Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Regina Mara Malpighi Santos Psicologia e Comportamento Organizacional É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Psicologia e Comportamento Organizacional, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidisciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital ApReSentAção SUMÁRIo IntRoDUção .................................................................................................................................................... 5 1 pSICoLoGIA: ConCeIto e HIStÓRIA ........................................................................................... 7 1.1 Histórico ...............................................................................................................................................................................7 1.2 Primeiras Escolas em Psicologia Científica ..............................................................................................................9 1.3 Principais Escolas na Psicologia do Século XX .................................................................................................... 10 1.4 Psicologia Científica X Senso Comum .................................................................................................................... 13 1.5 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 15 1.6 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 15 2 AtRIBUIçÕeS e ÁReAS De AtUAção DoS pSICÓLoGoS ..........................................17 2.1 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 19 2.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 20 3 teoRIAS DA peRSonALIDADe .......................................................................................................21 3.1 Teoria Psicanalítica ........................................................................................................................................................ 21 3.2 Teoria Analítica ............................................................................................................................................................... 23 3.3 Teoria Humanista da Personalidade de Carl Rogers ......................................................................................... 25 3.4 Teoria da Personalidade .............................................................................................................................................. 25 3.5 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 26 3.6 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 27 4 InteLIGÊnCIA .............................................................................................................................................29 4.1 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 31 4.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 31 5 LInGUAGeM .................................................................................................................................................33 5.1 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 34 5.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 34 6 eMoçÕeS .......................................................................................................................................................35 6.1 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 36 6.2 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 37 7 CoMUnICAção .........................................................................................................................................39 7.1 Comunicação Intercultural ........................................................................................................................................ 40 7.2 Comunicação Eficaz ...................................................................................................................................................... 41 7.3 Resumo do Capítulo ..................................................................................................................................................... 41 7.4 Atividades Propostas.................................................................................................................................................... 42 8 o InDIVÍDUo e A oRGAnIZAção ................................................................................................43 8.1 Fundamentos do Comportamento Individual ................................................................................................... 43 8.2 Atitudes, Valores, Percepção e Aprendizagem ................................................................................................... 44 8.3 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................46 8.4 Atividades Propostas...............................................................................................................................................46 9 teoRIA DA MotIVAção ................................................................................................................ 47 9.1 Teoria das Hierarquias das Necessidades de Maslow ..................................................................................47 9.2 Teoria dos Dois Fatores (Herzberg) ....................................................................................................................48 9.3 Teoria ERG (Clayton Alderfer) ...............................................................................................................................499.4 Teoria da Equidade ..................................................................................................................................................49 9.5 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................50 9.6 Atividade Proposta ..................................................................................................................................................50 10 CoMpoRtAMento oRGAnIZACIonAL .......................................................................... 53 10.1 Diferenças entre Grupos e Equipes .................................................................................................................53 10.2 O Grupo e sua Estrutura ......................................................................................................................................54 10.3 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................56 10.4 Atividades Propostas ............................................................................................................................................56 11 MUDAnçA oRGAnIZACIonAL .............................................................................................. 57 11.1 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................58 11.2 Atividades Propostas ............................................................................................................................................59 12 LIDeRAnçA ........................................................................................................................................... 61 12.1 Características e Estilo do Líder ........................................................................................................................61 12.2 Líderes no Século XX ............................................................................................................................................62 12.3 Confiança ..................................................................................................................................................................63 12.4 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................65 12.5 Atividades Propostas ............................................................................................................................................65 13 CULtURA oRGAnIZACIonAL .................................................................................................. 67 13.1 Resumo do Capítulo .............................................................................................................................................68 13.2 Atividades Propostas ............................................................................................................................................68 14 ConSIDeRAçÕeS FInAIS ............................................................................................................ 69 ReSpoStAS CoMentADAS DAS AtIVIDADeS pRopoStAS ..................................... 71 ReFeRÊnCIAS ............................................................................................................................................. 77 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 IntRoDUção Caro(a) aluno(a), O objetivo geral, do curso, é oferecer subsídios para um estudo sobre a ciência Psicologia e sua aplicabilidade no dia a dia, analisando conceitos importantes para a compreensão do comportamento do ser humano. A apostila, assim como o curso, abordará a história da Psicologia, as principais influências ao longo dos anos, as atitudes, percepções, motivações e satisfação do indivíduo no contexto onde está inserido. Abordaremos as teorias e conceitos por diferentes autores, fazendo uma relação com o indivíduo, a so- ciedade e a organização. Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado de forma a promover uma relação entre o ser humano e sua complexidade, além de mostrar as transformações das teorias ao longo dos processos estudados. Dessa forma, analisaremos as funções e aplicações da Psicologia em diferentes atuações, a impor- tância das teorias da personalidade para conhecer a si mesmo e o outro, os conceitos sobre inteligência, linguagem e comunicação para compreendermos melhor o comportamento do ser humano. Discutiremos a importância de uma base para o desenvolvimento comportamental e cognitivo do indivíduo, a importância de se sentir e pertencer a um grupo, para sua própria realização e satisfação, além de compreendermos como isso influencia e afeta o comportamento dentro da sociedade e da or- ganização onde se está alocado, aumentando ou diminuindo a sua produtividade e seu desempenho. Após isso, veremos as teorias motivacionais na visão de diferentes autores, os conceitos sobre lide- rança, e sua importância na condução de um grupo além das suas influências, mudanças individuais e organizacionais, cultura organizacional e as psicopatologias que podem contribuir com o desempenho do indivíduo, entendendo assim o quanto pode afetar a organização, o outro e a si próprio. Finalizando, buscamos trazer uma melhor compreensão da Psicologia, através do estudo do indiví- duo como um todo, desmistificando conceitos errôneos e a credibilidade junto às demais ciências. Será um prazer estarmos juntos neste módulo, espero contribuir com o desenvolvimento dos seus conhecimentos, colocando-me à sua disposição para eventuais dúvidas. Grande abraço Profa. Regina Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 1 pSICoLoGIA: ConCeIto e HIStÓRIA Querido(a) aluno(a), Você sabe o que é Psicologia? Etimologica- mente falando, é formada por duas palavras gre- gas, Psiché que significa alma, espírito, e Logos que é estudo, discurso. Assim pode-se dizer que Psico- logia é o “estudo da alma”. Atualmente, a Psicologia é conhecida como a ciência que estuda o comportamento e os pro- cessos mentais. Pode-se entender por comporta- mento tudo aquilo que um organismo faz e que pode ser observado, e processos mentais são as ex- periências, as sensações, percepções, pensamen- tos, sentimentos que vivenciamos e expressamos através do comportamento. Várias ciências estudam o homem, como a Antropologia, Economia, Sociologia dando dife- rentes visões. Para Bock (2005), o objeto de estudo da Psicologia vai depender da área de cada um, se perguntarmos a um psicólogo comportamental qual o seu objeto de estudo este dirá é o estudo do comportamento. Se perguntarmos a um Psicólogo psicanalista, este dirá que é o estudo do incons- ciente. Portanto a diversidade de objetos de estudo é devido ao pouco tempo de existência da Psico- logia como ciência e porque os fenômenos psico- lógicos são diversos acarretando a construção de várias teorias para explicá-los. Você já deve ter ouvido falar que a história da Psicologia tem por volta de dois milênios e se inicia com os filósofos gregos. Filósofos como Platão e Aristóteles começa- ram a estudar o homem e sua interioridade. A alma ou espírito era concebido como parte imaterial do ser humano e envolvia: pensamento, sentimentos de amor e ódio, irracionalidade, desejo, sensação e percepção. Os filósofos pré-socráticos definiam a relação do homem com o mundo através da per- cepção. Desde esta época já existia uma oposição en- tre os idealistas: o mundo existe porque o homem o vê. A ideia forma o mundo. Já os materialistas consideram que o homem vê um mundo que já existe. A matéria que forma o mundodepende da percepção de cada um. Veja os principais pontos da Filosofia que contribuíram com a Psicologia: Sócrates (469-399 a.C.) preocupava- se com os limites que separa o homem dos animais. A principal característica humana era a razão, que era definida como peculiaridade do homem ou como essência do ser humano. A razão permite ao homem sobrepor-se aos instintos, que é a base da irracionalidade. Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates procurou definir um lugar para a razão no corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontrava a alma do homem. A medula seria a ligação da alma e do corpo. Ele entendia a alma como separada do corpo, com a morte o corpo- a matéria desaparecia e a alma ficava livre para ocu- par outro corpo. 1.1 Histórico Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Regina Mara Malpighi Santos Aristóteles (384-322 a.C.) importante pen- sador da história da filosofia inovou quando pos- tulou que o corpo e a alma não poderiam ser dis- sociados. A psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo que cresce, reproduz e se alimenta possui a sua psyché. Segundo ele, a divisão dos vegetais, animais e homens quanto à alma seria: Vegetais: teriam uma alma vegetativa e a função de alimentação e reprodução. Animais: possuem uma alma vegetativa e sensitiva e teriam a função de percep- ção e movimento. Homem: teria a alma vegetativa, sensi- tiva e a racional e diferente dos demais, teria a função pensante. Você se lembra de que a idade Média e o Im- pério Romano foram importantes, pois uma das principais características desse período foi o apa- recimento e desenvolvimento do cristianismo que possuía uma força religiosa que passava a ser a for- ça política dominante. Neste sentido, dois grandes filósofos repre- sentaram esse período: Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). Santo Agostinho, inspirado em Platão, tam- bém fazia a separação entre alma e corpo. A alma era a sede da razão e comprovava uma manifesta- ção divina no homem. A alma era imortal porque ligava o homem a Deus e também era a sede do pensamento. São Tomás de Aquino vive numa época em que nascia o protestantismo, transição para o capitalismo, da revolução francesa e revolução in- dustrial na Inglaterra. A crise econômica leva a so- ciedade ao questionamento dos conhecimentos produzidos pela igreja. Assim como Aristóteles, ele também fez a distinção entre essência e existência. O homem na sua essência busca a perfeição através de sua exis- tência. Só Deus seria capaz de reunir a essência e a existência igualmente. Portanto, a busca da perfeição pelo homem seria a busca de Deus e através de argumentos ra- cionais procurava justificar os dogmas da igreja, garantindo o monopólio dela no estudo do psi- quismo. Como você deve estar lembrado foi na época do Renascimento que vários eventos importantes ocorreram, tais como: descoberta de novas terras (América), do caminho para as Índias, rota do Pací- fico, acúmulo de riqueza de nações em formação (França, Itália, Espanha, Inglaterra); com isso come- ça uma nova organização econômica e social tra- zendo a valorização do homem. A história nos conta que vários avanços ocor- rem, fortalecendo a construção de conhecimentos científicos. O filósofo René Descartes (1596-1659) contribui postulando a separação entre mente e corpo, observa que o homem possui uma substân- cia material e uma substância pensante. Gostaria que você pensasse em uma máqui- na, como essa funciona? O corpo sem espírito é máquina sem motor, é morto. Esse dualismo per- mitiu o estudo do homem possibilitando o avanço da anatomia e da fisiologia, que contribuíram em muito com a Psicologia. No século XIX, o capitalismo trouxe o proces- so de industrialização, no qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 9 Em meados do século XIX, a ciência passa a ter um papel fundamental, pois leva o homem ver a construção de novos conhecimentos que antes eram regidos por dogmas religiosos. Temas que antes eram estudados pelos filó- sofos, passam a ser estudada também pela Fisio- logia e Neurofisiologia, descobrindo, por exemplo, que a doença mental poderia ter ação de diversos fatores sobre as células cerebrais. Na Neuroanato- mia a atividade motora nem sempre estaria ligada à consciência. Na Psicofísica, o estudo da fisiologia do olho e a percepção das cores acabam contri- buindo com a Psicologia Científica. Vários outros estudiosos e pesquisadores começam a definir o objeto de estudo da Psicolo- gia: comportamento, vida psíquica e consciência, passando a formular métodos de estudos e teorias, estabelecer critérios básicos importantes como co- nhecimento científico, dados que possam ser com- provados e servirem de experimentos para novas pesquisas. Você já deve ter ouvido falar que foi na Ale- manha, fim do século XIX, início do século XX, que Wundt, Weber e Fechner juntos na Universidade de Leipzig ajudam a Psicologia a ganhar status de ciência e se libertar da Filosofia, surgindo novas abordagens ou influências que vão dar origem a teorias que permanecem até hoje. Funcionalismo - William James (1842-1910): é considerada a primeira escola a se preocupar com “o que fazem os homens?” e “por que fazem?” (BOCK, 2005). Segundo o autor, a consciência é o centro de suas preocupações e busca a compreen- são de seu funcionamento na