Buscar

Sistema consonantal e sistema vocálico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SISTEMA	
  CONSONANTAL	
  
LEITURAS:	
  
	
  
CAMARA	
  JR.	
  –	
  Parte	
  V	
  (“As	
  vogais	
  e	
  consoantes	
  portuguesas”)	
  –	
  nas	
  partes	
  
referentes	
  às	
  consoantes.	
  
	
  
CALLOU	
  &	
  LEITE	
  –	
  capítulo	
  III	
  (“Descrição	
  fonológica	
  do	
  português”),	
  parte	
  
1	
  (“O	
  sistema	
  consonantal”)	
  
Arquifonema	
  /S/	
  -­‐	
  	
  paz,	
  mesmo	
  	
  
Arquifonema	
  /R/	
  -­‐	
  par,	
  carta	
  
Arquifonema	
  /N/	
  -­‐	
  lã,	
  canto	
  
Consoante	
  /l/	
  -­‐	
  sal,	
  palma	
  
	
  	
  CODA	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  C	
  	
  	
  	
  	
  
	
  	
  	
  NÚCLEO	
  
	
  	
  ONSET	
  
	
  1ª	
  posição	
  
TODAS	
  AS	
  
CONSOANTES	
  
	
  C	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  C	
  	
  	
  	
  	
  
2ª	
  posição	
  
CONSOANTES	
  
LÍQUIDAS	
  –	
  
laterais	
  e	
  
vibrantes	
  	
  
Ex.:	
  prato,	
  
pleno	
  
Distribuição	
  das	
  	
  
Consoantes	
  
conforme	
  seu	
  
posicionamento	
  na	
  
sílaba	
  
Consoante	
  /n/	
  
Arquifonema	
  /R/	
  
I	
  -­‐	
  CONSOANTES	
  OCLUSIVAS	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  CODA	
  
/p/	
   Pata,	
  tapa	
   rapto,	
  pneu	
  
/b/	
   Bata,	
  taba	
   abnegar	
  
/t/	
   Teto,	
  teto	
   ritmo	
  
/d/	
   Dedo,	
  dedo	
   advogado	
  
/k/	
   Capa,	
  paca	
   pacto	
  
/g/	
   Gola,	
  lago	
   agnósaco	
  
É	
  possível,	
  de	
  fato,	
  haver	
  oclusivas	
  em	
  posição	
  de	
  coda?	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  CODA	
  
/p/	
   Pata,	
  tapa	
   rapto,	
  pneu	
  
/b/	
   Bata,	
  taba	
   abnegar	
  
/t/	
   Teto,	
  teto	
   ritmo	
  
/d/	
   Dedo,	
  dedo	
   advogado	
  
/k/	
   Capa,	
  paca	
   pacto	
  
/g/	
   Gola,	
  lago	
   agnósaco	
  
Os	
  fonemas	
  que,	
  aparentemente,	
  estão	
  na	
  posição	
  de	
  coda,	
  na	
  verdade	
  
estão	
  em	
  posição	
  de	
  onset,	
  pois	
  logo	
  após	
  a	
  consoante	
  oclusiva	
  há	
  uma	
  
vogal:	
  
ra	
  –	
  p[i]	
  –	
  to;	
  ri	
  –	
  t[i]	
  –	
  mo;	
  p[i]	
  –	
  neu;	
  pa	
  –	
  [ki]	
  –	
  to	
  	
  	
  	
  
II	
  -­‐	
  CONSOANTES	
  FRICATIVAS	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  CODA	
  
