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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO NO CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO ARIELA FÁTIMA OLDONI Itajaí, Novembro 2009. UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO NO CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO ARIELA FÁTIMA OLDONI Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor MSc. Mareli Calza Hermann Itajaí, Novembro 2009. AGRADECIMENTO A Deus, que guiou meus passos e iluminou meu caminho. A minha mãe Tanamar, pela sabedoria, amor incondicional e apoio infinito. Ao meu pai Jair, pelo respeito e amor. A minha madrasta Vânia e meu padrasto Emerson pela dedicação a família. A minha Irmã Talita, pelo companheirismo e solidariedade, que assim como eu também teve o desafio de dar continuidade aos seus estudos e trabalhar diariamente. Ao meu namorado Maicon, o qual esteve sempre presente em minha jornada acadêmica, servindo não só como companheiro, mas como melhor amigo e refúgio nas horas de tormenta. Enfim, a todos os familiares que de alguma forma contribuíram para a minha formação como ser humano e colaboraram para a conclusão do curso de Direito. Aos meus amigos, os quais me acompanharam nesta caminhada acadêmica, me apoiaram nos momentos difíceis, mas principalmente compartilharam suas alegrias comigo. E a minha orietadora Mareli Calza Hermann pela dedicação e comprometimento para conclusão deste trabalho. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família em especial minha maravilhosa mãe, que com muito sacrifício e trabalho árduo, possibilitou a chance de eu poder estudar em uma faculdade particular, e dar início ao meu sonho de ser uma operadora do direito. TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí, Novembro de 2009. Ariela Fátima Oldoni Graduanda PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Ariela Fátima Oldoni, sob o título "Possibilidade do reconhecimento do vinculo empregatício no contrato de trabalho temporário", foi submetida em novembro de 2009 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Msc. Mareli Calza Hermann, Orientadora; Silvio Noel de Oliveira Junior e Antonio Augusto Lapa, coordenador de monografia e, aprovada com a nota ( ) ( ). Itajaí, Novembro de 2009. Profª. Msc. Mareli Calza Hermann Orientadora e Presidente da Banca Prof. Antonio Augusto Lapa Coordenação da Monografia Prof. Silvio Noel de Oliveira Jr. Membro ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS Art. Artigo CLT Consolidação das Leis Trabalhistas CRFB Constituição da Republica Federativa do Brasil TRT 12º Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região OIT Organização Internacional do Trabalho ROL DE CATEGORIAS Carteira Profissional Nome por que se designa a que é expedida pelo Ministério do Trabalho, com todos os sinais de identidade da pessoa, destinada ao registro de suas atividades profissionais nos estabelecimentos em que trabalha. Na carteira profissional serão anotadas as condições de admissão do empregado, as alterações havidas no contrato de trabalho, licenças, férias e dispensa.1 Contrato de Trabalho É o negócio jurídico entre uma pessoa física (empregado) e uma pessoa física ou jurídica (empregador) sobre condições de trabalho. No conceito é indicado o gênero próximo, que é o negócio jurídico, como espécie de ato jurídico. A relação se forma entre empregado e empregador. O que se discute são as condições de trabalho a serem aplicadas à relação entre empregado e empregador.2 Contrato Temporário O contrato temporário é espécie de contrato por prazo determinado sob a modalidade termo incerto como regra, pois a substituição de pessoal regular e permanente do tomador ou o acréscimo de serviço pode não ter data certa para acabar. Pode, entretanto, ocorrer sob a modalidade termo certo, quando um empregado é contratado por 30 dias para substituir outro (do tomador) que saiu de férias. Neste caso o termo é certo. 3 Empresa de mão-de-obra temporária Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e 1 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.264 p. 2 MARTINS Sérgio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo-24º. ed. Atlas. 2008. Pg 80. 3 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus,2009. 487 p. 8 assistidos.4 Empregado Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.5 Empregador Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço.6 Relação de emprego É o gênero, que compreende o trabalho autônomo, eventual, avulso etc. Relação de emprego trata do trabalho subordinado do empregado em relação ao empregador.7 Trabalhador Temporário É aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. 8 4 BRASIL. Lei 6.019/74 artº 4º. 5 Brasil, Consolidação das Leis do Trabalho – CLT Art° 3. 6 Brasil, Consolidação das Leis do trabalho – CLT Art°2. 7 MARTINS Sérgio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo-24. ed. Atlas, 2008.78 p. 8 Brasil Lei 6.019/1974 Art°2. SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................... XII INTRODUÇÃO .................................................................................. 12 CAPÍTULO 1 ..................................................................................... 14 HISTÓRIA DO TRABALHO .............................................................. 14 1.1 ORIGEM DO TRABALHO ............................................................................. 14 1.1.1 A SOCIOLOGIA NO TRABALHO ......................................................................... 16 1.2 EVOLUÇÃO DO TRABALHO ........................................................................ 17 1.2.1 O TRABALHO A PARTIR DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ......................................... 19 1.3 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO .............................................. 21 1.3.1 FASES HISTÓRICAS DO DIREITO DO TRABALHONO MUNDO ................................. 24 1.3.2 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO - OIT ......................................... 25 1.3.3 CONSTITUIÇÃO MEXICANA E ALEMÃ ................................................................. 26 1.4 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL ......................... 29 1.4.1 EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NAS LEIS BRASILEIRAS ........................... 30 1.4.2 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT ................................................. 31 CAPÍTULO 2 ..................................................................................... 33 RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO ............... 33 x 2.1 NATUREZA JURÍDICA – TEORIA CONTRATUALISTA E ANTICONTRATUALISTA .................................................................................... 36 2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ................................................. 39 2.3 CONTRATOS EM GERAL ............................................................................. 43 2.4 CONTRATO DE TRABALHO ........................................................................ 45 2.4.1 CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO E DETERMINADO ................................. 50 2.4.2 DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO DO TRABALHO ................................................ 52 CAPÍTULO 3 ..................................................................................... 54 TRABALHO TEMPORÁRIO ............................................................. 54 3.1 TRABALHADOR TEMPORÁRIO .................................................................. 56 3.2 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO ............................................... 58 3.3 FORMAÇÃO DA EMPRESA DE MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA ............... 63 3.3.1 DO CONTRATO ENTRE EMPRESA DE MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA E EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS ........................................................................................ 65 3.4 DOS DIREITOS PERTINENTES AO TRABALHADOR TEMPORÁRIO ....... 68 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 72 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 73 ANEXOS ........................................................................................... 75 LEI Nº 6.019/74 ................................................................................. 