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Ariela Fatima Oldoni

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO 
EMPREGATÍCIO NO CONTRATO DE TRABALHO 
TEMPORÁRIO 
 
 
 
 
ARIELA FÁTIMA OLDONI 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, Novembro 2009.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO 
EMPREGATÍCIO NO CONTRATO DE TRABALHO 
TEMPORÁRIO 
 
 
 
 
 
ARIELA FÁTIMA OLDONI 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade do 
Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito 
parcial à obtenção do grau de Bacharel 
em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: Professor MSc. Mareli Calza Hermann 
 
 
 
 
 
 
 Itajaí, Novembro 2009.
AGRADECIMENTO 
A Deus, que guiou meus passos e iluminou meu 
caminho. 
A minha mãe Tanamar, pela sabedoria, amor 
incondicional e apoio infinito. Ao meu pai Jair, pelo 
respeito e amor. A minha madrasta Vânia e meu 
padrasto Emerson pela dedicação a família. 
A minha Irmã Talita, pelo companheirismo e 
solidariedade, que assim como eu também teve o 
desafio de dar continuidade aos seus estudos e 
trabalhar diariamente. 
Ao meu namorado Maicon, o qual esteve sempre 
presente em minha jornada acadêmica, servindo não 
só como companheiro, mas como melhor amigo e 
refúgio nas horas de tormenta. 
Enfim, a todos os familiares que de alguma forma 
contribuíram para a minha formação como ser 
humano e colaboraram para a conclusão do curso 
de Direito. 
Aos meus amigos, os quais me acompanharam 
nesta caminhada acadêmica, me apoiaram nos 
momentos difíceis, mas principalmente 
compartilharam suas alegrias comigo. 
E a minha orietadora Mareli Calza Hermann pela 
dedicação e comprometimento para conclusão deste 
trabalho. 
 
 
 
 
 
3
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho a minha família em especial 
minha maravilhosa mãe, que com muito sacrifício e 
trabalho árduo, possibilitou a chance de eu poder 
estudar em uma faculdade particular, e dar início ao 
meu sonho de ser uma operadora do direito. 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do 
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de 
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí, Novembro de 2009. 
 
 
 
 
 
Ariela Fátima Oldoni 
Graduanda 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do 
Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Ariela Fátima Oldoni, sob o título 
"Possibilidade do reconhecimento do vinculo empregatício no contrato de trabalho 
temporário", foi submetida em novembro de 2009 à banca examinadora composta 
pelos seguintes professores: Msc. Mareli Calza Hermann, Orientadora; Silvio Noel 
de Oliveira Junior e Antonio Augusto Lapa, coordenador de monografia e, aprovada 
com a nota ( ) ( ). 
 
Itajaí, Novembro de 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Msc. Mareli Calza Hermann 
Orientadora e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
Prof. Antonio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Silvio Noel de Oliveira Jr. 
Membro 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
Art. Artigo 
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas 
CRFB Constituição da Republica Federativa do Brasil 
TRT 12º Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Carteira Profissional 
Nome por que se designa a que é expedida pelo Ministério do Trabalho, com todos 
os sinais de identidade da pessoa, destinada ao registro de suas atividades 
profissionais nos estabelecimentos em que trabalha. Na carteira profissional serão 
anotadas as condições de admissão do empregado, as alterações havidas no 
contrato de trabalho, licenças, férias e dispensa.1 
 
Contrato de Trabalho 
É o negócio jurídico entre uma pessoa física (empregado) e uma pessoa física ou 
jurídica (empregador) sobre condições de trabalho. No conceito é indicado o gênero 
próximo, que é o negócio jurídico, como espécie de ato jurídico. A relação se forma 
entre empregado e empregador. O que se discute são as condições de trabalho a 
serem aplicadas à relação entre empregado e empregador.2 
Contrato Temporário 
O contrato temporário é espécie de contrato por prazo determinado sob a 
modalidade termo incerto como regra, pois a substituição de pessoal regular e 
permanente do tomador ou o acréscimo de serviço pode não ter data certa para 
acabar. Pode, entretanto, ocorrer sob a modalidade termo certo, quando um 
empregado é contratado por 30 dias para substituir outro (do tomador) que saiu de 
férias. Neste caso o termo é certo. 3 
Empresa de mão-de-obra temporária 
Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica 
urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, 
temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e 
 
1
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.264 p. 
2
 MARTINS Sérgio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo-24º. ed. Atlas. 2008. Pg 80. 
3
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus,2009. 487 p. 
 
8
assistidos.4 
Empregado 
 Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não 
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.5 
Empregador 
Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os 
riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal do 
serviço.6 
Relação de emprego 
É o gênero, que compreende o trabalho autônomo, eventual, avulso etc. Relação de 
emprego trata do trabalho subordinado do empregado em relação ao empregador.7 
Trabalhador Temporário 
É aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade 
transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo 
extraordinário de serviços. 8 
 
 
 
 
4
 BRASIL. Lei 6.019/74 artº 4º. 
5
 Brasil, Consolidação das Leis do Trabalho – CLT Art° 3. 
6
 Brasil, Consolidação das Leis do trabalho – CLT Art°2. 
7
 MARTINS Sérgio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo-24. ed. Atlas, 2008.78 p. 
8
 Brasil Lei 6.019/1974 Art°2. 
 
SUMÁRIO 
RESUMO.......................................................................................... XII 
INTRODUÇÃO .................................................................................. 12 
CAPÍTULO 1 ..................................................................................... 14 
HISTÓRIA DO TRABALHO .............................................................. 14 
1.1 ORIGEM DO TRABALHO ............................................................................. 14 
1.1.1 A SOCIOLOGIA NO TRABALHO ......................................................................... 16 
1.2 EVOLUÇÃO DO TRABALHO ........................................................................ 17 
1.2.1 O TRABALHO A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ......................................... 19 
1.3 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO .............................................. 21 
1.3.1 FASES HISTÓRICAS DO DIREITO DO TRABALHONO MUNDO ................................. 24 
1.3.2 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO - OIT ......................................... 25 
1.3.3 CONSTITUIÇÃO MEXICANA E ALEMÃ ................................................................. 26 
1.4 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL ......................... 29 
1.4.1 EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NAS LEIS BRASILEIRAS ........................... 30 
1.4.2 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT ................................................. 31 
 
 
CAPÍTULO 2 ..................................................................................... 33 
RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO ............... 33 
 
x
2.1 NATUREZA JURÍDICA – TEORIA CONTRATUALISTA E 
ANTICONTRATUALISTA .................................................................................... 36 
2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ................................................. 39 
2.3 CONTRATOS EM GERAL ............................................................................. 43 
2.4 CONTRATO DE TRABALHO ........................................................................ 45 
2.4.1 CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO E DETERMINADO ................................. 50 
2.4.2 DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO DO TRABALHO ................................................ 52 
 
CAPÍTULO 3 ..................................................................................... 54 
TRABALHO TEMPORÁRIO ............................................................. 54 
3.1 TRABALHADOR TEMPORÁRIO .................................................................. 56 
3.2 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO ............................................... 58 
3.3 FORMAÇÃO DA EMPRESA DE MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA ............... 63 
3.3.1 DO CONTRATO ENTRE EMPRESA DE MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA E EMPRESA 
TOMADORA DE SERVIÇOS ........................................................................................ 65 
3.4 DOS DIREITOS PERTINENTES AO TRABALHADOR TEMPORÁRIO ....... 68 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 72 
 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 73 
 
ANEXOS ........................................................................................... 75 
LEI Nº 6.019/74 ................................................................................. 75 
DECRETO LEI Nº 73.841/74 ............................................................. 75 
RESUMO 
O presente trabalho tem como objetivo geral verificar a possibilidade do 
reconhecimento do Vínculo empregatício no contrato de trabalho temporário. Para 
tanto, fez-se um apanhado da legislação e da doutrina existentes, que juntamente 
com a jurisprudência oferecem suporte para a verificação da existência do vínculo 
de emprego. Com relação à metodologia, utilizou-se o método indutivo, na fase de 
tratamento de dados o método cartesiano, e, o relatório dos resultados expressos na 
presente monografia é composto na base lógica indutiva. Nas diversas fases da 
pesquisa, foram acionadas as técnicas do referente, da categoria, do conceito 
operacional e da pesquisa bibliográfica. Seguindo-se este caminho metodológico, 
verificou-se que é possível reconhecer o vínculo empregatício no contrato de 
trabalho temporário tendo em vista que caso a empresa de trabalho temporário e a 
tomadora dos serviços não observem as especificações para esta determinada 
relação, o vinculo empregatício estará formalizado. 
 
