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11 O divórcio e a Bíblia

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O divórcio e a Bíblia
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Faça o que você foi chamado 
para fazer onde quer que você esteja, 
e faça como se estivesse fazendo para Deus.
A própria palavra divórcio produz todo tipo de reação em vários leitores. 
Eu me atreveria a dizer que cada pessoa que lê este livro já foi afetada, de um 
modo ou de outro, pelo trauma do divórcio.
Se não estiver pessoalmente vivenciando um, você vem de um lar em 
que seus pais se divorciaram, ou em que alguém da família passou por essa 
traumática experiência. O divórcio é uma condição da sociedade que tem se 
tornado cada vez mais comum desde a Segunda Guerra Mundial.
Assim, parte deste livro é para aqueles que já estão divorciados, mas ou­
tra parte é para aqueles que nunca se casaram, para os viúvos ou viúvas, e até 
mesmo para aqueles que acreditam que são felizes no casamento.
O divórcio está desenfreado na nossa sociedade. Entretanto, os Cristãos 
têm que enfrentá-lo e saber qual a vontade de Deus, e não o pensamento reli­
gioso, nas várias situações envolvendo o processo.
Previamente, em muitas de nossas culturas, até a palavra divórcio era um 
tabu, quanto mais o processo jurídico em si. Eloje, de algum modo, o divór­
cio se tornou parte da vida cotidiana. Porém, o que é um tabui É algo que 
você sabe que existe, mas sobre o que não quer falar. Na maioria das vezes, 
ele é ignorado. Mesmo hoje, o divórcio não é um assunto confortável para os 
cristãos.
COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO
Estou escrevendo sobre separação também porque a separação é um di­
vórcio sem a papelada. Um casal pode estar separado e morar na mesma casa, 
conforme discutimos na primeira parte deste livro.
Primeiro, vamos explorar o que a Bíblia e o que o mundo têm a dizer 
sobre o divórcio, e o que o diabo está tentando fazer por meio dele e da se­
paração.
Duas pessoas no Novo Testamento falaram sobre o divórcio: Jesus e o 
apóstolo Paulo. Para entender a perspectiva de Deus sobre o tema, temos de 
saber exatamente o que está escrito na Palavra. Ao abordarem o casamento, 
Jesus e Paulo falaram a mesma sobre divórcio no mesmo versículo ou capí­
tulo.
Vamos começar por Mateus 5.31, em que Jesus está apresentando para o 
mundo um novo reino, um novo governo. Assim, o que Ele está ensinando 
no Sermão da Montanha (Mt 5—7) são as mudanças de atitude e de com­
portamento necessárias para viver e agir no novo reino.
Ele começou com atitudes que chamamos de Bem-aveníumnças. Depois, 
disse que, no novo reino, o Reino do céu pelo qual o povo estava esperando, 
aparências exteriores não seriam importantes, mas sim as atitudes do coração.
Jesus disse a seus ouvintes que o Cabeça do Reino é Deus e que Ele lida 
com motivações, não com emoções. Deus é um Deus que vê a motivação do 
coração.
O que Jesus disse
Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de 
desquite. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, 
a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e 
qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
Mateus 5.31,32
Depois, em Mateus 19, Jesus falou novamente sobre a questão do divór­
cio. Dessa vez, Suas palavras eram uma resposta às perguntas dos fariseus.
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, no princípio, 
o Criador osfez macho efêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai
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O DIVÓRCIO E A BÍBLIA
e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não 
são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não 
separe o homem.
Mateus 19.4-6
Os fariseus perguntaram a Jesus por que Moisés ordenava que os homens 
dessem a suas esposas uma carta de divórcio. Eles pensavam que poderíam con­
seguir alguma prova contra Jesus tentando-o a ensinar contra a Lei de Moisés.
Jesus disse a eles que, por causa da dureza de seus corações, Moisés per­
mitia a carta de divórcio, mas lembrou-lhes de que Deus não havia criado 
o relacionamento daquela maneira. Em essência, nossa situação atual não é 
o plano original de Deus para o homem, e o ideal divino passou a ser uma 
grande dificuldade.
Os discípulos de Jesus entenderam o Mestre dizer que homens não po­
deríam mandar suas esposas embora por qualquer coisa que quisessem como 
vinha acontecendo desde a época de Moisés. Eles entenderam o ensinamento 
de que a única razão para o rompimento do matrimônio seria adultério ou 
fornicação.
