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Introdução aos Vidrados Cerâmicos

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EET-507 INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS CERÂMICOS
15. VIDRADOS* (GLAZES)
15.1 - INTRODUÇÃO
	Um vidrado (glaze) pode ser definido como uma camada contínua de vidro, ou vidro e cristais aderentes sobre a superfície de um corpo cerâmico. O vidrado é, geralmente, aplicado como uma suspensão em água dos ingredientes que entram na sua composição, a qual seca formando uma camada sobre a superfície da peça. Na queima, os ingredientes reagem e fundem-se para formar uma camada fina de vidro. O vidrado pode ser queimado simultaneamente com o corpo cerâmico (monoqueima) ou em uma segunda queima depois de aplicado ao biscoito.
	O principal objetivo do vidrado é fornecer uma superfície dura, não absorvente e de fácil limpeza. O vidrado também permite a obtenção de uma variedade maior de texturas e superfícies coloridas do que seria possível apenas com o corpo cerâmico.
* Também chamado “esmalte cerâmico”ou simplesmente “esmalte”, principalmente quando estiver opacificado.
15.2 - MÉTODOS DE EXPRESSAR AS COMPOSIÇÕES DE VIDRADOS
(a) Fórmula da Mistura de Matérias-Primas
	O vidrado pode ser especificado pelos pesos dos constituintes. Por exemplo, um vidrado típico de chumbo pode ser expresso da seguinte forma:
Alvaiade (white lead) (carbonato de chumbo)�
154,8g�
�
Geso cré (whiting) (carbonato de cálcio)�
30,0g�
�
Feldspato�
55,7g�
�
Caulim�
25,8g�
�
Quartzo (flint)�
48,0g�
�
�
________________�
�
�
314,3g�
�
Essa lista dos pesos dos contituintes ou matérias primas é excelente para se misturar o vidrado, porém não permite ao tecnologista visualizar o vidrado da estrutura do vidro formado, nem comparar um vidrado com um outro.
(b) Fórmula Equivalente
	O vidrado dado na seção anterior pode ser expresso em equivalentes molares dos óxidos, como foi primeiramente sugerido aos ceramistas por Seger, o qual dá:
0,6 PbO; 0,3 CaO; 0,1 K2O; 0,2 Al2O3; 1,6 SiO2
	Os RO, ou óxidos básicos (onde R -e um cátio mono ou divalente) são colocados na primeira coluna com a soma igual à unidade, o R2O3, ou óxidos anfotéricos, na segunda coluna, e o RO2 ou óxidos-ácidos na última coluna. Apesar de esse método expressar os vidrados ter sido desenvolvido há muitos anos, pode-se observar, à luz dos modernos conhecimentos da química dos cristais, que os constituintes têm sido agrupados em “modificadores”, “intermediários” e “formadores do reticulado do vidro”, respectivamente.
(c ) Fórmula Iônica
	Como foi mostrado no Cap. 17, um vidro ou vidrado pode ser expresso em forma iônica com os formadores do reticulado como unidade ou o total de ânions como unidade. Dessa forma, o vidrado de chumbo torna-se:
Pb2+0,6 , Ca2+0,3 , K+0,2 , Al3+0,4 , Si3+1,6 , O2-4,8 ;
ou
Pb2+0,38 , Ca2+0,19 , K+0,13 , Al3+0,25 , Si4+ , O2-3,0 . 
A relação silício-oxigênio é então 0,33. Essa é uma grandeza adequada para um vidro estável, pois, se os ânions são unitários, temos: 
Pb2+0,13 , Ca2+0,06 , K+0,04 , Al3+0,08 , Si4+0,33 , O2-
Então m = 0,31 e n = 0,33 , como foi mostrado na Tabela 17-2.
Tabela 17-2. Métodos de expressar a composição do vidro.
(d) Classificação de vidrados segundo a composição
	A lista que segue mostra os tipos comuns de vidrados.
1) Vidrados brutos ou originais (contendo matérias primas insolúveis)
	(i) Vidrrados contendo chumbo.
	(ii) Vidrados contendo zinco (Bristol)
	(iii) Vidrados porcelânicos
2) Vidrados fritados ( fritted glazes) (contendo album vidro ou frita antes da queima final).
