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05-06-2010 1 1 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Módulo: Higiene do TrabalhoHigiene do Trabalho Ponto 9. Avaliação e prevenção de riscos biológicos Doutora Elsa NevesDoutora Elsa Neves Gabinete B23 Tel: 21 2946250 Ext. 336 2 ResumoResumo:: Considerações gerais Enquadramento legal Risco biológico Agentes biológicos – noções básicas Cadeia epidemiológica – vias de entrada e transmissão Classificação dos grupos de risco Métodos de amostragem de agentes biológicos Controlo dos agentes biológicos Efeitos resultantes de exposições combinadas Actividades profissionais que apresentam risco biológico Procedimentos de avaliação, monitorização e prevenção Ambientes laborais específicos Confinamento e transporte Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 2 3 Higiene do trabalho: A higiene do trabalho integra o conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção das doenças profissionais, tendo como principal campo de acção o controlo dos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do trabalho. Considerações gerais Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 4 Perigo: É a propriedade ou capacidade intrínseca de um componente do trabalho (materiais, equipamentos ou métodos), de ser potencial causador de danos. Risco Profissional: É a possibilidade de um trabalhador sofrer um dano provocado pelo trabalho. Para qualificar um risco interessa avaliar conjuntamente a probabilidade de ocorrência do dano e a sua gravidade. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 3 5 Danos (provocados pelo trabalho): Estes danos são as doenças, patologias ou outras lesões sofridas pelo trabalhador, devido à actividade que exerce ou durante o período de trabalho. Avaliação do Risco: Consiste no processo de detectar, identificar e quantificar os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, decorrentes das condições em que o perigo ocorre no local de trabalho. Prevenção: Consiste na acção de evitar ou diminuir os riscos profissionais, através de um conjunto de medidas que devem ser tomadas em todas as fases da actividade. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 6 Prevenção integrada: Prevenção integrada é o mesmo que prevenção de concepção, por oposição a prevenção de correcção. Assim privilegia-se a intervenção a montante (para reduzir ou eliminar o risco da actividade), num crescente número de factores: Ex: ritmo de trabalho; monotonia da tarefa; concepção do posto de trabalho, carga física e psicológica do trabalho, e factores de natureza psicossocial etc... Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 4 7 Enquadramento legal DL n. 84/97, 16 de Abril – Transpõe para a ordem jurídica interna as Directivas 90/679/CEE, 93/88/CEE do Conselho e 95/30/CE, da Comissão, relativas à protecção da segurança e da saúde dos trabalhadores contra os riscos resultantes da exposição a agentes biológicos durante o trabalho. Portaria n. 405/98, 11 de Julho – Aprova a lista de agentes biológicos classificados para efeitos de prevenção de riscos profissionais. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 8 Portaria n. 1036/98, 15 de Dezembro – Altera a lista de agentes biológicos classificados para efeitos de prevenção de riscos profissionais, aprovada pela Portaria n. 405/98. DL n. 126/93, 20 de Abril – Regula a utilização e comercialização de organismos geneticamente modificados. Decreto regulamentar n. 6/2001, 5 de Maio – Aprova a lista de doenças profissionais. DL n. 2/2001, 4 de Janeiro – Regula a utilização confinada de microorganismos geneticamente modificados, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva 98/81/CE, do Conselho, que altera a Directiva 90/219/CEE, do Conselho. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 5 9 Riscos biológicos Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico Risco: Expressa uma probabilidade de ocorrência de alterações na saúde dos trabalhadores por exposição a agentes biológicos, durante um período de tempo ou em número de ciclos operacionais. Macroscópicos Insectos Ratos Parasitas Microscópicos Bactérias Vírus Fungos Biotoxinas Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 6 Risco Biológico O risco biológico visto como possibilidade de acontecimento danoso é inerente ao processo de viver. O risco biológico considerado como probabilidade de acontecimento danoso pode ser : - Controlado - Avaliado - Prevenido Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico A probabilidade admite uma graduação. Escala: - do menos provável - ao mais provável A probabilidade está contida na possibilidade Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 7 Risco Biológico Avaliação qualitativa vs Avaliação quantitativa Considerar: 1) Probabilidade da ocorrência do evento danoso. 