Não havería mais abandono de esposa porque esta reclamava ou não sa­
bia cozinhar, ou porque outra era mais bonita ou tinha um dote melhor. E 
os discípulos entenderam que, se os problemas fossem esses, seria melhor não 
casar! As causas para o divórcio na época deles eram triviais e múltiplas. Na 
verdade, a razão para o divórcio era prerrogativa do homem.
Jesus disse que nem todos poderíam viver sem se casar e sem, contudo, 
pecar sexualmente. Ele disse que apenas três categorias de pessoas poderíam 
ficar solteiras: aqueles que haviam nascido sem desejo ou com mau funciona­
mento dos órgãos sexuais, aqueles castrados por acidente ou de forma propo­
sital, como muitos senhores faziam com escravos ou cativos naquela época, 
e aqueles que sacrificavam seus desejos naturais para servir ao Senhor com 
total dedicação (Mt 19. 11,12).
Cristo estava dizendo que o casamento não é para todos, nem viver sozi­
nho é para todos. O casamento não é um requisito para servir a Deus ou para 
ir para o céu. E o casamento não é necessário para ter uma vida bem-sucedida.
As culturas e as sociedades da maior parte do mundo desenvolveram uma
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COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO
atitude decorrente do pensamento de que o casamento é um mal necessário, 
quando, na verdade, ele foi criado para ser uma bênção. Nem todos conse­
guem aceitar o compromisso do casamento, e nem todos conseguem aceitar 
o compromisso de viver sozinho. A maioria das pessoas não está preparada 
para esse compromisso nem no sentido espiritual, nem no emocional, nem 
no físico, nem no material.
O que Paulo disse
O apóstolo Paulo tomou o que Jesus disse e desenvolveu mais o assunto 
para os cristãos de Corinto, uma das cidades mais pervertidas da época. Lá, 
a imoralidade sexual proliferava. Corinto era uma cidade de templos de va­
riadas deusas cujas sacerdotisas ofereciam sexo a qualquer homem que trou­
xesse uma “oferta” estipulada, a prática sexual era considerada como parte do 
culto de “louvor”.
Havia um templo conhecido por ter cerca de mil sacerdotisas. Como as 
práticas faziam parte dos costumes religiosos daquela sociedade, as sacerdo­
tisas eram respeitadas pelo público em geral.
Entretanto, para os judeus, elas eram abomináveis, e os cristãos de origem 
judaica tinham a mesma postura de pensamento, é claro. Porém, muitos que 
não eram de origem judaica, e até mesmo algumas das antigas sacerdotisas e 
das pessoas que haviam sido pagãs mas se converteram e estavam na Igreja, 
não conseguiam desvencilhar-se dos costumes pagãos.
Como muitos cristãos hoje, eles tinham recebido corações novos, mas as 
mentes continuaram velhas. Paulo teve que escrever muitas vezes (uma carta 
aparentemente se perdeu de nós) corrigindo-os em muitas áreas. Assuntos 
como o casamento e o divórcio eram um grande problema para eles.
Esta é a igreja em que um homem estava vivendo ou era casado com sua 
madrasta, por exemplo. Acostumados com a ideia de que o sexo era uma par­
te pública e aberta da vida, os coríntios tinham muita dificuldade em enten­
der e aceitar o relacionamento sexual como algo não somente particular, mas 
também regulado pelo certo e errado.
Por isso, Paulo não estava apenas tratando desse assunto por escolha 
própria e direcionando-o a todo o corpo de Cristo, ele o fez em resposta à
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O DIVÓRCIO E A BÍBLIA
necessidade de aconselhamento de uma igreja local específica a respeito de 
situações locais. E a primeira coisa que ele disse foi:Bom seria que o homem 
não tocasse em mulher (1 Co 7. lb).
Acredito que não era isso que eles queriam ouvir. Agora vejamos o 
que Paulo quis dizer. Ele não deixou ninguém de fora, mas deu conse­
lhos, tanto dele próprio como do Senhor, em relação a cada questão en­
volvendo casamento.
Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, 
e cada uma tenha o seu próprio marido.
1 Coríntios 7.2
Contudo, depois ele ressaltou que, após o casamento, a mulher não tem 
poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma 
maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mu­
lher (1 Co 7.4). Falamos sobre isso no capítulo 9.
