Desempenho térmico de edificações 40 3 PROTEÇÕES SOLARES A incidência da radiação direta e as sombras geradas por obstruções serão estudadas neste capítulo. As proteções solares são utilizadas quando a radiação direta não é desejada dentro do ambiente. O traçado das proteções exige o conhecimento dos movimentos do Sol e da Terra, e de seus efeitos sob a visão do observador na terra. Este pode ser um ponto, uma reta, um plano como uma parede ou janela ou um volume, no caso de uma edificação. 3.1 MOVIMENTOS DA TERRA 3.1.1 Rotação A rotação ao redor de um eixo Norte-Sul, que passa por seus pólos, origina o dia e a noite (Figura 52). Figura 52. Rotação da Terra. 3.1.2 Translação ao redor do Sol A Terra realiza um movimento elíptico ao redor do Sol conforme mostra a Figura 53. Figura 53. Translação da Terra ao redor do Sol. O movimento de translação da Terra ao redor do Sol determina as quatro diferentes estações do ano. A Tabela 5 apresenta a data de início destas estações no hemisfério sul, bem como a sua denominação. Tabela 5. Datas de início das estações do ano para o hemisfério sul. 21 DEZ 21 JUN 21 MAR 21 SET Desempenho térmico de edificações 41 Data Denominação 21 de março Equinócio de outono 21 de setembro Equinócio de primavera 21 de junho Solstício de inverno 21 de dezembro Solstício de verão Considere um observador sobre a terra, onde há um plano imaginário onde o sol se projeta. A localização do sol na abóbada celeste pode ser identificada através de dois ângulos: a altura solar e o azimute. O azimute é o ângulo que a projeção do sol faz com a direção norte enquanto a altura solar é o ângulo que o sol faz com o plano horizontal. Neste estudo, será considerada altura solar o seu ângulo complementar, ou seja, o ângulo que o sol faz com o zênite. Figura 54 - Projeção estereográfica do sol sobre o plano do observador localizado em um ponto qualquer da Terra. Para traçar os diagramas solares, considera-se a Terra fixa e o Sol percorrendo a trajetória diária da abóbada celeste, variando de caminho em função da época do ano, conforme mostra Figura 55. Nela, vê-se os limites da trajetória anual que consistem nos solstícios de inverno de verão, enquanto a linha do meio indica o equinócio. S N L a h zênite O Nadir Linha do horizonte Abóbada celeste Desempenho térmico de edificações 42 Figura 55. Movimento aparente do Sol no hemisfério sul. 3.2 DIAGRAMAS SOLARES Através das informações mostradas até o momento e do conhecimento do traçado de projeção estereográfica (existem outros métodos) pode-se traçar os diagramas solares. A Figura 6 apresenta um exemplo de projeção estereográfica para a latitude 27o Sul e a Figura 57, o diagrama solar para esta latitude. Figura 56. Projeção estereográfica para a latitude 27o Sul. Figura 57. Diagrama solar para a latitude 27o Sul. A Figura 58 apresenta o diagrama solar para a latitude 28o Sul, muito próxima à latitude de Florianópolis (27o 35’ Sul). Desempenho térmico de edificações 43 Figura 58. Diagrama solar para Florianópolis (latitude 27o Sul), projeção estereográfica. 3.3 GEOMETRIA SOLAR A altura solar e o azimute são as informações necessárias para projetar uma sombra em uma determinada hora. Desta forma, é possível controlar a implantação de uma piscina, ou mesmo de uma edificação, em um terreno, para que não seja sombreada pelo entorno. A Figura 59 mostra um exemplo da sombra de um poste (AO) no piso, ou seja, de uma reta em um plano horizontal. O azimute (a) é identificado a partir do Norte. Sobre o plano da linha do azimute, é encontrada a altura solar (h). Uma reta paralela a OH é traçada sobre o ponto A. O encontro desta paralela com uma paralela à linha do azimute, ou o encontro desta paralela com a própria linha do azimute (AzO) gera o ponto A’, que é a projeção do ponto A na altura solar h e no azimute a. A sombra do poste é a reta A’O. Azimute = 10o Altura solar = 40o Desempenho térmico de edificações 44 Figura 59: Sombra de um poste no piso. A Figura 60 mostra a construção da sombra de um muro sobre um plano vertical. Considere o muro ABCD. Centralizando o ponto C sobre na origem, o azimute (a) é identificado a partir do Norte. No plano que a linha do azimute (AzC) faz com a vertical, é traçada a altura solar (h). A reta encontrada (CH) é a direção da radiação solar, cuja paralela deve passar sobre os vértices A e B. Sobre os vértices D e C é traçada uma reta paralela a AzC, já que estes pontos se encontram no plano do observador. Os pontos encontrados são A’ e B’, no plano vertical, e C’ e D’ na linha de terra da vista em épura (linha comum ao plano vertical e horizontal). A sombra no plano horizontal é formada pelo plano D’C’CD, enquanto a sombra no plano vertical é formada pelo plano A’B’C’D’. Os pontos C” e D” seriam as projeções dos vértices A e B no piso caso não existisse o plano vertical. Figura 60: Sombra de um muro em no piso e na parede. O princípio para sombras de um volume é o mesmo. A sombra de uma edificação é construída ao traçar as projeções de seus vértices, que depois são ligados formando as arestas da sombra projetada no plano horizontal. A Figura 61 mostra o processo, com o ponto C na H B A D C B’ A’ D’ C’ N LS O h a Az D’’ C’’ H A O N LS O h a Az A’ Desempenho térmico de edificações 45 origem. A partir da origem, são encontrados o azimute (a) e a altura solar (h). As paralelas à direção do sol (CH) passando pelos vértices do volume são as retas AA’, BB’, B1B1’ e A1A1’. O encontro destas com as retas paralelas à direção do azimute (AzC, direção do sol no plano horizontal) são as sombras das arestas verticais dos volumes. A sombra do volume é a união das arestas, sendo então formada pelo polígono C B’A’A1’D1. A projeção da aresta B1C1, formada pela reta B1’C1, está na área de sombra e, portanto, não limita a sombra do volume. Figura 61: Sombra de uma caixa (representando uma edificação simplificada) no piso. 3.4 TRANSFERIDOR DE ÂNGULOS Para facilitar o traçado de máscaras deve-se utilizar o transferidor de ângulos apresentado na Figura 62. Figura 62. Transferidor de ângulos. 10o 20o 30o 40o 50o 60o 90o 80o 70o 60o 50o 40o 30o 20o 10o 10o 20o 30o 40o 50o 60o 70o 80o 70o 80o H B A D C B’ A’ A1’ N LS O h a AzB1 A1 D1 C1 B1 Desempenho térmico de edificações 46 3.5 ANÁLISE DE PROTEÇÕES SOLARES Entendido o movimento aparente do sol percebido por um observador na Terra, pode- se utilizar este conhecimento para o traçado de proteções solares (brises) que impeçam a entrada de raios solares no interior do ambiente durante as horas do dia e os meses do ano em que se deseja esta proteção. O tipo de brise e suas dimensões são função da eficiência desejada. Portanto, um brise será considerado eficiente quando impedir a entrada de raios solares no período desejado. 3.5.1 Traçado de máscaras Para projetar proteções solares, a segunda informação que deve