75 DECRETO LEI Nº 73.841/74 ............................................................. 75 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo geral verificar a possibilidade do reconhecimento do Vínculo empregatício no contrato de trabalho temporário. Para tanto, fez-se um apanhado da legislação e da doutrina existentes, que juntamente com a jurisprudência oferecem suporte para a verificação da existência do vínculo de emprego. Com relação à metodologia, utilizou-se o método indutivo, na fase de tratamento de dados o método cartesiano, e, o relatório dos resultados expressos na presente monografia é composto na base lógica indutiva. Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas do referente, da categoria, do conceito operacional e da pesquisa bibliográfica. Seguindo-se este caminho metodológico, verificou-se que é possível reconhecer o vínculo empregatício no contrato de trabalho temporário tendo em vista que caso a empresa de trabalho temporário e a tomadora dos serviços não observem as especificações para esta determinada relação, o vinculo empregatício estará formalizado. Palavras-Chave: Direito do Trabalho. Contrato de Trabalho Temporário. INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objeto a verificação da possibilidade do reconhecimento do vínculo empregatício no contrato de trabalho temporário. O seu objetivo é constatar quais os casos em que o trabalho temporário gera o vínculo empregatício, mediante um estudo doutrinário, legislativo e jurisprudencial. Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando da história do trabalho sua origem e evolução, a influência da revolução industrial no trabalho, o surgimento do direito do trabalho no mundo e suas fases históricas, finalizando com o surgimento do direito do trabalho no Brasil. No Capítulo 2, tratando da relação de trabalho e emprego, sua natureza jurídica, envolvendo os contratos em geral, contratos de trabalho, e a diferenciação dos contratos por prazo indeterminado e prazo determinado e ainda os princípios gerais do direito do trabalho. No Capítulo 3, tratando de trabalho temporário, trabalhador temporário, contrato temporário, formação da empresa prestadora de mão de obra temporária, contrato entre empresa temporária e tomadora de serviços e por fim os direitos pertinentes ao trabalhador temporário. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a possibilidade do reconhecimento do vinculo empregatício no contrato de trabalho temporário. Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses: Há vínculo empregatício no contrato de trabalho temporário? 13 Ocorre a caracterização do vínculo empregatício quando a empresa prestadora de serviços e a tomadora não observarem os requisitos essenciais para sua formalização? Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação9 foi utilizado o Método Indutivo10, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano11, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente12, da Categoria13, do Conceito Operacional14 e da Pesquisa Bibliográfica15. 9 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83. 10 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 86. 11 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22- 26. 12 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54. 13 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25. 14 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37. 15 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209. CAPÍTULO 1 HISTÓRIA DO TRABALHO Para desenvolver o presente trabalho acadêmico científico é necessário fazer uma abordagem da história do trabalho no mundo, analisando os acontecimentos na evolução do trabalho e conceitos. Tal analise será de suma importância teórica para o pleno desenvolvimento deste trabalho 1.1 ORIGEM DO TRABALHO Para conceituar a origem do trabalho faz-se mister a análise quanto ao posicionamentode alguns historiadores. Segundo alguns historiadores o trabalho surgiu como castigo, sofrimento e dor. Para Lucien Febvre, apud Prof. Evaristo16, “a palavra veio do sentido tortura – tripaliari, torturar com tripalium, máquina de três pontas. Elucida nesse sentido Cassar17 Do ponto de vista histórico e etimológico a palavra trabalho decorre de algo desagradável: dor, castigo, sofrimento, tortura. O termo trabalho tem origem no latim – tripalium. Espécie de instrumento de tortura ou canga que pesava sobre os animais. Por isso, os nobres, os senhores feudais ou os vencedores não trabalhavam, pois consideravam o trabalho uma espécie de castigo. A partir daí, decorreram variações como tripaliare (trabalhar) e trepalium (cavalete de três paus usado para aplicar a ferradura aos cavalos). E salienta Irany Ferrari18 que o trabalho era realmente feito para os escravos, tendo em vista que eram apenas estes que trabalhavam na época. 16 EVARISTO apud FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.13 p. 17 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3°. ed. Niterói: Impetus, 2009. 3 p. 15 O trabalho como atividade humana, ou seja, de que representava ele um esforço, um cansaço, uma pena e, até um castigo. Sociologicamente foi, efetivamente assim, sabendo-se que o trabalho era “coisa” de escravos, os quais no fundo, pagavam seu sustento com o “suor de seus rostos. Em primeira instância temos o trabalho escravo, tendo sido a primeira forma de trabalho existente. Estes não tinham direitos, apenas o direito de trabalhar. Não era considerado como sujeito de direito, mas sim como propriedade do dominus. Nesse período, constatamos que o trabalho do escravo continuava no tempo, até de modo indefinido, ou mais precisamente até o momento em que o escravo vivesse ou deixasse de ter essa condição, conforme pontua Martins19 Se tem também conforme discorre Martins20 que na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido pejorativo, compreendia apenas força física. O trabalho consistia apenas na força física, despendida pelos escravos, os nobres não trabalhavam e podiam ser livres. E nas classes mais pobres o trabalho era considerado como atividade dignificante. Para o professor Miguel Reale apud Ferrari21: Não entendo como se possa dizer que o trabalho não seja criador de valores. Ele já é por si mesmo, um valor, como uma das formas fundamentais, de objetivação do espírito enquanto transformador da realidade física e social, visto como o homem não trabalha porque quer, mas sim por uma exigência indeclinável de seu ser social, que é “ser pessoal de relação”, assim como não se pensa porque se quer, mas por ser o pensamento um elemento intrínseco do homem, no seu processo existencial, que se traduz em sucessivas “formas de objetivação”. Trabalho e valor, bem como, por via de conseqüência, trabalho e cultura, afiguram-se termos regidos por essencial dialética de complementaridade. 18 FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.14 p. 19 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.4 p. 20 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.4 p. 21 REALE apud FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.18-19 p. 16 Em Roma, o escravo era considerado como coisa, e o trabalho era desonroso. Surgiu a locatio conductio que estabelecia a relação daqueles que tinham interesse em trabalhar em troca de pagamento. Estabelecia, portanto, a organização do trabalho do homem livre. Era dividida de três formas: (a) locatio conductio rei, que era o arrendamento de uma coisa; (b) locatio conductio operarum, em que eram locados serviços mediante pagamento; (c) locatio conductio operis, que era a entrega de uma obra ou resultado mediante pagamento (empreitada), segundo preceitua Martins22. Logo surge a servidão, na época do feudalismo, os senhores protegiam e cediam suas terras aos servos, que tinham que pagar com seu trabalho por isso. E posteriormente surgem as corporações de oficio, nesse momento surge um pouco mais de liberdade para o trabalhador, entretanto o trabalho era forçado, a jornada de trabalho muitas vezes superava 18 horas diárias segundo leciona Martins23. Pode-se demonstrar que o trabalho teve essencial importância na evolução humana, no tratamento e relações sociais. 