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Introdução à Astronomia OVL 111 O Sol e a Lua O Sol e a Lua Adorados como deuses irmãos ou consortes entre os povos antigos, o Sol e a Lua influenciam bem mais do que a imaginação da humanidade. Os principais efeitos astronômicos no planeta são justamente produzidos pelo Sol, pela Lua ou por ambos. Embora tenham tamanho aparente similar (~ 0.5 graus) na esfera celeste, tratam-se de corpos completamente distintos, tanto em composição quanto em escala de tamanho. O Sol e a Lua O Sol •Estrela de aproximadamente 4,5 bilhões de anos. •Distância média da Terra de 149,6 milhões de quilômetros (chamamos de 1 unidade astronômica, 1 ua). •Diâmetro: 1,4 milhões de quilômetros (~109 vezes o da Terra) •Massa: 1,989 1030 kg (333.400 vezes a massa da Terra. 99,86% da massa de todo o Sistema Solar!) •Formado quase que totalmente por hidrogênio (H) e hélio (He). •Maior e mais massivo astro do Sistema Solar, o que o faz manter planetas, asteróides e cometas girando ao seu redor. •Temperatura e pressão variam da região central, onde está a fonte geradora de radiação, à “superfície”. Estrutura Interior solar: • núcleo (core), • Zona radiativa, • zona convectiva. Atmosfera solar: • fofosfera, • cromosfera, • coroa. The Photosphere Núcleo e zona convectiva Núcleo: lá se concentra a maior parte da massa solar. Altíssimas pressões e temperaturas (da ordem de 16.000.000 oC) tornam possíveis reações termonucleares que transformam 4 átomos de H em 1 átomo de He e que são responsáveis pela liberação de uma energia equivalente à explosão de 100 bilhões de toneladas de TNT a cada segundo! Nas seguintes regiões ocorre o transporte da energia gerada no núcleo para as camadas superficiais. Zona radiativa: onde a energia flui por radição, isto é, não há movimento das parcelas de gás, só transporte de fótons. Zona convectiva: energia não é transmitida de forma radiativa, tendo em vista o baixíssimo livre caminho médio dos fótons na região. A energia é transmitida através de correntes de convecção. Fotosfera limbo Manchas solares É a região do Sol que observamos, donde os fótons escapam. É delimitada por uma fronteira aparentemente bem marcada, que chamamos de limbo. Na fotosfera, observamos a presença de algumas regiões mais escuras, que chamamos de manchas solares. A temperatura efetiva do Sol corresponde à temperatura média do topo da fotosfera (5785 K). Quando observamos o Sol na direção do centro de seu disco, recebemos a luz das camadas mais profundas da fotosfera, que são mais quentes e mais densas e, desta forma, mais brilhantes do que as camadas superiores. Quando olhamos para o limbo, vemos a luz das camadas mais altas e frias da fotosfera. Escurecimento de limbo A cromosfera possui temperatura e localização intermediária entre aquelas da fotosfera e coroa. Mostra-se como uma região rosa-avermelhada vista pouco antes ou após a totalidade de eclipses solares. Sua temperatura vai de 6000 K a 50000 K. A cor rosada deve-se a Hα em emissão no espectro da cromosfera. Cromosfera Séries do Hidrogênio: Cromosfera Espectro de lampejo (flash) O espectro da cromosfera pode ser obtido durante 20 s, antes da totalidade de um eclipse solar. Coroa Normalmente observada apenas durante eclipses totais do Sol. Possui linhas de Fe, Ni e Ca ionizados até 15 vezes. Temperatura é superior a 1 milhão de Kelvins. Temperatura varia de 50000 K (acima da cromosfera) até 3500000 K (no topo da coroa). Coroa durante o máximo e mínimo solar A coroa quiescente A coroa ativa Aquecimento das regiões externas do Sol O aquecimento das regiões mais externas da atmosfera solar continua a ser um fenômeno sem explicação clara. Acredita- se que a zona convectiva do Sol tenha papel importante na produção de ondas acústicas e magnéticas que