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AGRICULTURA APLICADA (P1)

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AGRICULTURA APLICADA
Prof. Dr. Danilo Chagas, DSc. MZO-UFF, danilochs@gmail.com
 
Agricultura:
Agricultura é arte, ciência e indústria que se ocupa da exploração de plantas e animais para uso humano. Em sentido amplo, a agricultura abrange o cultivo do solo, o plantio e a colheita da safra, a criação e desenvolvimento do gado, a exploração do leite e a silvicultura.
Embora as datas relativas ao aparecimento de plantas e animais domesticados variem segundo as regiões, as mais antigas podem remontar ao ano 10.000 a.C. É provável que os agricultores tenham começado fixando-se em plantas selvagens, comestíveis ou úteis de algum modo, e aprendendo a conservar suas sementes para replantá-las em terrenos previamente desmatados. O pastoreio pode ter sido posterior. Contudo, é provável, segundo as evidências, que o padrão mais comum do Neolítico fosse as explorações mistas — a combinação de colheita e criação de animais.
A agricultura colonial começou não só para prover os colonizadores de alimentos, mas também para a colheita comercial e fornecimento à metrópole. (açúcar, algodão, tabaco, batata, tomate e chá e produtos animais tais como a lã e as peles).
Agricultura Convencional e Atual:
A agricultura convencional é descrita como o conjunto de técnicas produtivas que surgiram em meados do século 19, conhecida como a 2a revolução agrícola, tendo como suporte o uso dos fertilizantes químicos, além do uso de maquinas e sementes melhoradas, manipuladas geneticamente para aumento da produtividade. 
Esse modelo de agricultura a partir da década de 60 começava a dar sinais esgotamento pelo desflorestamento, erosão e perda de fertilidade do solo, contaminação das nascentes, lençóis freáticos, animais silvestres e dos agricultores principalmente, por agrotóxicos e pelo alerta da publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson em 1962, onde a autora questionava o modelo agrícola convencional e sua dependência do petróleo como matriz energética.
Nesse sistema o agricultor é dependente por tecnologias, recursos, capital do setor industrial, que por ser unidirecional leva à degradação do ambiente e a descapitalização em longo prazo.
Neste sistema as novas biotecnologias serão parte importante da agricultura do futuro, assim como os agricultores modernos estão tendo cada vez maiores informações e se concentrando mais e mais em operações administrativas e de decisão e menos em dirigir tratores e reparar equipamentos. Dependem de computadores e bancos de dados que os assessorem na tomada de decisões. 
Apesar das reações adversas do uso de organismos geneticamente modificados (OGM) na Europa e outras partes do mundo, as variedades transgênicas terão papel importante para se atingir metas de produção de alimentos.
Agricultura Orgânica:
No século XX surgiram importantes movimentos envolvendo métodos de agricultura orgânica. A agricultura orgânica tem como base as teorias desenvolvidas por Albert Howard em seu livro Testamento da Agricultura (1940) na Índia. 
Sua base cientifica é a manutenção da fertilidade do solo, sanidade geral das plantas e animais, pela rotação de cultura, manejo e fertilização do solo e elevado nível de matéria orgânica decomposta estabilizada pela ação dos microrganismos solo. O solo é considerado um organismo complexo, repletos de seres vivos em atividade e de substâncias minerais em constantes interações e interdependência de forma conjunta. Exclui o emprego de compostos sintéticos como fertilizante, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais. A utilização de agrotóxicos e adubos químicos de alta solubilidade é substituída por subprodutos da reciclagem da matéria orgânica vegetal e animal. 
Atualmente, as normas da agricultura orgânica em vigor no comércio internacional dão ênfase às qualidades agronômicas e zootécnicas, deixando de valorizar outras qualidades que guardam forte apelo junto aos consumidores.
A possibilidade de acesso ao mercado interno no Brasil estão previstas de acordo com os mecanismos de controle sendo regulamentados pela Lei no 10.831 nos decretos no 6323 de 2007, 6913 de 2009 e nas instruções normativas no 54 e no 64 de 2008. 