/f/	
   Faca,	
  grafar	
   afta	
  
/v/	
   Vaca,	
  cava	
  
/s/	
   Sala,	
  assa	
   As	
  	
  pessoas,	
  asco	
  
/z/	
   zelo,	
  asa	
   As	
  meninas,	
  asma	
  
/ʃ	
  /	
   xale,	
  acha	
   As	
  pessoas,	
  asco	
  
/ʒ/	
   Gelo,	
  aja	
   As	
  meninas,	
  asma	
  
Os	
  quatro	
  fonemas	
  fricaavos	
  não-­‐labiais	
  comportam-­‐se,	
  em	
  posição	
  de	
  coda,	
  
como	
  sendo	
  um	
  só	
  fonema.	
  Ocorre	
  aí	
  o	
  fenômeno	
  da	
  NEUTRALIZAÇÃO,	
  no	
  
qual	
  2	
  ou	
  mais	
  fonemas	
  deixam	
  de	
  se	
  opor	
  em	
  um	
  determinado	
  contexto.	
  O	
  
resultado	
  da	
  neutralização	
  é	
  representado	
  fonologicamente	
  pelo	
  
ARQUIFONEMA.	
  Neste	
  caso,	
  usa-­‐se	
  o	
  arquifonema	
  sibilante	
  /S/.	
  
	
  
/ˈaza/	
  -­‐	
  /ˈaʃa/	
  -­‐	
  /ˈasa/	
  -­‐	
  /ˈaʒa/	
  -­‐	
  	
  /ˈpaSta/	
  -­‐	
  /ˈaSma/	
  -­‐	
  /aSˈbɔlaS/	
  	
  
III	
  -­‐	
  CONSOANTES	
  VIBRANTES	
  
	
   POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
INTERVOCÁLICO	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
NÃO-­‐INTERVOCÁLICO	
  
/r/	
  vibrante	
  
múlapla	
  
Carro,	
  erra	
   Rio	
  /R/	
  
/ɾ/	
  vibrante	
  simples	
   Caro,	
  era	
   Rio	
  /R/	
  
As	
  vibrantes	
  se	
  opõem	
  apenas	
  na	
  posição	
  intervocálica,	
  ou	
  seja,	
  
quando	
  estão	
  em	
  posição	
  de	
  onset,	
  sendo	
  precedidas	
  por	
  vogal.	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  	
  ONSET	
  
COMO	
  SEGUNDA	
  
CONSOANTE	
  DO	
  GRUPO	
  
CONSONANTAL	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  CODA	
  
/r/	
  /	
  vibrante	
  
múlapla	
  
-­‐	
   Perto	
  /R/	
  
/ɾ/	
  /	
  vibrante	
  
simples	
  
Cravo,	
  retrato,	
  	
   Perto	
  /R/	
  
III	
  -­‐	
  CONSOANTES	
  VIBRANTES	
  –	
  ASPECTOS	
  FONÉTICOS	
  
	
  
Há,	
   em	
  português,	
   apenas	
  dois	
   fonemas	
   vibrantes.	
  No	
  entanto,	
   as	
   variantes	
  
que	
  os	
  realizam	
  são	
  bem	
  variadas	
  e	
  muito	
  diferentes	
  entre	
  si,	
  especialmente	
  
no	
  caso	
  do	
  fonema	
  vibrante	
  múlaplo.	
  São	
  elas:	
  
	
  
1.	
  Variantes	
  da	
  /ɾ/	
  vibrante	
  simples	
  	
  (p.	
  ex.:	
  era)	
  
	
  
[ɾ]	
  –	
  tepe	
  alveolar	
  
[	
  	
  ]	
  –	
  tepe	
  retroflexo	
  	
  
[ɹ]	
  –aproximante	
  retroflexa	
  
	
  
2.	
  Variantes	
  da	
  /r/	
  vibrante	
  múlapla	
  (p.	
  ex.:	
  	
  erra)	
  
	
  
[r]	
  –	
  vibrante	
  alveolar	
  
[R]	
  –	
  vibrante	
  uvular	
  
[	
  	
  ]	
  –	
  fricaava	
  uvular	
  
[x]	
  –	
  fricaava	
  velar	
  surda;	
  [	
  	
  ]	
  –	
  fricaava	
  velar	
  sonora	
  
[h]	
  –	
  fricaava	
  glotal	
  surda;	
  [	
  	
  ]	
  –	
  fricaava	
  glotal	
  sonora	
  
	
  
