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2016 - 12 - 16 Revista de Processo 2016 REPRO VOL. 256 (JUNHO 2016) TÉCNICAS ADEQUADAS À LITIGIOSIDADE COLETIVA E REPETITIVA 3. PRESENTE E FUTURO DA COISA JULGADA NO PROCESSO COLETIVO PASSIVO: UMA ANÁLISE DO SISTEMA ATUAL E AS PROPOSTAS DOS ANTEPROJETOS 3. PRESENTE E FUTURO DA COISA JULGADA NO PROCESSO COLETIVO PASSIVO: UMA ANÁLISE DO SISTEMA ATUAL E AS PROPOSTAS DOS ANTEPROJETOS PRESENT AND FUTURE OF THE RES JUDICATA IN THE DEFENDANT CLASS ACIONT: AN ANALYSIS OF THE ACTUAL SYSTEM AND THE PROPOSITION OF THE LAW PROJECTS (Autor) RAVI PEIXOTO Mestre em Direito pela UFPE. Membro da Associação Norte e Nordeste de Professores de Processo – ANNEP. Membro do Centro de Estudos Avançados de Processo – Ceapro. Membro da Associação Brasileiro de Direito Processual – ABDPRO. Procurador do Município de João Pessoa. ravipeixoto@gmail.com Sumário: 1 Introdução 2 Do processo coletivo passivo 3 O regime da coisa julgada no processo coletivo passivo 3.1 Breves notas sobre a coisa julgada no processo coletivo ativo 3.2 A coisa julgada no processo coletivo passivo 3.2.1 As ações duplamente coletivas 3.2.2 As ações coletivas passivas ordinárias 3.2.2.1 Direitos difusos e coletivos 3.2.2.2 Direitos individuais homogêneos 4 Análise do regime da coisa julgada passiva nos anteprojetos de códigos de processos coletivos 5 Conclusão 6 Referências bibliográficas Área do Direito: Processual Resumo: O presente artigo tem por objetivo avaliar a admissibilidade do processo coletivo passivo no direito brasileiro, a despeito da inexistência de um procedimento específico para essas ações. Passada a sua admissibilidade, passa o texto a estudar como seria possível construir o regime da coisa julgada para esses processos. Por fim, analisam-se as propostas constantes dos anteprojetos sobre o processo coletivo. Abstract: The present article aims to evaluate the admissibility of the defendant class action in the brazilian law despite the inexistence of a regulated procedure. After the discussion about its admissibility, the objective is to study the res judicata in the procedures. In the end, there is an analysis of the law projects about the class actions. Palavra Chave: Processo coletivo passivo - Admissibilidade no direito brasileiro - Coisa julgada Keywords: Defendant class action - Admissibility in the brazilian law - Res judicata 1. Introdução Um tema que ainda é novo 1 no Brasil, principalmente pela ausência de regulamentação expressa, é o referente ao processo coletivo passivo, dentre outros motivos, pela ausência de qualquer referência ao tema em nosso ordenamento jurídico. A partir dessa constatação, alguns autores chegam a propugnar a sua inadmissibilidade à luz do direito positivo pátrio pela ausência de previsão na legislação. O processo coletivo passivo tem, como grande diferencial, o fato de que há uma coletividade no polo passivo da relação jurídica. Estaria, em tais casos, em jogo uma situação coletiva passiva. 2 Em tais casos, o ente coletivo possui um dever jurídico ou um estado de sujeição que deve ser implementado. 3 O direito pleiteado pelo autor pode ser de natureza individual ou coletiva, quando será, a ação, duplamente coletiva. Note-se que, ao pleitear direito individual, o autor age em seu próprio benefício e não requerendo um direito de natureza coletiva. Aqui é importante fazer uma ressalva no que diz respeito à tentativa de pensar a ação coletiva passiva como uma mera ação coletiva ativa às avessas, pela possibilidade de tal equívoco gerar confusões no momento de definir se determinada demanda será configurada como espécie ativa ou passiva de processo coletivo. Neste erro incorrem vários autores, ao se utilizarem de exemplos de ações declaratórias negativas, como a " (d)o empreendedor que ajuíza ação declaratória de legalidade de licenciamento ambiental, a administradora de cartão de crédito que veicula ação declaratória de legalidade de cláusula de contrato de adesão instituição financeira que pleiteia o reconhecimento da legitimidade da cobrança de determinada tarifa bancária", 4 não havendo, nesses casos, demanda coletiva passiva. 5Não há, nos casos citados, nenhum dever coletivo, sendo, de fato, uma ação coletiva ativa iniciada pelo réu. É preciso sempre atentar para a existência de uma situação jurídica passiva, pois, como bem aponta Antonio Gidi, "as verdadeiras demandas coletivas passivas são aquelas propostas contra um grupo acusado de ter cometido um ilícito, não aquelas propostas por um autor acusado de ter cometido um ilícito". 6 A ação coletiva passiva pode ainda ser subdividida em originária ou derivada. 7 No primeiro caso, não há nenhuma demanda anterior e, no segundo, haveria um processo coletivo ativo originário, sendo a ação passiva decorrente do primeiro processo. 