Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

EAD UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
 
 
CURSO: Licenciatura em Letras DISCIPLINA: Português VI 
 
 
Conteudistas: Raquel Fonseca e Rívia Fonseca 
 
 
AULA 05 – Charge, tira e quadrinhos: gêneros do domínio jornalístico 
 
 
Meta 
Apresentar os dois gêneros discursivos do domínio jornalístico – a charge, a 
tira e os quadrinhos – e mostrar de que maneira esses textos sincréticos 
podem ser explorados no desenvolvimento da competência linguística dos 
alunos. 
 
 
Objetivos 
Esperamos que, após o estudo desta aula, você seja capaz de: 
1. Identificar as principais características dos gêneros discursivos estudados; 
2. Apropriar-se desse conhecimento para enriquecer a sua prática docente. 
 
 
Pré-requisitos 
Antes de iniciar esta aula, sugerimos a leitura do texto História em 
quadrinhos: um enunciado sincrético, de Norma Discini. Esse texto é um 
capítulo do livro Linguagens na comunicação: desenvolvimentos de semiótica 
sincrética, organizados pelas professoras Ana Claudia de Oliveira e Lucia 
Teixeira e editado pela Estação das Letras e Cores, 2009. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A visão é o sentido perceptivo primordial dos seres humanos, por isso, 
geralmente, é primeiro pelo olhar que somos conduzidos aos sentidos do 
mundo. Visualmente as pessoas reconhecem umas às outras, se expressam 
e reconhecem a si mesmas em algumas das muitas imagens com as quais se 
deparam todos os dias. 
 
 
Fonte: https://openclipart.org/people/molumen/molumen_eyes.svg 
 
Estamos o tempo todo interpretando o que vemos. Certamente, você já ouviu 
alguém dizer, nos dias de hoje: “vivemos na era da imagem” ou “uma imagem 
vale mais do que mil palavras”, ou, ainda, “na era digital não há espaço para 
a leitura”. Frases que constituem os chamados lugares-comuns. São ideias 
reproduzidas sem muita reflexão, muitas vezes, seguidas de um comentário 
crítico que relaciona, automaticamente, a profusão de imagens que circulam 
nas diferentes esferas de comunicação aos baixos índices de leitura aferidos 
nos dias de hoje. Ao ouvirmos comentários como estes, devemos ser 
capazes de perceber que eles revelam um princípio equivocado a respeito 
não só daquilo que constitui um texto, mas, especialmente, do que significa 
ler um texto. 
 
BOXE DE CURIOSIDADE 
Para saber mais sobre os dados referentes à leitura no Brasil acesse: 
http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/2834_10.pdf. O arquivo 
disponível para download divulga os resultados da pesquisa realizada pelo 
Instituto Pró-Livro sobre o comportamento leitor do brasileiro. O objetivo 
 
desse trabalho é subsidiar estudos e promover o debate sobre os avanços e 
os impasses que seus resultados revelam. Os resultados da pesquisa são 
apresentados por meio de tabelas, quadros e gráficos comparativos, 
construídos segundo perfil dos entrevistados e por regiões brasileiras. 
Possibilitam uma avaliação consistente sobre o comportamento leitor 
segundo a percepção da leitura no imaginário coletivo; o perfil do leitor e do 
não leitor de livros; as preferências e motivações dos 
leitores; as influências, os canais e formas de acesso ao 
livro. 
 
 
Fonte: https://openclipart.org/detail/17631/cartoon-owl-sitting-on-a-book-by-
lemmling 
FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE 
 
De fato, vivemos um momento histórico e social em que as novas tecnologias 
fazem proliferar milhares de imagens que, a cada minuto, circulam livremente 
pela Internet e pelas mídias sociais de massa, como a TV e o rádio, por 
exemplo. No entanto, o equívoco a que nos referimos está em se 
desconsiderar o fato de que, diante de uma imagem, estamos, também, 
diante de um texto e, portanto, precisamos lê-lo. 
 