medida em que a usa para adaptar-se ao meio. James buscou entender os processos mentais como atividades necessá- rias para os seres vivos, dotados de emoção, ação, conhecimento e razão, procurando explicar que a mente funciona de forma continua, seletiva, e ca- pacita o homem a fazer escolhas. Estruturalismo - Edward Titchner (1867- 1927) preocupou-se em conhecer a consciência, nos aspectos estruturais - sistema nervoso central, onde para determinar a estrutura da mente, na tentativa de compreender os fenômenos mentais produzidos pelos estímulos ambientais. O conhe- cimento era desenvolvido em laboratório, ficando conhecido como Pai da Psicologia Experimental. Defendeu como método de estudo a intros- pecção (“olhar para dentro”) onde sujeitos procura- vam descrever as suas sensações através das carac- terísticas dos estímulos a que eram submetidos, ser contar o que já conheciam anteriormente. A escola tomou como característica os ter- mos que formam a estrutura da consciência ou mente: imagem, pensamento e sentimento através de uma experimentação ou observação. O objeto de estudo era a experiência em si que acontece antes da reflexão, a experiência ime- diata, livre de qualquer interpretação que possa in- cluir as sensações, sentimentos e emoções. Segundo Titchner, a mente é a junção de to- dos os fenômenos mentais, que podem ser dividi- do em sensação, imagens e sentimentos, podendo ter qualidade, intensidade, duração e vivacidade. Portanto, nomear a sensação, identificar a in- tensidade com que ela se apresenta e registrar sua duração são trabalhos do sujeito experimental na Psicologia. Associacionismo - Edward L. Thorndike (1874-1949) formulou a primeira teoria da apren- dizagem na Psicologia. Para qualquer indivíduo aprender precisa passar por processo de associar as ideias ao conteúdo, isto é, todo comportamen- to tende a ser repetido se não for castigado, o que denominou Lei do Efeito que seria o organismo as- sociar situações a outras semelhantes. 1.2 Primeiras Escolas em Psicologia Científica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Regina Mara Malpighi Santos Behaviorismo - John B. Watson (1913): pala- vra de origem inglesa que em português significa “comportamento”. Afirma que o objetode estudo é o comportamento observável, seja nos homens como nos animais, pensamentos ou linguagem, não passam de respostas fisiológicas complexas a estímulos externos. Neste sentido procurou determinar as leis que regiam a relação entre a ocorrência de certos eventos ambientais (estímulos) e o comportamen- to observável (respostas). Todo o comportamento é aprendido, o ho- mem é um produto das experiências. Para Watson, o objeto de estudo da psicolo- gia era todo tipo de comportamento (o agir, o ser e suas explicações); e não só como sentimentos ou expressamos os pensamentos, até então os únicos objetos da psicologia. Precisava também encontrar um novo obje- to de estudo da psicologia que explicassem o com- portamento, mas que não fossem conceitos men- tais, como sentimento, percepção, cognição. Caro(a) aluno(a), na Rússia, um fisiologista chamado Ivan P. Pavlov realizava experimentos com cães, o que ajudou a descrever o condiciona- mento. Ele percebeu que o cão salivava na presen- ça de cheiros, visualização da carne. Concluiu que o reflexo da saliva estava ligado a outros estímulos como o visual, olfativo e auditivo e que poderiam estar ligados ou não a comida. Chamou de reflexo condicionado ou respos- ta condicionada – o estímulo apresentado para de- terminado comportamento (cão salivar). Então Watson passou a utilizar os conceitos estudados sobre o reflexo, para explicar tudo aqui- lo que ele chamava de comportamento, interes- sante isso, não? B.F.Skinner, behaviorista metodológico, con- siderava que a base do comportamento visível tem ligação com o desempenho resultante da ação e para estudar este processo de aprendizagem, de- senvolveu uma caixa em formato de cubo, que fi- cou conhecida como “Caixa de Skinner”. A caixa, geralmente, é construída com di- mensões específicas, com fundo removível, porta transparente, jogo de luzes no teto, barra na parede lateral, a e um aparelho que quantifica a frequência com que à barra é acionada. Com a caixa, Skinner fez experimento com uma ”cobaia” (rato privado de alimento e água por um determinado período, ao pressionar a barra o mecanismo era acionado liberando uma gota de água). Pode-se dizer que o pressionar ou não a barra foi aleatório, ao acaso, uma exploração do ambien- te onde estava. Então, a análise experimental do comportamento é a relação de dependência esta- belecida entre a ‘resposta’ do sujeito (pressionar a barra) e a consequência vinda de seu ambiente. O processo de aprendizado de um novo comportamento é feito por reforços diferenciais, chamado de modelagem, onde algumas respostas são reforçadas e outras não, possibilitando que o organismo se aproxime cada vez mais da resposta final. 1.3 Principais Escolas na Psicologia do Século XX Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Reforço, seja qualquer um, pode ser de- finido como um evento que ocorre após a ‘resposta’ do organismo. Toda conse- qüência de uma ação, que aumenta a freqüência de uma resposta (comporta- mento). A aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante é a satisfação de algu- ma necessidade. (BOCK, 2005) Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 11 Veja que as respostas intermediárias não constituem erros, e sim variações próprias aos or- ganismos vivos e complementares ao processo de seleção. Querido(a) aluno(a), os reforços podem ocor- rer de duas formas: positivo ou negativo. O positi- vo é quando todo ou qualquer evento aumento a possibilidade de uma resposta, por exemplo, tudo aquilo que fortalece um comportamento (elogio, dinheiro, reconhecimento) e o negativo, todo o evento que aumenta a probabilidade da resposta que o remove, isto é, quando você coloca o seu despertador ou celular para tocar pela manhã, ao escutar seu som você o desliga, porque aquele som representa que você terá que levantar, portanto a ação do organismo tem como consequência da re- moção de algo já presente. Para Skinner existem os reforçadores primá- rios, secundários e generalizados. Os primários podem ser o alimento e o afeto. Ambos podem ser usados para aumentar a frequência de uma res- posta. Vamos exemplificar através da rotina diária, filho precisa ir para a escola e não terminou a lição, a mãe só deixa o filho almoçar quando este termi- nar o dever de casa. Já os demais reforçadores, dependem dos primários para se tornarem efetivos, isto é, eles pre- cisam acompanhar os primários por certo tempo para que possam agir por si. No dia a dia a atenção que recebemos de outra pessoa é um grande exemplo de reforçador secundário. Esses reforçadores podem ser apresen- tados de forma contínua ou intermitente. Extinção – é o conjunto de relação de um indivíduo com o ambiente para eliminar uma resposta e o reforço é interrompido abruptamente. Punição – retirar um estímulo reforçador positivo a uma dada resposta, acarre- tando a diminuição temporária da fre- quência dessa mesma resposta. Pode-se exemplificar com o trânsito, com todas as multas aplicadas não motiva os moto- ristas a mudarem o comportamento no trânsito. Gestalt – Ernest Mach (1838-1916), Max Wertheimer (1880-1943) e Kurt Kofka (1886-1941). A palavra “gestalt” de origem alemã não pos- sui uma tradução para o português, mas pode sig- nificar “forma”, “configuração”, “padrão” ou “estrutu- ra”. A teoria da gestalt considera a percepção como um todo, e parte deste todo para explicar as partes; enquanto que os associacionistas partiam das partes para explicar o todo. O todo é percebido antes das partes que o constituem. A forma corresponde à maneira como as partes estão dispostas no todo. O todo não é a soma das partes, na realidade, elas organizam-se segundo determinadas leis. Observe que para os gestaltistas a nossa ex- periência depende dos modelos, das estruturas que os estímulos despertam, na organização da nossa experiência. O nosso comportamento – aqui e agora é considerado como a figura, o foco da al- teração e os outros eventos são o fundo – fome, música, ruídos etc. Segundo a Gestalt tudo o que vemos ou per- cebemos está relacionado com a totalidade do campo de observação. A percepção que você tem depende da configuração do processo mental de cada um. O comportamento de um indivíduo pode- ria ser analisado em função do campo psicológico onde ele está atuando em determinado momento, em função das relações com o meio e com outras pessoas. O processo de percepção ocorre como uma ilusão, é o resultado de uma ação e reação. Todos os fatos mentais, estado emocional, forte desejo ou atitude, pode ser visto como influ- ência em uma resposta perceptiva. Estudos realizados sobre a percepção vêm colaborando para entender melhor o comporta- mento humano e explicar os porquês e como per- cebemos os eventos, pessoas e objetos no meio ambiente. A Gestalt estava preocupada em compreen- der quais eram os processos psicológicos envolvi- dos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Regina Mara Malpighi Santos percebido pelo sujeito com