	
  
Quando	
  ocorre	
  a	
  neutralização,	
  todas	
  as	
  variantes	
  de	
  um	
  dos	
  fonemas	
  pode	
  
ocorrer	
  no	
  lugar	
  das	
  variantes	
  do	
  outro,	
  o	
  que	
  confere	
  ao	
  PB	
  a	
  grande	
  
variabilidade	
  de	
  pronúncias	
  para	
  o	
  R,	
  verificada,	
  por	
  exemplo,	
  em	
  coda	
  
silábica.	
  	
  
IV	
  –	
  CONSOANTES	
  NASAIS	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  CODA	
  
/m/	
   mata,	
  mama	
   campo	
  –	
  ca/N/po	
  
/n/	
   nata,	
  mana	
   Manto	
  –	
  ma/N/to	
  
/	
  	
  	
  	
  	
  /	
   nhaca,	
  manha	
   -­‐	
  
As	
  consoantes	
  nasais	
  /m/	
  e	
  /n/	
  neutralizam-­‐se	
  em	
  posição	
  de	
  
coda	
  silábica,	
  gerando	
  o	
  arquifonema	
  nasal	
  /N/.	
  
	
  
Atente-­‐se	
  para	
  o	
  fato	
  de	
  que	
  nos	
  vocábulos	
  que	
  se	
  grafam	
  com	
  
al,	
  também	
  há	
  a	
  presença	
  de	
  uma	
  consoante	
  nasal	
  travando	
  a	
  
sílaba:	
  lã	
  -­‐	
  /laN/;	
  maçã	
  -­‐	
  /ma'saN/.	
  
V	
  –	
  CONSOANTES	
  LATERAIS	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  ONSET	
  
	
  
POSIÇÃO	
  DE	
  CODA	
  
/l/	
   lata,	
  mala	
   caldo	
  –	
  ca/l/do	
  
/	
  	
  	
  	
  	
  	
  /	
   lhama,	
  malha	
   -­‐	
  
A	
  consoante	
  lateral	
  alveolar	
  /l/,	
  embora	
  se	
  realize	
  como	
  [w]	
  em	
  
quase	
  todo	
  o	
  território	
  brasileiro,	
  mantém	
  sua	
  integridade	
  nos	
  
estados	
  da	
  Região	
  Sul,	
  realizando-­‐se	
  como	
  uma	
  lateral	
  velarizada	
  
[ɫ]	
  em	
  posição	
  de	
  coda.	
  
Desta	
  forma,	
  não	
  se	
  pode	
  dizer	
  que	
  no	
  português	
  brasileiro	
  ela	
  
não	
  é	
  mais	
  usada.	
  	
  
	
  
-­‐	
  mal	
  x	
  mau?	
  	
  
SISTEMA	
  VOCÁLICO	
  
Callou	
  &	
  Leite,	
  pág.	
  79.	
  
Para	
  a	
  descrição	
  do	
  funcionamento	
  das	
  vogais,	
  observa-­‐se	
  a	
  sua	
  posição	
  
no	
   vocábulo,	
   sempre	
   considerando	
   a	
   tonicidade	
   da	
   sílaba.Assim,	
   as	
  
vogais	
   são	
   estudadas	
   conforme	
   a	
   posição	
   em	
   que	
   se	
   encontram,	
  
definindo	
   três	
   sistemas:	
   sistema	
   pretônico,	
   sistema	
   tônico	
   e	
   sistema	
  
postônico.	
  