Ao contrário do que é compartilhado pelo senso comum, de que é muito mais 
fácil compreender uma imagem do que um texto escrito, nossa relação com 
tudo o que é visual é uma relação que é muito pouco preparada, muitas 
vezes, falta-nos a capacidade de contemplação. Isso interfere diretamente na 
nossa habilidade de interpretar uma imagem, de perceber os sentidos que ela 
instaura. E quando a linguagem visual articula-se com a linguagem verbal na 
construção do sentido do texto, a dificuldade pode ser ainda maior. 
 
 
 
 
Fonte: https://openclipart.org/detail/5173/empty-box-thinking-by-bsantos 
 
BOXE EXPLICATIVO 
A semioticista Lucia Teixeira (2004), em seu texto Para uma leitura de textos 
visuais, diz: “Palavras e desenhos e músicas e gestos e danças e pinturas 
são o modo de existir do homem. Com tantas formas possíveis de existir, no 
entanto, somos sempre seres do verbo, habitantes das palavras, num mundo 
povoado de rumor verbal”. Para ler o artigo na íntegra, acesse: 
http://www.pucsp.br/cps/pt-br/arquivo/Biblio-Lucia4.pdf 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
VERBETE 
Texto – acep. 2. Com frequência, o termo texto é tomado como sinônimo de 
discurso, o que acontece, sobretudo, em decorrência da interpenetração 
terminológica com aquelas línguas naturais que não dispõe de equivalente 
para o termo francês. Nesse caso, semiótica textual não se diferencia, em 
princípio, de semiótica discursiva. Os dois termos – texto e discurso – podem 
ser empregados indiferentemente para designar o eixo sintagmático das 
semióticas não linguísticas: um ritual, um balé podem ser considerados textos 
ou discursos. In: Dicionário de Semiótica (GREIMAS e COURTÉS, 2012, p. 
503). 
FIM DO VERBETE 
 
 
Observe o que a autora Norma Discini (2012, p.29) nos diz a respeito da 
análise dos texto sincréticos: 
 
“O texto, seja verbal, visual ou sincrético, não pode ser visto apenas como 
signo, união de um significante e de um conteúdo significado. Primeiro, 
porque tanto o conteúdo como a expressão, constituintes de qualquer signo, 
supõem cada qual relações internas de sentido. Segundo, porque o próprio 
texto deve ser considerado situação de comunicação, o que supõe um 
enunciado em relação com uma enunciação. A enunciação, sempre 
pressuposta ao enunciado, compreende o sujeito do dizer, que se biparte 
entre enunciador, projeção do autor, e enunciatário, projeção do leitor. 
Compete ao analista descrever e explicar os mecanismos de construção do 
sentido, observando as relações dadas no plano do conteúdo e no plano da 
expressão dos textos, bem como as relações entre um plano e outro. 
Também compete ao analista observar as relações entre enunciado e 
enunciação, para recuperar não apenas o que o texto diz, mas o porquê e 
como do ato de dizer” 
 
 
A leitura de uma imagem exige uma percepção não linear dos elementos que 
compõem o texto, por isso, é importante desenvolver a habilidade de ler os 
textos visuais, assim como se tem feito, ao longo dos anos, com os textos 
escritos. Você, futuro professor de língua 
portuguesa, exerce um importante papel nesse 
cenário e pode, a começar pelos seus alunos, 
estimular a prática da leitura e ajudar na 
compreensão dos textos sincréticos. E então, 
pronto para começar? 
 
Nesta aula, vamos apresentar gêneros discursivos que constituem textos 
sincréticos1 – charges e quadrinhos – pertencentes ao domínio jornalístico. 
Você já estudou as questões que envolvem a organização dos gêneros 
discursivos e a definição do conceito de gênero, mas seria capaz de definir e 
caracterizar cada um dos gêneros a que nos referimos? Afinal, o que é uma 
 
1
 Para relembrar o conceito de sincretismo, volte à aula XXX 
 
charge? No que ela se diferencia do cartum? E sobre os quadrinhos, qual é a 
diferença entre eles e as tiras? 
 
Estas e outras importantes questões relacionadas aos gêneros discursivos do 
domínio jornalístico serão abordadas nesta etapa. Fique atento às 
orientações, às indicações de leitura e as sugestões de trabalho, tudo será 
muitoútil à sua pratica docente. 
 
