊNCIA: esse princípio decorre do Artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Federal e diz respeito ao fato de que a ação penal só deve ser proposta contra aquela pessoa que praticou a infração penal. Vale salientar que, os princípios norteadores são aplicáveis a todos os tipos de ação privada, com exceção do princípio da disponibilidade que não é aplicado às ações privadas subsidiárias da pública. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA: ESPÉCIES • AÇÃO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA: é aquela que só pode ser exercida pelo ofendido ou por seu representante legal, e, no caso de morte do ofendido ou declarada a sua ausência, por qualquer uma das pessoas elencadas no artigo 31 do Código de Processo Penal, quais sejam: cônjuge, ascendente, descendente e irmão, os quais poderão prosseguir na ação penal já instaurada • AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: iniciada através de queixa quando embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não haja oferecido a denúncia no prazo legal. Nesse caso, a ação penal é originariamente de iniciativa pública mas, o Ministério Público não promove a ação penal no prazo estabelecido pela lei, e, por isso, o ofendido ou o seu representante legal poderão de forma subsidiária ajuizá-la. Previsão feita no artigo 5º, inciso LIX da Constituição Federal de 1988. • AÇÃO PRIVADA PERSONALÍSSIMA: Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência. FIM
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