	(i) Vidrados contendo chumbo
	(ii) Vidrados sem chumbo
3) Vidrados a partir de vapor (vapor glazes) (depositados a partir de uma fase vapor)
	(i) Vidrados à base de sal.
	(ii) Vidrados aplicados (smear glazes)
As composições desses vidrados se adaptam, de um modo geral, ao gráfico da Figura 19-1, redesenhado de um gráfico de Holscher e Watts.
Figura 19.1 - Representação gráfica de vidrados (glazes) antes da fusão das matérias primas. Por exemplo, um vidrado de chumbo amadurecendo a 1100oC é : 0,3 PbO, 0,25 K2O , 0,45 CaO, 0,3 Al2O3, 2 SiO2.
(e) Classificação de Vidrados Quanto à Superfície
	De acordo com as características de superfície, os vidrados podem ser classificados da seguinte maneira:
			lustroso ou brilhante (glassy),
			semifosco (semi-mat)
			fosco (mat)
			cristalino (surface crystalline)
			aveludado (vellum)
(f) Classificação de vidrados segundo as propriedades óticas
	Também os vidrados podem ser classificados de acordo com a natureza do interior da camada do vidrado, como segue:
		transparente (claro)
		opaco (Majolica, esmalte)
		cristais interiores finos (Aventurina)
		cristais interiores grandes (cristalino)
Obviamente os vidrados ainda podem ser classificados segundo a cord respectiva.
15.3 - MÉTODOS DE COMPOR OU PROJETAR VIDRADOS
(a) Vidrados Brutos
	Na literatura cerâmica, os vidrados são geralmente expressos na forma de equivalentes, de forma que é necessário mudar a fórmula da mistura de matérias-primas, antes de fazer o vidrado. Qualquer pessoa, mesmo sem conhecimentos de química, pode fazer essa transformação, uma vez que requer apenas uma operação aritmética.
	Primeiro, o termo peso equivalente deve ficar claro. Por exemplo, o feldspato potássico, K2O(Al2O3(6SiO2 , tem um peso-fórmula de 556,8g, tal como é mostrado na Tabela A-11. Assim, 556,8g de feldspato de potássio darão um equivalente molecular (94,2g) de K2O, um equivalente molecuylar (101,9g) de Al2O3, porém seis equivalentes moleculares (360,6g) de SiO2. Portanto, se se deseja adicionar um equivalente de SiO2 por meio de feldspato, adiconam-se 556,8/6 ou 92,8g.
Tabela A -11 - Pesos equivalentes dos materiais cerâmicos comuns.
	Para exemplificar, teremos um vidrado simples de chumbo, tal como:
0,1 K2O ; 0,8PbO; 0,1 CaO; 0,2 Al2O3; 3,3 SiO2
	Para converter numa fórmula de matérias-primas, deve-se usar um critério na escolha das mesmas. O K2O pode provir do K2CO3, porém, como é solúvel, não seria adequado para um vidrado antes da queima. Assim, feldspato é o material apropriado, como poderia ser um outro mineral potássico como a mica moscovita. Da mesma forma, o CaO é o mais conveniente. O PbO poderia ser obtido do chumbo vermelho (PbO ou Pb3O4) ou alvaiade (PbCO3), porém o último é geralmente preferido porque se mantém melhor em suspensão. O caulim é meio de suspensão, porém não deve ser adicionado mais do que 0,15 equivalente no estado bruto para evitar uma retração demasiada na secagem. Se é necessário adicionar uma quantidade maior para fornecer Al2O3, uma porção de caulim deve ser calculada.
	O estudante deve habituar-se a executar os cálculos de vidrados, de uma maneira sistemática, como é mostrado na Tabela 19-1. Os equivalentes de cada constituinte são agora multiplicados pelos seus respectivos pesos equivalentes, para dar os pesos de misturas de matérias primas, como é mostrado na Tabela a 19-2.
Tabela 19-1.
Tabela 19-2.
	A conversão da fórmula da mistura de matérias primas para a fórmula empírica é realizada pelo processo inverso, porém, nesse caso, não é necessário critério para selecionar os constituintes. Para exatidão de qualquer cálculo, a composição real dos materiais deve ser considerada. Por exemplo, caulim geralmente contém algum quartzo e feldspato e o feldspato contém algum quartzo.
