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Resenha: O 18 Brumário de Luis Bonaparte - Karl Marx

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O 18 Brumário de Luís Bonaparte (Karl Marx)
Contexto histórico
 Com a queda do imperador Luís Filipe I, da França, em fevereiro de 1848, começou um período de intensa instabilidade política, crise econômica, incertezas e agitações, que mobilizava monarquistas, republicanos e socialistas. Nesse período os socialistas e proletários lutaram praticamente sozinhos por reformas na Assembleia Nacional Francesa. Após longos meses de intensas manobras políticas, marchas e contra-marchas, Luis Bonaparte, sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte, adquire prestígio e emerge como salvador da pátria perante o povo francês; finalmente, em dezembro de 1851, Luis Bonaparte recebe, da Assembleia Nacional Francesa, poderes ditatoriais e o título de Consul, depois o de imperador, como Napoleão III, repetindo a façanha do seu tio-avô 50 anos antes, no golpe do 18 Brumário, que selou o fim da Revolução francesa. 
***
 Escrito em 1852, por K. Marx, a obra trata do período da história da França compreendido entre 22 de fevereiro de 1848 e 02 de dezembro de 1851; nela o autor explica a luta de classes que se desenrolou na França, diga-se no parlamento, pelo poder político, entre a alta burguesia, a pequena burguesia e o proletariado, suas alianças, avanços e retrocessos que culminaram com o Golpe de Estado de Luis Bonaparte em 02 de dezembro de 1851. 
 Segundo Marx, observa-se nesse período a luta de classes entre morarquistas, republicanos e socialistas. 
 I- Os monarquistas estavam divididos principalmente entre Bourbons, que representavam os interesses da burguesia fundiária, e Orleanistas, que representariam, ainda segundo Marx, a burguesia industrial e comercial; 
 II- Os republicanos, que representavam uma parte da alta burguesia, da pequena burguesia e da classe média; e,
 III- Os socialistas/proletários, que desejavam reformas sociais profundas.
 Na obra Marx demonstra que todas as classes se coligaram contra o proletariado; e os monarquistas (alta burguesia) se coligaram no Partido da Ordem contra os republicanos (pequena burguesia e classe média); por fim o Partido da Ordem esfacelou-se; e Bonaparte, com apoio popular, incorporou o papel de “salvador da pátria”, instaurando o seu governo “messiânico”.
 Esse período ficou conhecido como a Segunda República e foi marcado por um sentimento de provisoriedade nas instituições políticas francesas. De uma maneira geral a Segunda República Francesa pode ser dividido em 3 períodos distintos: 
 Primeiro período:
 De 24 de fevereiro de 1848 a 4 de maio de 1848. Ficou conhecido como “Período de fevereiro”. Com a queda da “monarquia de julho” (Luis Felipe), foi instituído um governo provisório que contava com a participação de membros da burguesia moderada, ou seja republicanos burgueses, da pequena burguesia (republicanos puros) e dos socialistas (proletários, como o líder Auguste Blanqui e o operário Albert). Também chamada de república social, esse governo provisório aboliu a pena de morte e criou empregos emergenciais para cerca de 115.000 desempregados (as chamadas Oficinas Nacionais, administradas por comitês operários, que logo se mostraram improdutivas e onerosas, logo criticadas por Proudhon), reduziu a jornada de trabalho de 12 para 10 horas e Libertou os presos políticos, como Louis-August Blanqui (logo eleito deputado nas eleições parlamentares) e outros. As famílias reais, que aspiravam a volta da monarquia constitucional, foram exiladas. 