 
Palavras-Chave: Direito do Trabalho. Contrato de Trabalho Temporário. 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto a verificação da 
possibilidade do reconhecimento do vínculo empregatício no contrato de trabalho 
temporário. 
O seu objetivo é constatar quais os casos em que o trabalho 
temporário gera o vínculo empregatício, mediante um estudo doutrinário, legislativo 
e jurisprudencial. 
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando da história do 
trabalho sua origem e evolução, a influência da revolução industrial no trabalho, o 
surgimento do direito do trabalho no mundo e suas fases históricas, finalizando com 
o surgimento do direito do trabalho no Brasil. 
No Capítulo 2, tratando da relação de trabalho e emprego, sua 
natureza jurídica, envolvendo os contratos em geral, contratos de trabalho, e a 
diferenciação dos contratos por prazo indeterminado e prazo determinado e ainda os 
princípios gerais do direito do trabalho. 
No Capítulo 3, tratando de trabalho temporário, trabalhador 
temporário, contrato temporário, formação da empresa prestadora de mão de obra 
temporária, contrato entre empresa temporária e tomadora de serviços e por fim os 
direitos pertinentes ao trabalhador temporário. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, 
seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a 
possibilidade do reconhecimento do vinculo empregatício no contrato de trabalho 
temporário. 
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes 
hipóteses: 
Há vínculo empregatício no contrato de trabalho temporário? 
 13
Ocorre a caracterização do vínculo empregatício quando a 
empresa prestadora de serviços e a tomadora não observarem os requisitos 
essenciais para sua formalização? 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de 
Investigação9 foi utilizado o Método Indutivo10, na Fase de Tratamento de Dados o 
Método Cartesiano11, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente 
Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas 
do Referente12, da Categoria13, do Conceito Operacional14 e da Pesquisa 
Bibliográfica15.
 
9
 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente 
estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. 
Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83. 
10
 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma 
percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: 
teoria e prática. p. 86. 
11
 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, 
Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-
26. 
12
 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o 
alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” 
PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54. 
13
 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, 
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25. 
14
 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita 
para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa 
jurídica: teoria e prática. p. 37. 
15
 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, 
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209. 
CAPÍTULO 1 
HISTÓRIA DO TRABALHO 
Para desenvolver o presente trabalho acadêmico científico é 
necessário fazer uma abordagem da história do trabalho no mundo, analisando os 
acontecimentos na evolução do trabalho e conceitos. Tal analise será de suma 
importância teórica para o pleno desenvolvimento deste trabalho 
1.1 ORIGEM DO TRABALHO 
 Para conceituar a origem do trabalho faz-se mister a análise 
quanto ao posicionamentode alguns historiadores. 
Segundo alguns historiadores o trabalho surgiu como castigo, 
sofrimento e dor. 
Para Lucien Febvre, apud Prof. Evaristo16, “a palavra veio do 
sentido tortura – tripaliari, torturar com tripalium, máquina de três pontas. 
Elucida nesse sentido Cassar17 
Do ponto de vista histórico e etimológico a palavra trabalho decorre 
de algo desagradável: dor, castigo, sofrimento, tortura. O termo 
trabalho tem origem no latim – tripalium. Espécie de instrumento de 
tortura ou canga que pesava sobre os animais. Por isso, os nobres, 
os senhores feudais ou os vencedores não trabalhavam, pois 
consideravam o trabalho uma espécie de castigo. A partir daí, 
decorreram variações como tripaliare (trabalhar) e trepalium 
(cavalete de três paus usado para aplicar a ferradura aos cavalos). 
E salienta Irany Ferrari18 que o trabalho era realmente feito 
para os escravos, tendo em vista que eram apenas estes que trabalhavam na 
época. 
 
16
 EVARISTO apud FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra 
da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 
1998.13 p. 
17
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3°. ed. Niterói: Impetus, 2009. 3 p. 
 15
O trabalho como atividade humana, ou seja, de que 
representava ele um esforço, um cansaço, uma pena e, até um castigo. 
Sociologicamente foi, efetivamente assim, sabendo-se que o trabalho era “coisa” de 
escravos, os quais no fundo, pagavam seu sustento com o “suor de seus rostos. 
Em primeira instância temos o trabalho escravo, tendo sido a 
primeira forma de trabalho existente. Estes não tinham direitos, apenas o direito de 
trabalhar. Não era considerado como sujeito de direito, mas sim como propriedade 
do dominus. Nesse período, constatamos que o trabalho do escravo continuava no 
tempo, até de modo indefinido, ou mais precisamente até o momento em que o 
escravo vivesse ou deixasse de ter essa condição, conforme pontua Martins19 
Se tem também conforme discorre Martins20 que na Grécia, 
Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido pejorativo, compreendia 
apenas força física. O trabalho consistia apenas na força física, despendida pelos 
escravos, os nobres não trabalhavam e podiam ser livres. E nas classes mais pobres 
o trabalho era considerado como atividade dignificante. 
Para o professor Miguel Reale apud Ferrari21: 
Não entendo como se possa dizer que o trabalho não seja 
criador de valores. Ele já é por si mesmo, um valor, como uma 
das formas fundamentais, de objetivação do espírito enquanto 
transformador da realidade física e social, visto como o 
homem não trabalha porque quer, mas sim por uma exigência 
indeclinável de seu ser social, que é “ser pessoal de relação”, 
assim como não se pensa porque se quer, mas por ser o 
pensamento um elemento intrínseco do homem, no seu 
processo existencial, que se traduz em sucessivas “formas de 
objetivação”. Trabalho e valor, bem como, por via de 
conseqüência, trabalho e cultura, afiguram-se termos regidos 
por essencial dialética de complementaridade. 
 
18
 FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. 
História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.14 p. 
19
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.4 p. 
20
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.4 p. 
21
 REALE apud FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da 
Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: 
LTr, 1998.18-19 p. 
 16
Em Roma, o escravo era considerado como coisa, e o trabalho 
era desonroso. Surgiu a locatio conductio que estabelecia a relação daqueles que 
tinham interesse em trabalhar em troca de pagamento. Estabelecia, portanto, a 
organização do trabalho do homem livre. Era dividida de três formas: (a) locatio 
conductio rei, que era o arrendamento de uma coisa; (b) locatio conductio operarum, 
em que eram locados serviços mediante pagamento; (c) locatio conductio operis, 
que era a entrega de uma obra ou resultado mediante pagamento (empreitada), 
segundo preceitua Martins22. 
Logo surge a servidão, na época do feudalismo, os senhores 
protegiam e cediam suas terras aos servos, que tinham que pagar com seu trabalho 
por isso. 
E posteriormente surgem as corporações de oficio, nesse 
momento surge um pouco mais de liberdade para o trabalhador, entretanto o 
trabalho era forçado, a jornada de trabalho muitas vezes superava 18 horas diárias 
segundo leciona Martins23. 
Pode-se demonstrar que o trabalho teve essencial importância 
na evolução humana, no tratamento e relações sociais. 
1.1.1 A sociologia no trabalho 
A sociologia vem estudar o trabalho em grupos, para analisar 
o comportamento humano em relação ao trabalho. 
Sendo o trabalho encarado de uma maneira positiva ou 
negativa sempre faz parte do cotidiano. 
Escreve o doutrinador Irany Ferrari24 
A organização do trabalho por outro lado é a demonstração 
insofismável da aplicação da sociologia ao trabalho, tendo em vista, 
sobretudo, o que decorreu e o que decorre do determinismo 
 