(b) Vidrados fritados (“fritted glazes”)
	O cálculo de vidrados fritados é mais complicado que o dos vidrados brutos. O principal objetivo da frita é possibilitar o uso de materiais solúveis em água, fundindo-os com outros materiais para tornar um vidro relativamente insolúvel. Por exemplo, os compostos de boro são quase todos solúveis e devem ser transformados em um vidro de boratoinsolúvel antes de serem usados na suspensão do vidrado. A fritagem também melhora as propriedades de trabalhabilidade do vidrado úmido, distribui a cor mais uniformemente e torna o manuseio do chumbo menos perigoso (os sais de chumbo são tóxicos).
	Para compor uma frita, há certas regras geralmente obedecidas na seleção da composição, de forma que a frita fundida formará um vidro, bastante fluido para escoar e ao mesmo tempo suficientemente insolúvel para poder ser moído em água. Essas regras são dadas a seguir.
(1a.) O quociente entre o número de equivalentes dos óxidos básicos e o número de equivalentes dos óxidos ácidos deve ser de 1/1 a 1/3. Significa isso que a composição deve estar na faixade formação de vidro. Se o teor de B2O3 for elevado, o quociente poderá ser maior.
(2a.) Todos os compostos alcalinos solúveis e o óxido bórico devem fazer parte da frita.
(3a.) O quociente entre o número de equivalentes dos óxidos alcalinos e os outros óxidos básicos não deve ser muito mais do que um.
(4a.) O quocientede B2O3 a SiO2 deve ser menor do que ½.
(5a.) O teor de alumina deve ser menor do que 0,4 de equivalente.
Como um exemplo, tomemos o seguinte vidrado:
0,3 Na2O; 0,4 CaO; 0,3 BaO; 2,6 SiO2.
É evidente que o alto teor de Na2O tornará impossível usar o feldspato sem aumentar demasiadamente o teor de Al2O3. Portanto, a maioria ou todo o sódio deve ser obtido do carbonato de sódio (Na2CO3). Segundo as regras previamente mencionadas, recomenda-se a seguinte frita:
0,30 Na2O; 0,20 CaO; 0,10 BaO; 1,0 SiO2
ou
0,50 Na2O; 0,33 CaO; 0,17 BaO; 1,67 SiO2. 
O vidrado completo é calculadocomo o mostrado na Tabela 19-3. Os pesos da carga de fritas podem ser encontrados na Tabela 19-4. Deve-se lembrar que o peso total dado acima como 310,1 é o peso das matérias primas na carga e não o peso resultante da frita. Portanto 0,6 x 310,1 g de frita não são adicionados ao vidrado, e sim 0,6 x 175,9, calculados com base somente dos óxidos. A fórmula da carga completa pode ser feita segundo a Tabela 19-5.
Tabela 19-3.
Tabela 19-4.
Tabela 19-5.
	A frita pode ser fundida em cadinhos para pequenos lotes ou bateladas, porém lotes de escala de produção industrial são feitos em fornos rotativos para frita, ou em pequenos fornos-tanques para fusão de vidro. É resfriado bruscamente em água e moído até passar em peneira de abertura de 0,50 mm. Pode ser então misturado com o restante da composição do vidrado e moído a úmido durante o tempo adequado. A fórmula do vidrado não indica a granulometria em que deve ser moído. As propriedades de trabalhabilidade do vidrado bem como a temperatura de amadurecimento dependem muito da finura, de forma que as condições de moagem devem ser rigorosamente controladas.
15.4 - APLICAÇÃO DE VIDRADOS
(a) Propriedades da suspensão de vidrado
	Qualquer pessoa que já fez vidrado em laboratório e comparou-os com um vidro comercial provavelmente observou a superioridade do último quanto às propriedadesde trabalhabilidade. Isso é devido ao controle da granulometria das partículas e à seleção correta das argilas para suspensão (“suspending clays”).