8 O exemplo clássico seria a existência de uma ação rescisória de uma decisão coletiva, em que o ente originariamente autor torna-se réu, admitida, por exemplo, no caso dos sindicatos, conforme indicado no Enunciado 406, II, da Súmula do TST. 9 O CPC/2015 também facilita a admissão da reconvenção em processos coletivos, desde que "para tal pretensão o substituto tenha legitimação extraordinária passiva", 10 conforme autoriza o art. 343, § 5.º. Há, portanto, na ação coletiva derivada, uma inversão de polos advinda do processo originário, sendo importante tal classificação, uma vez que nas ações derivadas, é mais simples a sua admissão no ordenamento. Ela decorreria da mera existência de um processo coletivo ativo e não haveria a necessidade de análise da existência de previsão no ordenamento jurídico etc. No direito estrangeiro, em termos de países do civil law, há expressa previsão apenas na Noruega e em Israel, sendo também admitida na Colômbia, Paraguai, Venezuela, Argentina e Chile, embora, nesses últimos países, não haja previsão expressa. Já nos países de common law, todos reconhecem a sua possibilidade. 11 Na atualidade, a despeito de opiniões contrárias, tem se admitido, na praxe forense, a existência de diversas ações coletivas passivas, pois tanto o princípio do acesso à justiça, 12 como o princípio da efetividade da jurisdição e ainda o princípio da inafastabilidade da jurisdição 13 apontam para o seu cabimento. O STJ, por exemplo, em conflitos coletivos de terra, nos casos em que alguém pretende recuperar um terreno invadido por uma coletividade de sujeitos vinculados a uma entidade despersonalizada, tem adotado um tratamento coletivizado da demanda, por mais que não o admita expressamente. Como seria inviável a citação de todos esses invasores, apenas os líderes dos invasores são citados e apenas eles passam a fazer parte do polo passivo da demanda. Os demais réus, supostamente desconhecidos, são citados apenas por edital. 14 Destaca a doutrina que, por mais que esse procedimento não se utilize do procedimento da ação civil pública, o regime é coletivo. A sentença será imposta aos demais invasores, que não poderão rediscutir o mérito, apenas podendo se opor caso demonstrem, por exemplo, a ausência de representatividade adequada. 15 Não seria razoável supor que, pela mera ausência de regulamentação expressa, fosse inadmitida a existência da ação coletiva passiva. 16 Nesses casos, é importante a atuação criativa do Judiciário, 17 de modo a construir um procedimento que permita a tutela efetiva de tais deveres coletivos. 18 Como bem aponta Antonio Gidi, as ações coletivas passivas são benéficas ao ordenamento jurídico, pela sua capacidade de aumentar a economia processual, o acesso à justiça,a efetivação do direito material e o desencorajamento da prática de condutas ilícitas. 19 Para alguns doutrinadores, o grande óbice à existência, de lege lata, dos processos coletivos passivos seria o art. 6.º do CPC/1973, uma vez que não haveria previsão expressa para a legitimação extraordinária no polo passivo de ações coletivas. 20 Para essa doutrina, o art. 6.º, ao exigir autorização por lei para a legitimação extraordinária, haveria o impedimento de uma construção a partir de outras normas do ordenamento jurídico. No entanto, conforme aponta Diogo Campos Maia, conferir interpretação restritiva a esse dispositivo é atentar contra o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, uma vez que há casos que só podem ser resolvidos adequadamente pela demanda em face de agrupamentos humanos. 21 Esse princípio, inserto no art. 5.º, XXXV, da CRFB, deve sempre ser interpretado como o direito de obter do Poder Judiciário a tutela jurisdicional adequada, 22 não tendo caráter meramente formal. Como bem afirma José de Moura Rocha, "ao ser interpretada a lei, extraindo-se dela um certo significado não se pode deixar de se ter em consideração todo o Direito". 23 Toda essa construção é resumida de forma bastante esclarecedora por Luiz Guilherme Marinoni, que assim afirma: "A compreensão do direito de ação como direito fundamental confere ao intérprete luz suficiente para a complementação do direito material pelo processo e para a definição das linhas desse último na medida das necessidades do primeiro. Ou seja, a perspectiva do direito fundamental à efetividade da tutela jurisdicional permite que o campo da proteção processual seja alargado, de modo a atender a todas as situações carecedoras de tutela jurisdiccional". 24 Assim, o art. 6.º do CPC/1973 deve ser interpretado no sentido de que a legitimação extraordinária deve ser admitida não apenas nos casos em que haja autorização expressa, mas também nas hipóteses em que ela possa ser identificada no ordenamento jurídico enquanto sistema. 25 Com essa interpretação mais ampla, deve ser permitido, ao indivíduo ou ente coletivo que teve seu direito lesado, demandar contra agrupamentos humanos de forma efetiva. Utilizando-se do exemplo de Diogo Campos Maia, em que 80 famílias invadiram um prédio do INSS, só haveria tutela jurisdicional adequada para a demanda do grupo. Contra o grupo, ao contrário, haveria a necessidade de processo judicial com cada uma das famílias atuando como litisconsortes passivas, o que seria inviável. 