Neste sistema o agricultor que deseja praticar a agricultura orgânica deve se associar ou filiar a uma instituição não governamental reconhecida pelo MAPA, como Associação de Agricultura Orgânica (AAO/SP) solicitando uma visita de certificação, a fim de iniciar o processo de conversão para agricultura orgânica, de acordo com a Instrução Normativa no 71 de 7/05/99. O período necessário mínimo para certificação é de 18 meses a partir da data da visita de certificação. 
Agricultura Biodinâmica:
Surgiu com Rudolf Steiner em 1924, fundador da antropofosia num ciclo de oito palestras na Polônia introduzindo um novo conceito de agricultura que transcende a visão de uma atividade apenas econômica e social, mas uma concepção mais integrada do homem no universo. “A saúde do solo, das plantas e dos animais dependem da sua conexão com as forças de origem cósmica da natureza”. 
Na Agricultura Biodinâmica não se usam adubos nitrogenados minerais, pesticidas sintéticos, herbicidas e hormônios de crescimento. No entanto a adubação verde, rotação de cultura e agrossilvicultura e integração com a natureza é permitido.
Adubar na biodinâmica significa, portanto aviventar ou vivificar o solo e não fornecer nutrientes para as plantas.
Agricultura Natural:
Seu fundador foi Masanobu Fukuoka, cujas idéias desenvolvidas na década de 30 foram escritas no livro Agricultura Naturais em 1978. Propõem uma série de intervenção mínima do homem nos processos da natureza, com ausência de aração, capinas, uso de fertilizantes e agrotóxicos.
Ela é muito difundida pelos seguidores do filósofo japonês Mokiti Okada (1882-1955) fundador da Igreja Messiânica, que propõem uma agricultura baseada essencialmente na observação e no estudo da natureza. “A filosofia de Mokiti Okada ensina que existem espírito e sentimento, não só no ser humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres”. 
Se cuidarmos do solo com amor, respeitando o espírito e o sentimento, nele contidos, valorizando-o como fonte primordial de vida, ele manifestará sua capacidade natural ao máximo, dando origem a alimentos saudáveis e saborosos em abundância. Dessa forma, o agricultor não deve arar e gradear a terra, não deve utilizar insumos químicos e nem compostos orgânicos e, muito menos, agrotóxicos. Assim, estimula as práticas agrícolas recomendadas como a rotação de culturas, a adubação verde a cobertura morta, o controle de praga e doenças pela manutenção das características naturais do ambiente e melhoria do solo e emprego de inimigos naturais.
Permacultura:
O termo Permacultura originou-se da fusão de dois conceitos, “agricultura e permanente”. Inicialmente a Permacultura dedicou esforços no planejamento de ecossistemas agrícolas produtivos no sentido de permitir estabilidade, diversidade e flexibilidade aos mesmos à semelhança dos ecossistemas naturais. O conceito foi desenvolvido nos anos 70 por Bill Mollison e David Holmgren na Austrália como uma agricultura integrada com o ambiente, que envolve plantas permanentes e semipermanentes, incluindo a atividade produtiva dos animais. 
A Permacultura promove o aproveitamento de todos os recursos (energias) utilizando a maior quantidade possível de funções em cada uma dos elementos de uma dada paisagem, com seus múltiplos usos no tempo e no espaço. O excesso ou descarte produzido por plantas, animais e atividades humanas é criteriosamente utilizado para beneficiarem outros elementos do sistema. 
As plantas são cultivadas de modo que haja um perfeito aproveitamento da água e do sol. São utilizadas associações particulares de árvores, perenes e não-perenes arbustos e ervas rasteiras que se nutrem e se protegem mutuamente.
A Permacultura adota técnicas e princípios da Ecologia, tecnologias apropriadas, agricultura sustentável associadas à sabedoriade anciões, indígenas e populações tradicionais. Está baseado principalmente na observação direta da natureza do lugar, o cuidado com a “Mãe-Terra” para garantia da manutenção e a multiplicação dos sistemas vivos. 
Como ciência ambiental, reconhece os próprios limites e por isso nasceu amparada por uma ética fundadora de ações comuns para o bem do sistema Terra.
