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1 PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS MERCANTIS
A boa-fé objetiva constitui cláusula geral da qual se extraem deveres ane- xos do contrato, como a fidelidade e a lealdade. Também chamados de laterais ou secundários, os deveres anexos são aqueles ínsitos a qualquer contrato e decorrentes do processo de colaboração entre as partes, independentemente de previsão contratual.
A quebra desses deveres enseja a violação positiva do contrato e a con- sequente responsabilização civil. Segundo o Enunciado 24 do Conselho da Justiça Federal, a violação da boa-fé objetiva gera o inadimplemento do con- trato, independentemente de culpa.
O contratante que viola a boa-fé objetiva comete abuso de direito, defi- nido como ato ilícito praticado pelo titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou so- cial, pela boa-fé ou pelos bons costumes, conforme art. 187 do Código Civil.
O atual Código Civil, ao prever a boa-fé objetiva, segue uma tendência já adotada pelo Código de Defesa do Consumidor, que estabelece, em seu art. 4o, inciso III, dentre os princípios que orientam a Política Nacional de Rela- ções de Consumo, a boa-fé objetiva e o equilíbrio nas relações entre fornece- dores e consumidores.
Esse diálogo de fontes é tratado no Enunciado 27 do Conselho da Justiça Federal, segundo o qual na interpretação da cláusula geral da boa-fé objetiva deve-se levar em conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos.
A boa-fé contratual pode assumir diferentes funções, a saber, interpre- tativa, controladora e integrativa. Seguindo tendência ético-socializante, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Já a função de controle se verifica quando há violação da boa-fé objetiva, o que caracteriza abuso de direito e enseja a responsabili- dade civil, independentemente de culpa.
Por último, a função integradora da boa-fé objetiva orienta o juiz na interpretação do contrato, permitindo que sejam supridas eventuais omissões e corrigidas cláusulas abusivas.
Da função integradora da boa-fé objetiva decorrem diferentes categorias de abuso do direito, verdadeiros modelos de ilicitude, a saber, venire contra factum proprium, supressio, surrectio, tu quoque, duty to mitigate the loss.
O venire contra factum proprium consiste no abuso do direito decorrente de uma sequência de comportamentos contraditórios. A primeira conduta pode ser comissiva ou omissiva, ao passo que a segunda conduta é necessaria- mente comissiva, correspondente a um ato que, em princípio seria lícito aotitular praticar, contudo torna-se abusivo quando confrontado com a primei-
ra conduta (STF, RE 86.787/RS e STJ, REsp 857.769/PE).
A proibição de comportamentos contraditórios relaciona-se com a teo- ria dos atos próprios e visa a impedir a quebra da confiança e do dever de leal- dade, ambos decorrentes da boa-fé objetiva. Dessa forma, os contratantes de- vem guardar a necessária coerência em suas condutas, sob pena de, em assim não agindo, incorrerem em abuso de direito (art. 187 do Código Civil de 2002), com o consequente dever de reparar os danos ocasionados à parte contrária.
A supressio e a surrectio, por sua vez, constituem duas faces da mesma moeda. Nestas categorias, também haverá uma sequência de comportamen- tos, sendo o primeiro necessariamente omissivo e o segundo comissivo. Não se trata de contradição, mas de inércia qualificada no tempo quanto ao exer- cício de determinado direito (STJ, REsp 214.680/SP).
O não exercício reiterado de um direito gera na parte adversa uma jus- ta expectativa. Assim, para o titular do direito não exercido haverá a sua su- pressão (supressio), pois entende-se que com a inércia operou-se a renúncia tácita do direito, ao passo que para a parte contrária nascerá um direito (sur- rectio) diante de práticas, usos e costumes.
Assim, se o contrato estabelece um determinado local para pagamento, este quando feito reiteradamente em local diverso do acordado, faz presumir a renúncia do credor quanto ao disposto no contrato, ao mesmo tempo em que nasce para o devedor o direito de pagar no local de costume (art. 330 do Código Civil de 2002).