26 O CPC/2015 modifica a redação do CPC/1973 e prevê, no art. 18, o seguinte: "Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico". Ao se modificar a expressão "salvo quando autorizado por lei" do art. 6.º do CPC/1973, para "salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico", a interpretação de que a legitimação extraordinária apenas poderia ser criada por expressa autorização legal não poderá mais ser sustentada, sendo possível a sua identificação por meio do ordenamento jurídico enquanto sistema, 27 por exemplo, por derivação de normas constitucionais. Muito embora já seja possível uma interpretação ampliativa do texto normativo, o CPC/2015 tem o potencial de auxiliar na maior abertura das possibilidades de criação de legitimações extraordinárias a partir de uma interpretação do ordenamento jurídico como um todo e para a admissão dos processos coletivos passivos. No mais, ainda seria possível citar o art. 83 do CDC que, ao possibilitar qualquer espécie de ação para a defesa dos direitos e interesses protegidos pelo referido código, pode ser interpretado como uma autorização às ações coletivas passivas, tal qual ocorre na autorização para as class actions nos EUA, em que não se limita seu cabimento para o polo passivo ou ativo. Ada Pellegrini Grinover busca fundamentação para a sua admissão no art. 5.º, § 2.º, da Lei de Ação Civil Pública afirmando que este, ao permitir que o Poder Público e associações legitimadas habilitem-se como litisconsortes de qualquer das partes, permitiria a interpretação de que "a demanda pode ser intentada pela classe ou contra ela". 28 Há, ainda, quem se utilize do art. 107 do CDC, que permite a convenção coletiva de consumo. Nesse artigo há a possibilidade de estabelecimento de um ato bilateral entre fornecedores e consumidores acerca dos direitos e deveres das partes e que, em caso de descumprimento permitiria o ajuizamento de ação coletiva tendo, em cada polo, um representante de grupo. 29 A partir do CPC/2015, surge opinião doutrinária defendendo que é possível identificar autorização expressa para o cabimento da ação coletiva passiva. Esta poderia ser admitida especialmente nas ações possessórias, em que haja dificuldade para identificar todos os réus, atraindo a incidência do art. 319, § 3.º, do CPC/2015, que autoriza a citação mesmo sem ter toda a identificação do réu. Além disso, o art. 554, § 1.º trabalha com ações possessórias em que figurem no polo passivo um grande número de pessoas, com a citação pessoal apenas daqueles que se encontrem no local. Essas hipóteses podem, por diversas vezes, envolver uma coletividade não identificável, unida entre si por circunstâncias de fato (art. 81, parágrafo único, I, do CDC) ou jurídicas (art. 81, parágrafo único, do CPC/1973). O mesmo texto normativo ainda exige a intimação do Ministério Público e, caso envolva pessoas em situação de hipossuficiência econômica, também da Defensoria Pública. No caso, tais entes iriam atuar como uma espécie de legitimados coletivos, garantindo o devido processo legal para a eventual coletividade não passível de identificação. 30 De qualquer forma, a despeito das controvérsias doutrinárias, admitindo-se ou não academicamente a sua possibilidade, o processo coletivo passivo já é uma realidade em nosso ordenamento jurídico, 31 motivo pelo qual se mostra necessária uma tentativa de sistematização da matéria, 32 auxiliando, assim, o dia a dia de nossos tribunais e profissionais ao lidarem com o tema. 33 Inclusive, na seara trabalhista, já se lida com grupos no polo passivo há certo tempo, por meio dos dissídios coletivos, havendo certa experiência, que pode ser utilizada para os demais ramos. 34 Percebe-se, portanto, que as polêmicas sobre o tema existem desde a sua própria admissão em nosso sistema. Afora a sua admissão, há, ainda, inúmeros questionamentos acerca do tratamento do processo coletivo passivo, razão pela qual se escolheu, no presente artigo, limitar-se ao tema da coisa julgada. Optou- se por essa restrição temática tendo em vista ser ainda ponto em que ainda existe grande polêmica doutrinária, justamente pela falta de regulação expressa, havendo vários posicionamentos que serão analisados oportunamente. De qualquer forma, é imprescindível a sistematização da temática a partir da admissão de lege lata da ação coletiva passiva, de modo a dirimir as dúvidas existentes sobre o tema. Os projetos existentes, mesmo os já arquivados, preveem a introdução de uma regulamentação expressa acerca do tema, dirimindo, de vez, as dúvidas sobre sua possibilidade, seu procedimento, legitimidade e coisa julgada. Em seguida à análise das possibilidades admitidas com base na legislação atual, objetiva-se fazer uma análise das diferentes propostas existentes a respeito da regulamentação da coisa julgada prevista nos inúmeros projetos sobre o processo coletivo. 