uma forma diferente do que ele é na realidade. O caso clássico é o cinema, como citado por Bock (2005). A fita cinematográfica é composta de fotogramas com imagens estáticas. O movimento que vemos na tela é uma ilusão de ótica causada pelo fenômeno da pós-imagem da retina, porque qualquer imagem que vemos demora um pouco para se ‘apagar’ da nossa retina. As imagens vão se sobrepondo em nossa retina e o que percebemos é um movimento. Mas o que de fato é projetado na tela é uma fotografia estática, tal como uma sequência de slides. A Gestalt estuda a organização da nossa per-cepção através de um conjunto de leis que foram denominadas de: Leis da proximidade – perante elementos diversos têm tendência a agrupar aque- les que se encontram mais próximos. Leis da semelhança – perante elementos diversos têm tendência a agrupar por se- melhanças. Leis da continuidade – perante algo ina- cabado têm tendência a acabar. Lei da Forma e Fundo – quando observa- mos algo, separamos espontaneamente a “figura” do “fundo”. Psicanálise – Sigmund Freud (1856-1939) nasceu em Freiberg, Moravia, hoje Eslováquia, filho mais velho de pais judeus. Estudou Medicina em Viena onde teve maior interesse na neurologia. Pacientes com distúrbios nervosos apresen- tavam ideias que poderiam estar reprimidas e eram expressas através dos sintomas como: dificuldades de expressão do pensamento, rigidez muscular. Freud através da prática médica usa a hipno- se para descobrir a origem dos sintomas. Desenvol- veu um novo método, a associação livre onde os pacientes repousavam sobre um divã e eram en- corajados a dizer tudo que vinha à mente, todos e quaisquer pensamentos, inclusive os seus sonhos. Desenvolve em 1900 a primeira concepção sobre a estrutura e funcionamento da personalida- de (como veremos nas teorias da personalidade – psicanalítica). Humanista – Maslow e Rogers Os humanistas surgem no meado do século XX com o argumento de que o ser humano im- plica mais em satisfazer ou controlar seus desejos animais do que procurar prazer ou evitar a dor. Co- meçam a trabalhar questões relacionadas a todos os seres humanos, como ajudarem uns aos outros, pertencer a uma família e à sociedade. Uma das premissas fundamentais da teoria de Carl Rogers é o pressuposto de que as pessoas usam sua experiência para se definir. Assim as pes- soas plenamente funcionais ou psicologicamente saudáveis, apresentam as seguintes características: Mente aberta para aceitar qualquer tipo de experiência e de novidades; Tendência a viver plenamente cada mo- mento; Capacidade para se orientar pelos pró- prios instintos e não pelas opiniões ou razões de outras pessoas; Senso de liberdade em pensamento e ação; Alto grau de criatividade; A necessidade contínua de maximizar o seu potencial. Rogers passa a ser o único a questionar a va- lidade do conhecimento objetivo, na tentativa de compreender a experiência de outra pessoa. Usa o conhecimento como interpessoal tornando a es- sência da terapia centrada no cliente. É a prática da compreensão empática. Penetrar no mundo subje- tivo do outro para ver se a compreensão da opinião dele é correta ou se concorda com o próprio ponto de vista, no sentido de compreender a experiência do outro como correta ou não, fazendo um auto- questionamento. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 13 O tipo de conhecimento que vamos acumu- lando no nosso cotidiano é chamado de senso co- mum. É passado de geração para geração, como um hábito ou um costume tradicional. Quando a dona de casa usa a garrafa térmica para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permane- cerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cál- culo complicado e, muitas vezes, desconhecendo completamente as leis da termodinâmica. O conhecimento do senso comum é intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros. É um conheci- mento importante porque sem ele a nossa vida no dia a dia seria muito complicada. O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração para geração. Integra de um modo o conhecimento humano. A utilização de termos como ‘rapaz comple- xado’, ‘mulher louca’, ‘menino hiperativo’, expressa a comunicação do senso comum acerca do com- portamento humano, que muitas vezes não ocorre de maneira científica. Os termos podem até ser da psicologia científica, mas são usados sem a preocu- pação de definir as palavras. Quando buscamos definir, descrever e prever comportamentos estamos fazendo ciência. O cien- tista do comportamento (da psicologia) não fica satisfeito com conceitos generalizados e rotulados (complexado, louco, “nasceu assim”) sem compro- misso e apenas baseados em ‘achismos’ e observa- ções superficiais. Ele quer observações sistematiza- das, conhecimento metodológico, experimentado, testado, comprovado. Ex: ‘mulher louca’, o que é loucura? Quais os sintomas? Que tipo de loucura? Quando fazemos ciência, baseamo-nos na realidade cotidiana e pensamos sobre ela. Quando bem utilizada, a ciência permite que o saber seja transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Não se pode entender comportamento sem um contexto, sem a descrição de eventos antece- dentes e consequentes do evento descrito. Por isso os conceitos de comportamento e ambiente são interdependentes, um não pode ser definido sem referência ao outro. O agir, o sentir e o pensar estão em função de variáveis ambientais (meio ambiente) que são os eventos antecedentes e consequentes. Note bem que não é o homem e sim o comportamen- to do homem que está sendo interagindo cons- tantemente com os estímulos que antecedem o seu comportamento, e o seu comportamento está constantemente tendo consequências no ambien- te e sendo interagido por elas. 1.4 Psicologia Científica X Senso Comum DicionárioDicionário Ciência é um conjunto de conhecimentos so- bre fatos ou aspectos da realidade obtidos por meio de metodologia científica. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Psicologia é ciência 1. Por que tem um objeto específico de estudo: o homem - ser huma- no em seu sentido amplo. 2. Utiliza uma linguagem precisa e rigorosa: não utiliza termos do senso comum sem preocupação conceitual. 3. Utiliza métodos e técnicas espe- cíficas: entrevistas estruturais, testes, técnicas de terapia, den- tre outras, obtidas de maneiras programadas, sistemáticas e con- troladas, para que se permita a verificação da validade da ciência e permitindo a reprodução da ex- periência. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Regina Mara Malpighi Santos Meio ambiente (estímulos) as influências sobre o organismo que determinam o comporta- mento; tudo aquilo que afeta o comportamento. Um estímulo é um ‘pedaço’ do ambiente que pode ser interno ou externo ao organismo. Os homens agem sobre o mundo, modifi- cam-no e, por sua vez são modificados pelas con- sequências de sua ação (SKINNER, 1978). Assim, além conhecer o organismo e as suas interações, é necessário conhecer os diversos ambientes o qual um organismo pode se interagir. O ambiente que o indivíduo interage pode ser analisado sob dois prismas: Ambiente externo, o físico e social, que é alterado pelo comportamento por meio das ações mecânicas sobre ele e pelas in- terações do indivíduo com o social. Ambiente interno o biológico e histórico, formado pelos processos biológicos e as experiências passadas de cada indivíduo, pois o organismo transporta consigo os resultados de suas interações passadas. O homem moderno deve ser entendido sob um aspecto biopsicossocial. Toda história de vida deve ser analisada sob influências biológicas, psi- cológicas e sociais, aspectos esse que são interli- gados. Ele recebe influências do seu organismo internamente (genética, vírus, bactérias, doenças congênitas, defeitos estruturais), da sua percepção própria, experiências e vivências de mundo (ações, pensamentos e sentimentos) e da sua interação com os diversos grupos (família, amigos), a socie- dade e sua cultura. Também o homem biopsicossocial recebe diferentes influências do meio ao longo de sua vida. Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano, tais como: afetiva, familiar, conjugal, sexual, interpessoal (amizades), lazer,social, escolar, religiosa, trabalho, biológica (doenças), ambiente cultural, questões morais, re- gras sociais, costumes. Você deve estar se perguntando: Se o ho- mem é o objeto de estudo, por que estudar ani- mais na psicologia? Porque apesar de existir vários experimentos psicológicos que utilizam animais, o enfoque está nos processos psicológicos básicos que acontece tanto em animais como nos humanos (ex. medo), levando-se em conta que o animal passa a ser mais fácil de ser manuseado e de se impor limite quanto: 1° Ética – Muitas pesquisas não podem ser realizadas com seres humanos 2° Praticidade – Os animais são bem cooperativos, por ser mais cômodo e podem ser estudados com facilidade du- rante longos períodos. 3° Facilidade – Em detectar processos básicos comportamentais e mentais em animais e transpor os achados para seres humanos, tais como: movimentos, fome, sono ou sede. