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Milena Alves milenaalves1057@gmail.com Hermenêutica (Jurídica) Quando surge? Surge com a variação do sentido e valor da sociedade, ou seja, com a modernidade. Torna-se necessária a partir do surgimento da regulamentação de comportamentos no âmbito positivado, onde exige uma interpretação cuidadosa do Direito. O que é? É a atribuição de sentido a tudo aquilo que pode ser interpretado. Tida como a filosofia da interpretação, viabiliza a percepção do texto além de suas palavras, auxiliando, assim na interpretação (determinar o sentido da lei), integração (suprimento das lacunas dos sistemas jurídicos) e aplicação do Direito (adaptação das normas aos fatos). Segundo Gadamer, a hermenêutica seria uma tentativa de compreender as ciências humanas. Qual sua finalidade? É responsável pelo estudo e sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito, como explica Maximiliano. Escolas hermenêuticas Conjunto de pensamentos sobre o que é o Direito. Escola da Exegese A escola da exegese teve seu marco inicial com a Revolução francesa em 1804 (ascensão da burguesia ao poder), com a criação do código de Napoleão. Em virtude da tradição anterior de o juiz decidir conforme seus interesses, e com o viés de que o código era perfeito, adotou-se o que se chama de “Juiz boca de lei”. O Parlamento, composto por representantes do povo, deveria editar as leis necessárias para que os direitos naturais dos cidadãos fossem preservados, o juiz passaria a respeitar a lei posta pelo Poder Legislativo na condução de suas atividades, aplicando o mecanismo subsunção do fato à norma por meio de raciocínio silogístico. Dessa forma, a razão, o individualismo, a separação dos poderes e a norma “objetiva” eram suas principais características. No entanto, posteriormente, com a Revolução Industrial e os novos casos que surgiam (Mudanças sociais), a lei tornou-se insuficiente, gerando Lacunas no Ordenamento e quebrando o viés de que o Código era perfeito. Surge então, novas discussões sobre como o juiz interpretaria e julgaria os novos casos não previstos, sendo a interpretação literal insuficiente. Escola da Livre Investigação Científica Palavras chaves: Gény; código insuficiente; lacuna; fiel a lei; interpretação científica. Tem como principal autor Gény, que visa solucionar o problema das Lacunas. Sua principal contribuição foi o rompimento com o modelo tradicional de interpretação, no entanto não se posiciona contra o sistema legal. Para Gény, somente diante do silêncio, indecisão ou indefinição do legislador é que caberia ao juiz interpretar, com bases científicas, livremente a norma jurídica a ser aplicada a o caso em análise, mantendo-se fiel a lei, que seria sua principal fonte. A interpretação científica, evitaria a arbitrariedade e o decisionismo do juiz. Escola Histórica Palavras chaves: Costumes; Savinig; Alemanha; critica ao iluminismo e exegese; romantismo; passado histórico; volksgeist; crítica ao naturalismo e positivismo; cientista do direito; doutrina; jurisprudência dos conceitos. Em suma, o Direito é um produto histórico, espontâneo, fruto da consciência nacional e de cada sociedade. É um elemento mutável, devendo o legislador cuidar de interpretar as regras consuetudinárias (costumes). A Escola Histórica do Direito combate a interpretação lógica, defendendo que o direito não é fruto do racionalismo ou de uma ideia abstrata, mas se funda na sociedade e nos seus costumes, combatendo o jusnatualismo do século XVII e XVIII. *Jurisprudênci a dos conceitos Advinda da escola histórica, tem como principais características a observação histórica de cada sociedade, o jurista como fonte criador, a utilização de conceitos como base das decisões e o estabelecimento de distinção entre o poder constituído e constituinte (Volunta Legis). Escola do D. Livre Palavras chaves: Direito é luta; última fonte do D. é a lei; direito justo; vontade da coletividade. A tese fundamental da Escola do Direito Livre é a de que o Direito não é, nem deve ser, criação exclusiva do Estado. Por conseguinte, a lei não é a única fonte do direito. Essa escola apresentou duas tendências principais: a moderada, que defendia a produção de normas pelo juiz apenas diante de lacunas, e a extrema, que defendia a criação de normas pelo juiz se a aplicação da lei fosse considerada injusta. o Direito surge diretamente das fontes materiais, ou seja, dos fatos sociais ocorridos em sociedade e das valorações axiológicas de determinado grupo social. Neste diapasão, caberia ao intérprete da norma manifestar