22
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.4 p. 
23
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.5 p. 
24
 FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. 
História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.21 p. 
 17
tecnológico, com suas implicações no numero de empregos de 
trabalhadores. 
Neste mesmo viés o jurista e sociólogo Joaquim Pimenta apud 
Ferrari25: 
Se o fato econômico ou a técnica da produção realiza o milagre do 
transformismo social, como pretendem os marxistas, esta mesma 
técnica pressupõe sempre um meio social, um grupo humano que, 
além de a submeter a regras a normas rituais que a conservem e 
perpetuem ainda se converte em laboratório de experiências 
coletivas, de noções, de idéias, de conhecimentos com os quais o 
poder inventivo do homem jamais teria alcançado tão alta e 
surpreendente expressão. 
Tem sido o trabalho o grande precursor da evolução humana, 
estabelecendo relações humanas entre estes e ainda conta com a ajuda da 
sociologia para fortalecer estas relações. 
Sempre foi o trabalho em todas as áreas um fator de conquista 
e cooperação na busca de ideais comuns. Tem-se ainda “o trabalho nos primórdios, 
deu-se pela cooperação de marido e mulher – cooperação social no clã, nas famílias 
patriarcais, reunindo sob o mesmo teto, parentes, escravos ou servos, para 
desenvolver-se entre clãs da mesma tribo ou de tribos diferentes no entendimento 
de Irany.”26 
Vem surgindo então às primeiras classes e cidades, através 
da organização e cooperação entre os seres humanos. 
1.2 EVOLUÇÃO DO TRABALHO 
 Através da escravidão surgiu a colocação de escravos em 
locais já determinados, vem então a domesticação dos animais e o surgimento da 
agricultura, aprendendo o homem a ser um produtor de alimentos, sendo distinto do 
que ocorria anteriormente onde o homem caçava, pescava e recolhia os frutos.”A 
comida é a recompensa do escravo, é outra constatação plena de veracidade com 
 
25PIMENTA apud FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro; MARTINS FILHO, Ives Gandra 
da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 
1998.22-23 p. 
26
 FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. 
História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. 23-24 
p. 
 18
essa paga, com a qual o escravo obtinha o necessário para sobreviver, e o seu 
dono, proprietário de terra, tinha a certeza que subsistiria fisicamente. O trabalho 
escravo sempre foi forçado e jamais voluntário tendo ainda o mérito da colheita dos 
frutos o dono e nunca o escravo”.27 
Após a etapa da escravidão vem a servidão em que a 
passagem de uma para outra aconteceu lentamente, tornando-se o servo visto como 
um ser humano e não mais como um objeto de trabalho. 
Segundo Alonso Olea apud Ferrari28 
Ante a subsistência, pelo menos colonial, de situações de 
escravidão, no próprio país de relações de servidão e na própria 
casa de servidores aos que são dadas ordens e sobre os que 
exercitam poderes diferenciados, existe um verdadeiro afã de 
separar e caracterizar o arrendamento de serviços do que depois se 
chamaria contrato de trabalho. Por isso se insiste sobre a liberdade 
de um pacto constitutivo de uma relação obrigatória de origem 
contratual pura. A liberdade pessoal de subsistir ao longo da 
execução do contrato: por um lado, pressupõe limites à duração 
indefinida do pacto, seja porque esta traz à mente a idéia mais ou 
menos clara de que uma cessão perpétua lembra escravidão ou 
servidão, seja porque como efetivamente o é, como se vê em Hegel, 
com clareza meridiana, as promulgações por normativas declaram, 
com efeito, que o arrendamento de serviços feitos por toda vida é 
nulo. 
Com a abolição se torna necessário uma nova elaboração no 
comportamento do homem livre e branco, e ao negro exigia-se um novo 
ajustamento. A equiparação entre os homens brancos e negros se deu de maneira 
lenta, fazendo com que o negro mantivesse ainda dependência do homem branco 
conforme leciona Emilia apud Irany.29 
 
 
27
 FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. 
História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr,1998.32 p. 
28
 ALONSO OLEA apud FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives 
Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: 
LTr, 1998.33-34 p. 
29
 COSTA apud FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da 
Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.34 
p. 
 19
1.2.1 O trabalho a partir da revolução industrial 
Afirma Cassar30 sobre a evolução do trabalho que 
Se no passado o trabalho tinha conotação de tortura, atualmente 
significa toda energia física ou intelectual empregada pelo homem 
com finalidade produtiva. Todavia, nem toda atividade humana 
produtiva constitui objeto do direito do trabalho, pois somente a feita 
em favor de terceiros interessa ao nosso estudo e não a energia 
desprendida para si próprio. Trabalho pressupõe ação, emissão de 
energia, desprendimento de energia humana, física e mental, com o 
objetivo de atingir algum resultado. 
A partir da revolução industrial em meados do século XVIII, o 
trabalho passou a ser encarado de uma nova maneira. Muitos inventos foram 
criados, destacando-se a utilização da energia a vapor o que mudaria radicalmente o 
modo de produção. 
A produção passou a ser feita em série, e em grandes 
quantidades. Não sendo mais a força física do homem fator principal das linhas de 
produções, e sim as máquinas a vapor que começam a trabalhar em função dos 
homens. 
Neste mesmo viés leciona o professor Giradi 31 
O homem passou a ser operador de máquinas. No sistema novo de 
produção a cabeça, caput, é a máquina. O trabalho é colocado a 
serviço da maquina. Capital e trabalho passam a viver intimamente 
associado, como uma espécie de verso e anverso de uma mesma 
moeda, de forma que o capital não vive sem o trabalho e este não 
tem espaço fora do capital. 
Para Girardi32 no momento que surge o lucro real, no sistema 
capitalista, a máquina, e o trabalho foram adicionados ao capital. Passando o 
trabalho ser entendido como uma mercadoria. Sendo a procura maior do que a 
oferta r o trabalho pouco foi valorizado. 
Desta maneira o lucro para os donos cresceu de maneira 
espantosa, porém surgiu um problema social, trabalhadores miseráveis com seus 
 
30
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.3 p. 
31
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.15 p. 
32
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.16 p. 
 20
baixos salários, foram se amontoando nas periferias das cidades, sem condições de 
saúde, educação e moradia. Então a mulher inicia a peregrinação em busca de 
trabalho para ajudar o marido e aos poucos os filhos seguem o mesmo caminho, o 
que provoca outro problema a exploração do trabalho infantil. Agora volta o trabalho 
a ser visto como antes, angústia, tristeza e dor, retornando ao passado, conforme 
discorre Girardi.33 
O filósofo alemão Karl Marx apud Girardi34, no Manifesto 
Comunista volume I,p.197-198, escreveu: 
O Homem se opõe à natureza como uma de suas próprias forças, 
pondo em movimento braços e pernas, cabeça e mãos, que são as 
forças naturais de seu corpo, para apoderar-se da produção de uma 
maneira adaptada às suas necessidades. Ao atuar sobre o mundo 
externo e mudá-lo, modifica ao mesmo tempo sua própria natureza. 
Desenvolve seus poderes adormecidos e os obriga a atuar 
obedecendo aos seus desígnios. 
Ainda sobre a questão social e decadência do trabalhador se 
manifesta o papa Leão XIII apud Girardi35 
Aconselha o poder público a intervir, na atividade econômica, 
preconizando o pagamento de um valor mínimo para o trabalho 
operário,”um salário suficiente para socorrer com desafogo às suas 
necessidades e às de sua família”, questionando o trabalho da 
mulher,pois “a natureza destina de preferência aos arranjos 
domésticos” e atribuindo ao Estado a obrigação de velar pelos 
pobres e doentes.” O Estado pode tornar-se útil às classes, pode 
melhorar muitíssimo a sorte da classe operária, em todo rigor de seu 
direito e sem temer a censura da ingerência. 
Salienta-se ainda que no Brasil até o final do século XIX o 
trabalho escravo ainda era justificado legalmente, não sendo á toa desta maneira 
que o trabalho fosse considerado como mercadoria. 
Escreve Girardi36 que os altos e baixos da evolução do 
trabalho entendido inicialmente como castigo, sofrimento e dor, meio de 
sobrevivência, até chegar a entender o trabalho como essencial à existência 
 