O tu quoque, por sua vez, caracteriza-se com uma sequência de dois com- portamentos, sendo o primeiro deles ilícito e o segundo, embora em princípio lícito, mostra-se ilícito quando confrontado com o primeiro comportamento.
Um exemplo ilustrativo desta modalidade de abuso de direito é a cláu- sula exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não cumprido), se- gundo a qual, nos acordos bilaterais e onerosos, a parte não pode exigir da outra que cumpra o contrato se ainda não cumpriu sua parte. Esta é uma cláusula implícita aos contratos, salvo quando expressamente prevista a cláu- sula solve et repet, quando restará excluída a exceção do contrato não cumprido.
Por sua vez, o duty to mitigate the loss representa o dever do credor de minorar a própria perda. Segundo o Enunciado 169, aprovado na III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, o abuso do direito de ser cre- dor constitui modalidade de abuso de direito.
Uma hipótese de incidência do duty to mitigate the loss refere-se à redução de ofício do valor das astreintes (art. 461, § 4o, Código de Processo Civil). Emnão se tratando de penalidade, mas de medida de caráter nitidamente inibitó- rio, as astreintes devem ser reduzidas quando se mostrarem exorbitantes e o juiz verificar que o credor se ocultou ao não informar o descumprimento reiterado da obrigação desde que foram fixadas as astreintes, com o nítido in- tuito de receber um valor maior.
O reconhecimento da boa-fé objetiva é uma conquista do direito priva- do contemporâneo. Trata-se de princípio que não pode ser desassociado do contrato, pois indispensável à manutenção do equilíbrio e à cooperação entre os contratantes.
2.1.6	Princípio função social do contrato
O Princípio da Função Social do Contrato, previsto no art. 421 do Códi- go Civil de 2002, constitui preceito fundamental no âmbito do direito contra- tual. Este postulado limita a autonomia privada, a qual deve ser exercida em conformidade com os fins sociais do contrato.
A função social também assume o papel de princípio condicionador de todo o processo hermenêutico, orientando o intérprete na adequação das nor- mas particulares à realidade social na qual estão inseridas. Os contratos de- vem ser interpretados em conformidade com a concepção social na qual fo- ram celebrados, conciliando a vontade dos contratantes com os fins sociais do contrato.
Trata-se de matéria de ordem pública, que pode ser conhecida de ofício pelo julgador. A função social do contrato ultrapassa o mero interesse das partes, podendo ser arguida em qualquer tempo ou grau de jurisdição, com possibilidade de eventual intervenção do Ministério Público.
A função social produz efeitos inter partes ou intra partes, o que signifi- ca dizer que este princípio afeta a relação entre os contratantes. É a chamada eficácia interna da função social, que atua mitigando a força obrigatória do contrato e protegendo a parte vulnerável da relação contratual (TARTUCE, 2007).
Há também a eficácia extra partes ou externa, que consiste na repercussão da função social fora da relação contratual. É a eficácia para além das partes contratantes, alcançando terceiros estranhos ao contrato e até mesmo à pró- pria coletividade, como se verifica na necessidade das cláusulas contratuais respeitarem o desenvolvimento sustentável, conciliando a geração de riquezas com a proteção do meio ambiente (função socioambiental do contrato).
Dessa forma, ainda que o contrato seja equilibrado entre as partes, pode se revelar desfavorável à sociedade, quando,então, não estará cumprindo sua função social. Nesta hipótese, o contrato deverá ser interpretado de modo a
conciliar a vontade dos contratantes com o interesse social.
A função social é verdadeira cláusula geral que justifica a revisão do contrato, sua resolução ou declaração de nulidade, quando as partes incorre- rem em abuso de direito, violando norma de ordem pública e ocasionando prejuízo à parte contrária ou mesmo à própria coletividade.
2.2	Pressupostos e requisitos dos contratos
A validez e eficácia dos contratos dependem da verificação de elementos extrínsecos (pressupostos) e intrínsecos (requisitos). São pressupostos:
a)	capacidade das partes; b)	idoneidade do objeto; c)	objeto possível e determinado ou determinável; d)	legitimidade para realizar o negócio.