1.1.1 A sociologia no trabalho A sociologia vem estudar o trabalho em grupos, para analisar o comportamento humano em relação ao trabalho. Sendo o trabalho encarado de uma maneira positiva ou negativa sempre faz parte do cotidiano. Escreve o doutrinador Irany Ferrari24 A organização do trabalho por outro lado é a demonstração insofismável da aplicação da sociologia ao trabalho, tendo em vista, sobretudo, o que decorreu e o que decorre do determinismo 22 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.4 p. 23 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.5 p. 24 FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.21 p. 17 tecnológico, com suas implicações no numero de empregos de trabalhadores. Neste mesmo viés o jurista e sociólogo Joaquim Pimenta apud Ferrari25: Se o fato econômico ou a técnica da produção realiza o milagre do transformismo social, como pretendem os marxistas, esta mesma técnica pressupõe sempre um meio social, um grupo humano que, além de a submeter a regras a normas rituais que a conservem e perpetuem ainda se converte em laboratório de experiências coletivas, de noções, de idéias, de conhecimentos com os quais o poder inventivo do homem jamais teria alcançado tão alta e surpreendente expressão. Tem sido o trabalho o grande precursor da evolução humana, estabelecendo relações humanas entre estes e ainda conta com a ajuda da sociologia para fortalecer estas relações. Sempre foi o trabalho em todas as áreas um fator de conquista e cooperação na busca de ideais comuns. Tem-se ainda “o trabalho nos primórdios, deu-se pela cooperação de marido e mulher – cooperação social no clã, nas famílias patriarcais, reunindo sob o mesmo teto, parentes, escravos ou servos, para desenvolver-se entre clãs da mesma tribo ou de tribos diferentes no entendimento de Irany.”26 Vem surgindo então às primeiras classes e cidades, através da organização e cooperação entre os seres humanos. 1.2 EVOLUÇÃO DO TRABALHO Através da escravidão surgiu a colocação de escravos em locais já determinados, vem então a domesticação dos animais e o surgimento da agricultura, aprendendo o homem a ser um produtor de alimentos, sendo distinto do que ocorria anteriormente onde o homem caçava, pescava e recolhia os frutos.”A comida é a recompensa do escravo, é outra constatação plena de veracidade com 25PIMENTA apud FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.22-23 p. 26 FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. 23-24 p. 18 essa paga, com a qual o escravo obtinha o necessário para sobreviver, e o seu dono, proprietário de terra, tinha a certeza que subsistiria fisicamente. O trabalho escravo sempre foi forçado e jamais voluntário tendo ainda o mérito da colheita dos frutos o dono e nunca o escravo”.27 Após a etapa da escravidão vem a servidão em que a passagem de uma para outra aconteceu lentamente, tornando-se o servo visto como um ser humano e não mais como um objeto de trabalho. Segundo Alonso Olea apud Ferrari28 Ante a subsistência, pelo menos colonial, de situações de escravidão, no próprio país de relações de servidão e na própria casa de servidores aos que são dadas ordens e sobre os que exercitam poderes diferenciados, existe um verdadeiro afã de separar e caracterizar o arrendamento de serviços do que depois se chamaria contrato de trabalho. Por isso se insiste sobre a liberdade de um pacto constitutivo de uma relação obrigatória de origem contratual pura. A liberdade pessoal de subsistir ao longo da execução do contrato: por um lado, pressupõe limites à duração indefinida do pacto, seja porque esta traz à mente a idéia mais ou menos clara de que uma cessão perpétua lembra escravidão ou servidão, seja porque como efetivamente o é, como se vê em Hegel, com clareza meridiana, as promulgações por normativas declaram, com efeito, que o arrendamento de serviços feitos por toda vida é nulo. Com a abolição se torna necessário uma nova elaboração no comportamento do homem livre e branco, e ao negro exigia-se um novo ajustamento. A equiparação entre os homens brancos e negros se deu de maneira lenta, fazendo com que o negro mantivesse ainda dependência do homem branco conforme leciona Emilia apud Irany.29 27 FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr,1998.32 p. 28 ALONSO OLEA apud FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.33-34 p. 29 COSTA apud FERRARI, Irany;NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.34 p. 19 1.2.1 O trabalho a partir da revolução industrial Afirma Cassar30 sobre a evolução do trabalho que Se no passado o trabalho tinha conotação de tortura, atualmente significa toda energia física ou intelectual empregada pelo homem com finalidade produtiva. Todavia, nem toda atividade humana produtiva constitui objeto do direito do trabalho, pois somente a feita em favor de terceiros interessa ao nosso estudo e não a energia desprendida para si próprio. Trabalho pressupõe ação, emissão de energia, desprendimento de energia humana, física e mental, com o objetivo de atingir algum resultado. A partir da revolução industrial em meados do século XVIII, o trabalho passou a ser encarado de uma nova maneira. Muitos inventos foram criados, destacando-se a utilização da energia a vapor o que mudaria radicalmente o modo de produção. A produção passou a ser feita em série, e em grandes quantidades. Não sendo mais a força física do homem fator principal das linhas de produções, e sim as máquinas a vapor que começam a trabalhar em função dos homens. Neste mesmo viés leciona o professor Giradi 31 O homem passou a ser operador de máquinas. No sistema novo de produção a cabeça, caput, é a máquina. O trabalho é colocado a serviço da maquina. Capital e trabalho passam a viver intimamente associado, como uma espécie de verso e anverso de uma mesma moeda, de forma que o capital não vive sem o trabalho e este não tem espaço fora do capital. Para Girardi32 no momento que surge o lucro real, no sistema capitalista, a máquina, e o trabalho foram adicionados ao capital. Passando o trabalho ser entendido como uma mercadoria. Sendo a procura maior do que a oferta r o trabalho pouco foi valorizado. Desta maneira o lucro para os donos cresceu de maneira espantosa, porém surgiu um problema social, trabalhadores miseráveis com seus 30 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.3 p. 31 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.15 p. 32 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.16 p. 20 baixos salários, foram se amontoando nas periferias das cidades, sem condições de saúde, educação e moradia. Então a mulher inicia a peregrinação em busca de trabalho para ajudar o marido e aos poucos os filhos seguem o mesmo caminho, o que provoca outro problema a exploração do trabalho infantil. Agora volta o trabalho a ser visto como antes, angústia, tristeza e dor, retornando ao passado, conforme discorre Girardi.33 O filósofo alemão Karl Marx apud Girardi34, no Manifesto Comunista volume I,p.197-198, escreveu: O Homem se opõe à natureza como uma de suas próprias forças, pondo em movimento braços e pernas, cabeça e mãos, que são as forças naturais de seu corpo, para apoderar-se da produção de uma maneira adaptada às suas necessidades. Ao atuar sobre o mundo externo e mudá-lo, modifica ao mesmo tempo sua própria natureza. Desenvolve seus poderes adormecidos e os obriga a atuar obedecendo aos seus desígnios. Ainda sobre a questão social e decadência do trabalhador se manifesta o papa Leão XIII apud Girardi35 Aconselha o poder público a intervir, na atividade econômica, preconizando o pagamento de um valor mínimo para o trabalho operário,”um salário suficiente para socorrer com desafogo às suas necessidades e às de sua família”, questionando o trabalho da mulher,pois “a natureza destina de preferência aos arranjos domésticos” e atribuindo ao Estado a obrigação de velar pelos pobres e doentes.” O Estado pode tornar-se útil às classes, pode melhorar muitíssimo a sorte da classe operária, em todo rigor de seu direito e sem temer a censura da ingerência. Salienta-se ainda que no Brasil até o final do século XIX o trabalho escravo ainda era justificado legalmente, não sendo á toa desta maneira que o trabalho fosse considerado como mercadoria. Escreve Girardi36 que os altos e baixos da evolução do trabalho entendido inicialmente como castigo, sofrimento e dor, meio de sobrevivência, até chegar a entender o trabalho como essencial à existência 33 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.16 p. 34 MARX apud GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.17 p. 35 LEÃO apud GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.17 p. 36 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.19-20 p. 21 humana. Esse entendimento a ponto de não se pensar mais na