33
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.16 p. 
34
 MARX apud GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.17 p. 
35
 LEÃO apud GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.17 p. 
36
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.19-20 p. 
 21
humana. Esse entendimento a ponto de não se pensar mais na existência humana 
sem a dimensão dignificante do trabalho. 
A evolução e reconhecimento foram tamanhos que Antoine de 
Saint Exupéry apud Girardi37, conhecido autor do Pequeno Príncipe cita em sua 
obra: 
Suponhamos que um dia se suprima o trabalho. Poderias ficar a 
dormir tranqüilamente debaixo de uma árvore ou nos braços de 
amores fáceis. Não haveria injustiças que te fizessem sofrer nem 
ameaças que te atormentassem. Que haverias de fazer, para existir, 
se não tornares a inventar o trabalho?. 
Anui Moraes Filho38 a este entendimento 
O trabalho é inseparável do homem, da pessoa humana, confunde-
se com a própria personalidade, em qualquer das suas 
manifestações.Pode-se dizer que dele, como já lembrou alguém, a 
mesma coisa que dizia Bousset da religião em seu aspecto mora, “é 
o todo do homem”. Identificou-se, pois, a ciência do trabalho com a 
própria antropologia, como o estudo do homem, encarado como um 
todo indivisível e inteiriço, como uma mônada de valor. O homem 
que pensa, planeja e age (o homo sapiens e o homo faber) vive em 
perfeita harmonia, em luta constante com a natureza. 
Transformando-a, moldando-a a seus interesses, criando um mundo 
artificial acima e ao lado do mundo natural. 
Diante destas conclusões inicia-se um processo de surgimento 
de direitos advindos do trabalho. 
1.3 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO 
Traz-se o conceito de direito apontado por Miguel Reale apud 
Nascimento39 
O direito não é um fenômeno estático. É dinâmico. Desenvolve-se 
no movimento de um processo que obedece a uma forma especial 
de dialética na qual se implicam, sem que se fundam, os pólos de 
que se compõe. Esses pólos mantêm-se irredutíveis. Conservam-se 
 
37
 EXUPÉRY apud GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.20 p. 
38
 MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do 
trabalho. 9°. ed. São Paulo: Ltr, 2003. 24 p. 
39
 REALE, apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria 
geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004.3 p. 
 22
em suas normais dimensões, mas correlacionam-se. De um lado, os 
fatos que ocorrem na vida social, portanto a dimensão fática do 
direito. De outro, os valores que presidem a evolução das idéias, 
portanto a dimensão axiológica do direito. 
Vale salientar o conceito de direito do trabalho de Moraes 
Filho40 
Em nenhum outro ramo do direito se manifeste tão ao vivo, 
cruentemente ao vivo, a luta entre os dois ideais valorativos do 
ordenamento jurídico: a segurança e justiça, O primeiro se inclina 
pela manutenção do status quo, o segundo força a mudança 
estrutural e qualitativa da sociedade, empurrando-a para novas 
formas de organização. Por isso, mesmo, em nenhum outro campo 
jurídico se encontra tão dramática e intensa esta sede de justiça 
distributiva como no direito do trabalho. 
Exemplifica Delgado41 o surgimento do direito do trabalho, 
através do capitalismo e da revolução industrial, para o fim de suavizar o tratamento 
ao trabalhador, menos favorecido. “A existência de tal ramo especializado do direito 
supõe a presença de elementos socioeconômicos, políticos e culturais que somente 
desapontaram, de forma significativa e conjugada, com o advento e evoluções 
capitalistas. Porém o direito do trabalho não apenas serviu ao sistema econômico 
deflagrado com a revolução industrial, no século XVIII, na Inglaterra; na verdade, ele 
fixou controles para esse sistema, conferiu-lhe certa medida de civilidade, inclusive 
buscando eliminar as formas mais perversas de utilização da força de trabalho pela 
economia”. 
O direito do trabalho origina-se de um fato, a revolução 
industrial, ocorrida na Europa, em meados do século XVIII, onde em virtude de 
inventos e ascensão científica, houve uma gigantesca mudança na vida econômica, 
religiosa, cultural e social. Destacando-se países como Inglaterra, França e 
Alemanha onde a transformação foi maior. E as crises mais intensas. Esta revolução 
trata-se principalmente de uma mudança no pensamento do homem, surgindo até 
mesmo novas filosofias de vida para Girardi.42 
 
40
 MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do 
trabalho. 9°. ed. São Paulo: Ltr, 2003. 34 p. 
41
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7°.ed. São Paulo: LTr, 2008. 81 p. 
42
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.21-22 p. 
 23
Refere Cassar43 sobre o surgimento do direto do trabalho 
O direito do trabalho nasce como reação ao cenário que se 
apresentou com a Revolução Industrial, com a crescente e 
incontrolável exploração desumana do trabalho. É produto da 
reação da classe trabalhadora ocorrida no século XIX contra a 
utilização sem limites do trabalho humano. O direito comum (civil), 
com suas regras privadas de mercado, não mais atendia aos 
anseios da classe trabalhadora, oprimida e explorada diante da 
explosão do mercado de trabalho ocorrido em virtude da descoberta 
da máquina a vapor, do tear, da luz e da conseqüente revolução 
industrial. Em face da mecanização do trabalho já não mais se 
exigia o aprendizado de um ofício ou profissão. Qualquer “operário” 
estaria apto para o trabalho e sua mão-de-obra mais barata, seu 
poder de barganha, em face dos numerosos trabalhadores em 
busca de colocação no mercado, era ínfimo. 
Esclarece ainda sobre o direito o doutrinador Amauri Mascarro 
Nascimento44 
Tem-se como pacífico que o direito não pertence à natureza física, 
não é produzido por uma lei química ou biológica, muito menos por 
uma lei mecânica própria do mundo não cultural e dentro de uma 
infalível inelutabilidade. É inteiramente correta a conclusão segundo 
a qual o direito, ao contrário, apresenta-se-nos pleno de sentido, de 
significação, como expressão de uma estrutura de fins e de meios 
congruentes, como intencionalidade. Nada há na natureza física que 
se nos pareça como um elemento jurídico. Ao contrário, existe o 
direito porque o homem procura ordenar sua coexistência com 
outros homens, pautando-a por meio de determinadas normas por 
ele dispostas no sentido de evitar um conflito de interesses e realizar 
um ideal de justiça. 
Leciona Girardi45 sobre o fato que desencadeia o direito 
ex fácto jus óritur, ou seja, o direito brota do fato. São os fatos, que 
ocorrem na realidade da vida, as fontes que originam os direitos, 
como faculdades, poderes, potencialidades do ser humano. Ter 
direito é ter um poder, uma faculdade, dentro de um contexto social 
em que vigoram regras. Estas é que dão suporte aos direitos. 
Conforme citada anteriormente a revolução industrial foi um 
dos principais fatores desencadeantes do direito do trabalho, neste período o 
trabalhador passa a ser protegido jurídica e economicamente, deve-se assegurar 
 
43
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 10 p. 
44
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.4-5 p. 
45
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.21 p. 
 24
superioridade jurídica ao empregado em razão da sua inferioridade econômica 
segundo pontua Martins46. 
Assevera o mesmo pensamento Cassar47, demonstrando que 
assim surge o direito do trabalho, com função tutelar, a qual surge para cuidar do 
trabalhador, econômica tendo em vista a necessidade de movimentar o capital, 
coordenadora para minimizar os conflitos, política, pois é de interesse geral da 
população e social, pois busca uma evolução social. 
1.3.1 Fases históricas do direito do trabalho no mundo 
O direito do trabalho no mundo surgiu de maneira lenta entre 
os principais países capitalistas. Fatos importantes marcaram o surgimento e 
evolução do direito do trabalho no mundo conforme escreve Delgado48 
No que diz respeito ao direito do trabalho dos principais países 
capitalistas ocidentais, os autores tendem a construir periodizações 
que guardam alguns pontos fundamentais em comum. Um desses 
marcos fundamentais está no” Manifesto Comunista”, de Marx e 
Engels, em 1848. Outro dos marcos que muitos autores tendem a 
enfatizar está, em contrapartida, na encíclica católica Rerum 
Novarum, de 1891.Um terceiro marco usualmente considerado 
relevante pelos autores reside no processo da primeira guerra 
mundial e seus desdobramentos, como, por exemplo, a formação da 
OIT- Organização Internacional do Trabalho (1919) e a promulgação 
da Constituição Alemã de Weimar(1919). É também desse mesmo 
período a Constituição Mexicana(1917). As duas cartas 
constitucionais mencionadas foram, de fato, pioneiras na inserção 
em texto constitucional de normas nitidamente trabalhistas ou, pelo 
menos, pioneiras no processo jurídico fundamental de 
constitucionalização do Direito do Trabalho, que seria uma das 
marcas distintivas do século XX. 
Encontra-se segundo Cassar49 outros fatores históricos 
mundiais que contribuíram para o desenvolvimento do direito do trabalho no mundo. 
Em 1791 – Lei Chapelier, extingue as corporações de oficio, por serem consideradas 
atentatórias aos direitos do homem e do cidadão. 1802 – é fiixada na Inglaterra a 
jornada de no máximo 12 horas de trabalho. 1809 – O trabalho do menor de nove 
 