 Em 24 de fevereiro de 1848 ocorreu a queda da monarquia constitucional de Luis Felipe, devido à insurreição popular, liderada pelo proletariado, republicanos, e liberais de diversas tendências, como parte de um movimento mais amplo de agitações populares que ocorria em todo o continente europeu, chamado “Primavera dos Povos”. No caso francês foi agravado por uma crise econômica, carestia, desemprego, más colheitas. Os socialistas e proletários tiveram participação ativa e reivindicavam reformas sociais e o fim do voto censitário. Os republicanos desejavam reforma eleitoral e instaurar uma república (a segunda, pois a Primeira República foi instaurada pela Rev. Francesa em 1789 e encerrada pelo Golpe de Estado de Napoleão Bonaparte em 09 de novembro de 1799 – “o 18 brumário”). 
 De um modo geral o objetivo inicial da revolução de fevereiro era uma reforma eleitoral, para uma maior participação da população na vida política, pois o voto era censitário (exigia renda mínima). Já os socialistas desejavam reformas sociais.
 Com a queda da monarquia de julho (Luis Felipe, o “rei burguês”), foi criado um governo provisório que compunha-se de membros da Assembléia Nacional Francesa e de pessoas que lideraram a multidão nas ruas. Assim, muitos dos que combateram nas barricadas de Paris foram chamados para compor o governo provisório, como Marc Caussidière, um republicano que recebeu o cargo de Prefeito de Polícia de Paris, chefiando uma Guarda Popular (depois foi eleito deputado); Louis-Auguste Blanqui, um socialista republicano (que a seguir seria eleito deputado nas eleições suplementares); assim como Pierre-Josef proudhon, líder socialista (e depois anarquista) e outros. Todos esses homens eram famosíssimos na época e Marx refere-se a eles e seus seguidores quando fala dos socialistas e proletários. Porém todos foram afastados, presos ou exilados, depois das jornadas de junho. Já o lúpen proletariado passou a apoiar Luis Bonaparte (ou sub-proletariado, era a fração miserável da população, composta por trabalhadores situados socialmente abaixo do proletariado; sem recursos econômicos e sem consciência de classe; Marx os via como grupo imprestável e pernicioso, por “se deixar manipular por migalhas da burguesia”). 
 No dia seguinte à queda de Luis Felipe, (25 de fev.) foi instaurada a 2ª república. Foi instituído o voto universal e convocadas Eleições suplementares para eleger os constituintes, que seriam encarregados de elaborar uma nova constituição para a França..
 A 24 de abril de 1848 criou-se uma comissão executiva de 5 membros para governar provisoriamente a França e declarou-se o fim do governo provisório; também deu-se a eleição para deputados constituintes ( o Partido da Ordem elegeu 700 membros, entre eles monarquistas e republicanos, pequenos proprietários, latifundiários e industriais, garantindo maioria) os republicanos radicais e os socialistas elegeram menos de 100, mostrando o que Marx chamou de uma reação conservadora da sociedade francesa.
 Em 4 de maio de 1848 ocorreu a instauração da Assembléia Constituinte, 
Segundo período:
 De 4 de maio de 1848 a 28 de maio de 1849. Para Marx esse período caracteriza-se pelo predomínio político da burguesia, ou seja, uma republica burguesa, o que faz sentido, pois, para Marx, após uma monarquia burguesa só poderia se seguir uma república burguesa. 
 Para Marx as eleições complementares mostraram o espírito reacionário da nação francesa (anti-revolucionário, pois não queriam as avançadas reformas sociais dos proletários e socialistas) “e reduziu os resultados da Rev. de fevereiro à escala burguesa”.
 Foi mantida a Comissão executiva de 5 membros. O general Calvanac (vinculado ao Partido republicano Burguês (PRB)) foi escolhido para chefe o poder executivo e escolher os ministros. Um deputado chamado Marrast tornou-se 1º ministro. Assim o PRB tomou o controle do poder. Diferentes setores da burguesia coligaram-se no Partido da Ordem, cada um tentando salvaguardar seus interesses, contra os republicanos e socialistas, no fundo uns queriam uma monarquia parlamentar e outros uma república burguesa. Esse período foi marcado pela “ditadura parlamentar dos republicanos”, pois o comitê executivo era dominado pelos republicanos moderados, contrários às reformas socialistas.