existência humana sem a dimensão dignificante do trabalho. A evolução e reconhecimento foram tamanhos que Antoine de Saint Exupéry apud Girardi37, conhecido autor do Pequeno Príncipe cita em sua obra: Suponhamos que um dia se suprima o trabalho. Poderias ficar a dormir tranqüilamente debaixo de uma árvore ou nos braços de amores fáceis. Não haveria injustiças que te fizessem sofrer nem ameaças que te atormentassem. Que haverias de fazer, para existir, se não tornares a inventar o trabalho?. Anui Moraes Filho38 a este entendimento O trabalho é inseparável do homem, da pessoa humana, confunde- se com a própria personalidade, em qualquer das suas manifestações.Pode-se dizer que dele, como já lembrou alguém, a mesma coisa que dizia Bousset da religião em seu aspecto mora, “é o todo do homem”. Identificou-se, pois, a ciência do trabalho com a própria antropologia, como o estudo do homem, encarado como um todo indivisível e inteiriço, como uma mônada de valor. O homem que pensa, planeja e age (o homo sapiens e o homo faber) vive em perfeita harmonia, em luta constante com a natureza. Transformando-a, moldando-a a seus interesses, criando um mundo artificial acima e ao lado do mundo natural. Diante destas conclusões inicia-se um processo de surgimento de direitos advindos do trabalho. 1.3 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO Traz-se o conceito de direito apontado por Miguel Reale apud Nascimento39 O direito não é um fenômeno estático. É dinâmico. Desenvolve-se no movimento de um processo que obedece a uma forma especial de dialética na qual se implicam, sem que se fundam, os pólos de que se compõe. Esses pólos mantêm-se irredutíveis. Conservam-se 37 EXUPÉRY apud GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.20 p. 38 MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho. 9°. ed. São Paulo: Ltr, 2003. 24 p. 39 REALE, apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo: Saraiva, 2004.3 p. 22 em suas normais dimensões, mas correlacionam-se. De um lado, os fatos que ocorrem na vida social, portanto a dimensão fática do direito. De outro, os valores que presidem a evolução das idéias, portanto a dimensão axiológica do direito. Vale salientar o conceito de direito do trabalho de Moraes Filho40 Em nenhum outro ramo do direito se manifeste tão ao vivo, cruentemente ao vivo, a luta entre os dois ideais valorativos do ordenamento jurídico: a segurança e justiça, O primeiro se inclina pela manutenção do status quo, o segundo força a mudança estrutural e qualitativa da sociedade, empurrando-a para novas formas de organização. Por isso, mesmo, em nenhum outro campo jurídico se encontra tão dramática e intensa esta sede de justiça distributiva como no direito do trabalho. Exemplifica Delgado41 o surgimento do direito do trabalho, através do capitalismo e da revolução industrial, para o fim de suavizar o tratamento ao trabalhador, menos favorecido. “A existência de tal ramo especializado do direito supõe a presença de elementos socioeconômicos, políticos e culturais que somente desapontaram, de forma significativa e conjugada, com o advento e evoluções capitalistas. Porém o direito do trabalho não apenas serviu ao sistema econômico deflagrado com a revolução industrial, no século XVIII, na Inglaterra; na verdade, ele fixou controles para esse sistema, conferiu-lhe certa medida de civilidade, inclusive buscando eliminar as formas mais perversas de utilização da força de trabalho pela economia”. O direito do trabalho origina-se de um fato, a revolução industrial, ocorrida na Europa, em meados do século XVIII, onde em virtude de inventos e ascensão científica, houve uma gigantesca mudança na vida econômica, religiosa, cultural e social. Destacando-se países como Inglaterra, França e Alemanha onde a transformação foi maior. E as crises mais intensas. Esta revolução trata-se principalmente de uma mudança no pensamento do homem, surgindo até mesmo novas filosofias de vida para Girardi.42 40 MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho. 9°. ed. São Paulo: Ltr, 2003. 34 p. 41 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7°.ed. São Paulo: LTr, 2008. 81 p. 42 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.21-22 p. 23 Refere Cassar43 sobre o surgimento do direto do trabalho O direito do trabalho nasce como reação ao cenário que se apresentou com a Revolução Industrial, com a crescente e incontrolável exploração desumana do trabalho. É produto da reação da classe trabalhadora ocorrida no século XIX contra a utilização sem limites do trabalho humano. O direito comum (civil), com suas regras privadas de mercado, não mais atendia aos anseios da classe trabalhadora, oprimida e explorada diante da explosão do mercado de trabalho ocorrido em virtude da descoberta da máquina a vapor, do tear, da luz e da conseqüente revolução industrial. Em face da mecanização do trabalho já não mais se exigia o aprendizado de um ofício ou profissão. Qualquer “operário” estaria apto para o trabalho e sua mão-de-obra mais barata, seu poder de barganha, em face dos numerosos trabalhadores em busca de colocação no mercado, era ínfimo. Esclarece ainda sobre o direito o doutrinador Amauri Mascarro Nascimento44 Tem-se como pacífico que o direito não pertence à natureza física, não é produzido por uma lei química ou biológica, muito menos por uma lei mecânica própria do mundo não cultural e dentro de uma infalível inelutabilidade. É inteiramente correta a conclusão segundo a qual o direito, ao contrário, apresenta-se-nos pleno de sentido, de significação, como expressão de uma estrutura de fins e de meios congruentes, como intencionalidade. Nada há na natureza física que se nos pareça como um elemento jurídico. Ao contrário, existe o direito porque o homem procura ordenar sua coexistência com outros homens, pautando-a por meio de determinadas normas por ele dispostas no sentido de evitar um conflito de interesses e realizar um ideal de justiça. Leciona Girardi45 sobre o fato que desencadeia o direito ex fácto jus óritur, ou seja, o direito brota do fato. São os fatos, que ocorrem na realidade da vida, as fontes que originam os direitos, como faculdades, poderes, potencialidades do ser humano. Ter direito é ter um poder, uma faculdade, dentro de um contexto social em que vigoram regras. Estas é que dão suporte aos direitos. Conforme citada anteriormente a revolução industrial foi um dos principais fatores desencadeantes do direito do trabalho, neste período o trabalhador passa a ser protegido jurídica e economicamente, deve-se assegurar 43 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 10 p. 44 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.4-5 p. 45 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005.21 p. 24 superioridade jurídica ao empregado em razão da sua inferioridade econômica segundo pontua Martins46. Assevera o mesmo pensamento Cassar47, demonstrando que assim surge o direito do trabalho, com função tutelar, a qual surge para cuidar do trabalhador, econômica tendo em vista a necessidade de movimentar o capital, coordenadora para minimizar os conflitos, política, pois é de interesse geral da população e social, pois busca uma evolução social. 1.3.1 Fases históricas do direito do trabalho no mundo O direito do trabalho no mundo surgiu de maneira lenta entre os principais países capitalistas. Fatos importantes marcaram o surgimento e evolução do direito do trabalho no mundo conforme escreve Delgado48 No que diz respeito ao direito do trabalho dos principais países capitalistas ocidentais, os autores tendem a construir periodizações que guardam alguns pontos fundamentais em comum. Um desses marcos fundamentais está no” Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, em 1848. Outro dos marcos que muitos autores tendem a enfatizar está, em contrapartida, na encíclica católica Rerum Novarum, de 1891.Um terceiro marco usualmente considerado relevante pelos autores reside no processo da primeira guerra mundial e seus desdobramentos, como, por exemplo, a formação da OIT- Organização Internacional do Trabalho (1919) e a promulgação da Constituição Alemã de Weimar(1919). É também desse mesmo período a Constituição Mexicana(1917). As duas cartas constitucionais mencionadas foram, de fato, pioneiras na inserção em texto constitucional de normas nitidamente trabalhistas ou, pelo menos, pioneiras no processo jurídico fundamental de constitucionalização do Direito do Trabalho, que seria uma das marcas distintivas do século XX. Encontra-se segundo Cassar49 outros fatores históricos mundiais que contribuíram para o desenvolvimento do direito do trabalho no mundo. Em 1791 – Lei Chapelier, extingue as corporações de oficio, por serem consideradas atentatórias aos direitos do homem e do cidadão. 