se propagarão pela cromosfera e coroa, aquecendo-a. Telescópio Solar McMath-Pierce Localizado no Kitt Peak, Arizona Manchas solares Umbra Penumbra Granulação Como surgem as manchas solares? Na região em que as linhas de campo magnético saem da fotosfera, surgem manchas, que costumam aparecer sempre em pares próximos. As manchas surgem através da interação entre a rotação diferencial do Sol e a zona convectiva. Polaridades Magnéticas Polaridades opostas em cada par Pares em hemisférios opostos têm polaridade oposta A estrutura reverte polaridade a cada ciclo S N S N S N Beginning of cycle Later in the same cycle N N S S S N N S The next cycle N N S S Propriedades das Manchas Solares • São mais escuras (portanto, mais frias) do que a fotosfera circundante; • inibem a granulação; • surgem em pares; • seguem um ciclo de aproximadamente 11 anos (ciclo solar). Linhas de campo magnético Ciclo Solar O ciclo solar constitui-se num período de aproximadamente 11 anos, durante o qual a atividade solar chega a um máximo e decai para níveis mínimos. Foi inicialmente descoberto através das contagens de manchas estelares, porém pode ser constatado através de uma variedade de indicadores de atividade magnética (linhas de emissão, erupções, etc) Mínimo de Maunder Entre 1650 e 1710, observou-se um período de atividade anormalmente calma no Sol. Este período, chamado de Mínimo de Maunder, coincidiu com um período de invernos rigorosos na Europa. Grânulos • Vistos na fotosfera • colunas de gás quente -- células convectivas. • Têm de 1000 a 1500 km de diâmetro • duram cerca de 15 minutos antes de dissiparem-se • as áreas escuras mostram onde o gás está descendo Espectroscopia de Grânulos O movimento das células convectivas pode ser constatado do espectro de altíssima resolução dos grânulos solares. Espículas • Colunas de gás da cromosfera que erguem-se em direção à coroa. • Têm até 1000 km de diâmetro e 10000 km de altura. • São mais frias do que a coroa. • Tipicamente erguem-se por 5 minutos a uma velocidade de 25 km/s. • Desfazem-se rapidamente. • Formam-se nas bordas das regiões chamadas supergrânulos. Supergrânulo cercado por espículas. Fáculas e Plagas Fáculas são pequenos filamentos mais brilhantes do que as regiões circunvizinhas no disco solar. Plagas são regiões extensas, também mais brilhantes do que a circunvizinhança, como as fáculas. Costumam anteceder a aparição de manchas solares. Protuberâncias Gases quentes, associados a manchas solares, podem ser lançados à coroa, formando colunas incandescentes com até 50000 K que chamamos de protuberâncias. Erupções Erupção solar flagrada pelo SOHO em 26/10/03, que durou ao todo 9 horas! As erupções solares são os fenômenos mais violentos dentre aqueles produzidos pela atividade magnética solar. Nessas explosões, uma enorme quantidade de massa é lançada ao espaço. Algumas, chegando à Terra, danificam satélites e prejudicam as telecomunicações. Erupções Buracos coronais Buracos coronais são regiões escuras da coroa, onde a temperatura e a densidade são relativamente mais baixas do que nas circunvizinhanças. Atividade de raio X no Solsol quiescente sol ativo A figura mostra a variação na emissão de raio X pelo Sol durante um ciclo solar completo. Vento Solar É o fluxo de partículas do Sol ao espaço. Passa pela Terra com velocidade entre 400 a 500 km/s, chegando, algumas vezes a rajadas de até 1000 km/s. Deixam o Sol com maior velocidade a partir dos buracos coronais. Esticam linhas de campo magnético solar em direção ao espaço. Vento Solar e Buracos Coronais O vento solar escapa mais facilmente através dos buracos coronais porque nessas regiões as linhas de campo magnético abrem-se radialmente para o espaço, ao contrário de nas regiões brilhantes da coroa, que correspondem a regiões de campos