Quanto aos requisitos, têm-se: a)	pluralidade de sujeitos (dois ou mais); b)	consentimento; c)	causa; d)	forma prescrita ou não defesa em lei.
2.3	Classificação dos contratos
2.3.1 Bilaterais ou sinalagmáticos e unilaterais
Os contratos bilaterais ou sinalagmáticos recebem esta denominação pelo fato de gerarem obrigações para todos os contratantes, ou seja, obriga- ções recíprocas a serem cumpridas por eles. Já nos contratos unilaterais, isso não ocorre: há apenas um lado portador de obrigações e outro lado portador exclusivamente de direitos. Assim, contratos unilaterais constituem relação jurídica simples – ao passo que os bilaterais ensejam relações jurídicas com- plexas. Exemplo clássico de contrato unilateral é a doação sem encargo.
Há, ainda, os chamados contratos plurilaterais, que são aqueles que reú- nem várias pessoas, impondo direitos e deveres para todos os envolvidos na mesma proporção, tendo como exemplos o contrato de seguro de vida em grupo e o contrato de consórcio (TARTUCE, 2007).
2.3.2	Onerosos e gratuitos
Os contratos onerosos são aqueles que implicam vantagens e sacrifícios para ambas as partes, geralmente dispondo certa equivalência e reciprocidade. Os contratos gratuitos ou benéficos, por sua vez, caracterizam-se por apenas
uma das partes assumir todos os encargos e a outra, todas as benesses.
2.3.3	Comutativos e aleatórios
Esta classificação corresponde a uma subdivisão dos contratos onerosos. Os contratos comutativos são aqueles em que as partes estabelecem previamen- te direitos e deveres recíprocos e equivalentes (equivalência não precisa ser condizente com a realidade, pode tratar-se de um caráter meramente subjetivo).
Já nos contratos aleatórios, não é possível prever a vantagem ou desvan- tagem imbuída em determinada obrigação, sendo a incerteza e a imprevisibi- lidade as principais características desse tipo de contrato.
Existem também contratos acidentalmente aleatórios, os quais dizem res- peito à venda de coisas futuras (risco por conta da existência da coisa em função da quantidade) ou de coisas existentes expostas a perecimento ou à depreciação.
2.3.4	Paritários, de adesão e contratos-tipo
Os contratos paritários são aqueles tradicionais, em que as partes pos- suem equivalência econômico-financeira e psíquica e discutem os termos do acordo em pé de igualdade.
Os contratos de adesão não possuem essa característica, pelo contrário, as regras são preestabelecidas de forma unilateral e sem possibilidade de ne- gociação, de modo que cabe ao outro contratante apenas aceitá-lo ou não. Ge- ralmente, estes contratos estão associados a relações de consumo e possuem regulamentação também no Código de Defesa do Consumidor.
Nos contratos-tipo, ou contratos de massa, em série ou por formulários, as cláusulas são pré-redigidas, mas isso não implica impossibilidade de dis- cussão dos termos do ajuste. Não raro, este tipo de contrato possui espaços em branco para serem preenchidos em comum acordo entre as partes, por exem- plo, alguns contratos bancários.
2.3.5	De execução instantânea, diferida e de trato sucessivo
Esta classificação diz respeito ao momento do cumprimento do contra- to. Quando a prestação da obrigação está consubstanciada em um só ato, ime- diatamente após sua celebração, diz-se que é de execução instantânea ou ime- diata; quando realizada em um só ato, mas em momento futuro, denomina-se execução diferida ou retardada.
Os contratos de trato sucessivo, também conhecidos como de execução continuada, são aqueles cujo cumprimento da obrigação ocorre por meio de atos repetidos, como a compra e venda a prazo e o contrato de locação.
2.3.6	Personalíssimos e impessoais
Os contratos personalíssimos (intuito personae) são aqueles celebrados em função das características pessoais de um dos contratantes – prestígio, expe- riência, talento etc., geralmente implicando uma obrigação de fazer infungí- vel. Os contratos impessoais não possuem tal exigência quanto à pessoa do contratante; importa, sim, que a obrigação seja cumprida pelo obrigado ou por terceiro.