1802 – é fiixada na Inglaterra a jornada de no máximo 12 horas de trabalho. 1809 – O trabalho do menor de nove 46 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25°. ed. São Paulo: Atlas, 2009.8 p. 47 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.10-11 p. 48 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7°.ed. São Paulo:LTr, 2008. 92 p. 49 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 13-14 p. 25 anos passa a ser considerado ilegal. 1813 – O trabalho do menor de 18 anos em subsolo passa a ser ilegal. 1814 – o trabalho do menor de 18 anos aos domingos e feriados passa a ser proibido. 1917 – Constituição do México, a primeira a estabelecer os direitos do trabalhador. 1919 – Constituição de Weimar, também trazendo direitos pertinentes ao trabalhador. 1927 – Carta Del lavoro, Constituição Italiana, que influenciou inclusive o sistema brasileiro. 1948 – Declaração Universal dos direitos do homem. Percebe-se desta maneira que o surgimento do direito do trabalho aconteceu lentamente, após inúmeros acontecimentos, os quais foram de enorme valia para a conquista dos direitos do trabalhador. 1.3.2 Organização internacional do trabalho – OIT Para Valticos apud Nascimento50 os precursores da idéia de legislação internacional foram o inglês Robert Owen e o francês Daniel Le Grand no início do século XIX. O primeiro por seus escritos dirigidos em 1818, aos soberanos dos Estados da Santa Aliança, solicitando que medidas destinadas a melhorar a vida dos trabalhadores fossem tomadas. O segundo entre 1840 e 1855 dirigiu-se aos governantes franceses e principais países da Europa, propondo a adoção de uma lei internacional do trabalho. De acordo com Nascimento51 A primeira Conferência Internacional do Trabalho foi convocada em Berlim, 1890, presentes representantes da França, Alemanha, Áustria, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Itália, Dinamarca, Portugal, Suécia, Noruega, Suíça Espanha e Luxemburgo. Houve sugestões para a criação de uma Repartição Internacional para estudos e estatísticas de trabalho. Na época, Guilherme II solicitou apoio ao papa Leão XIII, e este, no ano seguinte, promulgariam a encíclica Rerum Novarum. A OIT tem por objetivo determinar regras gerais para os Estados adotarem em seu ordenamento jurídico. Ela passa a ter especial 50 VALTICOS apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho; história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.89 p. 51 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho; história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.90 p. 26 importância com o Tratado de Versalhes em 1919, sendo ainda complementada em 1944 pela declaração da Filadélfia. A forma de aceitação do tratado pelos Estados-membros deve passar por uma aprovação minuciosa, conforme escreve Martins52 Após ser a convenção aprovada pela Conferência Internacional do Trabalho, o governo do Estado-membro deve submetê-la, no prazo máximo de 18 meses, ao órgão nacional competente (art.19, §5,b,da Constituição da OIT), que, em nosso caso é o Congresso Nacional (art. 49, I, da CF). O chefe de Estado poderá ratificá-la em ato formal dirigido ao Diretor-Geral da repartição Internacional do Trabalho ( art.19, §5, d, da Constituição da OIT). A convenção entrará em vigor no país, depois de certo período da data em que haja sido registrada na OIT sua retificação, e que normalmente é especificado na referida norma internacional. No Brasil a convenção será aprovada através de decreto legislativo, temos assegurado em nossa Carta Magna 53 em seu art. 5° §3 Art. 5° §3 - Os tratados e convenções internacionai s sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Desta maneira os tratados e convenções internacionais depois de aprovados têm força equivalente às emendas constitucionais, Trataremos a seguir a respeitos das primeiras constituições existentes as quais foram marcos no que tange aos direitos sociais e ao trabalho. 1.3.3 Constituição mexicana e alemã O México a partir de 1914 envolveu-se numa guerra civil, proveniente de divergências políticas, sendo esta guerra conhecida como revolução mexicana. Após anos de lutas os revolucionários venceram os governistas, sendo então uma assembléia constituinte convocada para elaborar-se uma nova constituição, conforme pontua Girardi.54 52 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 71 p. 53 BRASIL. Constituição 1988. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 54 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.43 p. 27 Os constituintes mexicanos, diferentemente do que ocorria anteriormente, decidem incluir em sua Lei Maior, um conjunto de direitos sociais. “O art. 123, desta constituição, trata” Do trabalho e da previdência social”, com 30 incisos garantindo direitos aos trabalhadores, entre outros: duração do trabalho, salários em geral, salário mínimo, proteção ao trabalho, em especial ao das mulheres e menores, participação nos lucros, regras de despedida e demissão, tribunais do trabalho e etc, assim preceitua Girardi.55 Está ação de inserir os direitos sociais na constituição se deu em 1917, em virtude de evitarem-se alterações, já que nesta a modificação é mais difícil, tendo em vista a necessidade de uma aprovação maior. Inicia-se o constitucionalismo social com a busca da inserção de direitos sociais e fundamentas nas constituições dos países. Através do estudo La Primera Constitución político-social del mundo feito por Trueba Urbina apud Nascimento56 publicado em 1971 no México, conceitua-se Constituição Social “um conjunto de aspirações e necessidades dos grupos humanos que como tais integram a sociedade e traduzem o sentimento da vida coletiva, distintos dos da vida política.” Nascendo assim a constituição mexicana em 1917, a qual vem estipular a proteção aos trabalhadores, incluindo a jornada de 8 horas diárias,proibindo o trabalho de menores de 12 anos, descanso semanal, adicional de horas extras, entre outros direitos, de acordo do Delgado.57 Ainda vale destacar um texto feito por Mario de la Cuerva apud Nascimento58 É indubitável que o nosso art. 123 marca um momento decisivo na história do direito do trabalho. Não queremos afirmar que tenha servido de modelo a outras legislações, nem que seja uma obra 55 GIRARDI,Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.43 p. 56 URBINA apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho; história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.31 p. 57 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.31 p. 58 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.31-32 p. 28 original, senão, apenas, que é o passo mais importante dado por um país para satisfazer às demandas das classes trabalhadoras. Neste viés surge então a primeira publicação acerca de direitos dos trabalhadores no mundo. Logo surgem novas publicações como a constituição de Weimar em 1919, a qual vem igualmente tratar dos direitos pertinentes aos trabalhadores. Após a promulgação da constituição mexicana, outros países vêm inserir direitos do trabalho em suas constituições. A Constituição de Weimar em 1919 veio a se tornar o modelo das Constituições européias em matéria de direitos sociais, segundo Nascimento.59 Sobre a evolução dos direitos no ordenamento jurídico mundial segundo Cuerva apud Nascimento· Representa não só o intervencionismo estatal, mas também um socialismo de Estado e, em conseqüência, a possibilidade de melhorar coletivamente as condições de vida dos homens. Em seu tempo foi o direito mais avançado da Europa. Ainda no que tange a sua modernização nos traz Lavigne apud Nascimento: 60 Ela fixou princípios fundamentais que podem reger o direito da classe obreira nas democracias capitalistas. Aos poucos, todos os seus princípios foram reproduzidos pelas constituições modernas e todos Estados democráticos... Todas as Constituições democráticas afirmam o dever do Estado de proteger o trabalho; o Estado afirma que ele deve elevar o trabalho humano à dignidade de bem social cuja preservação é do interesse da coletividade. Esta idéia não é nova, ela é o corolário dos princípios afirmados na França em 1848, mas sua expressão é nova. Preparava-se então o mundo para tratar dos direitos pertinentes as relações de trabalho. 