	A barbotina do vidrado deve ter as seguintes propriedades:
(1a.) baixa velocidade de sedimentação ou deposição (settling rate); 
(2a.) uma alta mobilidade (baixa viscosidade) de forma que escorrerá facilmente, formando uma superfície lisa e uniforme;
(3a.) um alto limite de escoamento (yield point), não na forma de barbotina, mas após ter perdido um pouco de água, de modo tal que a camada de vidro não se descole (slough off);
(4a.) uma baixa retração de secagem;
(5a.) uma grande elasticidade no estado seco;
(6a.) pequena alteração das propriedades da barbotina com o envelhecimento.
Essas condições são satisfeitas somente com um cuidadoso controle da massa específica ou densidade da barbotina, granulometria das partículas, pH da suspensão, tipo de argila e também pela adição de matéria orgânica na forma degomas vegetais solúveis em água.
(b) Métodos de Aplicação
	Os vidrados podem ser aplicados com pincéis vertendo (pouring), por imersão ou com pistola a ar (spraying). O último método será discutido aqui, uma vez que é o principal, comercialmente.
	A suspensão de vidrado pode ser nebulizada ou “atomizada” numa pistola com um jato de ar comprimido, da mesma maneira que é feito com tinta. Quando as pequenas gotas da barbotina do vidrado atingem a peça cerâmica, elas se achatam e logo perdem uma porção da água pela absorção nos poros da massa ou corpo cerâmico (biscoito) ou por evaporação da água se for um corpo vitrificado. Gotas sucessivas vão se formando umas sobre as outras, porém a velocidade de aplicação deve ser bastante lenta de forma que o teor de água da camada do vidrado não permita que o limite de escoamento seja excedido e, ao mesmo tempo, deve ser bastante rápida, de forma que cada gota coalesça com a precedente para formar uma camada coerente e uniforme.
	A aplicação da névoa ou spray é feita manualmente em peças grandes, tais como terracota, porém a louça doméstica é “esmaltada” por máquinas automáticas. Um dos problemas é a recuperação econômica do vidrado perdido durante a aplicação do vidrado ou “esmalte”.
15.5 - QUEIMA DO VIDRADO
(a) A formação de um vidrado
	Os diagramas da Figura 19-2 mostram as etapas de reações que se processam num vidrado fritado simples para cerâmica branca; são reações semelhantes à fusão do vidro, excetuando a reação com o corpo cerâmico. Na primeira etapa, as partículas do vidrado coalescem (frit together) e reduzem o volume dos poros. A etapa seguinte é a formação de uma fase vítrea contínua, com o aprisionamento das bolhas deixadas nos poros, e a decomposição dos carbonatos e da argila. As bolhas se deslocam à superfície e arrebentam, onde formam poros (pits), os quais logo se fecham. As forças que trazem as bolhas à superfície não são forças de gravidade, como é o caso da refinação de vidro, porém são forças de tensão superficial tentando fazer a área da superfície livre atingir um mínimo.
Figura 19-2. História da vida do vidrado fritado. Abaixo são mostradosos volumes dos varios constituintes; acima, seções delgadas do esmaltee corpo cerâmico a várias temperaturas.
	A reação entre o vidrado e o corpo cerâmico é importante porque forma uma camada intermediária com as propriedades do corpo cerâmico e as do próprio vidrado. Essa camada frequentemente contém agulhas de mulita que se desenvolvem no vidrado a partir do corpo cerâmico, servindocomo âncoras. A zona intermediária é mais desenvolvida em casos onde corpo e vidrado não são queimados juntos (monoqueima), uma vez que a interação pode ser mais completa.
(b) Superfície
	É desejável obter uma superfície lisa para um vidrado brilhante. A maioria dos vidrados brilhantes parece lisa superficialmente, porém sob um exame cuidadoso com iluminação oblíqua, apresenta um número grande de poros rasos (shadow pits). No caso de louças de cerâmica branca queimada em temperaturas baixas, os poros são tão numerosos que o brilho é quase nulo, enquanto a porcelana fina de Copenhague tem uma superfície quase perfeita devido à sua elevada temperatura de queima. São necessários tempo e um corpo cerâmico não poroso para se obter um vidrado com superfície perfeita e brilhante.