2. Do processo coletivo passivo No Brasil, sofremos, em parte, com o mesmo problema encontrado nos EUA. Nessepaís, embora haja previsão expressa do processo coletivo passivo, 35 não há um tratamento adequado sobre o procedimento a ser utilizado, bem como o regime da coisa julgada. 36 De forma resumida, o procedimento da defendant class action americana difere da plaintiff class actions. Naquele país é necessária a comprovação, pelo autor, de que se trata de uma ação coletiva passiva, conquanto na plaintiff class actions, isso seria ônus do representante adequado (ente coletivo). Da mesma forma, ao autor incumbirá a demonstração de que o membro da classe demandada é o representante adequado. 37 Outro detalhe seria a inadmissibilidade do right to opt out, 38 pois do contrário, todos os representados acabariam por exercê-lo. É perceptível que, para a disciplina do processo coletivo passivo, não basta apenas inverter o regime ativo para o passivo. Essa inversão pura e simples mostra-se inadequada em alguns casos em que o processo simplesmente não teria qualquer eficácia perante os legitimados passivos. 39 O regime deve ser, portanto, adaptado à realidade do processo coletivo passivo, com a observação das suas particularidades. No ordenamento jurídico brasileiro, não há o costume da criação de todo um procedimento ope judicis, mas em face da impossibilidade de a atividade legislativa acompanhar a evolução das sociedades complexas, passa a ser necessário que o intérprete, em alguns casos, realize um esforço argumentativo para solucionar os novos tipos de conflitos não previstos pelo texto normativo. 40 Muito embora não seja o tema próprio deste artigo, é importante mencionar a questão da legitimidade, porque, a depender do caminho adotado, diferente também será a posição adotada para o regime da coisa julgada. No Brasil, para a ação coletiva ativa, muito embora seja mencionado costumeiramente que a legitimação seria ope legis, pelo fato de os legitimados já estariam inseridos na legislação, há vozes na doutrina em sentido contrário 41 e até algumas manifestações na jurisprudência. 42 Para esses autores, haveria um sistema misto, já que além de estar presente na legislação, haveria uma análise in concreto da atividade da parte para ser auferida a sua legitimidade. 43 Transferindo esse entendimento para o processo coletivo passivo, entendemos a necessidade de valorização do controle in concreto da representação exercida pelo legitimado, uma vez que a escolha do legitimado passivo é feita pelo autor e, admitindo-se uma modalidade ope legis, seria muito mais cômodo ao autor simplesmente buscar o elemento mais fraco, de modo a aumentar as suas chances de vitória. Como bem aponta Camilo Zufelato, ao se referir à ação coletiva passiva, a representatividade adequada "trata-se de condição imprescindível ao processo, sem a qual não há como se admitirem as ações", sendo uma exigência de natureza constitucional, ligada ao contraditório. 44 Cabe aqui uma observação ao autor Jordão Violin que defende caber ao demandado a demonstração da sua representação adequada, posição esta que atenta contra a efetividade do próprio processo coletivo passivo, tendo em vista que, inserindo tal ônus para o réu, 45 a sua postura de inércia em fazê-lo daria a entender, para o magistrado, que ele não seria o representante adequado. De certa forma, ele seria forçado a reconhecer a ausência de representatividade adequada, sob pena de gerar forte prejuízo para os representados, que teriam uma atuação processual frágil, dificultando o seu direito a um processo justo. Mais adequada é a utilização da interpretação dada no direito americano, que transfere esse ônus ao autor que deve, ao propor a demanda, demonstrar que o ente escolhido como legitimado passivo é adequado, de modo a impedir práticas que violem a efetividade do processo. 46 Inclusive, essa situação é mais uma hipótese em que se demonstra que, para a construção de um procedimento adequado para as ações coletivas, não se pode simplesmente inverter o raciocínio aplicado às ações coletivas ativas. Muito embora, em uma ação coletiva ativa, caso seja utilizado o controle ope judicis da representação adequada esse ônus seja do sujeito coletivo, tal lógica simplesmente não se mostra adequada nos processos coletivos passivos, sob pena de diminuir bastante a efetividade de tais processos. No processo coletivo passivo, esse ônus deve ser do autor, seja ele detentor de um direito individual ou coletivo e não do réu. 3. O regime da coisa julgada no processo coletivo passivo 3.1. Breves notas sobre a coisa julgada no processo coletivo ativo A coisa julgada, no regime coletivo, é tratada de modo bastante diverso do adotado nas ações individuais. Isso porque nessas, ela atinge apenas aqueles que participaram efetivamente do processo, tendo eficácia apenas inter partes além de ser, via de regra, formada pro et contra, ou seja, independentemente do resultado do processo. Esse regime da coisa julgada é justificado, dentre outros motivos, pelo fato de que apenas as partes que tiveram possibilidade de exercer o contraditório e a ampla defesa é que poderiam se sujeitar diretamente aos efeitos da coisa julgada. 