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Código Civil 13-09 Vícios Sociais Contextualização: Plano da validade Elemento central do negócio jurídico. Vontade. Vícios de vontade: Erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão - Formação defeituosa da vontade anulabilidade do negócio jurídico. Vícios sociais: Não são vontade defeituosas – objetivos da manifestação de vontade – fraude/má-fé Simulação – nulidade do negócio jurídico – 167 Fraude contra credores – anulabilidade do negócio jurídico – Art. 158 a 165 Simulação: encenação (teatro) de um negócio jurídico que não corresponde à vontade real e a vontade declarada – acordo simulatório. 2 ou mais simuladores Conluio/mancomunação (acordo): enganar terceiros com ou sem prejuízo – tem como objetivo causar dano (geralmente) Ninguém simula sozinho: Reserva mental unilateral – 110 – irrelevante 2 exemplos: Art. 496 – venda de ascendentes para descendente – concordância dos demais descendentes Pai ----------------------------------------> Filho Venda --------- C --------- Venda Laranja – interposta pessoa Art. 550: Doação de cônjuge (marido) adultero ao cúmplice (amante) – anulabilidade do negócio jurídico – prejuízo econômico à esposa Faz uma simulação de uma compra e venda I - Classificações da simulação: Simulação absoluta: Existe o negócio jurídico simulado – a encenação – mas não existe o negócio jurídico dissimulado – os simuladores na verdade nada querem negociar entre si – só existe a encenação. Exemplo: Irmão que passa por dificuldades financeiras, não tem como pagar as dívidas – transferência formal do carro para o outro irmão (doação) – distribuição dos bens para os próximos para que evite que aquilo seja usado para pagamento de dívidas – qual é o negócio jurídico verdadeiro entre os irmãos? Não tem – encenação. Simulação relativa: Existe o negócio jurídico simulado (encenação) e o negócio jurídico dissimulado (verdadeiro/real) que os simuladores querem ocultar. Exemplo: A doação do apartamento do homem casado para a amante camuflada de compra e venda. II - Classificação legal – Art. 167 parágrafo 1° Inciso I: Simulação subjetiva (interposta pessoa) – sempre relativa – restrição legal Inciso II: Declaração, condição, cláusula não verdadeira – simulação objetiva (falsidade do conteúdo do negócio jurídico) – simulação absoluta ou relativa. Inciso III: Os instrumentos particulares foram antedatados ou pós-datados – Simulação quanto ao tempo do negócio jurídico – Simulação absoluta ou relativa – falsificação da data no documento. Efeitos: Instrumento público (escritura pública) – trabalho, fé pública – crime funcional – responsabilidade civil de Estado – falsidade de data. III – Classificação quanto aos danos Simulação maliciosa: É aquela em que os simuladores enganam terceiros e causa prejuízo a eles – como regra geral as simulações são maliciosas – exige tanta mão de obra entre os simuladores que em regra causa algum tipo de prejuízo a certa pessoa – exemplo do homem que “vende” apartamento pra amante – objetiva e maliciosa porque gera prejuízo à mulher e a família com ele dando o apartamento para outra. Simulação inocente: Os terceiros são enganados – objetivo de criar falsa aparência – engana terceiros, mas não prejudica – por isso é inocente – tem uma motivação familiar e social – casal de namorados, ele com situação financeira boa, da um carro para a namorada, não querendo sofrer críticas dos pais, ele faz de conta que está vendendo o carro. Art. 167, caput: É nulo o negócio jurídico simulado mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Toda simulação é nula – encenação de um negócio jurídico – no caput se tem a existência do negócio jurídico dissimulado (caput – simulação relativa) Em que condições o negócio jurídico verdadeiro (pretendem ocultar pela encenação) entre os simuladores poderá ser válido? Se a simulação for inocente – doação válida Obs. Finais sobre simulação: Simulação e terceiros de boa-fé: Parágrafo segundo do Art. 167: Gera uma certa discordância – opiniões conflitantes – cidadão casado dando presente pra amante – esquema: Homem casado --------- doação anulável (relativa maliciosa) ------------> Amante -------- venda --------> Terceiro É surpreendido com uma ação de nulidade – anulatória – fundada na simulação Se o poder judiciário reconhece que a doação não vale, se reconhecer que a simulação é nula o apartamento que passou para o nome da amante deveria voltar para o nome de quem era dono – nulidade – se o apartamento já está vendido para o terceiro – autores como Silvio Venosa ou Francisco Amaral exemplo – defendem a subsistência do