2) Potencial de dano. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico A ocorrência do evento danoso está ligado à : 1) Existência ou não de medidas preventivas que garantam a conformidade das condições ambientais “Níveis de Biossegurança”. 2) Existência ou não de medidas preventivas que garantam a execução dos procedimentos respeitadas as normas de Biossegurança. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 8 Risco Biológico A necessidade de protecção contra o risco biológico é definida: 1) Pela fonte do material; 2) Pela natureza da operação; 3) Pela natureza da experimentação a ser realizada; 4) Pelas condições ambientais de sua realização. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho GRUPO Risco para os trabalhadores Risco de propagação na comunidade Meios de profilaxia ou tratamento 1 Baixa probabilidade de causar doença Não Desnecessário 2 Podem causar doença e constituir perigo para os trabalhadores Pouco Provável Existem, em regra 3 Podem causar doença grave e constituir perigo grave para os trabalhadores Provável Existem 4 Provocam doença grave e constituem um sério perigo para os trabalhadores Elevado Não existem Classificação dos riscos (consoante o seu risco infeccioso) Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 9 Risco Biológico Grupo 1: os que apresentam baixa probabilidade de causar doenças ao homem Grupo 2: os que podem causar doenças ao homem e constituir perigo aos trabalhadores, sendo diminuta a probabilidade de se propagar na comunidade e para as quais existem, geralmente, meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico Grupo 3: os que podem causar doenças graves ao homem e constituir um sério perigo aos trabalhadores, com risco de se propagarem na comunidade e existindo, geralmente, profilaxia e tratamento eficaz. Grupo 4: os que causam doenças graves ao homem e que constituem um sério perigo aos trabalhadores, com elevadas possibilidades de propagação na comunidade e, para as quais, não existem geralmente meios eficazes de profilaxia ou de tratamento. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 10 Risco Biológico QUALIDADE Aplicação apropriada do conhecimento disponível, bem como da tecnologia, no cuidado da saúde. Agrupa um grande espectrode características desejáveis de cuidados, incluindo eficácia, eficiência e efectividade. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico EFICÁCIA É a habilidade do cuidado, no seu máximo para aumentar a saúde. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 11 Risco Biológico EFICIÊNCIA É a habilidade de obter um máximo de saúde com um mínimo de custo. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico EFECTIVIDADE O grau no qual a atenção à saúde é realizado. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 12 Risco Biológico A Qualidade-Eficácia-Eficiência-Efectividade: Não podem ser alcançados sem a administração efectiva de um programa de prevenção de riscos biológicos que proporcione condições ambientais seguras para os profissionais que desenvolvem suas actividades de trabalho. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico Os estabelecimentos de atenção à saúde devem desenvolver essa política, assegurando que gerentes e funcionários estejam cientes de suas responsabilidades na eliminação e redução de riscos biológicos e acidentes. Devem promover e reforçar práticas seguras de trabalho e proporcionar ambientes livres de riscos, em acordo com as obrigatoriedades técnicas e legais. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 13 Risco Biológico O risco biológico pode ser alto porque a não conformidade é muito alta (embora o potencial de dano seja baixo). O risco biológico pode ser alto porque o potencial de dano é de alta magnitude (embora seja um evento raro). Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico Agente de Risco Qualquer coisa, pessoa, procedimento operacional ou administrativo, responsável ou co-responsável pela existência de condições que propiciam ou possam propiciar a ocorrência de um evento danoso. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 14 27 Agentes biológicos – noções básicas Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 28 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 15 29 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Entidade microbiológica, celular ou não, dotada de capacidade de reprodução ou de transferência de material genético. Microrganismo Patogénios Agentes com capacidade de formar doença. 