2.3.7	Principais e acessórios
Os contratos principais são assim denominados por possuírem autono- mia e independência quanto à geração de seus efeitos. Os contratos acessórios são utilizados complementarmente para regular uma obrigação assessória e ga- rantir o cumprimento do contrato principal ao qual está intrinsecamente vin- culado. A relação de dependência entre contrato acessório e principal implica dizer que, extinguindo-se este, destrói-se aquele, mas o contrário não ocorre.
2.3.8	Solenes e não solenes
Contratos solenes, também denominados formais ou de forma especial, são aqueles cuja existência depende da obediência à forma obrigatória por lei, sob pena de nulidade. Os contratos não solenes, por sua vez, têm forma livre, e perfazem-se com a mera declaração de vontades das partes.
2.3.9	Consensuais e reais
A distinção entre contratos consensuais e reais é que nos primeiros, o mero encontro de vontades é capaz de perfazer o contrato, nada mais sendo necessário para verificação de sua eficácia. Os contratos reais, por sua vez, dependem, além da declaração consensual de vontade, da entrega (tradição) da coisa contratada para seu nascimento.
2.3.10	Preliminares e definitivos
Às vezes, por força das circunstâncias, não é viável ou recomendável a celebração imediata de um contrato. Seja pelas condições ou por mera conve- niência, nesses casos, as partes podem lançar mão de um contrato preliminar, ou pré-contrato, cujo objetivo é assegurar a celebração de um contrato defini- tivo em momento posterior. O contrato preliminar, portanto, tem como obje- tivo a celebração do contrato definitivo; este, por sua vez, tem objeto definido pela natureza da avença.
2.4	Efeitos dos contratos
2.4.1	Força obrigatória dos contratos
A força obrigatória dos contratos corresponde ao principal efeito decor- rente da convenção firmada, equivalendo à vinculação jurídica entre as par- tes, cujo descumprimento acarreta a execução ou a responsabilização do ina- dimplente em perdas e danos. Não obstante sua evidente importância, os efeitos decorrentes da força vinculante dos contratos não são absolutos, con- forme item 2.1.3, supra.
2.4.2	Relatividade dos efeitos dos contratos
Como mencionado anteriormente, os contratos ressalvam terceiros es- tranhos à relação estabelecida entre as partes de sua força vinculante. Quanto a este efeito, há exceções em que terceiros podem figurar tanto no polo ativo como no passivo da relação contratual, dentre as quais:
a)	contrato em prejuízo ou em favor de terceiro; b)	contrato sobre patrimônio de terceiro; c)	contrato a cargo de terceiro ou promessa de fato de terceiro; d)	contrato por pessoa a declarar.
2.4.3	Direito de retenção
Entende-se por direito de retenção a faculdade que o credor tem de manter em seu poder coisa alheia até o pagamento do que lhe é devido pelo proprietário.
Para lançar mão deste direito, faz-se mister aobservação de alguns requisitos:
a)	a detenção da coisa deve ter causa normal e lícita sujeita à restituição;
b)	o detentor tem dever de conservar a coisa;
c)	o detentor tem dever de restituir a coisa, ao tempo em que tem direito líquido, certo e exigível ao crédito devido pelo proprietário;
d)	inexistência de fator legal ou convencional que exclua o direito de re- tenção, como e.g. Código Civil de 2002, art. 1.219.
2.4.4	Vícios redibitórios
Vícios redibitórios são defeitos ocultos que comprometem a destinação final da coisa ou diminuem seu valor. Ocorrem geralmente nos contratos comutativos, e tem como principal consequência a responsabilização do alie- nante, que fica obrigado a restituir o valor recebido e as despesas contratuais, e também arcar com indenização por perdas e danos caso reste comprovada a má-fé.
2.4.5	Direito de evicção
A evicção é a perda da coisa, total ou parcialmente, em virtude de sen- tença que a reconheça como propriedade de terceiro. O direito de evicção, por sua vez, corresponde à garantia que o credor tem de ser restituído do preço da coisa evicta, além das despesas contratuais, as decorrentes da evicção, das custas e da indenização por perdas e danos.