segundo negócio jurídico envolvendo terceiro de boa-fé – o que a amante deve devolver para o casal é o dinheiro porque o apartamento já está nas mãos de terceiros. Opinião diferente – se toda simulação é nula, não há como o negócio subsistir – para não quebrar a cadeia de titulares excessivos – o apartamento objeto dessas translações teria que voltar para as mãos do homem/casal – nesse caso o terceiro de boa-fé tem direito a indenização de todas os prejuízos sofridos por ele. A segunda opção parece fazer mais sentido que a primeira mas a opinião que devemos adotar por enquanto não é nenhuma – só ter ciência de que há divergências Simulação de reserva mental: Primeira parte – reserva mental unilateral: Irrelevância jurídica – prevalece a vontade como ela foi declarada – situações onde prevalece a teoria da vontade – exemplo do cidadão que vende o carro por causa da esposa, dava mais atenção para o carro do que para a esposa – o cidadão a contragosto coloca o carro pra vender – a vontade vale como ela foi declarada – se ele falar que não foi com intenção de vender não é. Segunda parte – reserva mental bilateral: O marido faz de conta que vende o carro e a pessoa que aparece pra comprar o carro faz de conta que compra. Divergência doutrinária: Silvio Venosa – Dto. Português – é simulação Opiniões divergentes: Carlos Roberto Gonçalves e Francisco Amaral – para eles a reserva mental bilateral passou a ser exemplo de negócio jurídico inexistente – não há manifestação de negociação – não entra no plano de validade Terceira parte – Chama a atenção as diferenças entre os regimes jurídicos de CCB/1916 e no CCB/2002 – 1916 falava que simulações inocentes validavam e simulações maliciosas era anulável – em 2002 toda simulação é nula porque o 167 não faz ressalva alguma – o que pode substituir é o negócio jurídico simulado, nas simulações inocentes Quarta parte – problema probatório na simulação – essas encenações enganam terceiros – com ou sem prejuízo – dois ou mais simuladores Falamos em conluio: existe um vínculo de confiança entre os simuladores e cumplicidade – em regra não vai existir uma prova direta de que certo N.J foi encenado, isso é confissão de um crime – não existe prova direta A questão da prova indireta: é um conjunto de indícios/evidencias, nunca isolada, que podem convencer o juiz de que naquela circunstancia determinado N.J é anulável – Quebra do sigilo fiscal e bancário de quem acha que simulou – juiz – pede declarações de impostos e extratos de movimentação financeira – vender o apartamento e ainda aparecer na declaração – comprar apartamento e não aparecer na declaração Prova testemunhal: As testemunhas Negócios entre parentes: Preços irrisórios/exorbitante Fraude contra credores – Art. 158 a 165 Definição geral: É o vício social pelo qual o devedor insolvente pratica atos de disposição patrimonial ou atos equiparados a estes para dificultar ou impossibilitar que seus credores quirografários consigam judicialmente obter a satisfação dos seus créditos. Explicações preliminares: Ideia de responsabilidade civil (CCB art. 391 – CPC art. 789) – Os bens do devedor são a garantia genérica do cumprimento de suas obrigações – essência da responsabilidade civil Processo de execução: (CPC arts. 771 a 925) devedor não pagando o que deveria sofre um processo de execução – causa uma expropriaçãode bens do devedor para que sejam vendidos e com o dinheiro resultante o credor seja satisfeito – o vendedor poderia fazer isso antes do processo, o processo é o que o devedor deveria fazer a tempos. Começa com um ato no início do processo pelo ato de PENHORA de bens do devedor – venda judicial Noção de insolvência: Não é ausência de bens – noção contábil – pega de um lado de uma balança o total de bens de uma pessoa e coloca do outro lado da balança o total de dívidas dessa pessoa, se eu digo que o total de bens é inferior ao total de dividas a pessoa está solvente e se elas estão igualadas ela está insolvente -Dividas iguais ou superiores aos bens Classificação dos créditos: Créditos privilegiados: São aqueles em que a prioridade de satisfação é garantida em lei (favorecendo sempre o governo) – exemplo: créditos tributários – previdenciários – trabalhistas – tais dividas serão saldadas sempre em primeiro lugar. Créditos preferenciais: São aqueles com garantia real – quando dá um bem do seu patrimônio para saldar dívida ou como garantia (hipoteca-penhor-anticrese) Créditos quirografários: São os demais – definido por exclusão – não são nem privilegiados nem reais – exemplo: cheque especial – empréstimo pré-aprovado que o banco dá aos seus clientes – fraude