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IV. MEMBRANA PLASMÁTICA – ESPECIALIZAÇÕES DA SUPERFÍCIE CELULAR 1. Considerações Gerais: • Células em organismos multicelulares interagem entre si e com a matriz extracelular através de diferentes dispositivos junções intercelulares e junções entre as células e a matriz extracelular; • Mecanismos de coesão governam a arquitetura do corpo (formato, forças e organização e orientação da estrutura interna dos tipos celulares). • Junções intercelulares ocorrem predominantemente em tecidos epiteliais, mas também estão presentes entre células não-epiteliais (por ex., células musculares cardíacas, neurônios, entre outros). 2. Classes de Junções Intercelulares • Junções de oclusão: vedam o espaço intercelular entre células epiteliais, de modo a tornar os epitélios barreiras com diferentes graus de permeabilidade a solutos. • Junções de ancoragem (ou de adesão): transmitem forças de estresse entre células, e entre células e a matriz extracelular, e servem de locais de ancoragem para componentes do citoesqueleto. • Junções comunicantes (ou junções do tipo “gap”): junções que formam canais, criando vias de comunicação entre os citoplasmas de células adjacentes. A. Junções de Oclusão • Outros nomes: zônula de oclusão, zonula occludens, junção íntima, “tight junction”. • Junções existentes predominantemente em epitélios, as quais vedam o espaço intercelular ao nível do perímetro apical das células epiteliais (geralmente cilíndricas ou cúbicas), responsáveis pela manutenção da função epitelial como barreira com permeabilidade seletiva e diferenciada, de modo que diferentes solutos não possam cruzar livremente a camada epitelial. • O nome “zônula” aplicado às junções indica a extensão da junção ao longo de uma área do perímetro da célula. • Uma junção de oclusão é formada por fileiras anastomosadas formadas predominantemente por proteínas integrais transmembranares, cujos domínios extracelulares interagem entre si no meio extracelular. Principais Proteínas Estruturais de uma Junção de Oclusão: • claudinas – proteínas principais, responsáveis pelo grau relativo de permeabilidade dos diferentes epitélios à passagem de substâncias por via paracelular; • ocludinas – proteínas abundantes neste tipo de junção, porém ainda sem função estabelecida. Proteínas Associadas às Junções de Oclusão (Organizadores das Junções de Oclusão) • Proteínas ZO1, ZO2 e ZO3 – associadas às ocludinas e claudinas; filamentos de actina se aderem diretamente a essas proteínas; • Complexo afadina-nectina – ancorado à ZO1; envolvido na organização estrutural das junções de oclusão e de outros tipos de junções; • JAMs (moléculas de adesão juncional, junctional adhesion molecules) – associadas à afadina e à ZO1. Aspecto das Junções de Oclusão à Microscopia Eletrônica por Criofratura (B) e de Transmissão (C) Papel das Junções de Oclusão como Barreiras com Permeabilidade Variada à Difusão de Solutos em Epitélios Diferentes epitélios apresentam diferentes graus de permeabilidade a solutos de acordo com a maior ou menor permeabilidade de suas junções de oclusão. Células epiteliais também podem alterar suas junções de oclusão temporariamente para permitir o transporte paracelular de solutos e água através dos epitélios. Papel das Junções de Oclusão na Confinamento de Proteínas Integrais Transmembranares em Diferentes Domínios de Membrana Plasmática, na Definição dos Domínios Funcionais da Membrana Plasmática, e na Determinação da Polaridade em Células Epiteliais Papel das Junções de Oclusão na Manutenção do Transporte Transcelular Proteínas transportadoras confinadas em diferentes domínios da membrana plasmática Transferência vetorial de substâncias (nutrientes) através do citoplasma de células epiteliais (transporte transcelular) B. Junções de Adesão (ou Junções de