	Vidrados foscos (mat) desenvolvem, durante o resfriamento, cristais pequenos na superfície que interrompem a continuidade desta e produzem uma espécie de textura de casca de ovo. Esses cristais são geralmente anortita (CaAl2Si2O8), porém mulita (Si2Al6O13) e cristobalita (SiO2) são frequentemente encontrados. Um bom vidrado fosco geralmente contém cal e um teor mais alto de alumina do que o vidrado brilhante correspondente.
(c ) Desenvolvimento de cristais no vidrado
	Os cristais pequenos encontrados em vidrados foscos sào desenvolvidos por programas de queimanormais, pois o número de cristais é tão grande que eles não podem crescer até grandes dimensões. Vidrados cristalinos têm cristais que alcançam diâmetros de até 75 mm em condições adequadas, como é mostrado na Figura 19-3.
Figura 19-3. Cristal de vilemita crescido num vidrado (tamanho natural).
	Foi mostrado que, no crescimento de cristais em vidro, é necessário primeiro ter um núcleo formado por alguns átomos reunidos como ponto inicial e então fazer esse núcleo crescer. Certos vidros têm faixas separadas de temperatura para a formação de núcleos e para crescimento de cristais, tornando possível controlar simultaneamente o número e o tamanho dos cristais. Isso é ilustrado na Figura 19-4 para um vidrado de zinco-titânio, produzindo cristais de vilemita (ZnaSiO4). A produção de cristais depende do aquecimento do vidrado acima da temperatura para formação dos núcleos, por um tempo suficiente para dissolver todos os núcleos, e baixando imediatamente à temperatura de crescimento, que é mantida até ser obtido o tamanho desejado dos cristais. A forma dos cristais pode ser controlada pela temperatura de crescimento, e sua cor, pela adição deóxidos de metais de transição.
Figura 19-4. Ilustrando a formação de cristal a partir de um vidrado.
15.6 - ACORDO ENTRE O VIDRADO E O CORPO CERÂMICO*
* Às vezes também chamado numa forma sintética “acordo massa-esmalte”
(a) Causa do gretamento (“crazing”)
	Como foi mostrado no caso do vidro, os vidrados são fracos sob tração, porém muito fortes em compressão. Portanto, se o vidrado tiver um coeficiente de dilatação maior que o do corpo cerâmico, ficará sob tração no resfriamentoe mostrará um sistema de trincas conhecidas como gretamento (craquelé). Quanto mais fino for o conjunto de furos, maior será a tração a que foi submetido. Por outro lado, tensões de compressão muito grandes podem causar trincas conhecidas como descascamento ou esfoliação (peeling), um defeito que ocorre geralmente nos bordos e cantos. Por conseguinte, o ajuste do vidrado ao corpo significa igualar mais ou menos o coeficiente de dilatação dos dois. Entretanto esse ajuste é dificultado pelo fato de que o vidrado, quando ligado ao corpo cerâmico, pode ter uma composição completamente diferente da calculada a partir da fórmula, devido à volatilização e à dissolução no corpo cerâmico.
(b) Medida das tensões do vidrado
	Se uma lâmina do corpo cerâmico for vidrada somente de um lado, ela se encurvará pela tensão desenvolvida no vidrado, e essa quantidade de encurvamento pode ser medida a qualquer temperatura da maneira que segue. Um diapasão (tuning fork) é fabricado com o corpo cerâmico como é mostrado na Figura 19-5 e às superfícies externas das hastes (prongs) são vidradas. O conjunto é então queimado à temperatura normal de amadurecimento e resfriado lentamente num forno onde a distância entre as hastes pode ser medida com um telescópio. Se as extremidades fecham, o vidrado está em compressão; se elas abrem,deve estar em tensão. Medição semelhante pode ser feita em um anel feito com o corpo cerâmico ao qual falta um segmento.
Figura 19-5. Método de medir a tensão em vidrados.
(c ) Tensões no vidrado
	Uma vez que o vidro ou vidrado é resistente à compressão, porém comparativamente fraco sob tração, os vidrados sob trações grandes gretam, apresentando um sistema de trincas, que se torna cada vez mais fino à medida que a tensão aumenta. Por conseguinte, o vidrado ideal deve estarsob ligeira compressão, fazendo o seu coeficiente de dilatação ser inferior ao do corpo cerâmico. A tensão num vidrado normal é mostrada na Figura 19-6. Pode-se observar que, acima de 550oC, não há tensão porque o vidrado ficou fluido. A tensão final, à temperatura ambiente a , é uma compressão apreciável, porém esta diminui para o ponto b , em alguns dias, por causa da contração atrasada (delayed) no vidrado.