	
  pretônica	
   	
  	
  	
  tônica	
   	
  postônica	
  
	
  pretônica	
   	
  pretônica	
   	
  	
  	
  	
  tônica	
  
	
  	
  tônica	
   	
  postônica	
   	
  postônica	
  
I	
  -­‐	
  VOGAIS	
  TÔNICAS	
  
	
  /a/	
  
	
  /ɛ/	
  
	
  /i/	
   	
  /u/	
  
	
  /o/	
  	
  /e/	
  
	
  /ɔ/	
  
Neste	
  sistema	
  ocorrem	
  7	
  vogais	
  com	
  capacidade	
  oposiEva:	
  	
  
cica,	
  s/e/ca,	
  s/ɛ/ca,	
  saca,	
  s/ɔ/ca,	
  	
  s/o/co,	
  r/ɔ/ta,	
  r/o/ta,	
  suco.	
  
	
  
I	
  -­‐	
  VOGAIS	
  PRETÔNICAS	
  
	
  /a/	
  
	
  /E/	
  
	
  /i/	
   	
  /u/	
  
	
  /O/	
  
Neste	
   sistema	
   ocorrem	
   5	
   vogais	
   com	
   capacidade	
   oposiEva,	
   havendo	
  
neutralização	
  entre	
  as	
  vogais	
  médias	
  anteriores	
  e	
  posteriores:	
  	
  
ligado	
   x	
   legado	
   x	
   logado,	
   picado	
   x	
   pecado;	
   curado	
   x	
   corado,	
   murar	
   x	
  
morar;	
  pegado	
  x	
  	
  pagado;	
  malhado	
  x	
  molhado.	
  	
  
Mapa	
  de	
  Antenor	
  Nascentes	
  que	
  mostra	
  as	
  áreas	
  dialetais	
  do	
  Brasil	
  	
  
–	
  O	
  linguajar	
  carioca,	
  1953.	
  
O	
  quadro	
  pretônico,	
  na	
  verdade,	
  pode	
  se	
  reduzir	
  ainda	
  mais,	
  chegando	
  a	
  
três	
  elementos,	
  nos	
  casos	
  em	
  que	
  há	
  o	
  debordamento	
  das	
  vogais	
  altas,	
  
“invadindo”	
  os	
  domínios	
  das	
  vogais	
  médias.	
  	
  
	
  /a/	
  
	
  /E/	
  
	
  /i/	
   	
  /u/	
  
	
  /O/	
  
Três	
   situações	
   levam	
   ao	
   debordamento	
  
entre	
  vogais	
  médias	
  e	
  altas:	
  
1.  Posição	
  da	
  vogal	
  média	
  em	
  hiato	
  com	
  vogal	
  baixa:	
  v[o]ar	
  è	
  v[u]ar	
  
2.  Posição	
  inicial	
  de	
  vocábulo	
  seguida	
  de	
  /S/:	
  [i]special,	
  [i]scola	
  
3.  Harmonização	
  vocálica:	
  presença	
  de	
  vogal	
  tônica	
  alta:	
  m[i]nino	
  
III	
  -­‐	
  VOGAIS	
  POSTÔNICAS	
  NÃO-­‐FINAIS*	
  
	
  /a/	
  
	
  	
  
	
  /i/	
   	
  /U/	
  
	
  	
  
C.Jr.	
   postula	
   um	
   quadro	
   de	
   4	
   vogais	
   em	
   posição	
   postônica	
   não-­‐final,	
  
argumentando	
  que	
  a	
  troca	
  de	
  [i]	
  por	
  [e]	
  "soaria	
  estranha”	
  nessa	
  posição	
  
em	
   alguns	
   vocábulos,	
   como	
   em	
   “número”.	
   Entretanto,	
   o	
   autor	
   não	
  
apresenta	
  um	
  par	
  oposiavo	
  que	
  sustente	
  essa	
  oposição.	
  