I. A charge 
 
A charge é o gênero discursivo em que se tem total liberdade para explorar 
as linguagens visual e verbal na construção do sentido do texto. Faz parte do 
domínio jornalístico de comunicação e costuma ser publicada em jornais e 
revistas, diários e semanais, de grande circulação. 
 
Uma charge é sempre histórica e socialmente situada, o que significa dizer 
que o(s) contexto(s) em que está inserida é fundamental para a reconstrução 
do sentido por parte do leitor do texto. É um gênero que satiriza situações 
sociais muito específicas, situadas no tempo e no espaço. Frequentemente, 
referem-se a algum acontecimento político atual ou a alguma situação ou 
evento social que tenha ganhado repercussão na mídia. Também pode 
referir-se a um personagem da vida pública ou a uma personalidade, um 
atleta ou um artista conhecido, por exemplo. 
 
Observe, atentamente, a charge reproduzida abaixo. Que leitura você faria 
dela? 
 
 
 
Fonte: http://transparenciaangra.blogspot.com.br/2012/10/temos-muito-o-que-
aprender.html 
 
A charge faz referência intertextual ao quadro de Edvard Munch – O grito. A 
figura central remete-nos a um corpo humano e à expressão dos sentimentos 
de dor, angústia e desespero do homem diante de uma dada realidade. O 
chargista apropria-se da imagem criada pelo pintor e acrescenta a ela 
cartazes de divulgação eleitoral em que os candidatos, em desenhos que 
ganham formas caricaturais, provocam na personagem central o pânico. O 
texto ganha nova significação quando inserido no contexto das eleições 
municipais realizadas no Brasil em 2012. O grito, agora, é o grito 
desesperado de um eleitor que se apavora, assombrado por candidatos que 
não demonstram seriedade política, isso se percebe pela pintura dos rostos 
dos candidatos, todos com narizes vermelhos, como se fossem palhaços, e 
que tampouco parecem importar-se com seu entorno, apenas com a 
conquista, a qualquer preço, de mais um voto. 
 
BOXE DE CURIOSIDADE 
A pintura foi usada como referência intertextual pelo chargista, intitula-se O 
Grito é de autoria do pintor norueguês Edvard Munch, data de 1893 e está 
disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:O_Grito.jpg 
FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE 
 
 
O humor produzido por uma charge pode pretender, simplesmente, fazer rir e 
divertir o público, mas, com frequência, está associado a uma crítica que vai 
chamar a atenção do público para um comportamento, um assunto ou uma 
prática moralmente reprovável que mereça reflexão. Veja um exemplo do 
humor crítico criado por Chico, para o jornal O Globo: 
 
 
Fonte: http://www.robsonpiresxerife.com/notas/dilma-com-vontade-de-chutar-
os-eggs-de-alguns-politicos-rsrsrsrs/#.VCk8E_ldXUU 
 
Aqui, vemos retratados a presidente Dilma Roussef e representantes da base 
aliada ao governo do Partido dos Trabalhadores. Publicada no jornal O 
Globo, faz referência à necessidade que se impõe, no cenário político, de 
aceitar um ou outro político com o qual não se têm afinidade ideológica, mas 
cuja representação é importante para a construção de uma base 
governamental forte o suficiente para a consecução dos objetivos partidários. 
 
A diferença entre charge e cartum 
 
Frequentemente, vemos que as palavras charge e cartum são usadas como 
sinônimas. Isso acontece porque a charge e o cartum têm mesmo muito em 
 
comum, tanto no que diz respeito ao sentido de humor e a crítica social que 
veiculam, quanto na forma de explorar as linguagens que compõem o texto – 
verbal e visual. Mas, então, o que as diferencia? 
 