	Gretamento é um defeito muito comum em peças vidradas, especialmente azulejos, que pode ser controlado por um cálculo cuidadoso do vidrado e do corpo cerâmico. Há muitas regras para evitar gretamento por mudanças de composição, porém nem sempre elas são satisfatórias. Somente por uma abordagem científica, através de medidas de tensão, pode-se controlar efetivamente essa dificuldade. Tem sido frequentemente observado que os vidrados foscos são menos sujeitos ao gretamento que os vidrados brilhantes. Isso ocorre porque os cristais finos agem como um reforçador do vidro e assim permitem-no suportar trações consideráveis sem gretar.
(d) Gretamento retardado(“delayed crazing”)
	Mesmo o vidrado bem ajustado pode mostrar gretamento após exposição à umidade (por um período grande de tempo). Isso é causado por uma rehidratação parcial do corpo cerâmico, qual provoca uma ligeira dilatação e consequente aumento de tração no vidrado. Esse efeito é mais pronunciado em corpos porosos, e não é encontrado no caso de porcelanas. O ponto c na Figura 19-6 mostra a tensão após o corpo de prova ter sido exposto à umidade por algum tempo. Se o vidrado não sofresse elevada compressão inicialmente teria ocorrido o gretamento.
Figura 19-6. Tensão num vidrado.
	O desenvolvimento de uma boa interface entre o vidrado e o corpo é uma das melhores ajudas para evitar o gretamento. Isso ocorre quando o vidrado e o corpo são queimados juntos (monoqueima).
15.7 - ALGUNS EXEMPLOS DE VIDRADOS
	Nesta seção descreveremos alguns vidrados típicos.
(a) Vidrado de chumbo (bruto)
	Esse tipo de vidro é simples para fabricar e aplicar. É mole, risca facilmente, porém é brilhante e pode ser facilmente colorido. A composição dada abaixo, de Binns, é satisfatória para um vidrado transparente -brilhante. Pode apresentar problemas de solubilidade do chumbo em recipientes para alimentos.
0,6 PbO; 0,3 CaO; 0,1 K2O; 0,2 Al2O3; 1,6 SiO2
Esse vidrado pode ser formado fosco aumentando-se a alumina como segue: 
0,50 PbO; 0,35 CaO; 0,15 K2O; 0,35 A2O3; 1,55 SiO2.
Para fazer um vidrado opaco (esmalte cerâmico) adiciona-se óxido de estanho:
0,72 PbO; 0,17 CaO; 0,11 ZnO; 0,17 Al2O3; 0,33 SnO2; 1,93SiO2
Esses vidrados amadurecem (mature) entre 1050oC e 1120oC (cones orton 04 a 1). Os detalhes de preparação podem ser encontrados no Apêndice.
(b) Vidrados Bristol
	São vidrados usados em terracota e em louça branca de pó de pedra, onde se deseja uma temperatura de amadurecimento mais baixa do que é possível com o vidrado para porcelana. É satisfatório oseguinte vidrado transparente dado por Wilson, amadurecendo a 1175oC (cone orton 5):
0,36 K2O; 0,24ZnO; 0,40 CaO; 0,50 Al2O3; 3,16 SiO2
	Vidrados Bristol, opacos e foscos podem ser feitos, segundo Wilson, aumentando os óxidos de cálcio e zinco de acordocom a seguinte fórmula:
0,24 K2O; 0,27 ZnO; 0,49 CaO; 0,39 Al2O3; 2,00 SiO2
(c ) Vidrados fritados (frited glazes)
	Esses vidrados são usados para louças semivitrificadas e louça de hotel (hotel chinaware). Quando fabricados convenientemente, podem ter excelentes propriedades de trabalho. As fritas podem ser feitas no laboratório pela fusão em cadinhos de argila, porém é mais conveniente usar fritas comerciais, como aquelas listadas pelas companhias que fabricam fritas para esmaltação de ferro (porcelain enamel). Um vidrado fritado para um corpo semivitrificado é dado por Koenig: 
0,43 CaO; 0,26 PbO; 0,12 K2O; 0,06Na2O; 0,13ZnO; 0,27 Al2O3, 0,31B2O3; 2,60SiO2
Esse vidrado amadurece a 1200oC (cone orton 6).