Portanto, se você se casa, segundo o apóstolo, a primeira coisa a entender 
é que seu corpo não lhe pertence mais. A segunda coisa que ele frisa sobre o 
casamento é: uma vez que você está casado, seu tempo e sua atenção não são 
mais exclusivamente seus (1 Co 7.32-35).
Pessoas não casadas podem concentrar-se apenas nas coisas que agradam 
ao Senhor, ele disse. Os casados, em vez disso, têm de preocupar-se com as 
coisas desse mundo e com as coisas que agradam um ao outro.
Se você nunca se casou, é divorciado ou é viúvo, espero que você ouça 
esse conselho e o considere com muito cuidado.
Espero ter convencido você a não pensar sobre o casamento de modo 
casual ou da maneira tradicional. Espero que você encontre esse conselho de 
Paulo antes de chegar ao altar.
Você precisa dizer: “Deixe-me avaliar a mim mesmo para ver se tenho 
todos os requisitos para lidar com essa pessoa e com esse relacionamento até 
a morte. É mais seguro permanecer solteiro do que me casar, a não ser que 
esteja certo de que sou capaz de permanecer casado”.
Colocado de maneira mais simples, você está disposto a compartilhar
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COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO
de seu tempo, privacidade, bens materiais, segredos, ambições, sonhos, obje­
tivos, visões e desejos com outra pessoa? O casamento é, no altar do amor, a 
morte e o sacrifício do exclusivismo.
Paulo ainda disse que, se alguém não consegue controlar-se em relação à 
prática sexual, é melhor casar-se para evitar a fornicação (1 Co 7.2). O após­
tolo disse que conviver com os problemas do casamento é melhor do que 
abrasar-se, e cair em pecado (1 Co 7.9).
Quando você ativa seu apetite sexual, cria-se um desejo a ser satisfeito. A 
partir do momento que você vivência o sexo de modo real, é despertado algo 
que vai durar até sua velhice. Por isso, tenha cuidado.
Meu conselho é como o de Paulo. Se você ainda não despertou seu apeti­
te sexual, não faça isso. Dedique seu tempo e energia ao Senhor e à obra dele. 
Ocupe-se com os preparativos para a pessoa que Deus está escolhendo para 
apresentar a você.
O conselho de Paulo aos casados
Vamos supor que você já esteja casado. Para isso, Paulo tem mais alguns 
conselhos.
• Que não se separem (1 Co 7.10,11);
• Porém, se a separação acontecer, permaneçam sem casar novamente ou 
reconciliem-se (1 Co 7.11);
• Mesmo que você seja casado com um não cristão, fique com ele (ou ela), se 
for possível, por amor aos filhos (1 Co 7.12-14);
• Se, contudo, o não cristão quiser deixar a união, deixe-o. Neste caso, você 
não está comprometido com ele. Se o não cristão estiver disposto a adaptar- 
-se ao novo estilo devida do cônjuge cristão, diz Paulo, então fiquem juntos.
Se essa pessoa está disposta a viver com você e você está orando, lendo 
a Bíblia, dando sua oferta, indo aos cultos e ministrando aos doentes, então 
viva com o não cristão mesmo que ele ou ela não busque a Deus de imediato. 
Você pode ganhar seu cônjude para Cristo por meio do seu exemplo.
Se você for embora, pode ter sido o único acesso que Deus teria a aquele
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O DIVÓRCIO E A BÍBLIA
incrédulo. As chances de o Espírito Santo alcançar seu cônjuge para a salva­
ção são muito maiores se você ficar. Assim, viva com seu cônjuge à medida 
que isso seja possível.
Deixar significa permitir. Isso significa que se o incrédulo for embora, 
você deve permitir que ele o faça. Não atrapalhe; não feche a porta. Cristãos, 
não corram atrás do cônjuge, nem tentem segurá-los pela roupa. Não fiquem 
ligando para eles todos os dias querendo saber onde foram e o que fizeram, 
nem com quem! Deixe-os ir embora.
Se você tem se agarrado a um cônjuge depois que ele já foi embora, você 
não está obedecendo à Palavra. Na verdade, está tentando viver em lutas e 
contendas contra o que você crê.
Infelizmente, as pessoas que se casam não vivenciam situações perfeitas. 
Há momentos em que a vontade da outra pessoa está em jogo. Você gostaria 
de poder controlar isso, mas você não há como. Isso seria feitiçaria.