1. Fungos 4. Protozoários 2. Bactérias 5. Parasitas 3. Vírus 6. Rickettsias 30 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 16 31 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 32 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 17 33 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Parasita – Agente biológico sem capacidade de se reproduzir fora de um corpo vivo (noção de hospedeiro – intermediário e definitivo) Patogénico oportunista – Agente biológico que vive e se reproduz no ambiente normal, mas em determinadas circunstâncias, pode causar doença se entrar no organismo (e as defesas deste se encontrarem deficitárias ou comprometidas) Infestação – Invasão de células e órgãos por parasitas Infecção – Invasão de células do corpo e produção de toxinas Endotoxinas – moléculas biologicamente activas (processo inflamatório), formadas no m.o., e libertadas aquando da sua morte Exotoxinas – difundem-se para fora do m.o. vivo, afectando os tecidos de alojamento 34 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Alergia – Estado de sensibilidade aumentado, com resposta inflamatória perante a presença de moléculas exógenas ao organismo (xenobióticas), causando mal-estar e desconforto. No caso de hipersensibilidade pode conduzir à morte (por choque anafilático – resposta inflamatória extrema e generalizada) Exemplos: - Esporos e toxinas (bactérias e fungos) - Pólens - Pele, penas e pêlos de animais Intoxicação: - Endotoxinas e exotoxinas - Micotoxinas (produzidas por fungos) - Cianotoxinas (produzidas por cianobactérias - algas fotossintéticas) 05-06-2010 18 35 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Virulência – capacidade de um bioagente produzir doenças graves ou fatais (poder patogénico). Relaciona-se com a produção de toxinas e a sua capacidade de multiplicação no organismo invadido. Depende da combinação de três factores: Infecciosidade – conjunto de qualidades especificas do agente que lhe permite vencer barreiras externas e penetrar noutro organismo vivo, multiplicando-se aí com maior ou menor dificuldade, incluindo capacidade de estabelecimento nos tecidos do hospedeiro superando os mecanismos de defesa deste. Patogenicidade – capacidade do agente infeccioso, uma vez instalado no organismo invadido, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentro dos hospedeiros infectados. Invasividade – capacidade do agente infeccioso iludir ou escapar ao sistema imunológico do hospedeiro (inibindo / diminuindo a resposta celular e/ou humoral). 36 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Imunogenicidade – capacidade do agente induzir imunidade (resposta imunológica) do hospedeiro Transmissibilidade – Maior ou menor facilidade com que o agente passa de um hospedeiro para outro. Relacionado com a sua capacidade de sobrevivência fora do organismo 05-06-2010 19 Risco Biológico Doenças Transmissíveis São causadas por bioagentes patogénicos cujo agente pode passar de um indivíduo para outro ou de um animal para um indivíduo ou ainda de um indivíduo para um animal. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Cadeia epidemiológica • Epidemiologia – origem em 3 vocábulos gregos – EPI – “sobre” – DEMOS – “população” – LOGOS – “tratado” ou “estudo” Estudo das causas da ocorrência de doenças numa dada população, e com esses dados potenciar e prevenir eficazmente essas mesmas doenças. 05-06-2010 20 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Cadeia epidemiológica Dados Importantes: 1. Distribuição geográfica 2. Ocorrência variável no tempo, incluindo eventuais variações sazonais 3. Existência ou não de eventuais vectores e reservatórios (portadores silenciosos) 4. Espécies mais susceptíveis 5. Diferenças de susceptibilidade (idade, sexo, grupos e actividades de risco, estado de saúde) CADEIA DE TRANSMISSÃO DE UMA DOENÇA É um conjunto de eventos (elos) encadeados de tal forma, que para a existência de um elo é necessário que exista o elo anterior e assim sucessivamente, de forma a permitir a propagação do bioagente patogénico. Ao se romper um dos elos, cessará a transmissão. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Cadeia epidemiológica 05-06-2010 21 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Sistema epidemiológico social Risco Biológico CADEIA EPIDEMIOLÓGICA É composta dos seguintes elos: 1. Bioagente patogénico 2. Reservatório 3. Via de eliminação (porta de saída) 4. Modo de transmissão 5. Via de penetração (porta de entrada) 6. Novo hospedeiro ou susceptível Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 22 Risco Biológico 1) Bioagente patogénico: organismo vivo (micro ou macro) capaz de causar uma infecção, ou seja penetrar num organismo e aí semultiplicar e ou se desenvolver. – Infectividade – Patogenicidade – Virulência – Imunogenecidade – Dose infectante Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico 2 ) Reservatório Todo organismo vivo ou matéria inanimada que abriga um bioagente e lhe oferece condições para sobreviver e reproduzir e do qual, será transmitido para um hospedeiro. Fonte de infecção: Refere-se ao organismo, substância ou objecto do qual o bioagente passa directamente para um organismo susceptível. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 23 Risco Biológico 3) Via de eliminação ou porta de saída: É o local por onde o bioagente “deixa” o reservatório para continuar a cadeia de transmissão. A eliminação pode dar-se por: • Orifícios naturais • Solução de continuidade da pele e mucosa • Mucosa integra • Extracção mecânica através de objectos • Picada de vectores Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico 4) Modo de transmissão: A. De forma horizontal (entre pessoas) a) Directa • Imediata (quando o bioagente é transferido do reservatório para novo hospedeiro sem passar pelo ambiente (ex: via sexual) • Mediata (quando o bioagente passa por um curtíssimo intervalo de tempo pelo ambiente (ex: tosse, espirro) b) Indirecta: ocorre quando existe um veículo ou hospedeiro intermediário ou quando existe um vector B. De forma vertical (da mãe para o feto, intra-uterino, ou durante o parto) Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 24 Risco Biológico 5) Porta de entrada ou via de penetração É o local por onde o bioagente penetra quando infecta um novo hospedeiro Mecanismos de penetração – Invasão e colonização da pele integra (micose); – Penetração activa do bioagente na pele íntegra (esquistossomose); – Ingestão do bioagente (veículos contaminados ou ingestão de um hospedeiro intermediário morto capaz de liberar o bioagente do organismo humano (carne mal cozida de porco ou gado - toxoplasma) Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 48 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho As formas de transmissão / vias de entrada são: - Inalação (ar mais comum) - Ingestão de alimentos - Absorção cutânea (contacto ou através de ferimentos) - Mucosas e olhos - Intravenosa 05-06-2010 25 Risco Biológico 6) Novo hospedeiro ou susceptível Indivíduo ou animal passível de adquirir a infecção. Quando não oferece resistência à penetração, multiplicação e desenvolvimento do bioagente, diz-se que está susceptível: hospedeiro O hospedeiro pode apresentar manifestações clínicas decorrentes de uma infecção ou ser apenas um portador, muitas vezes sem nem saber que apresenta a doença. Comunicante: é aquele que tem contacto com o hospedeiro (doente ou portador são) em situação que possibilita a transmissão. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Risco Biológico O controle das doenças transmissíveis está baseado em: • Conhecimento de sua cadeia de transmissão • Conhecimento técnico • Recursos tecnológicos existentes • Disponibilidade de recursos financeiros • Adopção de estratégias de controle visando a eliminação de um ou mais elos da cadeia epidemiológica Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 26 Risco de exposição Os trabalhadores correm risco de exposição, quando estando em contacto com o agente biológico, este puder causar um dano na saúde. Os meios de transmissão possíveis são: • A água; • O ar; • O solo; • Os animais; • As matérias-primas. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Factores necessários para que apareça doença por acção de agentes biológicos Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho - o microrganismo deve ser patogénico - existência de número suficiente para ultrapassar defesas do organismo - entrada no organismo por canal específico 05-06-2010 27 Actividades que apresentam risco biológico - Unidades de produção alimentar; - Unidades agrícolas; - Actividades em que existe contacto com animais e/ou produtos de origem animal; - Unidades de saúde, incluindo unidades de isolamento e autópsia; - Laboratórios clínicos, veterinários e de diagnóstico; - Unidades de recolha, transporte e eliminação de resíduos; - Instalações de tratamento de águas residuais; - Outras. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Fontes de exposição a agentes biológicos Fontes Exemplos Animais Brucelose, toxoplasmose Alimentos Salmonelose Água Cólera ou desinterias Ar condicionado Problemas respiratórios causados por endotoxinas e bactérias Homem Tuberculose Cuidados de Saúde Doenças transmissíveis (de contacto) Indústria Laboratórios de Saúde e Microbiologia Esgotos Resíduos Sólidos Solos Plantas 05-06-2010 28 Tipos de exposição a) Actividades em que se manipulam deliberadamente agentes biológicos; b) Actividades em que não existe manipulação, contacto directo e utilização deliberadas do agente biológico; c) Exposição que não depende da própria actividade. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 56 Risco de Exposição • Exposição relacionada com actividades em que se utilizam e manipulam agentes biológicos – Ex.: laboratórios de investigação, industria farmacêutica • Exposição que não depende da própria actividade – O trabalhador que sofre infecção respiratório contagiado por outro • Exposição relacionada com actividades em que não há manipulação, contacto directo e utilização deliberadas do agente biológico – Ex.: Trabalho agrícola, contacto com animais ou produtos de origem animal, trabalhos com águas residuais. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 29 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Exemplos Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Grupos de risco 05-06-2010 30 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho A classificação da relatividade do risco dos microrganismos infecciosos, dependerá das seguintes características particulares: - Índice de Risco de Infecção (Risco Infeccioso - para o trabalhador; Risco de Propagação – para a comunidade) - Dose infecciosa - Modo de transmissão - Susceptibilidade do hospedeiro - Existência de medidas efectivas de prevenção - Existência de tratamento eficaz (Profilaxia) Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Classificação dos agentes patogénicos Características do agente Grupos de risco 1 2 3 4 Facilidade de causar doença N S S S Facilidade de propagação de doença N S S Existe profilaxia ou tratamento eficaz S N 05-06-2010 31 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho A não existência, a nível mundial, de valores limite de exposição para agentes biológicos, torna difícil a sua avaliação e, até mesmo, a adopção de medidas preventivas. Assim, a medida preventiva fundamental, consiste no fomento de uma cultura de prevenção no domínio dos riscos associados aos agentes biológicos. Proibido a: AGENTES BIOLÓGICOS TRABALHOS* MENORES Agentes Biológicos dos grupos 3 e 4 Trabalhos efectuados em biotérios e em laboratórios de análise ou de investigação bacteriológica ou parasitológica. Actividades efectuadas em hospitais, centros de saúde, consultórios e outros locais que impliquem contactos com portadoresde doenças ou com outros materiais por eles contaminados. Actividades em matadouros, talhos, peixarias, aviários, fábricas de enchidos ou conservas de carne MULHERES GRÁVIDAS, PUÉRPERAS OU LACTANTES: Agentes Biológicos dos grupos 2, 3 e 4 Que exponham as mulheres grávidas ou lactantes a agentes biológicos que provoquem a toxoplasmose ou ao vírus da rubéola, salvo se existirem provas de que a trabalhadora grávida, pelo seu estado imunitário, se encontra suficientemente protegida contra esses agentes. * devendo para o efeito, a entidade empregadora avaliar a natureza, o grau e a duração da exposição. Princípios gerais de prevenção Mais eficaz Medidas verticais - Eliminação do risco -Substituição do + perigoso pelo – - Medidas de engenharia - Medidas administrativas ou organizacionais Menos eficaz - EPI’s Medidas horizontais Formação e informação Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 32 Princípios gerais de prevenção Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Princípios gerais de prevenção Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 1º - Controlo na fonte Eliminação ou redução de exposição: eliminação, isolamento ou contenção de risco Exemplos: Sistemas de ventilação com filtros HEPA Uso de câmaras de segurança biológica Áreas de confinamento 2º - Limpeza Exemplos: Destruição do material contaminado Desinfecção (lixiviação) Esterilização (autoclavagem) 05-06-2010 33 Princípios gerais de prevenção Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 3º - Informação, treino e formação Exemplos: Uso de EPI’s (bata, avental, luvas de latex, máscaras, óculos de protecção, etc.) Formação e Práticas de Trabalho Seguro e de Boas práticas Práticas de trabalho seguro Vacinação (imunização activa) Normas de higiene pessoal Elementos de Protecção Barreira (EPI’s e zonas de confinamento) Cuidados com elementos e objectos cortantes Esterilização e desinfecção correcta de instrumentos e superfícies Princípios gerais de prevenção Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 34 