 Marx analisa longamenteesse período, por tratar-se do período da formação da república burguesa, ou seja, uma república controlada pela burguesia, através do parlamento.
 Em 4 de maio de 1848 teve inicio a Assembléia nacional constituinte (ANC); esse período caracterizou-se, segundo Marx, pela ação reacionária dos demais grupos da ANC contra os socialistas e suas conquistas.
 Ação reacionária da burguesia e dos republicanos moderados: a 04 de maio 1848 as ruas de Paris estavam tomadas por trabalhadores, vindos dos departamentos para apoiar os socialistas. Dia 14 haveria cerimônia cívica à bandeira, que foi adiada para o dia 15 devido a tumultos nas ruas. A guarda Nacional estava em peso na capital francesa.
 Em 10 de maio de 1848, reunida a constituinte, o deputado socialista Louis Blanqui propôs uma série de reformas socializantes na economia, através do Ministério do Trabalho e progresso, que contrariariam os pressupostos do liberalismo econômico e do livre mercado, então vigentes: instituía indústrias coletiva e o controle dos trabalhadores sobre as empresas, etc. As propostas foram recusadas causando indignação aos socialistas. 
 Em 12 de maio 1848 a ANC proibiu a presença de delegações de trabalhadores e de partidos, que liam suas petições no plenário, e tornara-se costume no Governo Provisório; isso causou mais indignação aos socialistas. Os republicanos, por sua vez, se indignaram com a decisão da maioria da ANC em não apoiar as insurreições populares e revoluções que ocorriam em várias partes da Europa (“primavera dos povos”), negando-se a atender aos apelos de uma comissão de revolucionários poloneses. Nova discussão ficou marcada para 15 de maio. A ANC mostrava-se reacionária e disposta a anular as conquistas da revolução de fevereiro. 
 No dia 15 de maio 1848 milhares de socialistas e republicanos fizeram uma manifestação nas ruas de Paris. Os socialistas revoltados por não verem aprovadas suas propostas, e um tanto em protesto contra as manobras conservadoras da ANC e outro tanto em apoio à causa polonesa. Os republicanos em apoio à causa polonesa e em protesto contra a postura conservadora da ANC. A situação degenerou-se em conflito com a polícia. A multidão proclamou um governo insurrecional, gerando violenta repressão. Os socialistas foram afastados da ANC. Louis Blanqui foi destituído e preso; pegou 10 anos de prisão. Os líderes republicanos também foram presos. Marc Caussidière perdeu o mandato de deputado e o cargo de Chefe da Guarda Popular (que foi dissolvida), mais adiante foi reeleito, para ser definitivamente cassado nas jornadas de junho. O comandante da Guarda Nacional também foi destituído e preso, por fraqueza e suposta simpatia. 
 O pior de todos os golpes sobre os proletários (socialistas) foi o fim do voto universal e instauração do voto censitário (exigência de renda mínima). 
 Para Marx esse período foi o da fundação da república burguesa, ou seja, a burguesia assumiu o controle político da república. Ora, se durante a monarquia de Luis Felipe a burguesia governava em nome do rei, agora a burguesia governava em nome do povo, segundo Marx.
 Em junho de 1848 os proletários, revoltados com esse golpe político em sua representação, tomaram novamente as ruas de Paris e foram duramente massacrados no que foi chamado de Jornadas de Junho; para Marx “o acontecimento de maior envergadura na história das guerras civis da Europa”. 
 Por quê? Porque pela primeira vez via-se o proletariado lutando sozinho contra a burguesia pelo poder político. Em fevereiro lutavam ao lado dos republicanos contra a monarquia, embora esta fosse controlada pela burguesia. Para Marx a luta clássica do proletário é contra a burguesia. 