59 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.33 p. 60LAVIGNE apud NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.34 p. 29 1.4 SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL Com o fim da escravidão e proclamada a República inicia-se uma nova fase, o momento liberal. A imigração era intensa principalmente de italianos, Nos primeiros anos da república as greves eram eventuais, no entanto com o passar do tempo às paralisações e greves explodiram, buscando reivindicar melhores salários e proteção aos trabalhadores, conforme pontua Nascimento61. Escreve inclusive Nascimento62 que houve um momento em que as greves mantiveram posição firme e grandiosa. Foi em 12 de junho de 1917, que iniciou-se no Cotonifício Rodolfo Crespi, no bairro da Mooca, quando os operários protestaram contra os salários e pararam o serviço. A fábrica fechou por tempo indeterminado. Os trabalhadores pretendiam 20% de aumento e tentaram acordo com a empresa, não o conseguindo. Diante disso, no dia 29 fizeram comício no centro da cidade. Aos 2.000 grevistas juntaram-se, em solidariedade, 1.000 trabalhadores das fábricas Jafet, que também passaram a reivindicar 20% de aumento de salário. Aos poucos foram juntando-se mais trabalhadores, em 12 de julho o número de grevistas já superava a marca de 20.000, os bondes, a luz, o comércio e as industrias de São Paulo ficaram paralisados. No dia 15 de julho um acordo foi aceito para o aumento de 20% dos salários, com a garantia de que nenhum empregado seria despedido em razão da greve. Existiram reflexos das ações ocorridas em São Paulo, Julio de Castilhos levou para o Rio Grande do Sul para que estas “normas” de incorporação dos trabalhadores na sociedade fossem inseridas na Constituição. Entretanto o período liberal mesmo frente a acontecimentos políticos e social, não foi favorável para a evolução jurídica na ordem trabalhista, conforme leciona Nascimento63. 61 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.62-63 p. 62 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004. 63 p. 63 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.66 p. 30 Logo em 1945 o presidente Getúlio Vargas fora deposto, sendo convocada uma assembléia constituinte. “Publicando-se em 1946 uma nova Constituição, inserindo alguns direitos do trabalho, propriamente repetindo o que já estava estabelecido nas duas constituições anteriores, acrescentando que o valor do salário mínimo deve atingir, além de necessidades normais do trabalhador, também as de sua família. Como novidade estabelece a participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, a assistência aos desempregados e reconhece o direito de greve, segundo Girardi64”. Em meados de 1964, o país passou por mais um movimento revolucionário, onde o poder executivo passou a ser exercido exclusivamente pelos generais das forças armadas, repercutindo nas relações de trabalho e nos direitos sociais. 1.4.1 Evolução do direito do trabalho nas leis brasileiras Com a primeira guerra mundial e o surgimento da OIT foram surgindo normas para proteção dos trabalhadores segundo leciona Martins65 Havia leis ordinárias que tratavam de trabalho de menores (1891), da organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), de férias etc. O Ministério do Trabalho, Industria e Comércio foi criado em 1930, passando a expedir decretos, a partir dessa época, sobre profissões, trabalho das mulheres (1932), salário mínimo (1936), Justiça do Trabalho (1939) etc. Getúlio Vargas editou a legislação trabalhista em tese para organizar o mercado de trabalho em decorrência da expansão da indústria. Realmente seu objetivo era controlar os movimentos trabalhistas do momento. A constituição de 1934 foi a primeira a tratar de direitos trabalhistas propriamente ditos, já a carta constitucional de 1937 marca uma fase intervencionista do Estado, provenientes do golpe de Getúlio Vargas. Em 1946 surge uma nova constituição, esta sendo considerada uma norma mais democrática. Em 1967 a constituição mantém os direitos já existentes e surge então em 1988 a constituição atual do Brasil. “Na norma magna, os direitos trabalhistas foram incluídos no Capítulo II”.Dos Direitos Sociais”, do Título III “Dos Direitos e Garantias Fundamentais “, ao passo que mas Constituições anteriores os direitos trabalhistas 64 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005.46 p. 65 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.10 p. 31 sempre eram inseridos no âmbito da ordem social e econômica” segundo leciona Martins66. E ainda pontua Cassarsobre a Emenda Constitucional n°45 Emenda constitucional n°45 ampliou a competência da justiça do trabalho para abarcar também as controvérsias oriundas das demais relações de trabalho, aí incluídas, segundo nossa opinião, as lides entre: representantes comerciais e representados; profissional liberal e cliente, inclusive qualquer tipo de advogado e cliente; trabalhadores rurais sem vínculo de emprego e respectivos tomadores, etc. Com alguns acontecimentos marcantes e legislações esparsas, já citadas anteriormente, entraremos no assunto da Consolidação das Leis do Trabalho. 1.4.2 Consolidação das leis do trabalho – CLT Antes da criação da CLT, já existiam inúmeras leis que tratavam de classes trabalhadoras, por exemplo, as que tratavam dos industriários e comerciários, entretanto algumas classes acabaram por ficar em desalento, sendo necessária a criação da CLT para além de compilar as legislações existentes criar novas para proteger os menos favorecidos, conforme evidencia Nascimento67 “As leis trabalhistas cresceram de forma desordenada; eram esparsas, de modo que cada profissão tinha uma norma específica, critério que, além de prejudicar muitas outras profissões que ficaram fora da proteção legal, pecava pela falta de sistema e pelos inconvenientes atura dessa fragmentação”. Desta maneira foi necessário criar a CLT para “vincular” as normas esparsas tendo sido criada a partir do decreto-lei 5.452, de 01/05/1943. Conforme pontua Nascimento68 inicialmente pensou-se em criar a CLT para união das leis esparsas, entretanto foi além de uma compilação, pois acrescentou inovações aproximando-se de um verdadeiro código. Resultou de 66 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.11 p. 67 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.75 p. 68 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°. ed. São Paulo:Saraiva, 2004.76 p. 32 um estudo presidido pelo Ministro Alexandre Marcondes Filho, após estudos remeteu ao Presidente da República em 1934 e nos traz em seu relatório “a Consolidação representa, portanto, em sua substância normativa e em seu título, este ano de 1943, não um ponto de partida, nem uma adesão recente a uma doutrina, mas a maturidade de uma ordem social há mais de decêndio instituída, que já se consagrou pelos benefícios distribuídos, como também pelo julgamento da opinião pública consciente, e sob cujo espírito de equidade confraternizam as classes na vida econômica, instaurando nesse ambiente, antes instável e incerto, os mesmos sentimentos de humanismo cristão que encheram de generosidade e de nobreza os anais da nossa vida pública e social”. Destaca Cassar69 que a criação da CLT veio para compilar as leis esparsas, mas inclusive para integrar trabalhadores além de proporcionar o conhecimento a todos da legislação trabalhista. Inúmeras foram às comissões nomeadas para rever a CLT, porém sem sucesso, em 1977 fora modificada, acrescentando-se no capítulo V da segurança e da medicina do trabalho, e ainda a alteração do regime de férias. E logo em 1988 com a promulgação da nova Constituição da República Federativa do Brasil, foram acrescentadas na carta magna, algumas normas que mudariam o sistema das relações de trabalho, como afirma Nascimento70. A constituição da República Federativa do Brasil prevê, no art. 7° e seus incisos, dos direitos dos trabalhadores u rbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social. Para o direito é necessário estudar as relações de trabalho, tema objeto do próximo capítulo. 