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Princípio da conservação da energia mecânica Profº Fábio Tozo Transformações de Energia Mecânica Por que o carrinho da montanha-russa não precisa ter motor? Introdução Transformações de energia estão muito presentes nos fenômenos que presenciamos no nosso cotidiano. Para que nos movamos em um ônibus, diversas modificações energéticas são necessárias. A primeira delas ocorre quando o motorista, ao dar partida no ônibus, espera que a bateria transforme energia química em energia elétrica que fará o motor a girar. Daí por diante, a explosão da gasolina nos cilindros do motor gerará energia térmica suficiente para mover os pistões, que farão as rodas girar associando a elas certa quantidade de energia cinética. O carro se move e parte de sua energia cinética se transforma em calor por causa do trabalho da força de atrito dos pneus com o solo, ou do trabalho da força de resistência do ar. Ao frear, a energia cinética do ônibus se transforma em energia térmica nos freios e, vez por outra, em energia sonora, em uma derrapagem, por exemplo. Em nossa vivência, sempre estaremos em contato com alguma modificação de energia. Energia Mecânica – Sistemas Conservativos Você já reparou que, em uma montanha-russa, a altura em que o carrinho inicia a primeira descida é maior dentre todas e que, portanto, ele não atinge essa altura em nenhuma outra ocasião? Para entender por que isso ocorre, vamos supor que alguém tenha descoberto como eliminar totalmente o atrito que sempre acompanha o movimento e que resolva aplicar sua descoberta à construção de uma montanha-russa. Figura 1. Em uma montanha-russa, a altura da primeira descida não se repete. Todas as outras rampas estão mais próximas do chão. Colorado, Estados Unidos. Logo, a pessoa percebe que, ao contrário do que ocorre na realidade, a altura inicial do carrinho pode ser alcançada infinitas vezes. Numa montanha-russa ideal, em qualquer posição que o carrinho esteja, a soma das suas energias cinética e potencial terá sempre o mesmo valor. Essa soma é chamada de energia mecânica. Sistemas em que a energia mecânica total se mantém constante são chamados sistemas conservativos. EM = EC + EP Em um sistema conservativo, EM = constante h Figura 2. Em uma montanha-russa idealizada, qualquer traçado garante movimento ao carrinho, desde que a altura inicial não seja ultrapassada. É por isso que o carrinho, em uma montanha-russa sem atrito, pode voltar a atingir o ponto mais alto infinitas vezes. A energia mecânica que ele possui no início é a mesma da chegada. Numa montanha-russa idealizada, os passageiros embarcariam numa viagem sem fim, subindo e descendo rampas indefinidamente, nada havendo para deter o carrinho, que, naturalmente, não pararia jamais. Figura 3. Em um sistema conservativo, os corpos trocam altura por velocidade e vice-versa. A B D h A EMA = EpgA Em A h A v A E C A E pgA 0 ≠ = 0 0 ≠ = 0 ═ ^ ═ ^ EMB = ECB + EpgB Em B v B B h E C B E pgB 0 0 ≠ = 0 0 ≠ = ═ ^ ═ ^ EMC = ECC Em C h C v C E C C E pgC 0 0 ≠ = 0 0 ≠ = ═ ^ ═ ^ C Sistemas Dissipativos Continuemos nossa viagem no carrinho da montanha-russa, mas consideremos agora uma situação real, ou seja, sem desprezar o atrito, durante todo o percurso, realizará um trabalho resistente, retirando energia mecânica do sistema e transformando-a, por exemplo, em energia térmica. Nesse caso, ao completar seu movimento de descida da primeira rampa, a energia potencial gravitacional não terá sido inteiramente transformada em energia cinética. Ainda que a troca entre as energias potencial e cinética se verifique continuamente, a soma não permanece constante. A energia mecânica associada ao carrinho torna-se cada vez menor. Em consequência disso, o carrinho não terá energia mecânica suficiente para subir uma rampa de altura igual aquela da qual partiu. Um sistema no qual a energia mecânica não se conserva é chamado de sistema dissipativo. Em um