Câmera	
  x	
  câmara;	
  	
  
	
  /E/	
  
III	
  -­‐	
  VOGAIS	
  POSTÔNICAS	
  FINAIS	
  
	
  /a/	
  
	
  	
  
	
  /I/	
   	
  /U/	
  
	
  	
  
Neste	
   sistema	
   ocorrem	
   3	
   vogais	
   com	
   capacidade	
   oposiEva,	
   havendo	
  
neutralização	
  entre	
  as	
  todas	
  as	
  vogais	
  anteriores	
  e	
  todas	
  as	
  posteriores:	
  	
  
pele	
  x	
  pela	
  x	
  pelo.	
  
ALGUMAS	
  CARTAS	
  LINGUÍSTICAS	
  
	
  	
   	
  	
  
AGUILERA,	
  Vanderci	
  e	
  ALTINO,	
  Fabiane.	
  Para	
  um	
  Atlas	
  pluridimensional:	
  pesquisas	
  e	
  pesquisadores.	
   In:	
  Alfa,	
   rev.	
  
linguíst.	
  (São	
  José	
  Rio	
  Preto)	
  vol.56	
  no.3	
  São	
  Paulo	
  	
  2012.	
  	
  
h‹p://www.scielo.br/scielo.phppid=S1981-­‐57942012000300007&script=sci_ar‹ext	
  
	
  	
   	
  	
  
CRUZ-­‐CARDOSO,	
  Maria	
  Luísa.	
  Atlas	
  Linguísaco	
  do	
  Amazonas	
  (ALAM).	
  
VOGAIS	
  NASAIS	
  
LEITURAS:	
  
	
  
CAMARA	
  JR.	
  –	
  Parte	
  V	
  (“As	
  vogais	
  e	
  consoantes	
  portuguesas”),	
  pág.58.	
  
	
  
CALLOU	
  &	
  LEITE	
  –	
  capítulo	
  III	
  (“Descrição	
  fonológica	
  do	
  português”),	
  parte	
  
2,	
  pág.	
  85.	
  
“A	
  interpretação	
  fonológica	
  das	
  vogais	
  nasais	
  em	
  português	
  tem	
  sido	
  sempre	
  
objeto	
  de	
  discussão	
  por	
  parte	
  dos	
  linguistas.	
  Confrontando	
  os	
  pares	
  
	
  
mata	
  /	
  manta	
  
seda	
  /	
  senda	
  
lida	
  /	
  linda	
  
boba	
  /	
  bomba	
  
fuga	
  /	
  funga	
  	
  
	
  
Resta-­‐nos	
  saber	
  em	
  que	
  consiste	
  a	
  oposição	
  entre	
  as	
  formas:	
  
	
  
1)	
  Na	
  presença,	
  em	
  cada	
  par,	
  de	
  vogais	
  diferentes	
  (vogal	
  oral	
  x	
  vogal	
  nasal)	
  
	
  	
  	
  	
  	
  ou	
  
2)	
  Na	
  presença,	
  no	
  segundo	
  elemento	
  de	
  cada	
  par,	
  de	
  um	
  segmento	
  fônico	
  
ausente	
  no	
  primeiro	
  (vogal	
  oral	
  x	
  vogal	
  oral	
  +	
  elemento	
  consonânaco	
  nasal).”	
  
	
  
(Callou	
  e	
  Leite)	
  
	
  
	
  
	
  
Em	
  síntese,	
  a	
  questão	
  para	
  a	
  fonologia	
  é:	
  como	
  interpretar	
  a	
  diferença	
  entre	
  
“mata”	
  e	
  “manta”,	
  por	
  exemplo?	
  
	
  
Há	
  2	
  possibilidades:	
  
	
  
1)	
  Mata	
  e	
  manta	
  consatuem	
  um	
  par	
  oposiavo:	
  /’mata/	
  x	
  /’mãta/	
  
2)	
  Mata	
  e	
  manta	
  	
  não	
  consatuem	
  um	
  par	
  oposiavo,	
  pois	
  em	
  mata	
  há	
  4	
  
fonemas	
  e	
  em	
  manta	
  há	
  um	
  fonema	
  a	
  mais,	
  a	
  consoante	
  nasal	
  travadora	
  de	
  
sílaba:	
  /’mata/	
  x	
  /’maNta/.	
  Esta	
  é	
  a	
  interpretação	
  adotada	
  por	
  C.	
  Jr..	
  