47 No entanto, com o surgimento dos novos direitos transindividuais, percebeu-se que o regime clássico da coisa julgada era, em geral, inadequado para a definição 48 de tais litígios, sendo necessária toda uma reforma no entendimento da doutrina sobre a temática. O Brasil adotou, para o processo civil coletivo, regime regulado pelo art. 103 do CDC, em que a coisa julgada nos processos coletivos obedece três regimes diversos, a depender da espécie de direito ou interesse tutelado. Nos direitos difusos e coletivos, para os representantes coletivos, o regime da coisa julgada será secundum eventum probationis, ou seja, a coisa julgada material só será produzida se a demanda for julgada improcedente e houver provas suficientes para a demonstração dos fatos alegados na demanda. Caberá, então, ao réu, demonstrar a "suficiência" das provas, para que a improcedência impeça a utilização de uma nova ação coletiva, com base em novas provas. Em relação aos substituídos, o regime da coisa julgada será secundum eventum litis, só havendo a extensão dos seus efeitos se a demanda for julgada procedente. A bem da verdade, a questão está ligada à própria origem desses direitos, uma vez que, pelo seu caráter eminentemente coletivo, sequer poderiam ser veiculados por meio de ação individual, pois a causa de pedir seria sempre diversa da coletiva. Nos direitos individuais homogêneos, o regime para os representantes coletivos é igual. Já no caso dos substituídos, a coisa julgada só terá eficácia erga omnes, sendo formada secundum eventum litis quando julgada procedente. Assim, julgada improcedente, não atingirá os substituídos que não tiverem intervindo como litisconsortes, sendo possível que eles se utilizem, posteriormente, de ação individual contendo o mesmo tema julgado anteriormente. Cabe, aqui, um esclarecimento. Quando se fala em coisa julgada secundum eventum litis nas ações coletivas, está se referindo à sua extensão para beneficiar os titulares dos direitos individuais e não à sua formação em relação aos entes coletivos. Antonio Gidi afirma o seguinte: "A coisa julgada sempre se formará, independentemente de o resultado ser pela procedência ou pela improcedência. A coisa julgada nas ações coletivas se forma pro et contra. O que diferirá com o 'evento da lide', não é a formação ou não da coisa julgada, mas o rol de pessoas por ela atingida". 49 Sendo assim, havendo instrução suficiente, a coisa julgada, independentementedo resultado, será formada em face dos entes coletivos, mas só atingirá os titulares individuais do direito em questão se a demanda for julgada procedente. Este é, em suma, o regime da coisa julgada no processo coletivo ativo, passando-se agora ao tema inserido no processo coletivo passivo e a possibilidade ou não da utilização de tal regime e as adequações necessárias. 3.2. A coisa julgada no processo coletivo passivo No caso do polo passivo, devem ser analisadas duas situações diversas que merecem, também, um regime diverso, no que toca à coisa julgada. O primeiro caso é o das ações duplamente coletivas, em que há dois entes coletivos litigando e o segundo é o da ação coletiva passiva ordinária, em que há um indivíduo no polo ativo e um grupo no polo passivo. 3.2.1. As ações duplamente coletivas No caso da ação duplamente coletiva, o regime da coisa julgada não deve ser analisado sob o prisma do art. 103 do CDC. Nesse caso, por existirem grupos em ambos os lados, com base em direitos coletivos, não deve ser aplicado o regime do Código de Defesa do Consumidor. A expansão da coisa julgada deve ser produzida pro et contra, em face da existência de dois polos equivalentes, independente da espécie de direito coletivo. Diogo Campos Maia sustenta que "se se enfrentarem direitos de natureza distinta, neste caso, prevalecerá a regra do de natureza mais abstrata". 50 Assim, "a regra de formação da coisa julgada dos direitos difusos precede à dos direitos coletivos em sentido estrito que, por sua vez, precede à dos direitos individuais homogêneos". 51 Não parece haver motivos para diferenciar o regime da coisa julgada, a depender da espécie de direito coletivo, pois o que importa, no caso, é a existência de grupos nos dois polos e não a espécie de direito em questão. 52 O regime diferenciado da coisa julgada só deve ser admitido quando um dos polos não é um ente coletivo. 53 3.2.2. As ações coletivas passivas ordinárias No caso da ação coletiva passiva ordinária, o tema é mais complexo, não sendo possível nem a utilização do regime tradicional da coisa julgada e nem a mera transposição do art. 103 do CDC, que, na hipótese, não será capaz de solucionar todos os problemas de forma eficaz, como será demonstrado. 