Agricultura de Precisão
A agricultura de precisão ainda não se encontra lapidada e pronta para servir como um sistema geral e integrado. O seu desenvolvimento deve respeitar as leis e procurar preservar o ambiente para as próximas gerações. Os fundamentos modernos da agricultura de precisão surgiram nos EUA em 1929 na Estação Experimental Agrícola da Universidade de Illinois em que constataram uma grande variabilidade quanto à necessidade de aplicação de calcário em determinada área de solo. Foi abandonada em detrimento do surgimento dos equipamentos de tração mecânica para facilitar a aplicação dos insumos. O ressurgimento e disseminação da agricultura de precisão, na forma em que hoje é conhecida, ocorreram somente na década de 80, quando microcomputadores, sensores e sistemas de rastreamento terrestres ou via satélite foram disponibilizados e possibilitaram a difusão das técnicas. 
Para Moulin (2002), a agricultura de precisão seria acima de tudo, um sistema de gestão ou gerenciamento da produção agrícola que emprega um conjunto de tecnologias e procedimentos para que as lavouras e sistemas de produção sejam otimizados, tendo como elemento o manejo da variabilidade da produção e dos fatores envolvidos. 
Segundo o Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA, trata-se de uma estratégia de manejo quem usa a TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO para a obtenção de dados provenientes de várias fontes, visando dar suporte a decisões associadas à produção agropecuária. O Centro Australiano de Agricultura de Precisão da Universidade de Sidney estabelece que a agricultura de precisão não deva ser entendida como uma técnica que busca uma produtividade uniforme na lavoura, a não ser que o potencial na lavoura seja uniforme. 
A Agricultura de Precisão propicia identificar a diversidade no potencial de produtividade e das condições ambientais durante o estabelecimento de operações de manejo. A adoção de práticas de manejo de maior precisão, que levem em consideração a variabilidade dos fatores de produção associados às múltiplas causas, pode trazer benefícios às culturas, principalmente pela possibilidade de maior expressão do potencial genético, não somente em determinadas áreas da lavoura com condições mais favoráveis, mas, sim, em toda a área cultivada em que a agricultura de precisão não deve ser discutida como uma filosofia de gerenciamento da propriedade e sim, com a finalidade de manejar as interações dos fatores de produção PIRES et al. (2004).
7. Agroecologia e agricultura sustentável:
 A Agroecologia é a ciência que procura estabelecer uma base teórica para esta agricultura não industrial, procurando entender o funcionamento do agroecossistema e preservar e ampliar a sua biodiversidade, para produzir auto-regulação e sustentabilidade. Para a consecução deste desafio, a agroecologia procura compreender o funcionamento e a natureza dessas unidades, integrando, para isso, princípios ecológicos e agronômicos, socioeconômicos, na medida em que observam os agroecossistemas como unidades estabelecidas pelo homem (Padovan et al. 2002). Considera os ecossistemas agrícolas como as unidades fundamentais de estudo. Nesses sistemas, os ciclos minerais, as transformações de energia, os processos biológicos e as relações socioeconômicas são investigados como um conjunto. 
A principal meta da agroecologia é que procura sistematizar todos os esforços em produzir um modelo tecnológico abrangente, que seja socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável. 
O conceito de agroecologia e agricultura sustentável consolidaram-se em 1992, com a Conferência Mundial da ECO92, no Rio de Janeiro - Brasil surge o conceito de sustentabilidade, que manifestou uma nova ordem mundial que expressa a vontade das nações de conciliar ou reconciliar o desenvolvimento econômico e o meio ambiente. O Relatório Bruntland publicado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente criado pela ONU em 1987, define desenvolvimento sustentável aquele “que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (Inf. Agropec. v.24, n.220, p.45, 2003).
Uma agricultura sustentável deve apresentar viabilidade econômica, ecológica ou ambiental e social. Segundo Altieri (1998) apesar do conceito de agricultura sustentável ser controverso e quase sempre indefinido, é útil por reconhecer que a agricultura é afetada pela evolução dos sistemas socioeconômicos e naturais. 