ato de vontade em consonância com o sentimento prevalecente na comunidade em sua decisão judicial. Escola do Realismo Palavras chaves: Mede law-Direito feito por juízes; código de jurisprudência; decisões conforme as convicções de cada juiz. As razões emocionais orientam os julgamentos. Assim, a ciência do direito seria uma aposta sobre juízos e tribunais. Defendem que o Direito real e efetivo será aquele que sobre o caso proposto resolva a jurisdição. As normas pouco influência exercem sobre o direito nos tribunais. O juiz decide sobre cada caso concreto, o que demonstra o caráter mutável do Direito, que não se restringe à dinâmica social. O juiz formula seus julgados sob a aparência de interpretar normas velhas. O juiz cria sempre o Direito efetivo, ainda que haja normas gerais preexistentes. Ordenamento Jurídico As questões em torno do O.J Coerência (Serve de parâmetro para um bom funcionamento do O.J e para gerar segurança jurídica.) Completude (Garante um conjunto sistemático e organizado do O.J.) Antinomias (normas que conflitam entre si) Lacunas (Ausência de norma regulamentadora) Tipos de Antinomias Tipos de lacunas Reais (Quando há conflito entre os critérios de resolução.) Reais (Ausência total de lei) Aparentes (É possível encontrar algo que regule, ainda que não esteja aparente.) Aparentes (Apenas parece existir, no entanto é possível a utilização de Critérios de resolução.): Espécies de Lacunas Normativ a (Lei) Ontológica (Sem aplicação pratica) Axiológica (Injusta/insatisfa tória) Critério Hierárquico: Norma superior prevalece sobre norma inferior. Métodos de resolução Critério Especialidade: Normas especial prevalece sobre norma geral. 1. Analogia: consiste em aplicar uma norma que regule caso parecido. Critério Cronológico: Norma posterior prevalece sobre norma anterior. 2. Costumes: aplica-se o sistema de jurisdição, baseando-se nos costumes da sociedade. Ideológicas (Analisa-se o “dever ser” e a justiça. Tem um viés de finalidade e proporcionalidade.) 3. PGD: utilização de princípios, tal como justiça. Métodos de Interpretação Obs: utilizam-se de modo complementar; não há hierarquia; é possível divergência. Gramatical Sentido literal da lei; analisedo texto em si; método Dicionarizado. Sistemático Analise do todo, ou seja, deve interpretar o fato e a norma. Admite o O.J é um sistema/conjunto de normas, valores e sentido e cada parte faz parte de um todo. Histórico O intérprete busca os fundamentos de criação da norma. Para isso, deve fazer uma análise histórica tanto do momento em que ela foi criada (a fim de identificar a vontade do legislador), quanto do momento em que ela está sendo aplicada no caso concreto e futuro. Teleológico Visa a finalidade da lei. (preservação social) Autêntica Advém da própria lei; utiliza-se o mecanismo de moldura, de kelsen, que diz que a norma jurídica a ser aplicada forma uma moldura/quadro de possíveis significados. A função do intérprete é conhece-los e determinar sua aplicação. *Outros tipos de interpretação: Judicial Interpretação feita por meio das jurisprudências Executivel Projetos normativos Democrático Inter. garantido a soberania do povo e da const. Doutrinária Interpretação feita pelos estudiosos do Direito Dialógica institucional-social Inter. Feita a partir do diálogo entre a sociedade e o direito. Efeitos da interpretação Extensivo: amplia o alcance da norma (O legislador disse menos do que queria/devia dizer.) Restritivo: reduz o alcance da norma, pois a mesma diz mais do que deveria; Declaratória: apenas declara o que a norma diz em seu sentido gramatical. Círculo hermenêutico: Palavras chaves: Tradição histórica; a compreensão leva a interpretação, mas está fundada em uma pré-compreenção; heidegger. Levando-se em consideração o campo próprio de interpretação do direito, heidegger, em sua filosofia do circulo hermenêutico, defende que toda interpretação vincula-se a uma compreensão, sendo que, há, antes mesmo do processo interpretativo, uma pré-compreensão do que se busca interpretar. Resumindo, há uma pré-compreenção que envolve um horizonte de conhecimentos, onde o todo interliga-se com as partes, logo o significado de um depende do significado do outro. A ideia de círculo hermenêutico é, para heidegger, uma relação entre compreensão, interpretação e a pré-compreensão, este último permite que haja um horizonte de conhecimentos intrínsecos nos operadores do direito, formando o todo e as partes. Logo, interpretação hermenêutica seria a relação entre o todo e as partes, onde o significado de um depende do significado do outro.