3.2.2.1. Direitos difusos e coletivos Quanto aos direitos difusos e coletivos strictu sensu Diogo Campos Maia propõe a inversão pura e simples do art. 103 do CDC; defende que "a sentença de improcedência sempre fará coisa julgada. A decisão de procedência, no entanto, só fará coisa julgada se baseadas em provas suficientes para formar o convencimento do julgador". 54 Ele insere, portanto, o ônus da prova no autor individual, que deverá trazer elementos aos autos capazes de gerar o convencimento adequado do julgado. 55 Finaliza a sua colocação afirmando que "a coisa julgada envolvendo direitos difusos e coletivos em sentido estrito não prejudicará interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade". 56 Jordão Violin traça outro caminho, por não entender possível que o ônus da prova recaia no autor individual. Para o autor, que afirma ser necessária a análise da representação adequada, a "sentença de procedência contra a coletividade só fará coisa julgada se houver representação adequada". 57 Sendo assim, defende que a mera inversão dos incs. I e II do art. 103 do CDC não seria perfeita, por resultar na distinção dentre "procedência com provas suficientes" e "procedência por insuficiência de provas", 58 o que não parece ser logicamente possível. Seria ilógico admitir-se uma sentença de procedência baseada na insuficiência de provas. Note-se que, de fato, a sentença de improcedência sempre estará apta à formação da coisa julgada, havendo certa polêmica quanto aos casos em que pode ser prolatada sentença de procedência, havendo contraposição das posições assumidas pelos autores citados. No caso da procedência, coadunamos com as críticas realizadas por Jordão Violin em relação a posicionamento de Diogo Campos Maia e de Ada Pellegrini Grinover. Ocorre que seria por demais rigoroso deixar todo o ônus da prova ao encargo do autor, "que deverá se esmerar para provar todo o alegado, com o objetivo de conseguir obter sentença de procedência com fundamento nas provas dos autos". 59 Mais razoável, para esse caso, seria a posição em que seria analisada a representação adequada como pressuposto para a extensão dos efeitos da coisa julgada 60 e não a "suficiência de provas". Portanto, havendo a configuração da representação adequada, a coisa julgada será produzida na procedência, não cabendo a análise sobre a suficiência de provas, ou não. 61 No entanto, tendo em vista que a representação adequada seria um requisito de eficácia do processo coletivo, é possível ao substituído, ou mesmo a outro legitimado coletivo passivo demonstrar, posteriormente, a inexistência de representação adequada. 62 Um exemplo pode facilitar a afirmação: se, em determinado processo, houver o resultado da procedência em razão da insuficiência de atividade probatória sobre um fato impeditivo do direito do autor, poderá haver a demonstração de que isso foi causado pela representação inadequada do legitimado passivo, não sendo, portanto, eficaz o processo. Perceba-se que a falta de atividade probatória não gera, necessariamente, a representação inadequada, até porque, se assim o fosse, voltaríamos à posição de Diogo Campos Maia que defende a imposição de todo o ônus probatório ao autor. O desafio da parte autora, no caso, é no sentido da argumentação sobre a representação adequada do legitimado passivo, de forma a impedir futuras alegações sobre essa representação. Em suma, ocorre o seguinte na ação coletiva passiva que verse sobre direitos difusos e coletivos: a sentença de improcedência sempre produzirá a coisa julgada, apta a atingir todos os substituídos. No entanto, no caso da procedência, o regime é diverso, pois a extensão dos efeitos da coisa julgada dependerá do preenchimento do requisito de eficácia da representação adequada. 3.2.2.2. Direitos individuais homogêneos No caso dos direitos individuais homogêneos, a professora Ada Pellegrini Grinover defende a tão só inversão do art. 103 do CDC, ou seja, a sentença de procedência não atingiria os representados. 63 Outra é a posição defendida por Diogo Campos Maia, que, por entender inadequada a mera reversão do art. 103, III, do CDC, propõe a utilização do regime atinente aos direitos transindividuais, cabendo, da mesma forma, ao autor individual o ônus probatório integral. 64 Flávia Hellmeister Clito Fornaciari, afirma que, "com base na lei posta, é de se rejeitar qualquer pretensão que verse sobre direitos individuais homogêneos, pois a ação passiva seria inócua". 65 Segundo a autora, a simples inversão do regime da coisa julgada ativa seria completamente inefetivo e não seria possível a construção de outro regime de lege lata sobre o tema. Jordão Violin realiza uma proposta de lege lata a partir de uma mudança de perspectiva, em que, "ao invés de se pensar no legitimado coletivo como um representante do grupo, deve-se encará-lo como um representante dos interesses do grupo". 66 Para o autor, uma vez configurada a representação adequada, haveria a expansão dos efeitos da sentença para a esfera individual dos representados. 