46
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.8 p. 
47
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.10-11 p. 
48
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7°.ed. São Paulo:LTr, 2008. 92 p. 
49
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 13-14 p. 
 25
anos passa a ser considerado ilegal. 1813 – O trabalho do menor de 18 anos em 
subsolo passa a ser ilegal. 1814 – o trabalho do menor de 18 anos aos domingos e 
feriados passa a ser proibido. 1917 – Constituição do México, a primeira a 
estabelecer os direitos do trabalhador. 1919 – Constituição de Weimar, também 
trazendo direitos pertinentes ao trabalhador. 1927 – Carta Del lavoro, Constituição 
Italiana, que influenciou inclusive o sistema brasileiro. 1948 – Declaração Universal 
dos direitos do homem. 
Percebe-se desta maneira que o surgimento do direito do 
trabalho aconteceu lentamente, após inúmeros acontecimentos, os quais foram de 
enorme valia para a conquista dos direitos do trabalhador. 
1.3.2 Organização internacional do trabalho – OIT 
Para Valticos apud Nascimento50 os precursores da idéia de 
legislação internacional foram o inglês Robert Owen e o francês Daniel Le Grand no 
início do século XIX. O primeiro por seus escritos dirigidos em 1818, aos soberanos 
dos Estados da Santa Aliança, solicitando que medidas destinadas a melhorar a vida 
dos trabalhadores fossem tomadas. O segundo entre 1840 e 1855 dirigiu-se aos 
governantes franceses e principais países da Europa, propondo a adoção de uma lei 
internacional do trabalho. 
 De acordo com Nascimento51 
A primeira Conferência Internacional do Trabalho foi convocada em 
Berlim, 1890, presentes representantes da França, Alemanha, 
Áustria, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Itália, Dinamarca, Portugal, 
Suécia, Noruega, Suíça Espanha e Luxemburgo. Houve sugestões 
para a criação de uma Repartição Internacional para estudos e 
estatísticas de trabalho. Na época, Guilherme II solicitou apoio ao 
papa Leão XIII, e este, no ano seguinte, promulgariam a encíclica 
Rerum Novarum. 
A OIT tem por objetivo determinar regras gerais para os 
Estados adotarem em seu ordenamento jurídico. Ela passa a ter especial 
 
50
 VALTICOS apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho; história e teoria 
geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São 
Paulo:Saraiva, 2004.89 p. 
51
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho; história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.90 p. 
 26
importância com o Tratado de Versalhes em 1919, sendo ainda complementada em 
1944 pela declaração da Filadélfia. 
A forma de aceitação do tratado pelos Estados-membros deve 
passar por uma aprovação minuciosa, conforme escreve Martins52 
Após ser a convenção aprovada pela Conferência Internacional do 
Trabalho, o governo do Estado-membro deve submetê-la, no prazo 
máximo de 18 meses, ao órgão nacional competente (art.19, §5,b,da 
Constituição da OIT), que, em nosso caso é o Congresso Nacional 
(art. 49, I, da CF). O chefe de Estado poderá ratificá-la em ato formal 
dirigido ao Diretor-Geral da repartição Internacional do Trabalho ( 
art.19, §5, d, da Constituição da OIT). A convenção entrará em vigor 
no país, depois de certo período da data em que haja sido registrada 
na OIT sua retificação, e que normalmente é especificado na 
referida norma internacional. 
No Brasil a convenção será aprovada através de decreto 
legislativo, temos assegurado em nossa Carta Magna 53 em seu art. 5° §3 
Art. 5° §3 - Os tratados e convenções internacionai s sobre direitos 
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Desta maneira os tratados e convenções internacionais depois 
de aprovados têm força equivalente às emendas constitucionais, Trataremos a 
seguir a respeitos das primeiras constituições existentes as quais foram marcos no 
que tange aos direitos sociais e ao trabalho. 
1.3.3 Constituição mexicana e alemã 
O México a partir de 1914 envolveu-se numa guerra civil, 
proveniente de divergências políticas, sendo esta guerra conhecida como revolução 
mexicana. Após anos de lutas os revolucionários venceram os governistas, sendo 
então uma assembléia constituinte convocada para elaborar-se uma nova 
constituição, conforme pontua Girardi.54 
 
52
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 71 p. 
53
 BRASIL. Constituição 1988. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal. 
54
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.43 p. 
 27
Os constituintes mexicanos, diferentemente do que ocorria 
anteriormente, decidem incluir em sua Lei Maior, um conjunto de 
direitos sociais. “O art. 123, desta constituição, trata” Do trabalho e 
da previdência social”, com 30 incisos garantindo direitos aos 
trabalhadores, entre outros: duração do trabalho, salários em geral, 
salário mínimo, proteção ao trabalho, em especial ao das mulheres 
e menores, participação nos lucros, regras de despedida e 
demissão, tribunais do trabalho e etc, assim preceitua Girardi.55 
Está ação de inserir os direitos sociais na constituição se deu 
em 1917, em virtude de evitarem-se alterações, já que nesta a modificação é mais 
difícil, tendo em vista a necessidade de uma aprovação maior. 
Inicia-se o constitucionalismo social com a busca da inserção 
de direitos sociais e fundamentas nas constituições dos países. 
Através do estudo La Primera Constitución político-social del 
mundo feito por Trueba Urbina apud Nascimento56 publicado em 1971 no México, 
conceitua-se Constituição Social “um conjunto de aspirações e necessidades dos 
grupos humanos que como tais integram a sociedade e traduzem o sentimento da 
vida coletiva, distintos dos da vida política.” 
Nascendo assim a constituição mexicana em 1917, a qual vem 
estipular a proteção aos trabalhadores, incluindo a jornada de 8 horas 
diárias,proibindo o trabalho de menores de 12 anos, descanso semanal, adicional de 
horas extras, entre outros direitos, de acordo do Delgado.57 
Ainda vale destacar um texto feito por Mario de la Cuerva apud 
Nascimento58 
É indubitável que o nosso art. 123 marca um momento decisivo na 
história do direito do trabalho. Não queremos afirmar que tenha 
servido de modelo a outras legislações, nem que seja uma obra 
 
55
 GIRARDI,Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.43 p. 
56
 URBINA apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho; história e teoria 
geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 
2004.31 p. 
57
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.31 p. 
58
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.31-32 p. 
 28
original, senão, apenas, que é o passo mais importante dado por um 
país para satisfazer às demandas das classes trabalhadoras. 
Neste viés surge então a primeira publicação acerca de 
direitos dos trabalhadores no mundo. Logo surgem novas publicações como a 
constituição de Weimar em 1919, a qual vem igualmente tratar dos direitos 
pertinentes aos trabalhadores. 
Após a promulgação da constituição mexicana, outros países 
vêm inserir direitos do trabalho em suas constituições. A Constituição de Weimar em 
1919 veio a se tornar o modelo das Constituições européias em matéria de direitos 
sociais, segundo Nascimento.59 
Sobre a evolução dos direitos no ordenamento jurídico mundial 
segundo Cuerva apud Nascimento· 
Representa não só o intervencionismo estatal, mas também 
um socialismo de Estado e, em conseqüência, a possibilidade de melhorar 
coletivamente as condições de vida dos homens. Em seu tempo foi o direito mais 
avançado da Europa. 
Ainda no que tange a sua modernização nos traz Lavigne 
apud Nascimento: 60 
Ela fixou princípios fundamentais que podem reger o direito da 
classe obreira nas democracias capitalistas. Aos poucos, todos os 
seus princípios foram reproduzidos pelas constituições modernas e 
todos Estados democráticos... Todas as Constituições democráticas 
afirmam o dever do Estado de proteger o trabalho; o Estado afirma 
que ele deve elevar o trabalho humano à dignidade de bem social 
cuja preservação é do interesse da coletividade. Esta idéia não é 
nova, ela é o corolário dos princípios afirmados na França em 1848, 
mas sua expressão é nova. 
Preparava-se então o mundo para tratar dos direitos 
pertinentes as relações de trabalho. 
 