A charge, como dissemos, é um texto situado histórica e socialmente, 
portanto, vincula-se diretamente a um tempo e a espaço bem delimitados e 
que precisará ser identificado pelo leitor na leitura do texto. A interpretação do 
sentido de uma charge pode ser prejudicada pelo desconhecimento do 
contexto sócio histórico em que se insere o texto. Por isso, no trabalho com 
as charges, em sala de aula, é preciso estar atento ao conhecimento de 
mundo que seus alunos têm para que eles possam fazer as relações 
necessárias à construção do sentido. Já o cartum, do inglês cartoon, 
caracteriza-se por ser uma anedota gráfica, caricatural, de uma situação ou 
um comportamento social que é atemporal e universal. Observe a diferença: 
 
 
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-larX2S_9QwA/TciLo4-
PmUI/AAAAAAAAAIk/Za_D17v6qdY/s1600/Cartum+23.JPG 
 
Aqui, ao contrário da charge de Chico, o cartunista brinca com uma questão 
social atemporal: o comportamento comum dos fumantes. Na cena, eles 
quatro fumantes correm atrás da chama para acender seus cigarros sem 
parecer se importar com o valor simbólico atribuído à chama olímpica ou ao 
evento das Olimpíadas, importante acontecimento esportivo que acontecia na 
época de sua publicação. A imagem brinca com o fato de os fumantes 
fazerem qualquer coisa para manter o vício, até mesmo, atletismo. O humor 
 
do texto está justamente na aproximação, incomum, do fumante à corrida, 
reforçando a ideia de que pelo vício faz-se qualquer coisa, até mesmo tornar-
se “atleta” de uma modalidade esportiva olímpica a qual, raramente, os 
fumantes são associados. 
 
BOXE DE CURIOSIDADE 
O jornalista Sergio Rodrigues esclarece a diferença semântica que se 
estabelece entre os gêneros charge e o cartum tomados, muitas vezes, como 
sinônimos, observe: 
 
“[...] As pessoas costumam ter da sinonímia [entre as palavras charge e 
cartum] uma ideia caricatural, ao mesmo tempo sumária e exagerada, como 
se o fato de duas palavras serem sinônimas significasse obrigatoriamente 
que são idênticas, como gêmeos univitelinos. 
Não é assim que funciona. É comum que as palavras tenham mais de um 
sentido, chamados acepções – frequentemente, o número destas na língua 
real se multiplica em sutilezas e supera o que os dicionários julgam valer a 
pena registrar. Basta terem uma única acepção em comum para que duas 
palavras sejam consideradas sinônimas. Isso não quer dizer que sua carga 
semântica seja idêntica. 
Charge e caricatura – e até mesmo cartum – são termos sinônimos, sim. 
Assim aparecem nos dicionários. Todos se referem a desenhos jornalísticos 
de caráter crítico e humorístico, geralmente satirizando personagens, fatos e 
situações da atualidade. Mas também há diferenças – sutis, mas importantes 
– entre essas palavras. 
Em primeiro lugar, vamos examinar suas origens. O francês charge, de onde 
importamos a palavra sem alteração de grafia, significa carga. Trata-se no 
caso de um sinônimo de crítica violenta, num uso figurado do sentido militar 
de carga como ataque, que está presente numa expressão como “carga de 
cavalaria”. 
O vocábulo italiano caricatura (na origem, ato ou efeito de carregar) parte 
exatamente do mesmo ponto e chega a resultado muito parecido. Parece 
claro que um surgiu como tradução do outro, mas tudo indica que caricatura 
veio primeiro: em italiano, data de fins do século 16 essa acepção da palavra, 
segundo o Houaiss. A charge francesa nasceu cerca de cem anos depois. 
Cartum é termo mais recente, importado nos anos 1960 do inglês cartoon – 
este vindo do italiano cartone, “cartão”, o suporte onde se desenhavam os 
tais rabiscos. 
 
Sinonímia à parte, vamos às diferenças. A caricatura tem uma acepção 
estrita de desenho (especialmente de pessoas) em que se exageram traços 
com objetivo crítico e cômico. Nesse sentido é estática, não precisa 
contextualizar nada ou contar história alguma. Basta brincar com as 
características físicas do personagem. 
A charge, também vista de forma estrita, quase sempre inclui o recurso à 
caricatura, mas isso não é obrigatório. O que a caracteriza é contar e expor 
criticamente – em geral num único quadro – uma historinha, uma situação. 
Tem contexto, costuma vir com um esboço de cenário e, com frequência,recorre a balões ou legendas. 
Já a palavra cartum, quando não é empregada como sinônimo das outras 
duas, pode querer dizer o mesmo que história em quadrinhos – em especial 
HQ daquele subgênero tradicional na imprensa, também chamado tirinha, 
que conta uma história em poucos quadros, geralmente três. 
 
Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/caricatura-e-charge-
sao-a-mesma-coisa/ 
 
Para saber mais, visite a página: http://ilustradores.ning.com/group/cartum 
FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE 
 
BOXE MULTIMIDIA 
No link: https://www.youtube.com/watch?v=BZT4QGWFfRw, você pode 
conferir o processo de criação do cartunista Paulo Caruso que ilustra, em 
tempo real, a entrevista do músico Tom Zé no programa Roda Viva. 
Assistindo ao processo de criação, você poderá perceber como se dão 
algumas relações de sentido construídas pelo artista e compreenderá melhor 
como são pensadas e elaboradas algumas charges e cartuns. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O link da entrevista é: https://www.youtube.com/watch?v=JFP5FnAm3QQ, 
transmitida ao vivo em 06/05/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO BOXE MULTIMIDIA 
 
Atividade 1 – atende ao objetivo 1 
 
Leia a charge a seguir, publicada no jornal O Globo de 29 de set. 2014: 
 
 
 
Fonte: http://oglobodigital.oglobo.globo.com 
 
 
 
1) Identifique de que modo estão articuladas as linguagens verbal e 
visual na charge: há entre elas uma relação de reiteração ou de 
oposição? Explique. 
Espaço para resposta – cinco linhas 
 
2) Elabore um pequeno texto dissertativo quem que você apresente uma 
interpretação do sentido do texto. Não se esqueça de fazer referência 
ao contexto social e histórico, além de comentar o humor e o tom 
crítico típicos desse gênero textual. 
Espaço para resposta – dez linhas 
 
RESPOSTAS COMENTADAS 
 
1. A relação entre as linguagens na charge é de oposição, que se 
constrói no contraste entre o texto que remete ao Rio Fashion Week, 
um evento de moda importante, e a roupa listrada de Eike Batista, que, 
por sua vez remete ao tradicional uniforme de presidiários. 
 
2. A charge é um gênero textual que se constitui pelo aspecto 
marcadamente histórico e social, dado que em geral é um texto que se 
relaciona ao noticiário do jornal ou aos fatos que ocorrem no momento 
de publicação da charge. Logo, para sua compreensão e interpretação 
é necessário ter conhecimento de mundo, do contexto sócio-histórico. 
A charge em questão trata do escândalo das empresas de Eike Batista 
e faz referência ao seu estilo de vida elitizado, confrontando-o com sua 
situação de decadência caracterizada pelo listrado do uniforme de 
presidiário. 
 
Para saber mais, você pode realizar uma pesquisa na internet a 
respeito dos problemas enfrentado pelo empresário brasileiro. 
 
FIM DAS RESPOSTAS COMENTADAS. 
 
II. Os quadrinhos e as tiras 
 
 
O gênero história em quadrinhos (HQ) ou apenas quadrinhos é outro exemplo 
de texto sincrético. As sequências narrativas são predominantes nas HQs, o 
mesmo não acontece com o seu suporte, nem com a temática abordada ou o 
estilo dos textos. Segundo Norma Discini (2009, p.185), 
 
“a HQ veiculada em páginas internas de jornais e revistas resulta nas tiras, 
cuja narrativa é breve por excelência; a HQ editada em brochura semanal, 
quinzenal ou mensal, resulta em narrativas mais extensas, nas quais 
conflitos se multiplicam, já que transportados para revistas destinadas 
exclusivamente a este fim. Impressa tanto em tiras jornalísticas como em 
revistas, a HQ se confirma como representante de uma prática social própria 
à comunicação de massa”. 
 
Narrador, personagens, enredo, o conflito, o clímax e o desfecho são 
elementos da narrativa que que também podem ser explorados na 
materialidade sincrética que constitui a HQ. Além disso, preciso estarmos 
atentos à presença do herói, que tem papel fundamental na construção dos 
sentidos de bem e mal que irão se contrapor até que, ao final, o bem sempre 
vença. Ainda de acordo com Discini (2009, p. 197), “no conjunto de seu 
percurso, o herói da épica quadrinista se apresenta sensibilizado para, e pela 
rivalidade: logo, para, e pela emulação. Por meio do julgamento ético, temos 
confirmado o sucesso (do herói) e o fracasso (do bandido)”. 
 