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 15 1.5 Resumo do Capítulo Querido(a) aluno(a), Neste capítulo estudamos o nascimento da Psicologia e o quanto a Filosofia contribuiu com os seus pensadores para o desenvolvimento e questionamento do ser humano. Vimos como as evoluções ao longo do tempo e os avanços tecnológicos e científicos ajudaram o homem a refletir e questionar sobre qual papel deve exercer ou influenciar no meio onde está inserido. Observamos os avanços e as influências no desenvolvimento para uma melhor compreensão do ser humano através das diferentes escolas em seu comportamento, notando que o homem precisa man- ter uma relação com esse meio onde ele é estimulado a dar diferentes respostas, a entender, e diferenciar o todo em sua essência. Para isso, a psicologia foi se fortalecendo como ciência, pois saiu dos questionamentos e passou a ser experimentada em laboratórios, com técnicas e teorias diferenciadas com uma linguagem rigorosa, comprovada e científica através de dados recolhidos anteriormente. Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se você fixou bem o conteúdo. Assim, respon- da às perguntas abaixo: 1. Qual a importância de conhecer o desenvolvimento histórico da Psicologia? 2. Quais critérios que a Psicologia deveria satisfazer para ser considerada uma “ciência”? 3. Quais as principais teorias em Psicologia no século XX? 1.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Prezado(a) aluno(a), Neste capítulo veremos que psicólogos e psiquiatras muitas vezes ocupam empregos seme- lhantes. Ambos os profissionais podem trabalhar em campos ligados à saúde mental, diagnostican- do e tratando de pessoas com problemas psicoló- gicos leves e graves. A grande diferença entre esses especialistas esta na sua formação. Pode-se definir como Psicólogo aquela pes- soa que passa cerca de cinco anos na faculdade aprendendo sobre comportamento normal e anor- mal, sobre diagnóstico e tratamento para vários comportamentos humanos. Após se formarem de- vem, por questão ética, se especializar e aprofun- dar sua formação em uma ou mais áreas. Psiquiatra é aquela pessoa que estuda medi- cina, se qualifica ou especializa em uma instituição de saúde mental, hospital ou clínica, para tratar de distúrbios emocionais, utilizando da farmacotera- pia (remédios), cirurgia e eletroconvulsoterapia, dentre outros processos médicos. Como a formação do psiquiatra é em medici- na, seu foco é voltado para a cura de problemas do corpo, isto é, a causa de distúrbios comportamen- tais está nas alterações bioquímicas e neurológicas. O Psicólogo trabalha em diferentes áreas como profissional, atua no âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comuni- dades e comunicação com o objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade e integri- dade do ser humano. Veja a seguir quais são as atribuições profis- sionais do psicólogo: Estuda e analisa os processos intrapesso- ais e relações interpessoais, possibilitan- do a compreensão do comportamento humano individual e de grupo, no âm- bito das instituições de várias naturezas, onde quer que se deem estas relações. Aplica conhecimento teórico e técnico da psicologia, com o objetivo de identi- ficar e intervir nos fatores determinantes das ações e dos sujeitos, em suas histó- rias pessoais, familiares e sociais, vincu- lando-as também a condições políticas, históricas e culturais. Analisa a influência de fatores hereditá- rios, ambientais e psicossociais sobre os sujeitos na sua dinâmica intrapsíquica e nas suas relações sociais, para orientar-se no psicodiagnóstico e atendimento psi- cológico; Promove a saúde mental na prevenção e no tratamento dos distúrbios psíquicos, atuando para favorecer um amplo de- senvolvimento psicossocial; Elabora e aplica técnicas de exame psi- cológico, utilizando seu conhecimento e práticas metodológicas específicas, para conhecimento das condições do desenvolvimento da personalidade, dos processos intrapsíquicos e das relações interpessoais, efetuando ou encami- nhando para atendimento apropriado, conforme a necessidade; Formula hipóteses e a sua comprovação experimental, observando a realidade e efetivando experiências de laboratórios e de outra natureza, para obter elementos relevantes ao estudo dos processos de desenvolvimento, inteligência, aprendi- zagem, personalidade e outros aspectos do comportamento humano e animal. 2 AtRIBUIçÕeS e ÁReAS De AtUAção DoS pSICÓLoGoS Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Regina Mara Malpighi Santos Observe que cada dia mais a atuação do pro- fissional psicólogo tem se expandido para outras áreas, como organizações, hospitais, escolas, tribu- nais de Justiça, marketing, esportes, aviação e en- genharia, dentre outros. Devido a essa ampliação e as formas diferentes de atuação exigidas, torna-se necessário cada vez mais uma atenção focalizada para os valores e princípios fundamentais ao exer- cício ético da profissão. Esse exercício ético tem como base filosófica conduzir o indivíduo ao bem- -estar evitando ao máximo o sofrimento psíquico. Como você vem notando, o psicólogo de- sempenha suas funções ou tarefas profissionais tanto individualmente como com equipes multi- profissionais e para tanto pode exercer a atividade como: 1. Psicólogo do Trabalho e/ou Organiza- cional – Em empresas públicas ou privadas fazen- do a implantação da política de recursos humanos das organizações, descrição e análises de trabalho, recrutamento e seleção de pessoal, utilizando mé- todos e técnicas de avaliação, programas de trei- namento e formação de mão de obra, avaliação pessoal, capacitação e desenvolvimento de recur- sos humanos, segurança, organização do trabalho e definição de papéis ocupacionais: produtividade, remuneração, incentivo, rotatividade, absenteísmo e evasão, identificação das necessidades humanas em face da construção de projetos e equipamen- tos de trabalho (ergonomia), programas educa- cionais, culturais, recreativos e de higiene mental, com vistas a assegurar a preservação da saúde e da qualidade de vida do trabalhador, processo de des- ligamento de funcionários, no que se refere à de- missão e ao preparo para aposentadoria, visando à elaboração de novos projetos de vida. 2. Psicólogo da Saúde e Hospitalar – Atua em Hospitais, Ambulatórios, Centros e postos de saúde a fim de identificar e compreender os fatores emocionais que intervém na saúde geral do indiví- duo. 3. Psicólogo Clínico – Trabalha em consul- tórios ou clínicas especializadas realizando terapia individual, de grupo, casal, familiar, infantil, sexual e dependendo da demanda psicológica, faz acom- panhamento psicológico, intervenção psicoterápi- ca individual ou em grupo, pormeio de diferentes abordagens teóricas, entrevistas, observação, tes- tes e dinâmica de grupo, com vistas à prevenção e tratamento de problemas psíquicos. 4. Psicólogo Educacional – Atua em cre- ches, escolas desenvolvendo com os pais, alunos, diretores, professores, técnicos e pessoal adminis- trativo diferentes atividades visando a prevenir, identificar e resolver problemas psicossociais que possam bloquear, na escola, o desenvolvimento de potencialidades, a autorrealização e o exercício da cidadania consciente, compreensão e mudança do comportamento de educadores e educandos, no processo de ensino, aprendizagem, interven- ção psicopedagógica individual ou em grupo, pro- gramas de orientação profissional, programas de orientação profissional, elaboração de planos e po- líticas referentes ao Sistema Educacional, visando promover a qualidade, a valorização e a democrati- zação do ensino. 5. Psicólogo Jurídico, Forense e Penitenci- ário – Pode atuar em varas da criança e do adoles- cente, de família, cível, criminal, penitenciárias, nas instituições governamentais e não governamentais planejando e executando políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, dando orientação de dados psicológicos, repassado não só para os juristas como também aos sujeitos que carecem de tal intervenção, formulação, revisões e interpretação das leis, avaliam as condições inte- lectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsa- bilidade legal por atos criminosos, perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos, atendimento e orientação a detentos e seus familiares, programas socioeducativos desti- nados à criança de rua, abandonadas ou infratoras, tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais. 6. Psicólogo do Trânsito – Atua em clínicas de trânsito realizando exames psicológicos (psico- Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 19 técnicos). Pode elaborar e implantar questões re- ferentes à transmissão, recepção e retenção de in- formações, campanhas de prevenção de acidentes, educação no trânsito, comportamento individual e coletivo na situação de trânsito, especialmente nos complexos urbanos, implicações psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios nas situações de trânsito. 