contra credores é principalmente essa categoria Fraude contra credores: Credores quirografários Devedor – estado de insolvência A Patrimônio B Casa/terreno – faz doação para algum parente C Esvazia o patrimônio ainda mais D Dificulta a busca da dívida – dívida maior que o patrimônio E Negócio jurídico (doação) esvaziou seu patrimônio ou seja é considerado um negócio jurídico fraudulento – o pagamento iria se dar pelo processo de execução. Elementos históricos da fraude contra credores: Elemento subjetivo (consilium fraudis): O acordo (consciente) entre o devedor insolvente e o terceiro que com ele negocia, no sentido de prejudicar credores – quando o devedor e o parente tem consciência sobre o negócio afim de dificultar o pagamento dívida se tem o consilium fraudis. Elemento objetivo (eventos damni): Evento danoso – negócio jurídico fraudulento considerado em si. Detalhe curioso. Compreensão atual da fraude contra credores: Perfil ou caráter, objetivo da fraude contra credores – significando dizer: quase sempre (em regra) o consilium fraudis é presumido, ou seja, não precisa mais ser provado – detalhe interessante – historicamente surge com a presença dos dois elementos. Informações complementares para a compreensão da fraude contra credores: Proximidade com a simulação (não equiparação): com grande facilidade pode fraudar credores com a simulação. Não precisa ser uma encenação, pode corresponder a verdade. Possibilidade mas não necessidade de ambos os vícios sociais serem utilizados combinadamente. Ação anulatória do negócio jurídico: Fraude contra credores é uma hipótese de invalidade do negócio jurídico no regime de anulabilidade. Ação pauliana (homenagem ao jurídico romano Paulo – séc III a.C): ação anulatória por qual os credores decidem desfazer o negócio por ação pauliana – bem retorna ao patrimônio do devedor Efeito sobre os credores (fraude) pode fazer uma anulação pela ação Pauliana, anulando o negócio jurídico 5 Situações clássicas de fraude contra credores 1 e 2 Art. 158 Atos de disposição gratuita de bens: Como é tipicamente a doação – exemplo Atos de remissão de dividas: perdão de dívidas – perdoar dívida pode ser fraude contra credores – por exemplo tem uma figura Y (devedor de X) – X é o devedor insolvente (patrimônio e direito de crédito) – o Y lhe deve dinheiro – temos que entender o que está por trás disso – X perdoa a dívida de Y – pessoa tem mais dívidas do que bens – se o X precisa de dinheiro e alguém deve pra ele, ele cobra o dinheiro e não perdoa – por isso é uma hipótese de fraude contra credores – entender o que está por trás da lei – não existe perdão nenhum da dívida existe a SIMULAÇÃO – declara Y por escrito que não deve pra ele mas na realidade recebe o dinheiro e cria CAIXA 2, justifica por esse ato que o dinheiro correspondente a essa dívida não entrou no patrimônio. Caixa 2: Contabilidade paralela – não pode aparecer na contabilidade oficial – converte em dólar para não aparecer no patrimônio – desvio de dinheiro. 3 Art. 159 e 160 CC Atos de disposição onerosa de bens: Compra e venda – em certas circunstâncias – casa do devedor X é vendida para Y porém é substituído pelo dinheiro (não é considerado como fraude contra credores) contudo se o dinheiro não entra no patrimônio do devedor, houve o esvaziamento e assim vira fraude contra credores – há uma possibilidade de defesa do 3° adquirente (Y), se ele vier ser processado pela casa ser alienada como fraude – é prova de pagamento do preço justo. Se não tem prova não é um negócio jurídico de boa-fé, tem que ter como provar, fazendo constar na própria escritura o cheque do pagamento ou as informações do preço justo. Se não provar o negócio jurídico foi fraudulento – Art. 160 – permite que o adquirente prove de boa-fé. 4 Art. 162 Antecipação de pagamento de dívida: Pode ser considerada fraude – devedor insolvente X a fila de credores e o patrimônio – insolvência é a dívida ser maior que os bens – questão com o vencimento dos bens – dívida A (12/17) – B (01/18) – C (03/18) – D (07/18) – E (crédito vai vencer 02/19) – devedor propõe ao E a antecipação do pagamento sendo que as outras dívidas antigas não foram quitadas. Ninguém quita dívida se está devendo. 