2.5	Extinção dos contratos
2.5.1 Rescisão
A rescisão é a extinção do contrato em função do desrespeito às normas jurídicas. Ocorre quando se verifica vício ou defeito capaz de tornar o ato nulo e também nos casos sujeitos à anulabilidade.
2.5.2 Resolução
Nesta forma de extinção de contrato, o acordo foi celebrado conforme a lei, entretanto mereceu ser rompido por descumprimento das cláusulas por uma das partes. A resolução é uma faculdade das partes, e pode ocorrer pelo advento de uma condição resolutória expressa (quando prevista no acordo) ou tácita (quando não há referência no contrato, mas há previsão legal).
2.5.3 Resilição
A resilição é uma forma de extinção do contrato decorrente da vontade das partes. Assim, pode ser unilateral ou bilateral, quando então se denomina distrato.
2.5.4 Revogação
Trata-se de uma declaração de vontade destinada a impedir a produção de efeitos do próprio ato revogado.
2.5.5 Distrato
O distrato, ou resilição bilateral, é o acordo de vontades cujo conteúdo é contrário ao contrato anteriormente celebrado, provocando a extinção deste por convenção das partes.
2.5.6 Cessação
A cessação é a extinção do contrato por falecimento de um dos contra- tantes na hipótese de as obrigações contraídas terem natureza personalíssima.
2. FACTORING OU FATURIZAÇÃO
2.1.	Noções introdutórias
As origens ancestrais do contrato de faturização remontam à Antiga Babilônia, em que vigia uma espécie de contrato regulado pelo Código de Hamurabi com estrutura próxima ao que se vê atualmente. Factor é uma pa- lavra latina que significava agir, desenvolver, fomentar. Na época da expansão do Império Romano, uma das táticas de dominação era também a expansão da mercancia, e a figura do factor ocupava posição estratégica.
O factor era uma espécie de agente mercantil da época, responsável por promover o comércio nas diversas regiões, recebendo e armazenando produ- tos, fornecendo informações creditícias sobre mercadores, fazendo cobranças mediante remuneração etc. Essa figura continuou tendo expressividade ao lon- go da Idade Média e na época das Grandes Navegações. Posteriormente, já no século XIX, foi desenvolvido nos Estados Unidos tal como o conhecemos hoje.
Naquela época, os factors eram correspondentes dos vendedores da Me- trópole no novo continente e lhes prestavam informações sobre o mercado local e sobre os compradores. Após a independência dos Estados Unidos, com o desaparecimento do capital europeu do território norte-americano, os factors passaram a assumir outras funções como gestão de créditos, análise de con- tas, cobrança de dívidas e, dentre outros, fornecimento de recursos por meio da compra de créditos oriundas das vendas mercantis.
Em épocas de crise econômica, o factoring assume enorme importância, pois além de fornecer crédito ao empresário, contribui para melhor organiza- ção de seu negócio. Trata-se de contrato bancário impróprio, pois apesar de na maioria das vezes envolver uma instituição financeira, isto não é requisito necessário para sua configuração.
No Brasil, o factoring existe desde 1992, quando foi criada a Associação Nacional de Factoring (ANFAC) e foi estimulado em virtude da carência de crédito das micro, pequenas e médias empresas. A expressão inglesa factoring foi traduzida no país como “faturização”, mas, na prática, as empresas faturi- zadas são conhecidas como “sociedades de fomento mercantil”.
O contrato de faturização ou factoring é aquele em que um empresário (faturizado) cede a outro (faturizador), no todo ou em parte, os créditos prove- nientes de suas vendas mercantis a terceiro, mediante o pagamento de uma remuneração, consistente no desconto sobre os respectivos valores, ou seja, conforme o montante de tais créditos. Para alguns autores, esta técnica tem tanto natureza financeira (por tratar-se da contratação de um financiamento em favor da faturizada) como de gestão comercial (envolve prestação de servi- ços atinentes à solvabilidade dos créditos).