 Contra os insurretos de junho uniram-se todas as demais classes: a aristocracia financeira, a burguesia industrial, a classe média, a pequena burguesia, o exército, o lúpen proletariado, os intelectuais de prestígio, o clero e a população rural. Todos sob o lema “propriedade, família, religião e ordem”. Eis porque Marx achava a sociedade francesa conservadora e reacionária à revolução social. Luta de todas as classes contra o proletariado.
 Para Marx, a derrota dos insurretos (3.000 foram mortos e 15.000 foram deportados para as colônias) preparou o terreno (consolidou) para a república burguesa.
 Por que Marx critica a república? 
 Porque, para Marx, a república é a forma política (clássica) do governo da burguesia, embora ele ache que a república é um passo necessário para seguir-se o governo do proletariado (a ditadura comunista do proletariado). 
 Aproveitando-se dos tumultos das jornadas de junho, o Partido Republicanos Burguês (burguesia conservadora) afastou do poder os Republicanos pequenos burgueses e os republicanos democratas (prisões e exílios); pôs fim da liberdade de imprensa, instituiu toque de recolher e estado de sítio em Paris. Também marcaram eleições para presidente, fazendo algumas mudanças na legislação eleitoral. A essa altura os líderes socialistas e proletários estavam ou presos ou exilados. Fizeram algumas mudanças na constituição e limitaram o mandato do próximo presidente da república para 4 anos, sem direito a reeleição e com a possibilidade de sofrer impeachmeant pela Assembleia. Afastados os socialistas e os pequenos burgueses, partir desse momento a ALN passou a ser uma arena política caracterizada pela luta entre republicanos burgueses (a” montanha”) e monarquistas (alta burguesia), organizados no Partido da Ordem.
 A constituição de 1848 garantiu o poder efetivo da burguesia, pois além de poder depor o presidente, o Primeiro ministro tinha o controle da Guarda Nacional ( uma força militar formada de cidadãos, criada durante a Rev. Francesa (1789).
 Afastados os socialistas, o Partido da Ordem sentiu-se à vontade para eliminar os republicanos (ou “a montanha). A montanha era republicana e teve que lutar contra o partido da ordem, que ameaçava a república com planos de restauração. Passou a aprovar medidas anti-democráticas, que contrariavam os pressupostos dos “Direitos dos Homem e do Cidadão”, tão caros aos republicanos. 
 A Constituição foi finalmente promulgada em 12 de Novembro de 1848 e a constituinte encerrou os seus trabalhos, estabelecendo uma república presidencialista com um Legislativo unicameral, com base no sufrágio universal (mais adiante retrocederia nesse aspecto). Nesse momento Luis Bonaparte volta da inglaterra e candidata-se a presidente. A ANC virou Assembléia Nacional Francesa (ANF).
 Paris foi mantida em estado de sítio e foram marcadas eleições presidenciais para 10 de dezembro de 1848. Bonaparte, figura carismática, foi eleito com 5,5 milhões de votos, de um total de 7 milhões. O Partido da Ordem aliou-se com Bonaparte contra os republicanos burgueses (ou burguesia republicana).
 Em fevereiro de 1849 a montanha fez uma aliança com os remanescentes do Partido Socialista, dando origem ao Partido Social Democrata; foi elaborado um programa comum e organizado comitês eleitorais e lançados candidatos comuns. Marx reprovou a aliança pois,para ele “quebrou-se o aspecto revolucionário das reivindicações sociais do proletariado e deu-se a elas uma feição democrática”. Surgindo a social-democracia; essa era a nova montanha. O partido da Ordem sentiu necessidade de acabar com a pequena burguesia democrática (coligada em Partido social democrata).
 A luta política no Parlamento, entre os republicanos (a nova montanha) contra o Partido da Ordem, aliado a Bonaparte, durou até 28 de maio de 1849, quando os republicanos burgueses foram expulsos da Assembléia Nacional Francesa. 