59
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.33 p. 
60LAVIGNE apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria 
geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 
2004.34 p. 
 29
1.4 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 
Com o fim da escravidão e proclamada a República inicia-se 
uma nova fase, o momento liberal. A imigração era intensa principalmente de 
italianos, Nos primeiros anos da república as greves eram eventuais, no entanto com 
o passar do tempo às paralisações e greves explodiram, buscando reivindicar 
melhores salários e proteção aos trabalhadores, conforme pontua Nascimento61. 
Escreve inclusive Nascimento62 que houve um momento em 
que as greves mantiveram posição firme e grandiosa. Foi em 12 de junho de 1917, 
que iniciou-se no Cotonifício Rodolfo Crespi, no bairro da Mooca, quando os 
operários protestaram contra os salários e pararam o serviço. A fábrica fechou por 
tempo indeterminado. Os trabalhadores pretendiam 20% de aumento e tentaram 
acordo com a empresa, não o conseguindo. Diante disso, no dia 29 fizeram comício 
no centro da cidade. Aos 2.000 grevistas juntaram-se, em solidariedade, 1.000 
trabalhadores das fábricas Jafet, que também passaram a reivindicar 20% de 
aumento de salário. Aos poucos foram juntando-se mais trabalhadores, em 12 de 
julho o número de grevistas já superava a marca de 20.000, os bondes, a luz, o 
comércio e as industrias de São Paulo ficaram paralisados. No dia 15 de julho um 
acordo foi aceito para o aumento de 20% dos salários, com a garantia de que 
nenhum empregado seria despedido em razão da greve. 
Existiram reflexos das ações ocorridas em São Paulo, Julio de 
Castilhos levou para o Rio Grande do Sul para que estas “normas” de incorporação 
dos trabalhadores na sociedade fossem inseridas na Constituição. 
Entretanto o período liberal mesmo frente a acontecimentos 
políticos e social, não foi favorável para a evolução jurídica na ordem trabalhista, 
conforme leciona Nascimento63. 
 
61
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.62-63 p. 
62
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004. 63 p. 
63
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.66 p. 
 30
Logo em 1945 o presidente Getúlio Vargas fora deposto, 
sendo convocada uma assembléia constituinte. “Publicando-se em 1946 uma nova 
Constituição, inserindo alguns direitos do trabalho, propriamente repetindo o que já 
estava estabelecido nas duas constituições anteriores, acrescentando que o valor do 
salário mínimo deve atingir, além de necessidades normais do trabalhador, também 
as de sua família. Como novidade estabelece a participação obrigatória e direta do 
trabalhador nos lucros da empresa, a assistência aos desempregados e reconhece o 
direito de greve, segundo Girardi64”. 
Em meados de 1964, o país passou por mais um movimento 
revolucionário, onde o poder executivo passou a ser exercido exclusivamente pelos 
generais das forças armadas, repercutindo nas relações de trabalho e nos direitos 
sociais. 
1.4.1 Evolução do direito do trabalho nas leis brasileiras 
Com a primeira guerra mundial e o surgimento da OIT foram 
surgindo normas para proteção dos trabalhadores segundo leciona Martins65 
Havia leis ordinárias que tratavam de trabalho de menores (1891), 
da organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), de 
férias etc. O Ministério do Trabalho, Industria e Comércio foi criado 
em 1930, passando a expedir decretos, a partir dessa época, sobre 
profissões, trabalho das mulheres (1932), salário mínimo (1936), 
Justiça do Trabalho (1939) etc. Getúlio Vargas editou a legislação 
trabalhista em tese para organizar o mercado de trabalho em 
decorrência da expansão da indústria. Realmente seu objetivo era 
controlar os movimentos trabalhistas do momento. 
A constituição de 1934 foi a primeira a tratar de direitos 
trabalhistas propriamente ditos, já a carta constitucional de 1937 marca uma fase 
intervencionista do Estado, provenientes do golpe de Getúlio Vargas. Em 1946 surge 
uma nova constituição, esta sendo considerada uma norma mais democrática. Em 
1967 a constituição mantém os direitos já existentes e surge então em 1988 a 
constituição atual do Brasil. “Na norma magna, os direitos trabalhistas foram 
incluídos no Capítulo II”.Dos Direitos Sociais”, do Título III “Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais “, ao passo que mas Constituições anteriores os direitos trabalhistas 
 
64
 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.46 p. 
65
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.10 p. 
 31
sempre eram inseridos no âmbito da ordem social e econômica” segundo leciona 
Martins66. 
E ainda pontua Cassarsobre a Emenda Constitucional n°45 
Emenda constitucional n°45 ampliou a competência da justiça do 
trabalho para abarcar também as controvérsias oriundas das demais 
relações de trabalho, aí incluídas, segundo nossa opinião, as lides 
entre: representantes comerciais e representados; profissional 
liberal e cliente, inclusive qualquer tipo de advogado e cliente; 
trabalhadores rurais sem vínculo de emprego e respectivos 
tomadores, etc. 
Com alguns acontecimentos marcantes e legislações 
esparsas, já citadas anteriormente, entraremos no assunto da Consolidação das 
Leis do Trabalho. 
1.4.2 Consolidação das leis do trabalho – CLT 
Antes da criação da CLT, já existiam inúmeras leis que 
tratavam de classes trabalhadoras, por exemplo, as que tratavam dos industriários e 
comerciários, entretanto algumas classes acabaram por ficar em desalento, sendo 
necessária a criação da CLT para além de compilar as legislações existentes criar 
novas para proteger os menos favorecidos, conforme evidencia Nascimento67 “As 
leis trabalhistas cresceram de forma desordenada; eram esparsas, de modo que 
cada profissão tinha uma norma específica, critério que, além de prejudicar muitas 
outras profissões que ficaram fora da proteção legal, pecava pela falta de sistema e 
pelos inconvenientes atura dessa fragmentação”. 
Desta maneira foi necessário criar a CLT para “vincular” as 
normas esparsas tendo sido criada a partir do decreto-lei 5.452, de 01/05/1943. 
Conforme pontua Nascimento68 inicialmente pensou-se em 
criar a CLT para união das leis esparsas, entretanto foi além de uma compilação, 
pois acrescentou inovações aproximando-se de um verdadeiro código. Resultou de 
 
66
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.11 p. 
67
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.75 p. 
68
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.76 p. 
 32
um estudo presidido pelo Ministro Alexandre Marcondes Filho, após estudos 
remeteu ao Presidente da República em 1934 e nos traz em seu relatório “a 
Consolidação representa, portanto, em sua substância normativa e em seu título, 
este ano de 1943, não um ponto de partida, nem uma adesão recente a uma 
doutrina, mas a maturidade de uma ordem social há mais de decêndio instituída, que 
já se consagrou pelos benefícios distribuídos, como também pelo julgamento da 
opinião pública consciente, e sob cujo espírito de equidade confraternizam as 
classes na vida econômica, instaurando nesse ambiente, antes instável e incerto, os 
mesmos sentimentos de humanismo cristão que encheram de generosidade e de 
nobreza os anais da nossa vida pública e social”. 
Destaca Cassar69 que a criação da CLT veio para compilar as 
leis esparsas, mas inclusive para integrar trabalhadores além de proporcionar o 
conhecimento a todos da legislação trabalhista. 
Inúmeras foram às comissões nomeadas para rever a CLT, 
porém sem sucesso, em 1977 fora modificada, acrescentando-se no capítulo V da 
segurança e da medicina do trabalho, e ainda a alteração do regime de férias. 
E logo em 1988 com a promulgação da nova Constituição da 
República Federativa do Brasil, foram acrescentadas na carta magna, algumas 
normas que mudariam o sistema das relações de trabalho, como afirma 
Nascimento70. 
A constituição da República Federativa do Brasil prevê, no art. 
7° e seus incisos, dos direitos dos trabalhadores u rbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social. 
Para o direito é necessário estudar as relações de trabalho, 
tema objeto do próximo capítulo. 
 