67 Essa parece ser a interpretação mais adequada. A posição de Ada Pellegrini torna o processo coletivo passivo inútil, por não obrigar os representados e a de Diogo Campos Maia impõe um ônus da prova excessivamente rigoroso. De toda forma, haverá, no processo coletivo passivo, a necessidade de análise do regime da representaçãoadequada, do qual ele é bastante dependente. Como a coisa julgada irá atingir os representados, não havendo como admitir que eles não possam ser por ela abrangidos, sob pena de se mutilar toda a eficiência do processo, mais do que no processo coletivo ativo, a questão da representatividade adequada é ainda mais relevante, sendo o ponto nevrálgico para se verificar a configuração da coisa julgada no caso concreto. É perceptível que ainda há bastante polêmica em relação ao tema, em face da inexistência de tratamento legal específico, o que acaba requerendo um exercício interpretativo da doutrina e da jurisprudência. Portanto, afigura-se imprescindível ao magistrado, ao proferir decisão julgando um processo coletivo passivo, que este aponte o regime da coisa julgada adotado, de modo a permitir às partes terem conhecimento do comportamento a ser tomado após o trânsito em julgado, que pode ser diametralmente diverso a depender da posição adotada. 4. Análise do regime da coisa julgada passiva nos anteprojetos de códigos de processos coletivos Existem diversos anteprojetos que propõem um novo tratamento ao processo coletivo, em especial ao passivo, quando, pela primeira vez pode vir a receber menção expressa na legislação. 68 Muito embora não exista anteprojeto com possibilidade de ser aprovado em curto prazo no Brasil, afigura-se importante uma análise crítica das diferentes análises proposta pelos nossos códigos, de modo a contribuir para o estudo da temática. O primeiro texto analisado é o proposto pelo Código Modelo de Processos Coletivos, elaborado pelo Instituto Ibero-americano de Direito Processual, que, em seu art. 36, dispõe o seguinte: "Coisa julgada passiva: interesses ou direitos difusos - Quando se tratar de interesses ou direitos difusos, a coisa julgada atuará erga omnes, vinculando os membros do grupo, categoria ou classe". A opção é boa, 69 pois a coisa julgada, em face da impossibilidade de fracionamento da situação jurídica passiva, nos casos de interesses ou direitos difusos, terá eficácia erga omnes, sendo pro et contra, ou seja, formada independente do resultado. Por conseguinte, sendo a demanda julgada procedente ou improcedente, vinculará todos os membros do grupo representado. Vale mencionar que o Código Modelo não realiza a distinção entre direitos difusos e coletivos, como se infere do se art. 1.º, em que há apenas a divisão entre os difusos e os individuais homogêneos. Consoante bem percebe Elton Venturi, é opção adequada, "na medida em que em ambos os casos, em caso de procedência da ação coletiva, os efeitos da coisa julgada serão extensíveis erga omnes" e pela inexistência de distinções ontológicas entre eles. 70 Dessa forma, quando nos referimos aos direitos difusos, à luz do Código Modelo, inserimos nessa categoria, também, os atuais direitos coletivos. O mesmo Código dispõe sobre a coisa julgada no caso dos interesses individuais homogêneos em seu art. 37: "Coisa julgada passiva: interesses individuais homogêneos - Quando se tratar de interesses ou direitos individuais homogêneos, a coisa julgada atuará erga omnes no plano coletivo, mas a sentença de procedência não vinculará os membros do grupo, categoria ou classe, que poderão mover ações próprias ou defender-se no processo de execução para afastar a eficácia da decisão na sua esfera jurídica. Parágrafo único. Quando a ação coletiva passiva for promovida contra o sindicato, como substituto processual da categoria, a coisa julgada terá eficácia erga omnes, vinculando individualmente todos os membros, mesmo em caso de procedência do pedido". A proposta não é boa. De acordo com o art. 37, a coisa julgada é pro et contra, tendo eficácia erga omnes, mas apenas no plano coletivo. Ela não irá vincular os membros do grupo representado, o que não é aconselhável, por acabar atingindo frontalmente a eficiência do processo coletivo passivo. 71 Fredie Didier Jr. utiliza-se de um exemplo para demonstrar a inadequação da proposta: uma Universidade ingressou com ação possessória contra uma associação de estudantes por conta da invasão de um de seus prédios. 72 Adotado o art. 37, a ação não teria nenhuma efetividade, pelo simples fato da impossibilidade de sua execução em face dos alunos. É perceptível, portanto, que o Código Modelo de Processos Coletivos, ao tratar da coisa julgada perante direitos individuais homogêneos é inefetiva, tornando o processo quase inútil. Tal inadequação é ainda mais ressaltada pelo seu parágrafo único, que impõe a vinculação dos membros do sindicato. Não é razoável que apenas os membros do sindicato estejam vinculados pela coisa julgada e, nos demais casos, não. Ainda sobre a coisa julgada, mesmo que indiretamente, é importante mencionar o art. 38, 73 o qual se refere à aplicação, ao processo coletivo passivo, das disposições acerca do processo coletivo ativo no que forem compatíveis. Sendo assim, adota-se, para o processo coletivo passivo, o requisito da representatividade adequada (art. 2.