69 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.17 p. 70 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004.79 p. CAPÍTULO 2 RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO De Plácido e Silva71 definem a relação de emprego da seguinte forma: “Nomina-se a prestação de serviços, de natureza não eventual, sob a dependência do empregador e mediante salário. (CLT art. 3°)”. Para esclarecer a diferença entre relação de trabalho e relação de emprego é necessário entender o significado de empregado e empregador, nesse sentido traremos a seguir os conceitos acima mencionados. Diante da alusão ao art. 3° da Consolidação das lei s trabalhistas faz-se necessário citar o mesmo Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Segundo De Plácido e Silva72 temos o conceito para empregado Derivado do latim implicare (unir, juntar, ligar), é o vocábulo utilizado, na terminologia jurídica, para indicar a pessoa física que, unida ou ligada a outra, por se encontrar sob sua direção, presta serviços a esta, em regra, mediante uma remuneração. Embora se possa admitir empregado, em acepção genérica, como a pessoa que se ocupa em fazer alguma coisa para outrem, mesmo gratuitamente, no conceito rigorosamente jurídico, o sentido de empregado é o de quem está no exercício de uma ocupação sob fiscalização e direção de outrem, sujeito a horário, e da qual decorrem vantagens ou remunerações para seu ocupante, seja qual for a categoria da ocupação. Empregado, em tal significação, exprime sempre o sentido de auxiliar, colaborador ou trabalhador assalariado. Mesmo o auxiliar 71 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 1192 p. 72 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 521 P. 34 interessado nos negócios do estabelecimento, comercial ou industrial, desde que não possui a qualidade de sócio, tenha ordenado ou remuneração pelos serviços ou cargos ocupados, é empregado. E não importa que o emprego, cargo, ocupação ou serviço seja em caráter permanente. Tanto basta que a pessoa física seja admitida, com efetividade ou temporariamente, para exercer qualquer cargo, ofício ou ocupação a mando e por conta de outrem, para que, assim se titule. Empregado. A CF/88 denomina, genericamente, de servidor público civil tanto ao funcionário que exerce cargo efetivo ou comissionado, como ao empregado ou celetista, que ocupa emprego. Tem-se no art. 2° da Consolidação das leis trabalhi stas um conceito para empregador Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. §1° Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exc lusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados. §2°Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiver sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada umadas subordinadas. Encontramos segundo essa indicação legislativa um conceito de empregador desenvolvido por De Plácido e Silva73 Designação dada à pessoa seja física ou jurídica, que admite em seu estabelecimento o empregado para que execute serviços ou exerça funções por si determinadas, mediante remuneração ajustada. Na técnica do Direito Trabalhista, empregador é o patrão. Após a alusão sobre os conceitos entraremos no campo da relação de emprego e relação de trabalho. Segundo pontua Martins74 na legislação encontraremos ambas as expressões, contrato de trabalho e relação de emprego. O termo mais correto de se utilizar deveria ser contrato de emprego, haja vista tratar-se da relação de empregado e empregador. 73 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.522 p. 74 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.78 p. 35 Exprime Cassar75 que com o advento de ocorrer abusos de poder por parte do empregador no instante de contratar, o legislador trabalhista foi mais rigoroso no momento de regular os direitos do empregado. E para Delgado76 A ciência do direito, enxerga clara distinção entre relação de trabalho e relação de emprego. A primeira expressão tem caráter genérico: refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor humano. Refere-se, pois, a toda modalidade de contratação de trabalho humano modernamente admissível. A expressão relação de trabalho englobaria, desse modo, a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a relação de trabalho eventual. De trabalho avulso e outras modalidades de pactuarão de prestação de labor (como trabalho de estágio, etc.). Traduz, portanto, o gênero a que se acomodam todas as formas de pactuação de prestação de trabalho existentes no mundo jurídico atual. [...] A relação de emprego, do ponto de vista técnico-jurídico, é apenas uma das modalidades específicas de relação de trabalho juridicamente configuradas. Corresponde a um tipo legal próprio e específico, inconfundível com as demais modalidades de relação de trabalho ora vigorantes. Desta maneira há que se pensar primeiramente na relação existente para não ocorrer dúvidas quanto ao gênero ou espécie. A denominação utilizada em nossa legislação é contrato de trabalho. Conceitua Nascimento77 sobre a relação de emprego e sujeitos desta relação. É a relação jurídica de natureza contratual tendo como sujeitos o empregado e o empregador e como objeto o trabalho subordinado, continuado e assalariado. São sujeitos da relação jurídica de trabalho subordinado típico o empregado, pessoa física que prestar serviços de natureza não-eventual, e o empregador, destinatário da atividade e seus resultados, dirigindo-a em decorrência do poder de organização, de fiscalização e de disciplina que lhe é conferido. Conforme citado existem teorias sobre a relação do trabalho, as quais citar-se-á visando-se a melhor compreensão a cerca do assunto. 75 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.193 p. 76 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7° ed. São Paulo: Ltr, 2008.285/286 p. 77 NASCIMENTO, Amauri Macarro. Curso de direito do trabalho. 19°. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 500/501 p. 36 2.1 NATUREZA JURÍDICA – TEORIA CONTRATUALISTA E ANTICONTRATUALISTA As teorias contratualistas e anticontratualistas surgiram com o intuito de estabelecer uma explicação para a natureza jurídica do contrato de trabalho. Temos segundo Cassar78, que mesmo já ultrapassado, demonstrado até mesmo em nossa CLT o título IV referente ao “contrato individual de trabalho”, questão também pacificada pela doutrina, afirmando sua posição no sentido de que a relação de emprego é contratual. Mas em virtude disso citaremos as teorias. Esclarece Martins79 que a teoria anticontratualista ou acontratualista visa negar a existência de uma relação contratual entre empregado e empregador. É dividida em teoria da instituição, defendida pelos autores franceses e teoria da relação de trabalho ou incorporação, defendida pelos autores alemães. A teoria da instituição segundo Michel Despax apud Martins “a empresa é uma comunidade de trabalho, marcada por um interesse superior comum a todos os seus membros, havendo, em conseqüência, uma situação estatutária e não contratual entre as partes do referido pacto, em que o estatuto prevê as condições do trabalho, mediante o poder de direção e disciplinar do empregador. Na verdade, o trabalhador entraria na empresa e começaria a prestar serviços, inexistindo a discussão em torno nas cláusulas do contrato de trabalho”. Já a teoria da relação de trabalho defendida por Heinz Potthof apud Martins80 “estabeleceu a oposição entre o contrato e a relação de trabalho. A relação de trabalho não se vincula à relação de troca. O empregado não promete uma prestação material, mas presta serviços por si próprio. Na verdade, os membros de uma empresa formam uma associação de trabalho (arbeitsverband), como se fosse a organização da família. A empresa forma um conjunto orgânico, submetido a um estatuto pelo direito do trabalho. Existem regras decorrentes do contrato de 78 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 194 p 79 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 83 p. 80 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009.84 p. 37 trabalho e outras ditadas pela sociedade. A relação de fato no trabalho é verificada pelo direito. Existem normas atinentes à regulamentação do trabalho que são aplicáveis independentemente da existência de contrato ou até em razão de o contrato ser nulo”. Segundo a doutrinadora Cassar81 a teoria anticontratualista também está dividida em teoria institucionalista e teoria da relação de emprego. “A teoria institucionalista pura prega o interesse exclusivo da instituição em detrimento dos interesses individuais dos que nela ingressarem. O institucionalismo correspondeu a um movimento desenvolvido na França que percebeu na empresa um poder organizado e estruturado segundo as regras de autoridade. Enquanto nos contratos prevalece o critério de igualdade entre as partes, na