5 Art. 163 Constituição fraudulenta de garantia: Lembrar o que são garantias reais. Garantias reais: São duas fundamentalmente – a hipoteca e o penhor – vinculação de um bem específico do devedor ao pagamento de certa dívida. A casa hipotecada ao banco (garantia do financiamento do banco ao devedor pra financiar a casa própria) – As joias empenhadas à caixa econômica federal (garantia do financiamento à madame que foi comprar as joias) – passam a ser credores preferenciais – deixam de ser quirografários pois tem garantia – E consegue a hipoteca de X insolvente – patrimônio significativo fica vinculado apenas ao pagamento daquela dívida – prejudica os demais credores Art. 165 Efeito do acolhimento da ação pauliana – ação anulatória do negócio jurídico fraudulento 5 situações: situações acima Quando o juiz acolhe a ação pauliana é intuitivo Efeitos nas 5 situações: Retorno do bem ao patrimônio do doador O crédito em favor do devedor insolvente subsiste Retorno do bem ao patrimônio do vendedor O dinheiro do “pagamento” tem que ser devolvido ao patrimônio do devedor Anulação, apenas, da garantia fraudulentamente e constituída – P. único Aspectos processuais: Legitimidade ativa para a ação pauliana Quem pode promover (propor) certa demanda Qualquer credor quirografário – mesmo isoladamente não precisam ser todos juntos Art. 158, parágrafo 2: Credor preexistente ao negócio jurídico que se pretende anular |--------------|--------------situações de insolvência--------devedor pratica negócio jurídico fraudulento---> Ex.: Doação da casa feito do devedor insolvente para o parente. Excepcional legitimidade ativa para a ação pauliana Art. 158 parágrafo 1: A credores preferenciais (credores em favor dos quais existe uma garantia hipotecária ou pignoratícia – garantia de penhor – madame das joias) Em regra os credores preferenciais não precisam da ação pauliana (dirigem aos quirografários) Ocorre de ter essa possibilidade nos casos em que a garantia se torna insuficiente. Tem um empréstimo em dinheiro. Ex.: Banco faz empréstimo para que seja adquirido a casa própria – para isso o banco exige uma garantia real – hipotecar a casa – valor emprestado de 500 mil e a hipoteca da casa só é garantia para o banco se a casa custar mais de 500 mil – valor da casa de 600 mil – banco sempre vai emprestar ou 70% ou 80% do valor, nunca vai emprestar mais do que isso – depois de dois anos o saldo devedor por causa dos juros já está em 600 mil– a casa hipotecada vale 500 mil por causa da economia – se o saldo devedor do banco passa a ser maior do que a garantia nos 100 mil restantes o banco virou credor quirografário – isso que legitima entrar com ação quirografária. Legitimidade passiva para a ação pauliana Contra quem deve ser proposta uma demanda Ação anulatória do negócio jurídico fraudulento realizado pelo devedor insolvente Réus: 1. Devedor insolvente 2. Pessoa que com ele negociou – CPC, Art. 114 – situação clássica de Litisconsórcio passivo necessário – está falando com o réu que está – composto por mais de 1 pessoa – necessário quando deve ser composta por mais de uma pessoa Art. 161 – crítica: ação poderá (?) ser intentada? – detalhe hermenêutico – trocar o poderá por deverá – passa a ser uma obrigação – necessariamente a ação tem que ser do devedor e da pessoa que ele negociou Art. 164 CC Negócios jurídicos indispensáveis à manutenção da atividade econômica do devedor insolvente, ou necessários à manutenção da sua família – ressalva a validade dos negócios jurídicos Nos traz um importante argumento de defesa para o devedor. Ex.: Credores Devedor quirografários insolvente --- dono de uma loja que vende carros usados A Patrimônio ------ doação a Y – fraudulento pois impossibilita a cobrança dos credores B C D Distinção clássica Fraude contra credores – CC 158. A 165 diferente de Fraude à execução Fraude à execução é um conceito processual – encontrado no CPC Art. 792 – está diante de um ato feito por uma pessoa no curso de andamento (pendencia) de uma demanda capaz de reduzir o devedor à insolvência – considera-se ter um ato atentatório ao funcionamento da justiça – ao poder judiciário – a pessoa esta tentando escapar de uma condenação – mais grave – ineficácia dos atos em face do processo em curso. Fraude contra credores é um conceito de Direito material (por isso é materializado pelo CC) – conceito de Dto. Material não pressupõe a existência de processos contra o devedor – se caracteriza apenas estado de insolvência Ex.: Uma pessoa cujo patrimônio não é extensivo – dirigindo seu carro, pode estar embriagado – bate em um carro e mata todos que estavam no outro carro – ação indenizatória pelo carro destruído e pela família morta – pessoa sendo processada a pagar uma indenização gigantesca – começa a se desfazer de seus bens – sabe que vai ser condenado – começa no curso de demanda a fazer atos de alienação ou de oneração (const. De garantia real de bens – caracteriza a fraude de execução – mais grave do que a fraude de credores)
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