sistema dissipativo, a energia mecânica EM não é constante. A quantidade de energia mecânica dissipada corresponde ao trabalho das forças de resistência sobre o sistema. Sendo assim, dizemos: Figura 4. Em nosso cotidiano, a quase totalidade dos sistemas em que ocorrem os movimentos são dissipativos, ou seja, sistemas em que o trabalho do atrito diminui a energia mecânica do sistema. Energia Mecânica As fotos mostram a sequência de uma pessoa realizando bungee-jump. Imagem: (a) Bitboy0 / GNU Free Documentation License; (b) Michel Royon / GNU Free Documentation License. Na segunda foto da sequência, o sistema constituído pela pessoa mais a corda elástica possui três tipos de energia: ● cinética: o sistema possui velocidade de queda; ● potencial gravitacional: o sistema está a certa altura do solo, considerando como nível de referência; ● potencial elástica: a corda elástica está alongada. A soma desses três tipos de energia é denominada energia mecânica Em do sistema. Na fórmula acima, a parcela Ep inclui a energia potencial gravitacional e a energia potencial elástica. Em = Ec + Ep Princípio de Conservação da Energia Todo movimento ou atividade é realizado por meio de transformação de um tipo de energia em outro(s), isto é, da transformação energética (nem há criação nem destruição de energia). Vejamos alguns exemplos. Para uma pessoa correr, nadar, levantar peso, etc., sua energia é transformada em calor e movimento. Essa energia provém de alimentos ingeridos. Quando uma pessoa ou animal se alimenta de vegetais verdes, por exemplo, cuja energia é obtida por meio do processo conhecido como fotossíntese, essa energia fica armazenada nas células da pessoa ou animal, permitindo a realização de atividades musculares. Nas usinas hidrelétricas, a energia potencial da água transforma-se em energia cinética e movimenta turbinas acopladas a geradores elétricos. Nas usinas termoelétricas, a energia necessária para aquecer a água provém de combustíveis derivados do petróleo ou carvão. Nas usinas nucleares, utiliza-se o urânio como combustível. A finalidade dessas usinas é transformar essas energias (potencial gravitacional, potencial química ou potencial nuclear, respectivamente) em energia elétrica, que terá outras formas nas residências, nos hospitais e nas indústrias. Um liquidificador a transformará em energia cinética; uma lâmpada, em energia térmica e luminosa; um rádio em energia sonora etc. A principal fonte de energia que utilizamos é a energia solar. A radiação solar é responsável pela produção dos alimentos vegetais, do carvão, do petróleo, da evaporação, dos ventos etc. O sol é fundamental no cultivo das flores. A energia dos alimentos que comemos é transformada em calor e energia química, que movimenta nossos músculos quando nadamos, por exemplo. A energia do Sol e de outras estrelas é devida a reações exotérmicas de fusão nuclear. Assim, podemos enunciar o princípio da conservação da energia. A energia não se cria e não se destrói, mas apenas se transforma de um tipo em outro, em quantidades iguais. Fonte:WALTER, Spinelli et al. Conexões com a Física. Editora Moderna. Vol. 1. 1ª edição. São Paulo 2010. Para Saber mais... Textos: O princípio da conservação da energia e Energia mecânica na pista O artista gráfico holandês M. C. Escher (Maurits Cornelis Escher, 1898-1972) é conhecido pelas ambiguidades presentes em suas obras. Suas gravuras representam belas ilusões de óptica e em muitas delas o efeito pretendido é contrário ao princípio da conservação da energia. Conservação da Energia Mecânica Num bate-estaca a energia potencial do bloco ao cair é transformada em energia cinética. Entretanto, quando ocorre a colisão do bloco com a estaca, a energia cinética não se transforma integralmente em energia potencial do sistema. Nesse caso, ocorre deformação permanente do chão ao ser penetrado pela estaca, e as superfícies que se chocam sofrem aquecimento, além dos ruídos produzidos