As tiras são reduções das histórias em quadrinhos tradicionalmente 
veiculadas em das revistas. São, portanto, pequenas sequências narrativas 
apresentadas em poucos quadros. A tira, como dissemos anteriormente, 
ocupa um espaço privilegiado dentro dos meios de comunicação de massa, 
parte integrante de praticamente todos os jornais diários, é por isso mesmo 
um espaço de divulgação de ideias e pontos de vista, bem como de 
proposição de questões que merecem apreciação e reflexão, sempre 
marcados pelo tom cômico do discurso. Assim como nas charges o plano da 
expressão é explorado ao máximo, há metáforas visuais, analogias, figuras 
que se associam a diferentes temáticas, balões de fala, legendas, 
 
onomatopeias e uma série de outros recursos que em associação à 
linguagem verbal determinam a organização composicional do gênero tira. 
 
As tiras tratam de uma infinidade de temas, tamanha liberdade temática 
permite que por meio das tiras o autor faça referência tanto a temáticas tidas 
como superficiais como as que abordam questões sociais mais sérias que 
envolvam o contexto político e econômico, por exemplo. 
 
As tiras, geralmente, têm um número limitado de quadros que são 
organizados lado a lado, seguindo uma linha horizontal. Assim como nas 
histórias em quadrinhos, têm os chamados balões de fala que, mais do que a 
fala dos personagens, expressam todo tipo de pensamento, desejo ou 
sonoridade necessários a comunicação da mensagem. A linguagem verbal é 
marcada por certo grau de informalidade, que varia de acordo com as 
personagens envolvidas. 
 
Veja um exemplo de tira veiculada também no jornal O Globo: 
 
 
Fonte: http://noticias.tuningblog.com.br/8522/tira-garfield/ 
 
O Garfield, personagem conhecido por ser um gato preguiçoso, brinca com 
John, seu dono, pelo fato de acreditar que na arte de não fazer nada ele é um 
“mestre”. Veja como a articulação dos elementos verbais e visuais são 
essenciais para reforçar a ideia de que John e apenas um iniciante, Garfield 
já está deitado, sem fazer absolutamente nada, enquanto John ainda está 
fazendo planos. 
 
 
BOXE DE CURIOSIDADE 
No texto que sugerimos como pré-requisito desta aula, a autora Norma 
Discini apresenta a transição histórica entre as antigas novelas gráficas e as 
revistas em quadrinhos. A partir daí, apresenta as recorrências nas 
sequências narrativas das histórias em quadrinhos até chegar às tiras. Lá 
você encontrará também uma interessante análise semiótica de uma tira 
jornalística publicada na Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, em 3 de set. 
2006. A análise que mencionamos está nas páginas 203 e 204 do artigo já 
referenciado no início desta aula. 
 FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE 
 
 BOXE MULTIMIDIA 
Acesse o link: 
http://www.diariodepernambuco.com
.br/app/noticia/viver/2014/09/29/inter
nas_viver,532544/mafalda-completa-
50-anos-com-criticas-e-
questionamentos-ainda-atuais.shtml 
e leia uma interessante matéria 
sobre uma das mais famosas 
personagens da história das tiras: 
Mafalda. 
A garotinha inteligente e contestadora completou 50 anos com muito bom 
humor. 
FIM DO BOXE MULTIMÍDIA 
 
Atividade 2 – Atende ao objetivo 1 
Leia o texto a seguir e faça o que se pede em seguida: 
 
Tira – Mafalda (Quino) 
 
 
Fonte: http://clubedamafalda.blogspot.com.br/ 
 
1) Elabore um resumo parafrástico da tira acima. Explicite os implícitos. 
Espaço para resposta – Seis linhas 
 
2) Explique como foi construídoo humor do texto. 
Espaço para resposta – Seis linhas 
 
RESPOSTAS COMENTADAS 
 
 
1. Um “resumo parafrástico” é um texto narrativo, em linguagem verbal, 
que parafraseia a história apresentada na tira. Uma possibilidade de 
resposta seria a seguinte: Na tira, Mafalda, caminhando pela sala, vê 
uma mosca sobre o globo. Após soprar pra retirar a mosca do globo, 
Mafalda percebe que ela “sujou” a peça e interpreta que isso seria a 
opinião da mosca sobre o que acontece no mundo. 
 