O factoring possui natureza jurídica mista e atípica, pois além de não estar regulado em nenhuma legislação específica, geralmente congrega mais de um contrato. A regulação sobre a matéria encontra-se esparsada em diver- sos dispositivos do Código Civil de 2002 (arts. 286 a 298; arts. 593 a 609; e arts. 481 a 532), no Decreto n. 57.663/66; no Decreto-lei n. 167/67; na Lei n. 5.474/68; em diversas resoluções do Banco Central do Brasil (BRACEN); dentre outros.
Classifica-se como contrato: a) consensual; b)	bilateral; c) oneroso; d)	comutativo; e) de duração; f) personalíssimo; g)	de adesão; h)	de exclusividade.
Por ser o factoring contrato bancário atípico, a instituição financeira (fa- turizador) não precisa de autorização do Banco Central para iniciar suas ativi- dades. Contudo, exige o Superior Tribunal de Justiça que o faturizador esteja registrado no Conselho Regional de Administração.
Como a atividade de faturização envolve risco, o faturizador tem o di- reito de escolher os créditos do faturizado que lhe pareçam mais seguros, não sendo possível obrigar a instituição financeira a aceitar todos os créditos que o faturizado pretende ceder.
2. Elementos
O contrato será celebrado entre o faturizador e o faturizado, dependen- do exclusivamente da declaração de vontade destes para existir. O cliente ou devedor não participa dessa relação jurídica, mas é de suma importância para o negócio, vez que contra ele se opõem os créditos cedidos ao faturizador. Vale salientar que ao faturizado não é permitido manter contratos dessa espécie com outros faturizadores.
O crédito cedido ao faturizador deve ser certo quanto à sua existência, licito quanto às suas origens e regular quanto às formalidades. Com a trans- ferência, por meio de cessão ou endosso, para o faturizador, das contas do faturizado relativas a seus clientes, cessam os encargos do faturizado quanto à cobrança dos créditos, devendo o devedor ser notificado da cessão.
São obrigações do faturizador:
a)	Pagar ou garantir à faturizada o pagamento das quantias referentes às faturas ou aos títulos de crédito que adquiriu da mesma.
b)	Notificar o devedor da cessão do crédito por meio do contrato de facto- ring, para que este possa pagar o devido valor ao faturizador.
c)	Administrar os créditos do faturizado.
d)	Comprovar seu crédito junto ao devedor a fim de que este efetue o pa- gamento a seu favor.
e)	Assumir os riscos do inadimplemento do devedor. Constituem seus direitos:
a)	Analisar e conferir previamente a liquidez e certeza das faturas e títulosde crédito apresentados pela faturizada.
b)	Recusar as faturas ou títulos de crédito apresentados.
c)	Cobrar ao devedor as faturas e créditos vencidos.
d)	Cobrar comissão ou remuneração pelo financiamento do crédito e ser- viços prestados, de acordo com o estipulado em contrato.
e)	Examinar livros e papéis da faturizada relativos aos negócios com o devedor.
f)	Cobrar multas, caso haja previsão contratual (obedecido o limite do art. 412 do Código Civil de 2002).
g)	Intervir como assistente litisconsorcial nas questões que versem sobre os créditos que lhe foram cedidos.
h)	Direito de receber o crédito da faturizada, com juros e correção, caso ocorra desconstituição do negócio jurídico que lhe deu origem.
Ao faturizado, por sua vez, cabem as seguintes obrigações:
a)	Pagar comissões ou remuneração à faturizadora.
b)	Submeter à faturizadora as faturas e títulos de crédito a fim de serem aprovados ou não.
c)	Enviar tempestivamente à faturizadora os documentos constitutivos de crédito e necessários à certeza e liquidez das operações.
d)	Prestar informações sobre seus clientes.
e)	Não dispor novamente o mesmo crédito cedido à faturizadora.
f)	Pagar à faturizadora o valor do crédito com juros e correção monetária, caso o negócio que lhe deu origem seja desfeito.
Quanto aos direitos da faturizada, temos:
a)	Recebimento dos valores contidos nas faturas e títulos de crédito.
b)	Transferir os títulos de crédito e demais documentos para que a faturi- zada realize cobrança, na condição de seu mandatário.
c)	Informação e assistência para com a instituição de fomento mercantil.