 
69
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.17 p. 
70
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito 
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.79 p. 
CAPÍTULO 2 
RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO 
De Plácido e Silva71 definem a relação de emprego da 
seguinte forma: “Nomina-se a prestação de serviços, de natureza não eventual, sob 
a dependência do empregador e mediante salário. (CLT art. 3°)”. 
Para esclarecer a diferença entre relação de trabalho e relação 
de emprego é necessário entender o significado de empregado e empregador, 
nesse sentido traremos a seguir os conceitos acima mencionados. 
Diante da alusão ao art. 3° da Consolidação das lei s 
trabalhistas faz-se necessário citar o mesmo 
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar 
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência 
deste e mediante salário. 
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de 
emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho 
intelectual, técnico e manual. 
 
Segundo De Plácido e Silva72 temos o conceito para 
empregado 
Derivado do latim implicare (unir, juntar, ligar), é o vocábulo utilizado, 
na terminologia jurídica, para indicar a pessoa física que, unida ou 
ligada a outra, por se encontrar sob sua direção, presta serviços a 
esta, em regra, mediante uma remuneração. Embora se possa 
admitir empregado, em acepção genérica, como a pessoa que se 
ocupa em fazer alguma coisa para outrem, mesmo gratuitamente, no 
conceito rigorosamente jurídico, o sentido de empregado é o de 
quem está no exercício de uma ocupação sob fiscalização e direção 
de outrem, sujeito a horário, e da qual decorrem vantagens ou 
remunerações para seu ocupante, seja qual for a categoria da 
ocupação. Empregado, em tal significação, exprime sempre o sentido 
de auxiliar, colaborador ou trabalhador assalariado. Mesmo o auxiliar 
 
71
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 1192 p. 
72
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 521 P. 
 34
interessado nos negócios do estabelecimento, comercial ou 
industrial, desde que não possui a qualidade de sócio, tenha 
ordenado ou remuneração pelos serviços ou cargos ocupados, é 
empregado. E não importa que o emprego, cargo, ocupação ou 
serviço seja em caráter permanente. Tanto basta que a pessoa física 
seja admitida, com efetividade ou temporariamente, para exercer 
qualquer cargo, ofício ou ocupação a mando e por conta de outrem, 
para que, assim se titule. Empregado. A CF/88 denomina, 
genericamente, de servidor público civil tanto ao funcionário que 
exerce cargo efetivo ou comissionado, como ao empregado ou 
celetista, que ocupa emprego. 
 
Tem-se no art. 2° da Consolidação das leis trabalhi stas um 
conceito para empregador 
Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e 
dirige a prestação pessoal de serviços. 
§1° Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exc lusivos da 
relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de 
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem 
fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados. 
§2°Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma 
delas, personalidade jurídica própria, estiver sob a direção, controle 
ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial 
ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da 
relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa 
principal e cada umadas subordinadas. 
 
Encontramos segundo essa indicação legislativa um conceito 
de empregador desenvolvido por De Plácido e Silva73 
Designação dada à pessoa seja física ou jurídica, que admite em 
seu estabelecimento o empregado para que execute serviços ou 
exerça funções por si determinadas, mediante remuneração 
ajustada. Na técnica do Direito Trabalhista, empregador é o patrão. 
 
Após a alusão sobre os conceitos entraremos no campo da 
relação de emprego e relação de trabalho. 
Segundo pontua Martins74 na legislação encontraremos ambas 
as expressões, contrato de trabalho e relação de emprego. O termo mais correto de 
se utilizar deveria ser contrato de emprego, haja vista tratar-se da relação de 
empregado e empregador. 
 
73
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.522 p. 
74
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.78 p. 
 35
Exprime Cassar75 que com o advento de ocorrer abusos de 
poder por parte do empregador no instante de contratar, o legislador trabalhista foi 
mais rigoroso no momento de regular os direitos do empregado. 
E para Delgado76 
A ciência do direito, enxerga clara distinção entre relação de 
trabalho e relação de emprego. A primeira expressão tem caráter 
genérico: refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por 
terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer 
consubstanciada em labor humano. Refere-se, pois, a toda 
modalidade de contratação de trabalho humano modernamente 
admissível. A expressão relação de trabalho englobaria, desse 
modo, a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a 
relação de trabalho eventual. De trabalho avulso e outras 
modalidades de pactuarão de prestação de labor (como trabalho de 
estágio, etc.). Traduz, portanto, o gênero a que se acomodam todas 
as formas de pactuação de prestação de trabalho existentes no 
mundo jurídico atual. [...] A relação de emprego, do ponto de vista 
técnico-jurídico, é apenas uma das modalidades específicas de 
relação de trabalho juridicamente configuradas. Corresponde a um 
tipo legal próprio e específico, inconfundível com as demais 
modalidades de relação de trabalho ora vigorantes. 
Desta maneira há que se pensar primeiramente na relação 
existente para não ocorrer dúvidas quanto ao gênero ou espécie. A denominação 
utilizada em nossa legislação é contrato de trabalho. 
Conceitua Nascimento77 sobre a relação de emprego e 
sujeitos desta relação. 
É a relação jurídica de natureza contratual tendo como sujeitos o 
empregado e o empregador e como objeto o trabalho subordinado, 
continuado e assalariado. São sujeitos da relação jurídica de 
trabalho subordinado típico o empregado, pessoa física que prestar 
serviços de natureza não-eventual, e o empregador, destinatário da 
atividade e seus resultados, dirigindo-a em decorrência do poder de 
organização, de fiscalização e de disciplina que lhe é conferido. 
Conforme citado existem teorias sobre a relação do trabalho, 
as quais citar-se-á visando-se a melhor compreensão a cerca do assunto. 
 
75
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.193 p. 
76
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7° ed. São Paulo: Ltr, 2008.285/286 
p. 
77
 NASCIMENTO, Amauri Macarro. Curso de direito do trabalho. 19°. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 
500/501 p. 
 36
2.1 NATUREZA JURÍDICA – TEORIA CONTRATUALISTA E 
ANTICONTRATUALISTA 
As teorias contratualistas e anticontratualistas surgiram com o 
intuito de estabelecer uma explicação para a natureza jurídica do contrato de 
trabalho. 
Temos segundo Cassar78, que mesmo já ultrapassado, 
demonstrado até mesmo em nossa CLT o título IV referente ao “contrato individual 
de trabalho”, questão também pacificada pela doutrina, afirmando sua posição no 
sentido de que a relação de emprego é contratual. Mas em virtude disso citaremos 
as teorias. 
Esclarece Martins79 que a teoria anticontratualista ou 
acontratualista visa negar a existência de uma relação contratual entre empregado e 
empregador. É dividida em teoria da instituição, defendida pelos autores franceses e 
teoria da relação de trabalho ou incorporação, defendida pelos autores alemães. A 
teoria da instituição segundo Michel Despax apud Martins “a empresa é uma 
comunidade de trabalho, marcada por um interesse superior comum a todos os seus 
membros, havendo, em conseqüência, uma situação estatutária e não contratual 
entre as partes do referido pacto, em que o estatuto prevê as condições do trabalho, 
mediante o poder de direção e disciplinar do empregador. Na verdade, o trabalhador 
entraria na empresa e começaria a prestar serviços, inexistindo a discussão em 
torno nas cláusulas do contrato de trabalho”. 
Já a teoria da relação de trabalho defendida por Heinz Potthof 
apud Martins80 “estabeleceu a oposição entre o contrato e a relação de trabalho. A 
relação de trabalho não se vincula à relação de troca. O empregado não promete 
uma prestação material, mas presta serviços por si próprio. Na verdade, os membros 
de uma empresa formam uma associação de trabalho (arbeitsverband), como se 
fosse a organização da família. A empresa forma um conjunto orgânico, submetido a 
um estatuto pelo direito do trabalho. Existem regras decorrentes do contrato de 
 