As características mais marcantes destes desdobramentos são: a busca de fundamentação científica para as suas propostas técnicas e, no caso da agroecologia o firme propósito de valorizar os aspectos sócio-culturais da produção agrícola.
 A principal meta da agroecologia é a resolução dos problemas da sustentabilidade. A consolidação do conceito de agricultura sustentável fortaleceu o movimento favorável à agricultura ecológica, como aquela em condições de atender aos critérios de sustentabilidade na produção de alimentos.
A Agroecologia engloba modernas ramificações e especializações, como a: agricultura biodinâmica, agricultura ecológica, agricultura natural, agricultura orgânica, os sistemas agro-florestais. Segundo Coutinho et al. (2003) a produtividade e a manutenção da qualidade dos sistemas agroecológicos vão depender das interações entre quatro fatores básicos:
Potencial genético das culturas;
Características pedoclimáticas;
Sincronia no tempo e no espaço entre a disponibilidade e a demanda nutricional das culturas;
O equilíbrio ecológico entre os fatores bióticos e abióticos do agroecossistema.
	Desvantagens ambientais da agricultura tradicional
	Vantagens da utilização das formas da agroecologia
	Suas monoculturas degradam a paisagem 
produz altos índices de toxidade pelos agroquímicos utilizados 
elimina a biodiversidade 
degrada o solo 
polui os recursos hídricos 
maximiza a utilização da energia gerada no próprio sistema natural 
	possibilita a natural renovação do solo 
facilita a reciclagem de nutrientes do solo 
utiliza racionalmente os recursos naturais 
mantêm a biodiversidade que é importante para a formação do solo 
8. Bibliografia:
ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre. Ed. Universidade/UFRGS, 1998. 110p.
Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Porto Alegre, v.2, n.3, julho 2001.
BALASTREIRE, L. A.; ELIAS, A. I.; AMARAL, J. R. do. Agricultura de Precisão: mapeamento da produtividade da cultura do milho. Engenharia Rural, Piracicaba, v. 8, n. 1, p. 97-111, 1997.
DIAS, L. E. Fertilidade do solo. Universidade Federal de Viçosa. MG. 1996. 204p.
GALLI, F. et alii, Manual de Fitopatologia, Ed. Ceres, Ltda, Piracicaba, SP.
LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. Ed. Pedagógica. SP. EPU. 1986.
PADOVAN, M. P.; URCHEY, M. A ; MERCANTE, F. M.; CARDOSO, S. Agroecologia em Mato Grosso do Sul: Princípios, Fundamentos e Experiências. I Seminário em Agroecologia de Mato Grosso do Sul. Dourados, MS. 2002. 129p.
PIRES. J. L. F.; CUNHA, G. R. da; PASINATO, A; FRANÇA, S., RAMBO, L. Discutindo agricultura de precisão – aspectos gerais. Passo Fundo: Embrapa-Trigo. Doc. Online; 42. Disponível http//www.cnpt.embrapa.Br/biblio/do/42.htm. 
SANTOS, H. R.; MENDONÇA, E. de S.; Agricultura Natural, Orgânica, Biodinâmica e Agroecologia. Inf. Agropec., Belo Horizonte,, v.22,n. 212,p.5-8, set/out. 2001.
RAIJ, B. van. Avaliação de Fertilidade do Solo. POTAFOS. 1981. 142p.
TOMÉ, Jr. J. B. Manual para Interpretação de Análise do Solo. Guaíba: Agropecuária. 1997. 247p.
11.Informe Agropecuário. Agroecologia. Belo Horizonte, EPAMIG. V.24, n. 
220, 2003. 112p. 
Periódicos:Informe Agropecuário. EPAMIG. Belo Horizonte. MG.
Pesquisa Agropecuária Brasileira. EMBRAPA. Brasília. DF.
Revista de Agricultura. USP. Piracicaba. SP
Revista Brasileira de Ciências do Solo. Viçosa. MG.
Revista Brasileira de Herbicidas. UNB. Brasília. DF. 
www.agroecologia.com.br
www.aao.org.br
www.agrisustentavel.com
www.permear.org.br

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