O contrato de faturização apresenta uma série de vantagens para a fatu- rizada, facilitando a obtenção de auxílio no fomento de sua atividade. Favorece também a gestão comercial do faturizador, simplificando os serviços adminis- trativos e contábeis do faturizado, com uma correspondente redução de custos.
Outra característica importante é a redução dos riscos, na medida em que o faturizador adquire seus créditos, pagando-os ao faturizado, e assume o risco com a cobrança e o não pagamento das contas, sem ter direito de regres- so contra aquele.
Faz-se necessário destacar as discussões acerca da desoneração do fatu- rizado quanto ao risco do inadimplemento dos créditos cedidos ao faturizador. Trata-se de tema que suscita divergências entre a doutrina e a jurisprudência.
Para a doutrina, o faturizado que cede seu crédito ao faturizador não responde pelo inadimplemento do crédito cedido, sendo este o traço que dis- tingue o contrato de factoring do desconto bancário.
Entretanto, as instituições financeiras, visando a partilhar os riscos, costumam exigir do faturizado que endosse o título representativo do crédito cedido, como uma forma de obrigá-lo a responder pelo inadimplemento de tal crédito.
Esta prática bastante usual certamente desnatura o contrato de factoring, visto que contrária a sua própria natureza. Por esta razão, eventual endosso aposto no título deve ser interpretado como cessão civil de crédito, de modo que o faturizado só responde pela existência do crédito cedido, mas não pela
solvência do devedor.
Contudo, este não é o entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça que, contrariando a própria natureza do contrato de factoring, reconhe- ceu legítima a prática do endosso, bem como a previsão de cláusula contratual que imponha ao faturizado o dever de responder pelo inadimplemento do crédito cedido (STJ, REsp 820.672).
3. Modalidades
O fomento mercantil, ou factoring, pode envolver operações que se re- alizam dentro de um mesmo país ou região, recebendo denominação de fa- turização interna. Quando as operações se realizam fora do país, como as de importação e exportação, dá-se a faturização externa (import-export factoring).
É possível, no factoring, que o faturizador antecipe o valor dos créditos cedidos pelo faturizado, entretanto, essa prática não é obrigatória. A partir deste critério (da antecipação ou não dos créditos), a faturização pode ser:
a)	Faturização tradicional, convencional, conventional factoring, ou ainda, old line factoring: neste, a financeira garante o pagamento das faturas anteci- pando o seu valor ao faturizado (financiamento). As faturas são liquida- das pelo faturizador antes do vencimento, assemelhando-se ao contrato de desconto bancário (entretanto, distingue-se deste por que não com- porta direito de regresso contra o faturizado em caso de inadimplemen- to do sacado-devedor). Compreende três elementos:
- a prestação de serviços de administração de créditos; 
- seguro;
- financiamento das vendas a prazo.
Nesse tipo de faturização, em razão da antecipação dos créditos, a remu-
neração da instituição financeira costuma ser maior (RAMOS, 2010).
b)	Faturização no vencimento ou maturity factoring: aqui, a instituição fatu- rizadora paga o valor das faturas ao faturizado apenas no seu vencimen- to, não havendo adiantamento do valor dos créditos cedidos. Nesse caso, compreende apenas a prestação de serviços de administração de crédito e seguro.
Nota-se que, em quaisquer das espécies de factoring – maturity ou conven- tional –, a instituição financeira assume o risco do inadimplemento dos cré- ditos do faturizado que lhe foram cedidos.
4. Extinção
A extinção do contrato de faturização ou fomento mercantil pode ocor- rer em decorrência de diversos fatores, dentre os quais:
a)	Em decorrência de prazo previsto para a sua duração.
b)	Distrato.
c)	Mudança de estado de um dos contratantes, por ser contrato intuito personae.
d)	Resilição unilateral, desde que precedida de aviso prévio. e)	Não cumprimento de obrigações contratuais. f)	Morte de uma das partes, se ela for empresário individual.

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