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Medidas de prevenção Acção na origem Selecção de equipas de trabalho Substituição de microrganismos Modificação do processo Encerramento do processo Acção no meio ambiente Limpeza e desinfecção Ventilação Controlo de vectores Sinalização Acção no receptor Informação sobre os riscos Formação sobre os métodos de trabalho aplicáveis Diminuição do número de pessoas expostas Roupa de trabalho de desenho especial Vigilância médica Prevenção vs Intervenção Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 35 Prevenção vs Protecção Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Protecção dos trabalhadores É obrigação do empregador implementar medidas de prevenção e promover a saúde dos trabalhadores, nomeadamente: a) Prevenção técnica b) Prevenção médica c) Formação e informação dos trabalhadores Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 36 a) Prevenção técnica Identificação e avaliação dos riscos Identificação teórica dos riscos com base numa recolha geral de informação: natureza e grupos dos agentes biológicos, modos de transmissão, vias de entrada no organismo, quantidade do agente no material que se manipula. As características dos agentes biológicos, sua virulência, forma de entrada no organismo e sua interacção com as defesas do ser humano vão ser determinantes no aparecimento de uma doença. Identificam-se três tipos de vias de entrada dos agentes biológicos no organismo: Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Via respiratória - É a principal via de entrada dos agentes biológicos mas também a mais dissimulada, nomeadamente, por inalação de aerossóis; Via cutâneo-mucosa - Lesão na pele: picada, corte acidental, ou através das mucosas; Via digestiva - sempre que não são cumpridas as medidas de higiene individual antes da ingestão de alimentos (ex. lavagem de mãos), ou são cometidos erros técnicos (ex. pipetagem à boca). Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 37 Avaliação dos riscos dos trabalhadores expostos nos respectivos postos de trabalho, a qual implica: - Descrição do posto de trabalho; - Frequência e duração da exposição; - Organização e procedimentos de trabalho; - Conhecimento dos possíveis riscos por parte do trabalhador; - Implementação de medidas preventivas e seu acompanhamento. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho A avaliação dos riscos deve identificar os trabalhadores que podem necessitar de medidas especiais de protecção, por exemplo: Trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes, trabalhadores com sensibilização a determinados produtos (a utilização de luvas de látex pode provocar dermatites alérgicas e irritativas). Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 38 A avaliação deve ser repetida periodicamente e/ou sempre que se verifiquem alterações nas condições de exposição dos trabalhadores aos agentes biológicos ou ainda sempre que médico do trabalho considere necessário. O registo dos resultados da avaliação bem como a lista dos trabalhadores expostos a agentes biológicos dos grupos 3 e 4 e o tipo de trabalho executado devem ser mantidos e arquivados. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Exposição a Agentes Biológicos: Grupos 2, 3, 4 Exposição a Agentes Biológicos: Grupos 1 Práticas elementares de Higiene e segurança Avaliação Periódica Actividades com utilização e manipulação deliberadas de agentes biológicos identificados De acordo com a lista Constante na portaria Nº 1036/98 de 15 de Dezembro Actividades sem utilização e manipulação deliberadas de agentes biológicos Avaliação do Risco Risco Controlado Medidas: Risco Potencial • Prevenção técnica (incluindo também a substituição de agentes biológicos e medidas de confinamento • Prevenção Médica • Formação e Informação • Prevenção técnica • Prevenção Médica • Formação e Informação Medidas: Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 39 Redução dos riscos de exposição Se existir, como resultado da avaliação, um risco para os trabalhadores, este deve evitar-se, se possível, ou reduzir-se ao mais baixo nível. Para tal, devem implementar-se as seguintes medidas: • Estabelecer procedimentos de trabalho adequados e utilizar medidas técnicas apropriadas para evitar ou minimizar a libertação de agentes biológicos. Exemplo: minimizar a formação de bioaerossóis utilizando cabines de segurança biológica ou extracção localizada; • Reduzir ao mínimo possível o número de trabalhadores expostos; Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho • Adoptar medidas de protecção colectiva complementadas com medidas de protecção individual quando a exposição não puder ser evitada por outros meios; Nota: Os equipamentos de protecção individual (EPI) podem constituir eles próprios uma fonte de contaminação. No caso das luvas, por exemplo, devem unicamente ser utilizadas para determinadas tarefas de risco e imediatamente descartadas, pois podem contribuir para a disseminação de agentes infecciosos. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 40 • Adoptar medidas seguras para a recepção, manipulação e transporte de agentes biológicos; •Utilizar meios seguros para a recolha, armazenamento e eliminação de resíduos, incluindo recipientes seguros e rotulados, e o seu tratamento prévio; Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho • Sinalizar adequadamente os locais (perigo biológico, proibição de fumar, etc.); • Estabelecer planos de emergência para fazer face à libertação acidental de agentes biológicos. Fig. 1 Sinal Indicativo de Perigo Biológico Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 41 A utilização de medidas de higiene que evitem ou dificultem a dispersão de agentes biológicos fora do local de trabalho incluem: ● Proibição de comer, beber ou fumar nos locais de trabalho; ● Fornecimento de vestuário de protecção adequado; ● Instalações sanitárias e vestiários adequados; ● Existência de colírios e antissépticos; ● Correcta armazenagem, manutenção e limpeza dos EPI; Medidas higiénicas Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho A utilização de medidas de higiene que evitem ou dificultem a dispersão de agentes biológicos fora do local de trabalho incluem: ●Destruição, se necessário, do vestuário de protecção e EPI contaminados; ● Interdição de levar para casa vestuário de protecção e EPI contaminados; ● Definição de procedimentos para recolha, manipulação e tratamento de amostras de origem humana ou animal; Medidas higiénicas Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 42 b) Prevenção médica Vigilância da saúde Exames de saúde de admissão, periódicos e ocasionais: ●Exames de admissão - avaliação do estado imunitário e de algum tipo de sensibilidade alérgica; ●Exames periódicos - dependentes do agente, das características da exposição, da actividade profissional e do próprio trabalhador (idade, sexo, gravidez); ●Exames ocasionais - sempre que o médico o entenda, na sequência do aparecimento de uma infecção num trabalhador; Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Procedimentos individuais de saúde: ●Registo da história clínica e profissional; ● Avaliação individual do estado de saúde; ● Vigilância biológica; ● Rastreio de efeitos precoces e reversíveis. Os registos relativos à vigilância da saúde dos trabalhadores devem: � Constar de ficha médica individual, à qual o trabalhador deve ter acesso; Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 43 Procedimentos individuais de saúde: �Ser arquivados e mantidos actualizados; �Ser entregues ao trabalhador aquando da cessação do contrato de trabalho Vacinação ● Prever a vacinação gratuita dos trabalhadores; ● Informar das vantagens e inconvenientes Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho c) Formação e informação dos trabalhadores Aos trabalhadores deve ser assegurada formação e informação adequadas sobre: ● Riscos potenciais para a saúde; ● Precauções a tomar para evitar a exposição aos riscos existentes; ● Normas de higiene; ● Utilização dos equipamentos e do vestuário de protecção; ● Medidas de actuação em caso de incidentes. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 44 Aos trabalhadores deve ser assegurada formação e informação adequadas sobre: Na forma de: ●Instruções escritas - procedimentos de boas práticas, nomeadamente actuação em caso de acidentes ou incidentes graves; ●Afixação de cartazes; ●Formação em sala. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Os trabalhadores ou os seus representantes têm o direito de conhecer as informações contidas no relatório anual que o empregador tem de elaborar, nomeadamente: ● Trabalhadores expostos; ● Medidas de prevenção e protecção adoptadas; ● Plano de emergência para agentes dos grupos 3 ou 4. Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Ano lectivo 2008/2009 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 05-06-2010 45 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Ano lectivo 2008/2009 Pós-graduação de Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho Tarefa: ? 1 - Consultando o Decreto-Lei n. 84/97. DR 89/97 SÉRIE I-A de 1997-04-16, diga quais as medidas especiais a ter com um trabalhador de um Estabelecimento médico de saúde.
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