	
  
A	
  adoção	
  de	
  uma	
  ou	
  outra	
  interpretação	
  traz	
  consequências	
  diferenciadas	
  
para	
  a	
  descrição	
  de	
  outros	
  fatos	
  fonológicos.	
  Se	
  se	
  considera	
  que	
  há	
  vogais	
  
nasais	
  no	
  português	
  
	
  
•  o	
  quadro	
  vocálico	
  aumenta	
  e	
  passa	
  a	
  contar	
  com	
  12	
  fonemas:	
  7	
  vogais	
  
orais	
  e	
  5	
  vogais	
  nasais;	
  
•  O	
  quadro	
  consonantal	
  deixa	
  de	
  ter	
  um	
  elemento,	
  o	
  arquifonema	
  /N/;	
  
•  A	
  língua	
  escrita	
  é	
  acrescida	
  de	
  10	
  dígrafos	
  vocálicos:	
  an,	
  am,	
  en,	
  em,	
  in,	
  im,	
  
on,	
  om,	
  un,	
  um.	
  	
  
	
  
	
  
	
  
C.	
  Jr.	
  apresenta	
  4	
  argumentos	
  para	
  defender	
  sua	
  posição	
  (qual	
  seja,	
  a	
  não-­‐
existência	
  de	
  fonemas	
  vogais	
  nasais	
  no	
  português)	
  e	
  Callou	
  e	
  Leite,	
  ao	
  
apresentar	
  a	
  argumentação	
  do	
  autor,	
  buscam	
  contra-­‐argumentar.	
  Vejamos	
  
argumentos	
  e	
  contra-­‐argumentos:	
  
	
  
	
  
	
   Argumentos	
  de	
  C.	
  Jr.	
   Contra-­‐argumentos	
  
1.	
  No	
  português	
  não	
  existe	
  o	
  contraste	
  
entre	
  	
  vogal	
  oral,	
  vogal	
  nasal	
  e	
  vogal	
  
oral	
  +	
  consoante	
  nasal,	
  como	
  há	
  no	
  
francês:	
  
[‘bo]	
  x	
  [‘bõ]	
  x	
  [‘bon]	
  
Beau	
  x	
  bon	
  x	
  bonne	
  
Para	
  Lüdtke,	
  que	
  defende	
  uma	
  
interpretação	
  mais	
  concreta,	
  esse	
  
argumento	
  não	
  seria	
  válido	
  para	
  o	
  
português	
  europeu,	
  considerando	
  uma	
  
sequência	
  como:	
  
[‘vi]	
  x	
  [‘vĩ]	
  x	
  [‘vim]	
  
Vi	
  x	
  vim	
  x	
  vime	
  
Argumentosde	
  C.	
  Jr.	
   Contra-­‐argumentos	
  
2.	
  A	
  sílaba	
  com	
  a	
  vogal	
  dita	
  nasal	
  
comporta-­‐se	
  como	
  sílaba	
  travada	
  por	
  
consoante	
  e,	
  quando	
  final	
  –	
  seguida	
  de	
  
palavra	
  iniciada	
  por	
  vogal	
  –	
  não	
  sofre	
  
crase,	
  por	
  exemplo,	
  “lã	
  azul”,	
  “jovem	
  
amigo”	
  etc.	
  