no instante do choque. Na transformação a variação de energia potencial gravitacional e a variação da energia cinética não são iguais. A energia cinética do bloco que caiu transformou-se em energia sonora, energia Térmica e em deformação do solo e da estaca; portanto, não ocorreu conservação da energia mecânica do sistema. Por exemplo, um corpo em queda livre, no vácuo, está sujeito à ação da força peso, que é uma força conservativa. Desse modo, podemos calcular o trabalho da força peso no trecho AB da trajetória em função da variação da energia cinética e da variação da energia potencial do corpo. τ = ECB – ECA ou τ = EPA – EPB Como os resultados são iguais, temos: ECB – ECA = EPA – EPB ECA + EPA = ECB + EPB hA hB B vA vB A P nível de referência Portanto, a energia mecânica do corpo em A é igual a energia mecânica do corpo em B, isto é, a energia mecânica é a mesma nos dois instantes de queda. Do exposto, podemos enunciar o princípio da conservação da energia mecânica. Num sistema conservativo, a energia mecânica total permanece constante, qualquer que seja a transformação do sistema. Na colisão elástica, a energia cinética final dos sistemas de corpos que se chocam é igual à energia cinética inicial. Já na colisão inelástica, não há conservação da energia cinética. EmA + EmB Pense e Responda... ● O carrinho representado na figura desce a partir do repouso, do ponto A, sobre o caminho que apresenta atrito entre as superfícies de contato. A linha horizontal passa pelos pontos A e B, o carrinho certamente atingirá o ponto B? A B Atividades Complementares 1) A figura mostra o perfil de uma montanha-russa de um parque de diversões. O carrinho é levado até o ponto mais alto por uma esteira, atingindo o ponto A com velocidade que pode ser considerada nula. A partir desse ponto, inicia seu movimento e, ao passar pelo ponto B, sua velocidade é de 10m/s. Considerando a massa do conjunto carrinho + passageiros como 400 kg e g = 10 m/s², qual o módulo da energia mecânica dissipada pelo sistema? A B 24 m 4 m 2) A russa Yelena Isimbayeva obteve o recorde mundial do salto com vara na Olimpíada de Pequim, em 2008, quando saltou 5, 05 m. Considerando que, nesse caso, a atleta tenha conseguindo transformar toda a sua energia cinética da corrida de impulso para o salto em energia potencial gravitacional ao transpor o obstáculo (sarrafo), calcule a sua velocidade imediatamente antes de fincar a vara no solo para iniciar o salto. (use g = 9,8 m/s²) 3) Um carrinho de brinquedo, de massa 1 kg, é comprimido contra uma mola e a seguir é abandonado no ponto A. A mola faz que o carrinho se movimente ao longo de um trilho sem atrito, conseguindo atingir o ponto B do trilho, onde chega com velocidade nula. Sabendo-se que a constante elástica da mola é 2 000 N/m e g = 9,8 m/s², determine a deformação que o carrinho produziu na mola no ponto A. A B 1 m 4) Um carro de 800 kg, parado num sinal vermelho, é abalroado por trás por outro carro, de 1 200 kg, com uma velocidade de 72 km/h. Imediatamente após o choque, os dois carros se movem juntos. a) Calcule a velocidade do conjunto logo após a colisão. b) Prove que o choque não é elástico. 5) Um objeto, partindo do repouso, cai em queda livre atingindo ao solo com velocidade de 72 km/h. Podemos deduzir que a altura de queda do objeto foi de: a) 15 m b) 20 m c) 25 m d) 30 m 6) Buriti é uma palmeira alta, comum no Brasil central, e no sul da planície amazônica. Um fruto do buriti – eles são pequenos e têm em média massa de 30 g – cai de uma altura de 20 m e para, amortecido pelo solo (buriti dá em solos fofos e úmidos). Suponha que na interação do fruto com o solo, sua velocidade, se reduza até o repouso durante o tempo Δt = 0,060s. Considerando desprezível a resistência do ar, determine o módulo da força resultante média exercida sobre o fruto durante a sua interação com o solo. Adote g = 9,8 m/s².
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