Ancoragem) • Junções responsáveis pela coordenação da motilidade e da transmissão de estresses mecânicas entre células, ou entre células e a matriz extracelular, devido a serem locais de ancoragem para componentes do citoesqueleto; • Componentes estruturais gerais: - Proteínas integrais transmembranares de adesão; - Proteínas de associação aos elementos do citoesqueleto (proteínas de ancoragem intracelular); • Tipos de junções de adesão: - do tipo célula-célula (cinturões de adesão e desmossomas); - do tipo célula-matriz extracelular (hemidesmossomas e contatos focais). B.1 Junções de Ancoragem do Tipo Célula-Célula • Componentes estruturais: - Proteínas integrais transmembranares: E-caderinas; - Proteínas de associação ao citoesqueleto: cateninas (- e - cateninas) • Filamentos de actina se ancoram às cateninas. B.1.a. Cinturões de Adesão: • Outros nomes: zônula de adesão, zonula adherens, desmossoma do tipo cinturão. • Junções localizadas imediatamente abaixo das junções de oclusão em células epiteliais, percorrendo totalmente seu perímetro apical; Cinturão de Adesão – Localização à Microscopia Eletrônica de Transmissão Papel dos Cinturões de Adesão da Morfogênese de Estruturas/Órgãos Tubulares a Partir de Camadas Epiteliais ( ver em aula de Citoesqueleto) B.1.b Desmossomas • Outros nomes: mácula de adesão, macula adherens. • Junções de adesão distribuídas aleatoriamente e em quantidades variáveis pelos domínios laterais de células epiteliais (onde são particularmente abundantes, embora também existam em tipos celulares não-epiteliais, por ex., células musculares cardíacas), cuja função essencial é aderir as células umas às outras, proporcionando resistência a forças de tração. • Desmossomas (e hemidesmossomas ver adiante) servem de locais de ancoragem de filamentos intermediários (filamentos do citoesqueleto que proporcionam resistência a estresses mecânicos). Componentes Estruturais de um Desmossoma: • Proteínas integrais transmembranares: proteínas da família das caderinas desmogleínas e desmocolinas; • Proteínas de ancoragem e de associação ao citoesqueleto: placoglobinas, placofilinas, e desmoplaquinas - estas proteínas formam uma placa elétron-densa associada ao folheto interno da membrana plasmática, e a qual se ancoram filamentos intermediários. Proteínas Componentes da Estrutura de um Desmossoma Importância clínica: Doenças autoimunes cutâneas de caráter bolhoso e potencialmente fatais Pênfigo – indivíduos afetados produzem anticorpos contra caderinas dos próprios desmossomas Desmossomas em Células Epiteliais – Microscopia Eletrônica de Transmissão Comparação Estrutural entre os Dois Tipos de Junções de adesão do Tipo Célula-Célula: Cinturões de Adesão e Desmossomas Complexo Juncional (ou Complexo Unitivo) conjunto formado pela sequência de três junções intercelulares no perímetro apical: junção de oclusão, cinturão de adesão e desmossoma. B.2 Junções de Ancoragem do Tipo Célula-Matriz Extracelular B.2.a Hemidesmossomas • Junções existentes no domínio basal da membrana plasmática de células epiteliais, unindo-as à lâmina basal ( matriz extracelular especializada associada à região basal dos epitélios); • Também são junções responsáveis pela ancoragem de filamentos intermediários e, portanto, proporcionando resistência a estresse mecânicos. Componentes Estruturais de um Hemidesmossoma: • Proteínas integrais transmembranares: integrinas 64 e antígeno do penfigoide bolhoso 2 (APB2 ou colágeno do tipo XVII); • Proteínas de associação ao citoesqueleto: plectina e antígeno do penfigoide bolhoso 1 (APB1 ou distonina); estas proteínas formam uma placa elétron-densa associada ao folheto interno da membranaplasmática do domínio basal. (APB1) (APB2) • Filamentos intermediários de citoqueratinas se encontram ancorados à placa elétron-densa dos hemidesmossomas; • Os domínios