Paulo disse que Deus chamou-nos para a paz (1 Co 7.15b). Se cada divor­
ciado entendesse isso, começaria a aprumar-se e a levantar a cabeça. A paz do 
Espírito Santo mantém sua mente em Deus, e você se mantém são.
Paulo ofereceu esses ensinamentos dentro do contexto de permanecer em 
qualquer que fosse o estado em que você se encontra quando é salvo, como 
dito aqui no capítulo 8. Entretanto, será que ele estava falando em continuar 
a viver em pecado ou em continuar sendo uma prostituta do templo ?
Na verdade, ele estava dizendo: “Não tenha um comportamento estra­
nho. Não seja salvo e vá para casa dizer ao seu marido ou esposa que não pode 
mais dormir com ele ou com ela porque seu corpo é o templo de Deus”.
“Se você é um empregado, não abandone seu emprego para viver pelafé, 
esperando que Deus faça algo cair no seu colo. Faça o que você foi chamado 
para fazer onde quer que esteja, e faça como se fosse para Deus”.
“Se você é um cristão judeu que foi circuncidado ritualmente ao oita­
vo dia, não procure um médico grego e faça outra cirurgia para consertar a 
anterior”. (Muitos jovens da elite judaica faziam exatamente isso quando os 
jogos olímpicos gregos — no qual os atletas participavam nus — tornaram- 
-se populares).
“Por outro lado”, disse Paulo, “se você é não judeu e nunca foi circunci­
dado, não precisa fazê-lo agora. Isso era um símbolo no Antigo Pacto. Agora 
seu coração está circuncidado em conversão, como parte do Novo Pacto”.
COMO CONSTRUIR UM CASAMENTO DURADOURO
E sobre as virgens não casadas de que Paulo tratou? Você podería dizer: 
“Ele já não escreveu sobre isso quando tratou dos não casados?” Não, ele não 
entrou nesse mérito. Os não casados poderíam ser viúvos ou viúvas, ou divor­
ciados, ou aqueles que haviam sido sexualmente ativos antes do casamento.
É por isso que ele falou sobre a situação de abrasar-se. Leia 1 Coríntios 
7.27,28:
Estás ligado à mulher? Não busques separar-te. Estás livre de mulher? 
Não busques mulher. Mas, se te casares, não pecas; e, se a virgem se 
casar, não peca. Todavia, os tais terão tribulações na carne, e eu 
querería poupar-vos.
Depois Paulo disse: e eu querería poupar-vos (1 Co 7.28b). Sendo pastor 
de pastores, Paulo deve ter recebido uma enxurrada de pedidos para lidar 
com problemas. Baseado em todos os anos de experiência em aconselhamen­
to que tenho, concordo com Paulo, embora ame minha esposa. Temos um 
casamento feliz, mas o princípio permanece: quando você está sozinho, Deus 
pode ser seu único foco; casado, sua atenção necessariamente fica dividida.
Se você se casar, não peca, mas ingressa em uuma vida cheia de proble­
mas. Lembra-se? O problema de Adão não era a vida de solteiro, mas sim 
estar sozinho. E você não tem que se casar para não estar sozinho.
Basicamente, o conselho de Paulo era simples. Não entre num casamen­
to a não ser que tenha certeza de que vai fazer todo o possível para que ele 
dê certo, a não ser que esteja queimando. Se for esse o caso, você precisa en­
contrar outro cristão e casar-se para ficar longe do pecado. Entretanto, você 
ainda precisa certificar-se de que fará todo o possível para a união dar certo.
Garantoque, se você casar só por causa de paixão, seu casamento será 
mais tarde destruído de modo passional. É melhor levar seus apetites e pai­
xões para o Senhor e deixá-los no altar. Peça ao Pai para trazer o parceiro 
certo para você, se entende que precisa casar-se.
Eu escrevería a você, leitor, a mesma coisa que Paulo escreveu aos cristãos 
de Corinto. Não digo isso para aprisioná-lo, restringi-lo, ou para dizer o que 
você deve fazer. Contudo, escrevo a fim de que você possa viver da maneira 
correta em completa devoção a Deus (l Co 7.35).
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O DIVÓRCIO EA BÍBLIA
Em seguida, Paulo explicou que viúvas estariam livres para se casarem, 
contanto que fosse no Senhor. Todavia, ele acrescentou, alinhado a outro 
conselho: “Na minha opinião, é melhor que ela fique como está”.

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