 O pretexto para o expurgo dos republicanos burgueses foi a tentativa de impeachmeant de Bonaparte, solicitada pelo líder dos republicanos, Ledru-Rollim,com a justificativa de que o Presidente desrespeitara a Constituição, ao fazer guerra sem autorização da ANF. Fazendo isso, Bonaparte mostrava idéias autoritárias. O Partido da Ordem negou apoio aos republicanos, que foram às ruas protestar, inclusive a Guarda Nacional (que era republicana), embora pacificamente e desarmada. O exército interveio e prendeu a os manifestantes. Os parlamentares republicanos foram presos ou exilados. A montanha estava politicamente anulada. A guarda Nacional foi parcialmente desmobilizada para ser suprimida em dezembro de 1851. 
 Marx diz que a força desse grupo estava na sua representação na ANF e não nas ruas (ao contrário do proletariado), e que foi um erro ir às ruas para protestar pacificamente, pois deveria tê-lo feita com a Guarda Nacional armada. 
 A partir daí a luta será entre O partido da Ordem (que dominou o legislativo) contra Bonaparte (poder executivo). Com o fim da ANC e a posse do presidente eleito, Luis Bonaparte, encerrou-se o segundo período.
 Esse foi o período da república parlamentar ( 4 de maio de 1848 a 28 maio de 1849).
 Terceiro período:
 De 4 de maio de 1848 a 02 de dezembro de 1851 a frança é uma república constitucional. Pela constituição o presidente controlará o exército, através do ministro da guerra e a assembléia nacional francesa controlará a Guarda nacional (uma força militar formada por cidadãos para defender a república, que foi fundada durante a Rev. Francesa (1789).
 Em 13 de junho 1849 os republicanos burgueses (a montanha) tentam o impeacheant de Bonaparte e são derrotados no parlamento. Ao protestar nas ruas são presos ou fogem. Anulam-se como força política. A partir de agora só o partido da Ordem tem força no parlamento.
 Nesse período Marx analisa a luta entre o Partido da Ordem e o presidente da república, Luis Bonaparte que, por fim fecha o parlamento e instaura uma ditadura, em 10 de dezembro de 1851. Ou seja, o período marca a luta do poder legislativo contra o executivo.
 Luis Bonaparte foi eleito para mandato de 4 anos, sendo o seu fim previsto para o segundo domingo de maio de 1852, pois contava os quatro anos a partir de 4 de maio de 1848 e não de 10 de dezembro de 1848. Não haveria reeleição presidencial.
 Líder carismático e político perspicaz, ao contrário do “idiota” e “cérebro de toucinho”, a quem Marx achincalha, Luís Bonaparte encarnou as esperanças da maioria da população francesa, desesperada diante da tremenda confusão que reinava na sociedade, envolvendo monarquistas, republicanos e socialistas; num momento de crise econômica, carestia e desemprego. Foi eleito com 5,5 milhões de votos (cerca de 73%), contra o odiado general Calvagnac (um republicano). A classe média e o numeroso funcionalismo público (cerca meio milhão, além do exército) exigia ordem e paz social. A França não era somente Paris, tinha o povo dos departamentos (Estados).
 Bonaparte apreendeu o espírito do povo Francês e foi aos poucos usurpando o poder do parlamento, ocupado em suas disputas restauradoras, entre as diversas tendências do Partido da Ordem: Orleanistas, legitimistas, burguesia industrial e financeira e burguesia agrária. Os republicanos puros e os socialistas jaz haviam sido varridos da cena política.
 A burguesia, que estava acostumada a mandar e desmandar no reinado de Luis Felipe, logo indispôs-se com a política popular de Luis Bonaparte e começam a temê-lo. Embora ainda conspirassem entre si por uma monarquia parlamentar, motivo das divisões internas. 
