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Direito Civil (decadência e prescrição) – 12/03 No núcleo da questão da prescrição e decadência, existe a tensão em dois valores: o deposito no tempo de uma prerrogativa que o direito nos concede (por quanto tempo essa prerrogativa pode ser utilizada?); de outro lado, há uma preocupação de que este tempo não seja tamanho, de modo a causar uma insegurança jurídica. EX: Henrique fez um empréstimo de uma determina quantia para o Bruno, no segundo ano da faculdade, sendo que o primeiro nunca se preocupou em cobrar o segundo. Com o passar do tempo, cerca de 20 anos depois, Henrique resolve cobrar aquela quantia com juros e correção monetária por cerca de 20 anos de crédito. Por quanto tempo é razoável que o ordenamento jurídico cobre alguém, ainda que haja ou não dívida? É na tensão entre o tempo para o exercício e a busca para uma segurança jurídica frente a uma cobrança perpétua que se enquadra a ideia de prescrição. Ambos os prazos, de decadência e prescrição, servem para extinguir ou obstaculizar algo, sendo que a prescrição pode ser impedida, suspensa ou interrompida; a decadência, não. Tendo uma grande indefinição (ambos os termos) e proporcional dificuldade de identificá-las dentro do código civil, o tema tornou-se central no Direito Civil brasileiro. Um jurista paraibano, Agnelo Amorim Filho, frente a esta confusão, escreveu um método científico para diferenciar os termos. Atualmente, o trabalho é considerado um divisor de águas no Direito Civil. Agnelo parte da classificação trinária de Chiovenda. Os pedidos de prescrição seriam de três naturezas: Condenatórios; Declaratórios; Constitutivos. A partir desta classificação, Agnelo determinou que toda vez que se fala de prescrição, determina-se um prazo para prestação. Sendo uma prestação, só apareciam em causas condenatórias, necessárias à condenação de alguém a uma determinada prestação. A decadência se encarregaria das demais ações que não teriam a ver com uma determinada prestação, mas sim com um poder de interferir na esfera jurídica de outrem (direitos potestativos). A prescrição poderia se submeter a 3 circunstâncias: Impedimento; Suspensão: quando o prazo fosse paralisado, e uma vez suspenso o obstáculo ele continuasse do ponto que parou; Interrupção: o prazo vai ser rompido, reiniciando do começo. A decadência, em principio, não seria sujeita a nada disso. O texto recebe críticas porque avalia os termos a partir do processo, e não efetivamente pela sua característica material. Não se pode reduzir o direito civil ao que irá acontecer no processo. Além disso, a explicação trinária foi há muito superada por PdM, com propostas de ações de sentenças executivas e mandamentais. O autor do código Civil (inserir aqui), aproximou a diferença de prescrição e decadência do código civil alemão, tornando a compreensão ainda mais difícil. Há uma serie de direitos no direito civil que lidam com condutas prestacionais; em contrapartida, há uma série de leis que ditam criação e modificação da esfera jurídica de outrem. EX: o poder de divórcio exercido por uma determinada mulher não exige uma prestação da conduta de um homem. Não há o que fazer, a não ser se sujeitar. Há regras, portanto, que tem como conteúdo o agir do outro (prestação), e outras que contam com o agir do primeiro. No direito alemão, o objeto de prestação seria uma pretensão, enquanto a decadência seria voltada contra direitos potestativos. (art. 189 CCB – todos os demais prazos com característica extintiva estariam dispersos no código.). A prescrição é um fato jurídico composto por 3 elementos: A titularidade de uma pretensão; A inação do titular dessa pretensão; No decurso de um tempo. Nem sempre quem titulariza um direito, pode exercê-lo. A pretensão é qualificada pelo direito subjetivo ao ser composta pelo direito de exigibilidade. EX: suponhamos que no empréstimo feito por Henrique a Bruno fosse estipulado com um tempo de devolução no dia 18/04. Hoje, Henrique já é titular de um direito de crédito, e Bruno já se encontra em posição passiva. Henrique, porém, não tem poder de exigir de Bruno o empréstimo. Entretanto, já existe o direito subjetivo. O ordenamento traz regras em relação ao impedimento, suspensão e interrupção do tempo prescricional vistas situações de impossibilidade de ação do poder de exigibilidade. a.Impedimento: o prazo não começa b.Suspensao: o prazo e parado temporariamente e continua da onde parou c.Interrupcao: o prazo e parado e após o evento recomeca a contagem Ler art 198 CCB e art 202 e seguintes Inacao do titular de uma acao e uma acao qualificada pelo dto, e por fim e a inação por um determinado tempo. Todas as pretensões são sujeitas à prescrição, sendo exceção a imprescritibilidade. PdM: a prescrição não serve para proteger um devedor que deve e não paga, mas sim aquele que pagou e não tem mais como provar. A prescrição, portanto, atinge a pretensão, mas não a esfera do direito subjetivo. Um devedor prescrito não deixa de ser devedor, de forma que não seria inconcebível o pagamento voluntario da dívida. (art. 205 – regras gerais para todas as prescrições, e exceção em art.206). Imprescritibilidade: pretensões referentes aos direitos da personalidade. A decadência: ambas dizem respeito a corrosão de algo pelo tempo. Na prescrição, mantém- se o direito subjetivo intacto, enquanto a decadência fulmina o próprio direito subjetivo, porque determinadas situações envolvendo esses direitos são feitas justamente para durar só um tempo, e não para sempre. – caducidade do direito. Por este motivo, a decadência não se submete a interrupção, porque ela não está vinculada a uma ação do titular da pretensão. www.rodrigoxavierleonardo.com.br
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