2. Na tirinha em questão, o humor se constrói justamente pela articulação 
entre as linguagens não-verbal e verbal. A quebra de expectativa se 
deu no último quadro com a fala de Mafalda, que percebe a “sujeira” 
da mosca e associa essa sujeira a uma possível opinião da mosca 
sobre os acontecimentos do mundo. O humor se constrói a partir do 
fato inusitado de Mafalda atribuir a uma mosca a capacidade de emitir 
uma opinião sobre o que ocorre no globo e expressar essa opinião por 
meio de seu excremento. 
 
FIM DAS RESPOSTAS COMENTADAS 
 
 
 
 
 
 
Atividade 2 – Atende ao objetivo 2 
Elabore um exercício para ser usado em sua prática como professor de 
língua portuguesa. Nesta proposta, você deverá utilizar o conhecimento 
acerca dos gêneros ‘charge’ e ‘tiras’ adquirido nesta aula. Lembre-se de que 
o importante é explorar a construção do sentido do texto, seja com base na 
articulação entre as linguagens ou por meio de uma análise mais cuidadosa 
de algum aspecto linguístico que tenha sido explorado, propositalmente, pelo 
autor para criar efeitos de sentido. Em primeiro lugar faça uma breve 
pesquisa, selecione cuidadosamente o(s) texto(s) que deseja analisar e mãos 
à obra. 
Espaço para resposta – dez linhas 
 
Respostas comentadas: 
Uma possibilidade de exercício seria a seguinte: 
Leia o texto a seguir: 
 
 
Peça aos alunos para comparar a textualização do diálogo que acontece na 
tira e em textos exclusivamente verbais, como um conto literário, por 
exemplo. Depois, oriente-os a transformar a textualização sincrética do 
diálogo da tira em textualização verbal, com posposição da voz do narrador a 
cada fala. Transforme em texto até mesmo as expressões faciais dadas 
visualmente. Isso conduziria os alunos a uma percepção mais apurado dos 
elementos que constroem a unidade de sentido do texto. Além disso, levaria 
os alunos a refletirem sobre as escolhas estratégicas de um enunciador ao 
produzir o seu texto. 
 
 
Outra proposta seria propor que os alunos fizessem um diário de charges. 
Por um determinado período de tempo, uma semana seria suficiente, os 
alunos deveriam acompanhar um único veículo de informação. Isso é 
importante, pois faria com que eles percebessem a narrativa que, muitas 
vezes, se constrói ao longo do tempo. Muitos cartunistas se valem dessa 
estratégia de continuidade para criar e divulgar suas ideias e críticas. O 
próximo passo seria elaborar pequenos textos que narrassem a experiência 
dos alunos individualmente. Para cada charge coletada, o aluno deve 
registrar como ele fez a primeira leitura, se compreendeu o texto 
imediatamente ou não, se precisou da ajuda de alguém, se precisou fazer 
uma pesquisa fora do âmbito do jornal ou se as notícias e reportagens 
daquela edição foram suficientes para suprir as lacunas que inviabilizaram 
uma compreensão primeira do texto. Essa proposta mostra ao aluno o seu 
processo como leitor que pode ser muito reveladora, muitas vezes, ressalta-
se um conhecimento de mundo precário que precisa ser ampliado, a 
curiosidade gerada por esse breve acompanhamento do cenário político 
econômico e social pode ser que se torne em elemento motivacional para a 
transformação desse aluno em um leitor mais competente. 
 FIM DAS RESPOSTAS COMENTADAS 
 
Referências 
DISCINI, Norma. História em quadrinhos: um enunciado sincrético. In: 
OLIVEIRA, Ana Claudia de; TEIXEIRA, Lucia (Orgs.). Linguagens na 
comunicação: desenvolvimentos de semiótica sincrética. São Paulo: Estação 
das Letras e Cores, 2009. p. 185-214. 
DISCINI, Norma. A comunicação nos textos. 2ª ed., 1ª reimpressão – São 
Paulo: Contexto, 2012.

Mais conteúdos dessa disciplina