7. Psicólogo do Esporte – Atua em associa- ções esportivas, clubes esportivos realizando exa- me das características psicológicas dos esportis- tas, visando o diagnóstico individual ou do grupo, realização pessoal, melhoria do desempenho do esportista e em grupo, favorecendo a otimização das relações entre esportistas, pessoal técnico e di- rigentes. Elabora estudos das variáveis psicológicas que interferem no desempenho de suas atividades específicas (treinos, torneios e competições), opor- tunizando a formação através da prática das ativi- dades esportivas e seus aspectos psicológicos. Segundo Bock (2005), alguns dos “desconhe- cimentos” da Psicologia têm levado os psicólogos a buscarem respostas em outros campos do saber humano. Com isso, algumas práticas não psicoló- gicas têm sido associadas às práticas psicológicas, como por exemplo, o tarô, a astrologia, a quiro- mancia, a numerologia, entre outras práticas adivi- nhatórias/místicas. Estas não são práticas psicológicas! São ou- tras formas de saber que não podem ser confundi- das com a Psicologia, pois não são construídas no campo da ciência, a partir de métodos e princípios científicos, e estão em oposição aos princípios da psicologia que vê o homem não como um ser com destino pronto, mas sim como um ser que constrói seu futuro ao agir sobre o mundo e receber as in- fluências deste mundo. É preciso ponderar que esse campo frontei- riço entre a psicologia científica e a especulação mística deve ser tratado com o devido cuidado. Portanto, não se deve misturar a psicologia com práticas adivinhatórias ou místicas que estão ba- seadas em pressupostos diversos e opostos ao da psicologia. Por outro lado, é preciso estar aberto para o novo, atento a novos conhecimentos que, tendo sido estudados no âmbito da ciência, podem trazer novos saberes, ou seja, novas respostas para per- guntas ainda não respondidas. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais A Psicologia não consegue explicar mui- tas coisas sobre o homem, pois é uma ciência relativamente nova, com pouco mais de cem anos. Além disso, novas perguntas sempre surgirão, não esgo- tará o que há para ser conhecido, pois a humanidade está em permanente mu- dança, quebrando paradigmas, criando novas expectativas, novos alvos e procu- rando novas motivações. Caro(a) aluno(a), Neste capítulo traçamos os diferentes segmentos da Psicologia e suas atuações como uma ciência multiprofissional, pois ao estudar o comportamento do ser humano vemos como este pode moldar e se moldado no meio onde vive. Por se tratar de uma ciência nova temos que tomar cuidado com certos segmentos que se dizem da psicologia, mas são tratados com certa obscuridade ou misticismo. 2.1 Resumo do Capítulo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Regina Mara Malpighi Santos Para finalizar o capítulo, vamos realizar alguns exercícios para verificar o seu aprendizado. Respon- da às questões abaixo: 1. Como se distingue o psicólogo, do psiquiatra e do psicanalista? 2. O que faz o psicólogo nas organizações? 2.2 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Caro(a) aluno(a), A personalidade pode ser conceituada como um agrupamento de características internas e ex- ternas peculiares e permanentes do caráter de uma pessoa que influenciaram o comportamento em si- tuações diferentes. Para Schultz (2002), a avaliação da personalidade pode ser através de técnicas e testes apropriados. Observe abaixo os fatores que influenciam a personalidade: Influências Hereditárias à na determina- ção do temperamento estão às variações individuais do organismo, concretamen- te a constituição física e o funcionamen- to dos sistemas nervoso e endócrino, que são em grande parte hereditários. Meio Social à família, grupos e cultura a que se pertence – desempenha um pa- pel determinante na construção da per- sonalidade. A personalidade forma-se num processo interativo com os sistemas de vida que a envolvem: a família, o gru- po de pares etc. O tipo de ambiente e de clima vivenciado influencia a personali- dade. Experiências Pessoais à são todas as vivências que ocorrem na nossa vida. A qualidade das relações precoces e o pro- cesso de vinculação na relação da díade mãe/ filho parecem ser fundamentais na estruturação e organização da personali- dade. A complexidade das relações fami- liares vai influenciar as capacidades cog- nitivas, linguísticas e afetivas, processos de autonomia, de socialização, de cons- trução de valores das crianças e jovens. 3 teoRIAS DA peRSonALIDADe Freud nasceu em 6 de maio de 1856, hoje Re- pública Checa, Pribor. Estudou Medicina e em 1896 convenceu-se que os conflitos sexuais eram a cau- sa básica de todas as neuroses. No sistema de Freud, representações mentais de estímulos internos como fome levam o indiví- duo a tomar determinada atitude. O impulso de assegurar a sobrevivência do indivíduo e da espé- cie satisfazendo a necessidade de água, comida e sexo, denominou como sendo o instinto de vida. Para ele a forma de energia psíquica manifestada pelos instintos de vidaque empurra a pessoa para comportamento e pensamentos prazerosos foi denominado de libido. O investimento de ener- gia psíquica em um objeto ou pessoa denominou como catexia. Há ainda o instinto de morte que é o impulso inconsciente na direção de degeneração, destrui- ção e agressão. O impulso agressivo é a compulsão de destruir, subjugar e matar. O conceito original de Freud dividia a perso- nalidade em três níveis: consciente, pré-consciente e inconsciente. O consciente seria o significado normal do cotidiano, incluindo as sensações e ex- periências das quais estamos cientes em todo o momento. O pré-consciente é o depósito de lem- 3.1 Teoria Psicanalítica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Regina Mara Malpighi Santos branças, percepções e ideias das quais não estamos cientes, mas que podemos trazer para o consciente. O inconsciente é o deposito de forças que não po- demos controlar ou ver, é a morada dos instintos. Mais tarde revisou este conceito e introduziu três estruturas básicas na personalidade. Denomi- nou como ID o aspecto da personalidade aliado aos instintos, fonte de energia psíquica, que ope- ra de acordo com o principio do prazer, portanto o ID opera para evitar a dor e maximizar o prazer. A segunda estrutura básica denominou de EGO, o aspecto racional da personalidade, responsável pela orientação e controle dos instintos de acordo com o principio da realidade. E a terceira estrutura denominou como SUPEREGO, o aspecto da moral da personalidade, a introjeção de valores e padrões dos pais e da sociedade. O Ego fica no meio, pressionado por essas for- ças e como resultado surge a ansiedade: temor do aparente, temor sem razão. A ansiedade é um sinal de que há um perigo, uma ameaça ao EGO que pre- cisa ser neutralizado ou evitado. Freud postulou mecanismos de defesa para ajudar a aliviar a ansiedade, observou que raramen- te utilizamos um e sim vários deles ao mesmo tem- po. Como mecanismos de defesa temos: Repressão: negação inconsciente da exis- tência de algo que causa a ansiedade. Negação: existência de uma ameaça ex- terna a um evento traumático Projeção: atribuição de um impulso per- turbador a outra pessoa Racionalização: a reinterpretação de um comportamento para torná-lo mais acei- tável e menos ameaçador Deslocamento: deslocamento do impul- so do ID de um objeto ameaçador e in- disponível para outro disponível. Sublimação: Deslocamento do impulso do ID transformando a energia instintiva em comportamento socialmente aceitá- vel. Duane (2002) diz que, para Freud, todas as crianças passam pelos estágios: oral, anal, fálico e genital, nos quais a gratificação dos instintos do ID depende da estimulação das áreas corresponden- tes ao corpo. Quando há uma fixação, uma permanência em uma das fases psicossexuais do desenvolvi- mento da criança isso pode ser devido à frustração ou à satisfação excessiva. Fases de desenvolvimento A fase oral vai de 0-1 ano de idade e tem como característica a boca como a principal zona erógena, o prazer é obtido pela sucção, morder e engolir. Quando as pessoas ficam fixadas nesta fase, tendem a ser pessimistas, hostis, agressivas e contestadoras. A fase anal vai de 1-3 anos e tem como ca- racterística o treinamento dos hábitos de higiene – treino ao toilete. A fixação nesta fase leva a pes- soa a ser um indivíduo teimoso, mesquinho, rígido e compulsivamente limpo. A fase fálica vai de 4-5 anos e sua caracterís- tica é a fantasia incestuosa, desejo inconsciente do menino pela mãe acompanhado do anseio de substituir o pai, o chamado de Complexo de Édi- po. Complexo de Eletra é o desejo inconsciente da menina pelo pai acompanhado do desejo de subs- tituir a mãe. Fixação nesta fase é a importância da resolução com o sexo oposto na idade adulta. A fase da latência vai dos 5 anos até a puber- dade, é o período da sublimação do instinto sexual, que é trocado pelas atividades escolares, hobbies, esportes e no desenvolvimento de amizades com pessoas do mesmo sexo. A fase genital vai da adolescência até a ida- de adulta e sua característica é o desenvolvimento da identidade do papel sexual e de relações sociais adultas. Saiba maisSaiba mais Saiba maisSaiba mais Personalidade vem de persona, que se refere à máscara, como utilizadas em carnavais ou por atores de uma peça. Portanto, quando enfrentamos o mun- do exterior, mostramos a personalidade através das máscaras, aquilo que pode ser visível aos outros. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 23 Fundada no início do século XX pelo psicólo- go e psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), um dos mais proeminentes discípulos de Freud. Exerceu a Psicanálise de 1909 a 1913, ano em que rompeu com Freud e fundou a Psicologia Analítica. O eixo central da Psicologia Analítica é o Pro- cesso de Individuação: tendência instintiva e tele- ológica do ser humano, através de processos de autorregulação, desenvolver suas potencialidades inatas em direção à realização da totalidade psíqui- ca (autodesenvolvimento, autorrealização e auto- conhecimento). Para Jung a libido compreende não só a ener- gia sexual, mas, também, energias associadas ao instinto de sobrevivência, à motivação, às relações afetivas, desejos de autorrealização, autoconheci- mento e vivências espirituais. A psique, segundo a teoria analítica, está es- truturada em três elementos: consciente, incons- ciente pessoal e inconsciente coletivo. Consciente: sistema do aparelho psíqui- co que mantém contato com o mundo interior (processos psíquicos, internos) e exterior (meio ambiente e social) do sujeito. Na consciência destacam-se os fenômenos de percepção intrínseca e extrínseca, senso de identidade, atenção, raciocínio e memória, entre outras fun- ções cognitivas e emocionais. As pessoas são conscientes apenas de uma pequena parte de sua vida psíquica. O consciente tem como centro organizador o Eu. Inconsciente pessoal: é a camada mais superficial do inconsciente, cuja fronteira com o consciente é bastante imprecisa. Nele permanecem os conteúdos incons- cientes derivados da vida do indivíduo - sua formação é, portanto, a posteriori ao nascimento. Esses conteúdos são for- mados por percepções subliminares e combinações de ideias com energia psí- quica insuficiente para irromperem na consciência, experiências devida “esque- cidas” pela memória consciente, recor- dações dolorosas se serem relembradas, repressões sexuais, desejos reprimidos, qualidades da personalidade - positivas e negativas - desconhecidas pelo Eu e, principalmente, grupos de representa- ções carregados de forte carga emocio- nal e incompatíveis com a atitude cons- ciente (complexos, cujas bases são os arquétipos - localizados no Inconsciente coletivo). Geralmente esses conteúdos não pos- suem energia psíquica suficiente para permanecerem no campo da consciên- cia, entretanto, podem adquirir a energia necessária para emergir na consciência na forma de lembranças, sonhos, fanta- sias, devaneios e comportamentos. Quando irrompem na consciência po- dem possuir um significativo grau de au- tonomia, chegando até a tomar sua pos- se temporária. Inconsciente coletivo: é a camada mais profunda do inconsciente, é a base da psique. É constituído por arquétipos (núcleos instintivos passados de forma psicobiológica de geração a geração, tra- zendo padrões de comportamento her- dados desde o surgimento da humanida- de e mesmo antes dela, no período em que o homem ainda era animal - a gêne- se do Inconsciente coletivo é, portanto, a priori ao nascimento). Os arquétipos constituem a base dos com- plexos situados no inconsciente pessoal, são inú- meros, incontáveis,entretanto Jung identificou al- guns que estão em permanente contato com o Eu. 3.2 Teoria Analítica Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Regina Mara Malpighi Santos São eles: a persona, a sombra, a anima, o animus e o self. O Self - também denominado de si mesmo - é o centro organizador não só do inconsciente (pes- soal e coletivo), mas, também, de toda a psique. É do Self que surge a consciência e o Eu. O termo persona origina-se do teatro grego antigo e significa máscara. Arquétipo associado ao comportamento de contato com o mundo exterior necessário à adaptação do indivíduo às exigências do meio social onde vive. A persona corresponde a uma significativa parcela do comportamento do sujeito enquanto personagem coletiva. A alma, em oposição à persona, corresponde ao comportamento do sujeito enquanto persona- gem individual, sua real personalidade. Uma pes- soa pode ter um determinado comportamento em sociedade (persona) e, outro, completamente oposto, em casa (alma). Convém esclarecer que nem todo comporta- mento social é manifestação da persona, também pode ser uma expressão da alma. A persona possui dois aspectos: positivo e negativo. O aspecto positivo está associado à adapta- ção do sujeito ao seu meio social. O aspecto nega- tivo surge quando o Eu se identifica com a persona, fazendo com que a pessoa se distancie e desconhe- ça sua real personalidade, a alma. Muitas vezes é di- fícil para um observador externo identificar numa pessoa o que é sua persona e o que é sua alma. Ao se manifestar geralmente de modo in- consciente - sem que o Eu não tenha consciência de sua existência - a persona revela seu significa- tivo grau de autonomia na psique. Quando torna- da consciente - assimilada pelo Eu - a persona traz benefícios ao autoconhecimento e à melhoria das relações interpessoais. A persona possui dois aspectos: positivo e negativo. O aspecto positivo está associado às vir- tudes que o indivíduo desconhece existir em sim mesmo. O aspecto negativo está associado aos de- feitos de caráter que o indivíduo desconhece exis- tir em si mesmo. A anima corresponde ao princípio feminino presente na psique do homem. Arquétipo asso- ciado à personificação da natureza feminina no inconsciente masculino. Manifesta-se no compor- tamento masculino através de expressões emocio- nais. Projeta-se em figuras femininas: mãe, irmã, namorada, esposa, amante, mulher desejada, mu- lheres admiradas (nos sentidos eróticos, heroicos, intelectuais e espirituais). A anima condensa todas as experiências que o homem vivenciou no seu encontro com a mulher durante milênios e é a partir desse imenso material inconsciente que é modelada a imagem de mulher que o homem procura. O animus condensa todas as experiências que a mulher vivenciou no seu encontro com o homem durante milênios e é a partir desse imenso material inconsciente que é modelada a imagem de homem que a mulher procura. Quando tornado consciente - assimilada pelo Eu - o animus traz benefícios ao autoconhecimento e à melhoria das relações interpessoais. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 25 Carl Rogers nasceu em 1902, subúrbio de Chicago. Estudou psicologia e lecionou durante alguns anos especializando-se na terapia centrada ao cliente na parte clínica. Acreditava que as pessoas são motivadas por uma tendência inata de realizar-se, manter e apri- morar o self. À medida que os bebês desenvolvem uma parte de suas experiências tornam-se dife- renciadas das demais. O eu, mim, me é o self. É a imagem do que somos, do que deveríamos se e do gostaríamos de ser. Na terapia centrada na pessoa, o terapeu- ta oferece consideração incondicional ao cliente, que seria a aprovação concedida independente do comportamento da pessoa. As pessoas de ple- no funcionamento experimentam um senso de liberdade e possuem a capacidade de viver rica e criativamente a todo o momento. O cliente na te- rapia rogeriana é o responsável pela mudança de sua personalidade. O único modo de avaliar é em termos das experiências subjetivas, os eventos na vida da pessoa conforme ela os percebe e aceita como reais. 3.3 Teoria Humanista da Personalidade de Carl Rogers Erik Erikson ampliou e aprimorou a teoria de Freud dando a personalidade uma visão continua, onde o EGO é parte independente da personali- dade não sendo dependente nem submissa ao ID. Segundo ele as forças culturais e históricas têm um impacto muito grande, o desenvolvimento huma- no, regido por sequência de etapas que dependem de fatores genéticos e/ou hereditários. Na sua teoria os estágios psicossexuais do desenvolvimento estão divididos em oito sendo: 1. Confiança x desconfiança (até um ano de idade) – Durante o primeiro ano de vida da criança esta é dependente das pessoas, para cuidar dela quanto à ali- mentação, higiene, locomoção, apren- dizado de palavras e seus significados, bem como dar estímulos para perceber que existe um mundo ao seu redor. As- sim o amadurecimento ocorrerá de for- ma equilibrada transmitindo a criança segurança, afeto, confiança nas pessoas e no mundo que a cerca. 2. Autonomia x Vergonha e Dúvida (se- gundo e terceiro ano) – Neste período a criança passa a ter controle de suas ne- cessidades fisiológicas, responder por sua higiene pessoal, o que lhe dá auto- nomia, confiança e liberdade para tentar outras coisas sem medo de errar. Porém se esta é criticada, ridicularizada pode desenvolver vergonha, dúvida quanto à sua capacidade de ser autônoma, o que pode provocar dependência; que seria voltar ao estágio anterior. 3. Iniciativa x Culpa (quarto e quinto ano) – Neste período a criança passa a perce- ber as diferenças sexuais, os papéis que são desempenhados por mulheres e ho- mens na sua cultura – o que Freud cha- ma de conflito edipiano. Se a sua curio- sidade “sexual” e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvol- ver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos. 4. Construtividade x Inferioridade (dos 6 aos 11 anos) – É o período onde a criança é alfabetizada, aumentando o convívio com outras pessoas, que não são seus 3.4 Teoria da Personalidade Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Regina Mara Malpighi Santos familiares, possibilitando uma maior so- ciabilização, trabalho em conjunto, co- operatividade e o desenvolvimento de outras habilidades. Se surgir dificulda- des o próprio grupo irá criticar, podendo vivenciar a inferioridade em vez da cons- trutividade. 