78
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 194 p 
79
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 83 p. 
80
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.84 p. 
 37
trabalho e outras ditadas pela sociedade. A relação de fato no trabalho é verificada 
pelo direito. Existem normas atinentes à regulamentação do trabalho que são 
aplicáveis independentemente da existência de contrato ou até em razão de o 
contrato ser nulo”. 
Segundo a doutrinadora Cassar81 a teoria anticontratualista 
também está dividida em teoria institucionalista e teoria da relação de emprego. “A 
teoria institucionalista pura prega o interesse exclusivo da instituição em detrimento 
dos interesses individuais dos que nela ingressarem. O institucionalismo 
correspondeu a um movimento desenvolvido na França que percebeu na empresa 
um poder organizado e estruturado segundo as regras de autoridade. Enquanto nos 
contratos prevalece o critério de igualdade entre as partes, na relação 
institucionalista há superioridade jurídica da instituição que exerce seu poder com 
autoridade em relação aos seus empregados. Neste caso, a empresa seria uma 
instituição-pessoa com atividade normativa, podendo emitir regras, às quais o 
empregado, ao ingressar na instituição, estaria automaticamente vinculado, e com 
os demais trabalhadores, compõe uma coletividade que está a serviço dos 
interesses da instituição”. E para a teoria da relação de emprego que defende que o 
fato gerador da relação de emprego é a inserção do empregado na empresa, sua 
ocupação e engajamento, querendo dizer que não existe ato volitivo criador de 
direitos e sim um fato objetivo (o pisar dos pés do empregado no estabelecimento, 
ao iniciar a prestação de serviços na empresa constitui a relação de emprego). A 
relação de emprego se resumiria em simples relação de ocupação (mesmo que 
esteja apenas aguardando ordens), duradoura e permanente ou ao inicio efetivo da 
execução do trabalho. “Foi inspirada na teoria alemã, onde alcançou posição de 
destaque pelas praticas de Hitler com o nazismo autoritário”. 
Para Nascimento82 surge a teoria contratualista com o intuito 
de caracterizar o vínculo como contrato. Essa teoria considera a relação do 
empregado e empregador um contrato.Seu fundamento baseia-se na tese de que à 
 
81
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.194-195 p. 
82
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Iniciação ao direito do trabalho. 32° ed. São Paulo: Ltr, 2006. 
96 p. 
 38
vontade das partes é a causa insubstituível e única que pode constituir o vínculo 
jurídico. 
Pode-se falar conforme evidencia Nascimento83 que para 
configurar esta teoria, surge o contratualismo clássico, esta expressão vem para 
esclarecer as primeiras explicações civilistas, relacionadas aos tipos de contratos, 
dentre os quais o de arrendamento Josserand e Planiol apud Nascimento, “sendo a 
força de trabalho arrendada pelo capital; a compra e venda; Pothier, Lurent e 
Carnelutti apud Nascimento”, porque o empregado é visto como alguém que vende o 
seu trabalho ou a sua energia de trabalho por um preço, que é o salário; a 
sociedade; Chatelain e Villey apud Nascimento ”porque há uma combinação de 
esforços em prol de um objetivo comum, que é a produção; e o mandato Troplong 
apud Nascimento”, sendo o empregado o mandatário do empregador“. 
Esclarece Cassar84 que na teoria contratualista a vontade é 
essencial. Este é o argumento utilizado para fundamentar o início da relação de 
emprego, pois se não existir à vontade dos contratantes, ela não se constitui, “já que 
o pretendente empregado tem que aceitar as condições oferecidas para o emprego 
e o chefe da empresa escolher aquele trabalhador, mesmo quando a lei imponha 
regras mínimas que não podem ser derrogadas pelas partes. Esta foi à teoria 
adotada pela CLT”. 
Nesta corrente se tem uma variação, que é a teoria eclética, 
desenvolvida por Mario de La Cuerva Apud Cassar85, chamada de contrato 
realidade. “O autor advoga que a relação jurídica de trabalho se aperfeiçoa ou pela 
vontade das partes (contrato expresso) ou pelo fato (trabalho efetivo), ainda que não 
haja convenção (contrato tácito). Por isso assevera que só após a efetiva prestação 
de trabalho é que o contrato passa a existir, negando as regras trabalhistas àqueles 
contratos que, apesar de formalizados, não chegaram a se efetivar porque 
submetidos à condição ou termo suspensivo”. Interessante ressaltar que apesar 
 
83
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Iniciação ao direito do trabalho. 32° ed. São Paulo: Ltr, 2006. 
96 p. 
84
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 196 p. 
85
 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 196 p. 
 39
desta teoria ser parecida com a anticontratualista, ela se difere no sentido de que 
para esta existe a vontade que se transforma em contrato. 
Com o passar do tempo à natureza jurídica sofreu diversas 
alterações, entretanto sempre percebe-se um fator em comum, a subordinação. 
Segundo pontua Nascimento86 durante o momento da construção civilista, sendo o 
direito do trabalho inexistente, os juristas da época utilizavam-se do direito civil para 
regular as relações, em especial a locação de serviços, vindo do direito romano, e a 
concepção contratualista como forma jurídica confirmadora do trabalho prestado nas 
fábricas. Tem-se, como indução desta teoria, o seu caráter patrimonialístico por 
compreender o vínculo como uma troca de trabalho por salário. 
Esta forma clássica não encontra mais escopo no 
ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista que hoje a relação entre empregado 
e empregador é contratual, sendo esta a teoria predominante. Como esclarece 
Nascimento apud Martins87 “ninguém será empregado de outrem senão por sua 
própria vontade. Ninguém terá outrem como seu empregado senão também quando 
for da sua vontade. Assim, mesmo se uma pessoa começar a trabalhar para outra 
sem que expressamente nada tenha sido combinado entre ambas, isso só será 
possível pela vontade ou pelo interesse das duas”. 
Pode-se concluir que a corrente dominante é a da teoria 
contratualista, tendo em vista a existência de contratos para estabelecer a relação 
de emprego, tendo sido esta teoria adotada pela CLT. 
Para o estudo dos contratos existentes no direito do trabalho 
faz-se necessário citarmos alguns princípios que os norteiam. 
2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 
Temos segundo Cassar88 sobre princípios gerais do direito do 
trabalho 
 
86
 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Iniciação ao direito do trabalho. 32° ed. São Paulo: Ltr, 2006. 
96 p. 
87
 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 86 p. 
88
 CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 129 p. 
 40
Princípio é uma postura mental que leva o intérprete a se posicionar 
desta ou daquela maneira. Serve de diretriz, de arcabouço, de 
orientação para que a interpretação seja feita de uma certa maneira 
e, por isso, tem função interpretativa. Alonso Olea apud Cassar, o 
princípio geral de direito é um critério de ordenação que inspira todo 
o sistema jurídico. Explica que, na verdade, os princípios de direito 
se dirigem não só ao juiz, mas também aos intérpretes, aos 
legisladores, aos demais operadores do direito, como também aos 
agentes sociais a que se destinam. 
Salienta-se inclusive o conceito de princípios por Mello apud 
Martins89 
É, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro 
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes 
normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua 
exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e 
a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e 
lhe dá sentido harmônico. princípio é o primeiro passo na 
consecução de uma regulação, passo ao qual devem seguir-se os 
outros. O princípio alberga uma diretriz ou norte magnético, muito 
mais abrangente que uma simples regra; além de estabelecer certas 
limitações, fornece diretrizes que embasam uma ciência e visam à 
sua correta compreensão e interpretação. Violar um princípio é 
muito mais grave do que violar uma regra. A não-observância de 
um princípio implica ofensa não apenas a especifico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. 
Inúmeros são os princípios existentes em nosso ordenamento 
jurídico, entretanto trata-se dos que são específicos do direito do trabalho, mas vale 
salientar que existem princípios constitucionais e civis, por exemplo, que são 
aplicáveis também ao direito do trabalho. 
Pontua-se os seguintes princípios específicos do direito do 
trabalho, princípio da continuidade, princípio protetor, principio da norma mais 
favorável ao trabalhador, princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, 
principio da primazia da realidade, principio da razoabilidade e o principio da 
inalterabilidade contratual lesiva. 
Cita-se então o conceito do princípio da continuidade da 
relação de emprego segundo Martins· 
 
89
 MELLO apud MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 58-59 
p. 
 41
Presume-se que o contrato de trabalho terá validade por tempo 
indeterminado, ou seja, haverá a continuidade da relação de 
emprego. A exceção à regra são os contratos por prazo 
determinado, inclusive o contrato de trabalho temporário. A idéia 
geral é a de que se deve preservar o contrato de trabalho do 
trabalhador com a empresa, proibindo-se, por exemplo, uma 
sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. A Súmula 
212 do TST adota essa idéia ao dizer que o ônus de provar o 
término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de 
serviço e o despendimento, é do empregador, pois o princípio da 
continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável 
ao empregado. 
Destaca-se o conceito do

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