extracelulares das integrinas e do APB2 se associam a moléculas da lâmina basal. Eletromicrografia de uma célula basal da epiderme mostrando vários hemidesmossomas. Observe vários filamentos intermediários de citoqueratinas ancorados nas placas elétron-densas associados ao folheto interno da membrana plasmática. Hemidesmossomas – Microscopia Eletrônica de Transmissão Junções de adesão temporárias existentes entre células não- epiteliais e a matriz extracelular, que permitem a migração das células através de substratos de matriz extracelular. Componentes do contato focal: • Proteínas integrais transmembranares: integrinas; • Proteínas de associação ao citoesqueleto: vinculina e talina (principais), entre outras. Contatos focais permitem a ancoragem de feixes de filamentos de actina à membrana plasmática. B.2.b Contatos Focais (ou Adesões Focais) Integrinas são heterodímeros (subunidades e - 24 tipos em seres humanos) que atuam como os principais receptores para componentes da matriz extracelular em todos os tipos celulares Integrinas alternam entre conformações ativas e inativas e, além de aderir e desaderir as células ao substrato, podem transmitir sinais para dentro da célula de modo a determinar alterações funcionais. Movimento celular indução de uma polaridade de trás para frente combinação de eventos de polimerização de actina e interação actina-miosina inserção de integrinas na membrana e tração adesiva, causando o movimento celular fluxo retrógrado de actina e de integrinas e fluxo cíclico de membrana ruptura de adesões traseiras à matriz extracelular e retração da borda anterior de deslocamento • Outros nomes: junções do tipo “gap”, “gap junctions”. • Junções existentes entre células de vários tipos de tecidos, as quais permitem a comunicação entre citoplasmas de células adjacentes. C. Junções Comunicantes • Componentes de uma junção comunicante: - Canais denominados de conexons, formados pela associação concêntrica de seis proteínas denominadas de conexinas (21 tipos em seres humanos); - Cada conexon de uma membrana plasmática se acopla a um conexon da outra membrana plasmática, formando um canal hidrofílico entre duas células adjacentes. • Cada junção comunicante possui um número variável de canais estabelecidos pela associação dos conexons. Junções Comunicantes M.E.T. Criofratura Junções Comunicantes Papel das junções comunicantes no acoplamento iônico das células, permitindo a passagem de íons inorgânicos e pequenas moléculas que passem no diâmetro do poro hidrofílico estabelecido entre cada dois conexons. Resumo das Junção Intercelulares e das Junções Célula-Matriz 3. Especializações da Domínio Apical da Membrana Plasmática 3.1 Microvilos (ou Microvilosidades) • Especializações em formato digitiforme, relacionadas ao aumento da superfície de absorção celular; • Eixo formado por um feixe de filamentos de actina; Corte Longitudinal Corte Transversal Microvilos – M.O. e M.E.T. Planura estriada Epitélio intestinal Borda em escova Epitélio dos túbulos renais proximais M.O. M.O. M.E.T. M.E.T. 3.2 Cílios • Projeções da superfície apical de algumas células epiteliais (epitélio das vias respiratórias, epitélio da tuba uterina e do útero) destinadas à movimentação de partículas. • Eixo formado por um arranjo especializado de microtúbulos ( axonema) Axonema ( ver em aula de citoesqueleto) M.E.T. M.O. Cílios – M.O. e M.E.T. Epitélio do trato respiratório Epitélio da tuba uterina Epitélio da tuba uterina – M.E.T. M.O. M.O. 3.3 Estereocílios • Longos microvilos presentes na superfície apical de algumas células epiteliais; função idêntica à dos microvilos (aumento da superfície de absorção) • Eixo formado por um feixe de filamentos de actina. Epitélio do ducto do epidídimo Epitélio do ducto do epidídimo M.O. M.O. M.E.T.
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