º), 74 permitindo-se, assim como defendido, que a coisa julgada seja formada pro et contra e possa vincular os representados independente do resultado da demanda. Há, ainda, o Anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos, elaborado pelo instituto brasileiro de direito processual, que regula a coisa julgada no processo coletivo passivo em seu art. 39: "A coisa julgada atuará erga omnes, vinculando os membros do grupo, categoria ou classe, aplicando-se ao caso as disposições do artigo 12 deste Código, no que dizem respeito aos interesses ou direitos transindividuais". A proposta de início é boa, por vincular os membros do grupo no caso de procedência da demanda. No entanto, o código padece de um vício inexplicável, pois não prevê a existência do processo coletivo passivo que trate de direitos individuais homogêneos. 75 Não sabemos o motivo para tamanha limitação à ação coletiva passiva, vício esse que atinge frontalmente sua efetividade, sendo, portanto, um projeto ainda mais inefetivo do que aquele proposto pelo Instituto Ibero-americano de direito processual, que, pelo menos, admite esse tipo de processo coletivo perante qualquer tipo de direito coletivo. O Código de Processo Coletivo: um modelo para países de direito escrito, elaborado por Antonio Gidi, deve também ser analisado devido à grande importância do autor na evolução doutrinária acerca dos processos coletivos. Esse código prevê uma boa e simples solução ao afirmar, em seu art. 28.1, o seguinte: "O membro do grupo será vinculado pela sentença coletiva independentemente do resultado da demanda, ainda que não seja membro da associação que o representou em juízo". Assim, o modelo proposto por Antonio Gidi, que deve ser pensado a partir da representatividade adequada, disciplinada pelo art. 18, é interessante. Isso porque não sofre das limitações daquele anteprojeto elaborado pelo Instituto Ibero-Americano, que acaba por limitar a efetividade desse tipo de processo. Em sentido semelhante, dispõe o Anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos, elaborado no âmbito dos programas de pós-graduação da UERJ e UNESA aponta o seguinte: "Art. 43. Coisa julgada passiva - A coisa julgada atuará erga omnes, vinculando os membros do grupo, categoria ou classe". Ainda sobre o referido anteprojeto é importante mencionar que, em sua exposição de motivos, 76 Aluísio Gonçalves de Castro Mendes reforça o cuidado do anteprojeto em solucionar o problema da efetividade da ação coletiva passiva, ao estender a coisa julgada aos membros do grupo representado, independente daespécie de direito coletivo, vinculando os membros do grupo também nas ações que versem sobre direitos individuais homogêneos. Esse é, em suma, o panorama dos anteprojetos de códigos de processo coletivo que tratam do processo coletivo passivo. Pela breve análise realizada, tanto o Anteprojeto Original, como o elaborado no âmbito dos programas de pós-graduação da UERJ e UNESA, parecem ser o que maiores cuidados tiveram com a disciplina da coisa julgada na ação coletiva passiva, por construírem um modelo que é, ao mesmo tempo, simples e efetivo. 5. Conclusão Neste ensaio, tivemos o objetivo de contribuir para a evolução dos estudos a respeito do processo coletivo passivo, que ainda necessita de bastante discussão no Brasil, de modo que se construa um procedimento adequado ao direito material lesionado. Parece possível admitir, de lege lata, a admissão do processo coletivo passivo no ordenamento jurídico brasileiro, em especial, pelas alterações legais promovidas pelo CPC/2015, que amplia a possibilidade da legitimação extraordinária. A admissão do processo coletivo passivo exige um tratamento específico a respeito da representatividade adequada, sem a qual não seria possível admitir a formação de uma coisa julgada que possa atingir os representados. Especificamente sobre o regime da coisa julgada no âmbito do processo coletivo passivo ainda é alvo de grande polêmica doutrinária, sendo importante a busca contínua de uma interpretação que permita a maior efetividade ao processo, ao mesmo tempo em que preserve o devido processo legal. Existem diversos anteprojetos de códigos de processos coletivos que preveem expressamente a existência da ação coletiva passiva, embora alguns deles ainda possuam um regime muito tímido acerca da coisa julgada, que acabaria por retirar parte de sua efetividade. É importante mencionar tanto o projeto do professor Antonio Gidi, como o liderado por Aluisio Gonçalves Castro Mendes, que se destacam no tratamento do tema. 6. Referências bibliográficas ANDRIGHI, Fátima Nancy. Reflexões acerca da representatividade adequada nas ações coletivas passivas. In: ALVAREZ, Anselmo Prieto; BRUSCHI, Gilberto Gomes; MOREIRA, Alberto Camiña (coord.). 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