fechados. Formação de Auroras Quando o vento solar chega à Terra, algumas de suas partículas são capturadas pelo campo magnético terrestre, espiralando em direção aos pólos magnéticos. Quando elas se chocam com as partículas da atmosfera, causam o fenômeno das auroras. Tempestades Solares e a Magnetosfera Cinturões de Van Allen Cinturões de Van Allen são toros de partículas carregadas em torno da Terra, confinadas pelo campo magnético terrestre. Relacionam-se com a formação de auroras. Auroras http://www-spof.gsfc.nasa.gov/ http://www-spof.gsfc.nasa.gov/ Aurora Seen From Space Aurosas são causadas pela interação de partículas de alta energia, principalmente elétrons, com os átomos neutros da alta atmosfera. Lunações • Além da passagem do dia, o período lunar era facilmente mensurável pela variação das fases lunares. • Os antigos perceberam que o interregno entre duas fases lunares iguais consecutivas (i.e., dois novilúnios ou dois plenilúnios, por exemplo) correspondia 29,5 dias aproximadamente. • O ciclo de fases lunares é chamado de lunação. O tempo correspondente a uma lunação é chamado de mês sinódico. Sua duração real vale 29,530589 dias. • A lunação motivou os antigos a agrupar a contagem dos dias em blocos de 29 e 30 dias que coincidem com a lunação. Daí surgiu o mês lunar. Fases À media que viaja ao redor da Terra ao longo do mês, a Lua passa por um ciclo de fases, durante o qual sua forma parece variar gradualmente. O ciclo completo dura aproximadamente 29,5 dias. Fases Fases Lua nova: • Lua e Sol, vistos da Terra, estão na mesma direção. • Lua nasce ~ 6h e se põe ~18h. Lua quarto- crescente: • Lua e Sol, vistos da Terra, estão separados de 90o. • No HS, Lua à leste do Sol. • Lua nasce ~ 12h e se põe ~24h. Lua cheia: • Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas de 180o, ou 12h. • Lua nasce ~ 18h e se põe ~6h. Lua quarto- minguante: • Lua e Sol, vistos da Terra, estão separados de 90o. • No HS, Lua à oeste do Sol. • Lua nasce ~ 24h e se põe ~12h. Períodos de revolução Mês sinódico ou lunação: intervalo de tempo médio entre duas fases iguais consecutivas. Duração ~29,5 dias. Mês sideral: tempo necessário para a Lua completar uma volta em torno da Terra em relação a uma estrela. Duração ~27,32 dias. Eclipses • Os eclipses ocorrem quando um corpo astronômico é temporariamente obscurecido ao passar pela sombra de um corpo ou por ter sua visão bloqueada, so longo da linha de vidada, pela interposição de um outro corpo. • Na Terra, os eclipses tradicionalmente referenciam-se ao eclipse solar (passagem da Terra pelo cone de sombra da Lua ) e lunar (passagem da Lua pelo cone de sombra da Terra). Eclipse Total, Parcial ou Anular • O eclipse será total, parcial ou anular se o corpo obscurecido for observado desde a umbra, penumbra ou antumbra do corpo interposto, respectivamente. Condições para eclipses • Eclipses lunares ocorrem durante plenilúnios. • Eclipses solares ocorrem durante novilúnios. • A Lua deve estar sobre a ou próxima à eclíptica. • Eclipses do Sol e Lua são sempre precedidos de uma fase de eclipse penumbral. Curiosidades sobre eclipses • A cada ano terrestre, ocorrem sempre de 2 a 7 eclipses, entre lunares e solares. • Há pelo menos 2 eclipses solares a cada ano, a maioria dos eclipses solares só é visível a partir de uma das regiões polares. • Há no máximo 5 eclipses solares a cada ano. • A duração máxima de um eclipse solar total é pouco mais que 7 minutos. Eclipses solares • A Lua se interpõe entre a Terra e o Sol. • Pode ser total, parcial ou anular. Caminho do Eclipse Eclipses lunares ● A Terra se interpõe entre a Lua e o Sol. ● Pode ser total ou parcial, jamais anular. ● Durante o eclipse lunar, é possível constatar a esfericidade da superfície terrestre a partir da sombra da Terra. Visibilidade