5. Identidade x Confusão de Papéis (dos 12 aos 18 anos) – Aqui o indivíduo ex- perimenta diferentes desafios, com suas próprias atitudes, com seus amigos, com pessoas do sexo oposto e até mesmo a busca de uma carreira, da profissão. Quando encontra apoio nas pessoas à sua volta pode desenvolver o sentimen- to de identidade pessoal, caso contrário, pode se tornar uma pessoa desorganiza- da, sem respostas para suas questões ou perdendo a referência. 6. Intimidade x Isolamento (jovem adul- to) – Nesta fase, além de profissional, o indivíduo também é algo em torno da construção de relações profundas e du- radouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Quando ocorre uma decepção, a ten- dência é o isolamento temporário ou duradouro. 7. Produtividade x Estagnação (meia-ida- de) – As pessoas nesta fase podem se dedicar a sociedade e realizar valiosas contribuições, sem grande preocupação com o conforto físico e material. 8. Integridade x Desesperança (velhice) – Quando o indivíduo aceita o envelheci- mento, ocorre um sentimento de produ- tividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentaçõessobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos para passar por essa fase, mas se isso não ocorre pode desenvolver um sentimen- to de tempo perdido, impossibilidade de começar de novo trazendo tristeza e desesperança. A personalidade é os atributos de uma pessoa, que engloba qualidades sociais e emocionais in- fluenciando o comportamento em diferentes situações. Vimos aqui a visão de Freud e seus pressupostos básicos: id, ego, superego, e em outro postulado fala do consciente, inconsciente e subconsciente. Demonstrou também que a personalidade se desen- volve através de fases do desenvolvimento da criança. Jung discípulo de Freud difere em sua teoria no inconsciente coletivo como sendo depósito de experiências passadas – os arquétipos, persona, anima, animus. Os arquétipos representam a unidade, harmonia da personalidade total. Para Erikson a personalidade é dividida em oito fases e o desenvolvimento é regido por forças ge- néticas, mas o ambiente ajuda a determinar se serão ou não realizadas. As forças básicas são a esperança, o amor e a vontade. Rogers defende a teoria de que a personalidade depende do ponto de vista do próprio indivíduo; e as suas experiências que promovem a realização serão buscadas e as que impedem, evitadas. 3.5 Resumo do Capítulo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br Psicologia e Comportamento Organizacional 27 Agora, vamos recapitular os pontos trabalhados fazendo alguns exercícios: 1. Compare a personalidade na visão de Freud, Jung e Erick Erickson, citando as principais dife- renças entre elas. 2. Quais as influências importantes na formação da personalidade? 3.6 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Inteligência é a função psicológica respon- sável pela capacidade que temos de compreender o significado das coisas, de conceituar. No proces- so de conhecimento temos de um lado o objeto a ser conhecido, externo à inteligência, e do outro a inteligência, o instrumento mental que alcança o conceito desse mesmo objeto. Conceituar a inte- ligência é fazê-la objeto e instrumento simultane- amente, é ter consciência do instrumento mental que nos permite conhecer o mundo e que está in- tegrado à própria consciência. A inteligência tem por função o estabeleci- mento de relações entre meios e fins para a solu- ção de um problema ou de uma dificuldade. Essa definição concebe, portanto, a inteligência como uma atividade eminentemente prática e a distin- gue de duas outras que também possuem finalida- de adaptativa e relacionam meios e fins: o instinto e o hábito. Caro(a) aluno(a), quando você contrai a pu- pila, quando os olhos são expostos à luz e dilata quando entra na escuridão, ou quando é levado a afastar rapidamente a mão de uma superfície mui- to quente que possa te queimar, o que é isso? É o instinto, é inato. Ao contrário do hábito que é adquirido. Observe quem adquire o hábito de dirigir um veículo, muda as marchas, pisa na embreagem, no acelerador ou no freio sem preci- sar pensar nessas operações, faz automaticamente, criou hábito. Instinto e hábito são formas de comporta- mento onde a principal característica é ser espe- cializados ou específicos. Tome como exemplo o aprender a nadar, mas esse hábito não o faz saber andar de bicicleta. A inteligência difere do instinto e do hábito por sua flexibilidade, pela capacidade de encontrar novos meios para um novo fim. Ela ajuda a adaptar os meios existentes para uma finalidade nova, dan- do a possibilidade de enfrentar situações novas, inventando outras soluções, outras escolhas com vários meios possíveis. Inteligência seria a habilidade de aprender a partir de uma experiência, conhecimento para se adaptar a novas situações. Binet e Simon em 1904 criaram os primeiros testes de inteligência, tendo como objetivo a ve- rificação do progresso de crianças deficientes do ponto de vista intelectual. Realizaram-se assim programas especiais para o progresso dessas crian- ças, tornando os testes necessários para a avaliação quanto à eficiência desses programas, avaliando assim o progresso obtido. Pesquisaram o quociente de inteligência mediante uma escala que media a capacidade do conhecimento de crianças comparando as idades cronológicas. Assim sendo, consideram o QI sau- dável dentro dos parâmetros 90-120, sendo que variações para baixo ou para cima estariam relacio- nadas com defasagens/incapacidades e por outro lado, genialidades/alta capacitação de expansão pessoal. Assim, outros psicólogos começaram a de- senvolver teste para medir a inteligência dos indiví- duos, que são chamados de testes de inteligência. Várias pesquisas têm sido elaboradas na ten- tativa de relacionar a inteligência com variáveis físicas, sexo, cultura e características da personali- dade. O que se tem verificado é que em geral, as meninas são superiores nos testes que requerem aptidões linguísticas e memória verbal, isto explica a razão delas começarem a falar mais cedo em rela- ção aos meninos, sendo esses superiores nos testes que medem aritmética e matemática em geral. 4 InteLIGÊnCIA Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Regina Mara Malpighi Santos Acredita-se que isso é uma influência cultu- ral, pela estimulação dada aos meninos para lida- rem melhor com o dinheiro e medidas em geral. Crianças que veem de lares com estatutos sócio econômicos mais elevados conseguem melhores resultados nos testes de inteligência. Assim a inteligência é capaz de criar instru- mentos, dar função nova, sentido novo a coisas já existentes, para que sirvam de meios a novos fins. Várias experiências foram realizadas para es- tudar a inteligência com alguns animais, especial- mente os chimpanzés demonstrando que estes eram capazes de comportamentos inteligentes. A experiência realizada pelo psicólogo Kölher é con- siderada clássica, foi colocar um chimpanzé numa pequena sala, pondo a seu lado certo número de caixotes e prendeu-se uma banana no teto. Após saltos instintivos para agarrar a banana, o chim- panzé consegue empilhar os caixotes, subir neles e agarrar o alimento. Colocado um chimpanzé numa pequena sala, nas mesmas circunstâncias anteriores, mas oferecendo bambus em vez de caixotes, o chim- panzé termina por encaixar os bambus uns nos outros, formando um instrumento para apanhar a banana. O fato de que o chimpanzé percebe um cam- po perceptivo, e não objetos isolados, é demons- trado quando, no lugar dos bambus, são colocados arames, que o animal enganchará uns nos outros para colher a fruta; ou quando, no lugar dos caixo- tes, são colocadas mesinhas de tamanhos diferen- tes, que podem ser empilhadas pelo animal para agarrar a banana. O que você acha que aconteceu? Depois de comer a banana, o chimpanzé nada faz com os cai- xotes, os bambus, os arames ou as mesas. Ficam à sua volta como objetos sem sentido. Pense em uma criança nas mesmas circuns- tâncias, ao contrário dos chimpanzés depois de conseguir o que deseja, por exemplo, pegar os pirulitos pendurados, exa- minará os objetos. Deverá explorar aquilo que a cer- ca, se descobrir que são desmontáveis, o que ela fará? Tentará fazer com os caixotes, uma mesa, uma escada, e com os bambus e os arames, uma rede. Observe que essa diferença nos comporta- mentos do chimpanzé e da criança revela que esta última, ultrapassa a situação imediata de fome e de uso direto dos objetos, que prevê uma situação futura para a qual encontra uma solução, transfor- mando os objetos em instrumentos. A criança antecipa uma situação, transforma os dados de uma situação presente, fabricando meios para certos fins que ainda estão ausentes. Pode se lembrar da situação passada, organizar ou- tra a partir dos dados lembrados, esperados e
Compartilhar