	
  
Callou	
  e	
  Leite:	
  O	
  Segundo	
  exemplo	
  
arrolado	
  possibilita,	
  no	
  entanto,	
  uma	
  
contração	
  dos	
  vocábulos,	
  admiando-­‐se	
  
uma	
  realização	
  com	
  ou	
  sem	
  nasalidade,	
  
ditongada	
  ou	
  não:	
  ‘jov[ja]migo,	
  
jov[jã]migo,	
  jov[a]migo.	
  
	
  
Cunha:	
  Não	
  é	
  a	
  nasalidade	
  que	
  
inviabiliza	
  a	
  crase	
  em	
  “lã	
  azul”	
  e	
  sim	
  a	
  
pauta	
  acentual.	
  A	
  crase	
  não	
  ocorre	
  
entre	
  vogais	
  tônicas	
  ou	
  entre	
  vogal	
  
tônica	
  e	
  vogal	
  átona,	
  o	
  que	
  inviabiliza	
  o	
  
exemplo	
  de	
  C.	
  Jr.	
  (lã	
  azul).	
  No	
  entanto,	
  
se	
  subsatuirmos	
  o	
  exemplo	
  por	
  dois	
  
vocábulos	
  em	
  que	
  haja	
  vogais	
  nasais	
  
átonas,	
  a	
  crase	
  pode	
  ocorrer:	
  
“Íma	
  anago”	
  –	
  ím[ã]ago.	
  
Em	
  “lã	
  anaga”,	
  mais	
  uma	
  vez,	
  a	
  crase	
  
não	
  ocorre,	
  pois	
  há	
  o	
  encontro	
  de	
  vogal	
  
tônica	
  e	
  vogal	
  átona.	
  
	
  
Argumentos	
  de	
  C.	
  Jr.	
   Contra-­‐argumentos	
  
3.	
  Depois	
  de	
  vogal	
  nasal	
  só	
  se	
  realiza	
  um	
  
r	
  forte	
  (como	
  em	
  tenro)	
  e	
  nunca	
  o	
  
brando,	
  próprio	
  de	
  posição	
  
intervocálica.	
  
Callou	
  e	
  Leite:	
  Não	
  podemos	
  esquecer,	
  
porém,	
  que	
  em	
  posição	
  intervocálica	
  o	
  r	
  
forte	
  também	
  ocorre.	
  
	
  
4.	
  No	
  interior	
  de	
  vocábulo,	
  não	
  há	
  em	
  
português	
  vogal	
  nasal	
  em	
  hiato:	
  ou	
  a	
  
nasalidade	
  desaparece	
  como	
  em	
  
‘boa’	
  (face	
  a	
  ‘bom’)	
  ou	
  o	
  elemento	
  
consonânaco	
  se	
  desloca	
  para	
  a	
  sílaba	
  
seguinte,	
  como	
  em	
  ‘valentona’	
  (face	
  a	
  
‘valentão’).	
  
Callou	
  e	
  Leite:	
  O	
  Estudo	
  diacrônico	
  nos	
  
mostra	
  que	
  a	
  tendência	
  	
  evoluava	
  da	
  
língua	
  padrão	
  foi	
  a	
  perda	
  da	
  nasalidade	
  
da	
  vogal	
  em	
  hiato:	
  bona	
  >	
  bõa	
  >	
  boa,	
  
luna	
  >	
  lũa	
  >	
  lua.	
  
No	
  entanto,	
  na	
  fala	
  popular,	
  podemos	
  
encontrar	
  ainda	
  hoje	
  exemplos	
  de	
  sua	
  
ocorrência.	
  Tal	
  fato	
  está	
  documentado	
  
na	
  carta	
  1	
  do	
  Atlas	
  Prévio	
  dos	
  Falares	
  
Baianos.	
  A	
  forma	
  [’lũa]	
  ocorre	
  em	
  onze	
  
pontos	
  do	
  estado	
  da	
  Bahia,	
  em	
  homens	
  
e	
  mulheres	
  de	
  áreas	
  e	
  faixa	
  etária	
  
diversas.

Continue navegando