 Em 31 de maio de 1850 a Assembléia Nacional Francesa acabou com o voto Universal, visando excluir do processo eleitoral os proletários,cerca de 3.000 eleitores, tornando-se muito mal vista entre as classe populares. 1850 foi um ano de grande prosperidade comercial e industrial, e Luis Bonaparte explorou essa recuperação da economia em seu favor. Através de manobras Bonaparte acabou com o cargo de chefe do Parlamento ou Primeiro-Ministro. 
 Em junho de 1851 Bonaparte entrou em guerra contra Roma, sem autorização do parlamento. O líder dos republicanos (chamados no parlamento de “a montanha”),Ledru-Rollin apresentou em 11 de junho de 1851 um projeto de impeacment contra Bonaparte, o qual foi recusado pela assembléia, levando os republicanos a se manifestarem nas ruas de Paris (dia 12). O exército interveio e os manifestantes foram presos e os políticos do PR processados. O Partido da Ordem era senhor do Parlamento. Em novembro faria na guerra na Argélia. A Guarda nacional participou, embora pacificamente, das manifestações. Como castigo ela passou a ser, de agora em diante, subordinada ao ministro da guerra, ou seja, controlada por Bonaparte e em 2 de dezembro de 1851 ela foi dissolvida. Com essa confusão toda, o parlamento enfraqueceu-se perante o povo e em relação ao poder executivo. Bonaparte fortalecia-se. Seus amigos e admiradores formaram uma sociedade chamada 10 de dezembro (dia de sua eleição), para promovê-lo.
 Nesse ponto Marx analisa exaustivamente as disputas internas dentro do Partido da Ordem (Parlamento) e as suas disputas com Bonaparte (o poder executivo). Todos os anos, entre os meses de agosto e novembro, a assembléia entrava em recesso (férias de outono), ocasião em que todos os grupos aproveitavam para conspirar uns contra os outros e Bonaparte também. 
 Quando em 4 de novembro de 1851 a Assembléia Legislativa recomeçou os trabalhos (fim das férias), Bonaparte enviou uma mensagem à ANF exigindo o fim do voto censitário e a volta do voto universal, Retirados em 31 de maio pela Assembléia. A assembléia nacional rejeitou, pois sabia que isso beneficiaria a Bonaparte, devido à sua popularidade. Executivo e legislativo entraram em franca luta. Nos últimos meses de 1851 as tentativas de união entre os orleanistas e legalistas no parlamento falharam, fazendo desintegrar o Partido da Ordem. A assembléia nacional fragmentou-se em facções rivais, anulando-se. 
 Em 2 de dezembro Bonaparte mandou prender os líderes parlamentares. Os remanescentes do parlamento em vão tentam depor Bonaparte, que com o apoio do exército o dissolve; A segui Bonaparte proclama a volta do voto universal e convoca um plebiscito.
 Em 20 de dezembro 1851 Luis Bonaparte convocou a população para um plebiscito; a maioria dos consultados apoiou o seu golpe (7.500.000) e aprovou uma nova constituição, que deu-lhe o título de Cônsul (como o seu tio, 50 anos antes) e poder ditatorial por 10 anos.
 Em novembro de 1852, com o apoio da grande burguesia, convocou outro plebiscito, que com 95% dos votos favoráveis, instituiu o segundo império francês, como o título de Napoleão III. 
 Em 1870, durante a Guerra Franco Prussiana, caiu prisioneiro na Batalha de Sedan. Foi então destituído e abandonado pela Assembléia Nacional francesa. Morreu no exílio em 1783.
 Em suma, na obra O 18 Brumário de Luis Bonaparte, Marx descreve como Napoleão III, sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte, repetiu, em dezembro de 1851 o golpe do 18 Brumário (09 de novembro de 1799) efetuado pelo seu tio-avô cinquenta anos depois, assumindo o título de Consul e o poder ditatorial por 10 anos. 
 Referindo-se a uma frase de Hegel, segundo a qual, todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes, Marx completa com sarcasmo que ele (Hegel) “esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

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