(d) Vidrado para porcelana
	O campo de vidrados para porcelana foi cuidadosamente estudado por Stull, e por Howat e Sortwell. Esse tipo de vidrado é fácil de fazer, não é venenoso, é duro e tem pouca tendência a gretar. Sometne a temperatura de queima elevada inibe seu maioruso. Na Figura 19-7 são mostrados os campos de composição dos vidrados para porcelana.Um vidrado brilhante pode ser feito para amadurecer a 1250oC (cone orton 9) da seguinte maneira:
0,30 K2O; 0,70 CaO; 0,58 Al2O3; 3,75SiO2
Um vidrado fosco amadurecendo à mesma temperatura é feito aumentando-se o teor de alumínio:
0,3 K2O; 0,7CaO; 0,65 Al2O3; 2,25 SiO2
A temperatura de amadurecimento pode ser reduzida pelo uso de vários metais alcalino-terrosos. Geller e Creamer dão uma fórmula para vidrado brilhante amadurecendo a 1190o�C (cone orton 6).
0,217 K2O; 0,454 CaO; 0,135 BaO; 0,194 MgO; 0,352 Al2O3; 0,82 SnO2; 2,77 SiO2
Figura 19-7. Composições de vidrados para porcelana (RO = 0,3 K2O; 0,7 CaO).
(e) Vidrados cristalinos
	Muitos tipos de vidrados produzem cristais com um tratamento térmico adequado, como mostra a Figura 19-8. O seguinte vidrado produz excelentes cristais de vilemita.
0,235K2O; 0,087CaO; 0,162Al2O3; 0,202TiO2; 1,700SiO2; 0,052Na2O; 0,051BaO; 0,575ZnO
(f) Vidrados reduzidos (“reduction glazes”)
	Esses vidrados contém óxidos de cobre ou de ferro e produzem cores vermelhas ou verdes, respectivamente, sob condições adequadas de queima. Essas cores são descritas no Cap. 22 de Norton[1]. É também possível produzir esses vidrados pela adiçãode um agente redutor como ferro divalente ou carbetode silício ao vidrado ou corpo cerâmico e queimando numa atmosfera oxidante. Os vidrados vermelhos de cobre foram estudados por Mellor e Hetherington, os quais concluíram serem eles de origem coloidal e conterem cobre no estado metálico. Contudo há evidências de que cristais de óxido cúprico podem contribuir para a cor em alguns casos.
15.8 - DEFEITOS DE VIDRADOS
(a) Retraçãode vidrado (crawling”)
	O defeito mais comumente encontrado por iniciantes é a retração do vidrado. Isso é causado pelo trincamento da camada quando o vidrado seca, devido a uma retração muito grande ou a uma aderência inadequada ao corpo. Na queima, o vidrado geralmente retrai da trinca para revelar áreas não-esmaltadas de biscoitos.Esse defeito é evitado mantendo-se um biscoito livre de poeira ou óleo, usando-se menos argila, moendo menos, ou adicionando algum adesivo ou goma.
(b) Gretamento
	Esse defeito já foi discutido.
(c ) Furos de alfinete (“pinholes”)
	Esse defeito pode ser corrigido por uma queima em temperatura mais alta ou mais demorada.
(d) Distribuição heterogênea da cor
	Esse defeito é devido a manchas de cores e pode ser corrigido por uma moagem mais finado pigmento com uma porção do vidrado ou pela fritagem do pigmento.
(e) Superfície em casca de laranja (“orange peel surface”)
	As partículas não são consolidadas em uma camada uniforme durante a aplicação. Tal situação pode ser melhorada mantendo a pistola de pulverização mais perto da peça cerâmica.
BIBLIOGRAFIA:
[1] F. H. NORTON, Introdução à Tecnologia Cerâmica, Editora Edgard Blucher Ltda, São Paulo,SP, 1973.
REFERÊNCIAS:

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