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Aula 5: SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS I – SISTEMA INQUISITORIAL: 1) História: - Início sistemático no século XII e preponderou até o século XVIII (em alguns até o século XIX); - principal modelo é de direito canônico, mas foi se incorporando às legislações da época; 2) Principais características: - a confusão entre o sujeito processual com função acusatória e o sujeito processual com função julgadora; - a iniciativa investigatória e processante ex officio (gestão da prova pelo juiz); - a busca da verdade real; - a admissão de qualquer prova capaz de buscar a verdade, mesmo a tortura; - a preferência da confissão a qualquer outro meio de prova; - o processo escrito, secreto e não contraditório; - quanto à valoração da prova vigorava o sistema da prova legal ou prova tarifária ou hierarquia das provas; - a inexistência de direito de defesa; - o acusado como mero objeto e não sujeito processual; - a prisão como regra, pois permitia que o julgador tivesse o objeto de investigação a seu dispor para obter a confissão; - as decisões não precisavam ser fundamentadas 3) Sistema Inquisitório no Brasil: - Código de Processo Criminal do Império; II – SISTEMA ACUSATÓRIO: 1) História: - Predominou até o século XII e depois, com a Ilustração, voltou a dominar do século XVIII até hoje (na verdade os sistemas hoje são mistos*); *na verdade não existe um sistema misto, o que importa é aferir o ponto nevrálgico do sistema, ou seja, o núcleo fundante. 2) Principais características: - clara distinção entre as atividades de acusar e julgar; - A iniciativa probatória deve ser das partes; - Mantém-se o juiz como um terceiro imparcial, alheio a labor de investigação e passivo no que se refere à coleta da prova, tanto de imputação como de descargo; - Tratamento igualitário das partes (igualdade de oportunidades no processo); - Procedimento é em regra oral (ou predominantemente); - Plena publicidade de todo o procedimento (ou de sua maior parte); - Ausência de uma tarifa probatória, sustentando-se a sentença pelo livre convencimento motivado do órgão jurisdicional; - Instituição, atendendo a critérios de segurança jurídica (e social) da coisa julgada; - Possibilidade de impugnar as decisões e o duplo grau de jurisdição III – PRINCÍPIOS IDENTIFICADORES: - Princípios identificadores do sistema: a) princípio dispositivo: funda o sistema acusatório; a gestão da prova está nas mãos das partes (juiz espectador) b) princípio inquisitivo: funda o sistema inquisitório; a gestão da prova está nas mãos do julgador (juiz ator, inquisidor) - O princípio é o que identifica (núcleo fundante) a natureza do sistema e o descaracteriza como misto, uma vez que todo e qualquer sistema reúne características dos dois sistemas; IV – SISTEMA BRASILEIRO: O sistema de processo penal brasileiro é constitucionalmente acusatório, mas peca sobretudo na iniciativa do juiz (inércia e imparcialidade da jurisdição) e na gestão da prova, que o faz infraconstitucionalmente inquisitório: - Quanto à iniciativa do juiz, vale dizer que a separação inicial não garante a inércia e a imparcialidade da jurisdição se durante o processo o juiz pode: a) determinar de ofício a prisão preventiva; b) reconhecer agravantes de ofício; c) determinar a remessa dos autos ao Procurador Geral se o MP não fizer a mutatio libeli; d) alterar a classificação jurídica do fato; e) condenar o réu mesmo com um pedido de absolvição do MP. - Quanto à gestão da prova o juiz pode de ofício: a) determinar a realização de diligências tanto durante o processo como, pior, durante a investigação; b) determinar uma busca e apreensão, um sequestro ou ouvir uma testemunha não arrolada; c) proceder ao reinterrogatório a qualquer tempo; - todas essas normas que se apresentam incompatíveis como sistema processual penal acusatório forjado pela Constituição devem ser consideradas inconstitucionais, porquanto é a gestão da prova o ponto nevrálgico central para identificar o princípio como dispositivo ou inquisitivo.
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