relação institucionalista há superioridade jurídica da instituição que exerce seu poder com autoridade em relação aos seus empregados. Neste caso, a empresa seria uma instituição-pessoa com atividade normativa, podendo emitir regras, às quais o empregado, ao ingressar na instituição, estaria automaticamente vinculado, e com os demais trabalhadores, compõe uma coletividade que está a serviço dos interesses da instituição”. E para a teoria da relação de emprego que defende que o fato gerador da relação de emprego é a inserção do empregado na empresa, sua ocupação e engajamento, querendo dizer que não existe ato volitivo criador de direitos e sim um fato objetivo (o pisar dos pés do empregado no estabelecimento, ao iniciar a prestação de serviços na empresa constitui a relação de emprego). A relação de emprego se resumiria em simples relação de ocupação (mesmo que esteja apenas aguardando ordens), duradoura e permanente ou ao inicio efetivo da execução do trabalho. “Foi inspirada na teoria alemã, onde alcançou posição de destaque pelas praticas de Hitler com o nazismo autoritário”. Para Nascimento82 surge a teoria contratualista com o intuito de caracterizar o vínculo como contrato. Essa teoria considera a relação do empregado e empregador um contrato.Seu fundamento baseia-se na tese de que à 81 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009.194-195 p. 82 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Iniciação ao direito do trabalho. 32° ed. São Paulo: Ltr, 2006. 96 p. 38 vontade das partes é a causa insubstituível e única que pode constituir o vínculo jurídico. Pode-se falar conforme evidencia Nascimento83 que para configurar esta teoria, surge o contratualismo clássico, esta expressão vem para esclarecer as primeiras explicações civilistas, relacionadas aos tipos de contratos, dentre os quais o de arrendamento Josserand e Planiol apud Nascimento, “sendo a força de trabalho arrendada pelo capital; a compra e venda; Pothier, Lurent e Carnelutti apud Nascimento”, porque o empregado é visto como alguém que vende o seu trabalho ou a sua energia de trabalho por um preço, que é o salário; a sociedade; Chatelain e Villey apud Nascimento ”porque há uma combinação de esforços em prol de um objetivo comum, que é a produção; e o mandato Troplong apud Nascimento”, sendo o empregado o mandatário do empregador“. Esclarece Cassar84 que na teoria contratualista a vontade é essencial. Este é o argumento utilizado para fundamentar o início da relação de emprego, pois se não existir à vontade dos contratantes, ela não se constitui, “já que o pretendente empregado tem que aceitar as condições oferecidas para o emprego e o chefe da empresa escolher aquele trabalhador, mesmo quando a lei imponha regras mínimas que não podem ser derrogadas pelas partes. Esta foi à teoria adotada pela CLT”. Nesta corrente se tem uma variação, que é a teoria eclética, desenvolvida por Mario de La Cuerva Apud Cassar85, chamada de contrato realidade. “O autor advoga que a relação jurídica de trabalho se aperfeiçoa ou pela vontade das partes (contrato expresso) ou pelo fato (trabalho efetivo), ainda que não haja convenção (contrato tácito). Por isso assevera que só após a efetiva prestação de trabalho é que o contrato passa a existir, negando as regras trabalhistas àqueles contratos que, apesar de formalizados, não chegaram a se efetivar porque submetidos à condição ou termo suspensivo”. Interessante ressaltar que apesar 83 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Iniciação ao direito do trabalho. 32° ed. São Paulo: Ltr, 2006. 96 p. 84 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 196 p. 85 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 196 p. 39 desta teoria ser parecida com a anticontratualista, ela se difere no sentido de que para esta existe a vontade que se transforma em contrato. Com o passar do tempo à natureza jurídica sofreu diversas alterações, entretanto sempre percebe-se um fator em comum, a subordinação. Segundo pontua Nascimento86 durante o momento da construção civilista, sendo o direito do trabalho inexistente, os juristas da época utilizavam-se do direito civil para regular as relações, em especial a locação de serviços, vindo do direito romano, e a concepção contratualista como forma jurídica confirmadora do trabalho prestado nas fábricas. Tem-se, como indução desta teoria, o seu caráter patrimonialístico por compreender o vínculo como uma troca de trabalho por salário. Esta forma clássica não encontra mais escopo no ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista que hoje a relação entre empregado e empregador é contratual, sendo esta a teoria predominante. Como esclarece Nascimento apud Martins87 “ninguém será empregado de outrem senão por sua própria vontade. Ninguém terá outrem como seu empregado senão também quando for da sua vontade. Assim, mesmo se uma pessoa começar a trabalhar para outra sem que expressamente nada tenha sido combinado entre ambas, isso só será possível pela vontade ou pelo interesse das duas”. Pode-se concluir que a corrente dominante é a da teoria contratualista, tendo em vista a existência de contratos para estabelecer a relação de emprego, tendo sido esta teoria adotada pela CLT. Para o estudo dos contratos existentes no direito do trabalho faz-se necessário citarmos alguns princípios que os norteiam. 2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Temos segundo Cassar88 sobre princípios gerais do direito do trabalho 86 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Iniciação ao direito do trabalho. 32° ed. São Paulo: Ltr, 2006. 96 p. 87 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 86 p. 88 CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do trabalho. 3° ed. Niterói: Impetus, 2009. 129 p. 40 Princípio é uma postura mental que leva o intérprete a se posicionar desta ou daquela maneira. Serve de diretriz, de arcabouço, de orientação para que a interpretação seja feita de uma certa maneira e, por isso, tem função interpretativa. Alonso Olea apud Cassar, o princípio geral de direito é um critério de ordenação que inspira todo o sistema jurídico. Explica que, na verdade, os princípios de direito se dirigem não só ao juiz, mas também aos intérpretes, aos legisladores, aos demais operadores do direito, como também aos agentes sociais a que se destinam. Salienta-se inclusive o conceito de princípios por Mello apud Martins89 É, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. princípio é o primeiro passo na consecução de uma regulação, passo ao qual devem seguir-se os outros. O princípio alberga uma diretriz ou norte magnético, muito mais abrangente que uma simples regra; além de estabelecer certas limitações, fornece diretrizes que embasam uma ciência e visam à sua correta compreensão e interpretação. Violar um princípio é muito mais grave do que violar uma regra. A não-observância de um princípio implica ofensa não apenas a especifico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. Inúmeros são os princípios existentes em nosso ordenamento jurídico, entretanto trata-se dos que são específicos do direito do trabalho, mas vale salientar que existem princípios constitucionais e civis, por exemplo, que são aplicáveis também ao direito do trabalho. Pontua-se os seguintes princípios específicos do direito do trabalho, princípio da continuidade, princípio protetor, principio da norma mais favorável ao trabalhador, princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, principio da primazia da realidade, principio da razoabilidade e o principio da inalterabilidade contratual lesiva. Cita-se então o conceito do princípio da continuidade da relação de emprego segundo Martins· 89 MELLO apud MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25° ed. São Paulo: Atlas, 2009. 58-59 p. 41 Presume-se que o contrato de trabalho terá validade por tempo indeterminado, ou seja, haverá a continuidade da relação de emprego. A exceção à regra são os contratos por prazo determinado, inclusive o contrato de trabalho temporário. A idéia geral é a de que se deve preservar o contrato de trabalho do trabalhador com a empresa, proibindo-se, por exemplo, uma sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. A Súmula 212 do TST adota essa idéia ao dizer que o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despendimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Destaca-se o conceito do
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