dum Eclipse lunar Fenômenos durante eclipses ● O momento em que o Sol começa a despontam de um eclipse solar costuma ser chamado de “anel de diamante” ● Antes e após a totalidade de um eclipse solar, a luz solar chega num padrão de interferência, que pode ser observado no solo. O eclipse de 1912 ● O eclipse de 1912 foi um grande evento para a elite carioca. Houve muitos comentários na imprensa e o próprio presidente foi observá-lo. O presidente Hermes da Fonseca na fazenda do Sr. Hess, em Passa Quatro Fotografia de Olyntho Barreto Fonte: Fon-fon, 19/10/1912 / Arquivo: BN Superfície lunar A superfície lunar é coberta por uma camada de poeira chamada regolito, composta por microfragmentos de rochas criados durante eons de bombardeamento meteorítico. Efeitos de Maré A ação gravitacional de um corpo sobre o outro deforma ligeiramente a forma de ambos: os corpos se esticam ao longo da linha que une os dois centros de massa. Essa deformação é chamada de “bojo mareal”. A ação da Lua sobre a Terra provoca o surgimento de “bojos oceânicos”, que são mais facilmente perceptíveis do que os “bojos corporais”. Ademais, a Terra rotaciona mais velozmente do que a revolução lunar, de modo que os bojos oceânicos mudam de posição, acarretando o fenômeno das marés. Evolução mareal das órbitas Uma vez que a Terra está se movendo, seus bojos mareais são arrastados para fora da linha que une os centros de massa da Terra e da Lua. Os bojos mareais terrestres acabam por afetar a órbita lunar, arrastando a Lua consigo. O efeito global destas forças é levar a Lua para uma órbita cada vez mais distante. Simultaneamente, a Lua atrai o bojo mareal terrestre, diminuindo lentamente a velocidade de rotação da Terra. Em função disso, daqui a milhões de anos, o dia terá bem mais do que 24 horas e a Lua estará mais distante. Há bilhões de anos atrás, ao contrário, o dia terrestre tinha apenas 4-5 horas de duração. Mapa gravimétrico da Lua Mapa gravimétrico Mapa altimétrico Composição da Lua A Lua possui uma composição um pouco semelhante à da Terra. Porém, possui poucos voláteis, incluindo água. Os “mares” lunares são mais ricos em Ferro e Titânio do que os planaltos. A sonda Clementine encontrou evidências da existência de gelo em crateras profundas no pólo sul lunar. Este gelo possivelmente proveio de cometas. Origem da Lua A origem da Lua provavelmente envolveu uma colisão entre a Prototerra e algum planetésimo de grandes proporções, por causa dos seguintes fatos: • Planetas terrestres não formaram discos circumplanetários substanciais. • A razão de massa Lua-Terra excede a de qualquer outro satélite-planeta, tirante Caronte-Plutão. • A Lua possui uma densidade baixa e, ainda assim, poucos voláteis. Sua composição é similara da crosta terrestre desprovida de voláteis. • A Lua não possui um caroço denso. De modo geral, é deficitária em elementos siderófilos (elementos que tendem a se ligar com o ferro metálico no estado sólido ou fundido. Comuns no núcleo terrestre.) • A Lua possui razão isotópica 16O/18O similar a da Terra. Evolução do Interior Lunar Formação vs. Destruição de Rochas Durante a formação da Lua, dois fatores competiam entre si: a solidificação da litosfera e a pulverização dessas rochas sólidas durante impactos. Em corpos maiores, a formação de regolitos deve ter sido menos importante porque vulcanismo e tectonismo renovaram a superfície. Formação vs. Destruição de Rochas A destruição das rochas lunares por impactos é constante. Mesmo micrometeoritos podem atingir a superfície lunar, uma vez que não há atmosfera. 0.01mm Panorama Lunar O panorama lunar é marcado pela existência de rochas em diversos níveis de fragmentação devido à craterização generalizada da Lua e à ausência de vulcanismo.
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