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Vejamos agora a definição dada pela professora e filósofa Marilena Chauí: “a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem se ntir, o que devem fazer e como devem fazer.
Observamos então que a ideologia é apresentada com as seguintes características fundamentais: 
 Constitui um corpo sistemático de representações que nos “ensinam” a pensar e de normas que nos “ensinam” a agir; 
 Assegura determinada relação dos indivíduos entre si e com suas condições de existência, adaptando-as às tarefas prefixadas pela sociedade; 
 As diferenças de classe e os conflitos sociais são camuflados, ora com a descrição da “sociedade una e harmônica”, ora com a justificação das diferenças existentes; 
 Assegura a coesão social e a aceitação sem críticas das tarefas mais penosas e pouco recompensadoras, em nome da “vontade de Deus” ou do “dever moral” ou simplesmente como decorrência da “ordem natural das coisas”; 
 Mantém a dominação de uma classe sobre outra. 
 A ideologia se caracteriza pela naturalização, na medida em que são consideradas naturais situações que na verdade resultam da ação humana e, como tal, são históricas e não naturais: por exemplo, quando se considera natural que a sociedade esteja dividida em ricos e pobres ou que uns mandem e outros obedeçam. 
 Outra característica da ideologia é a universalização, pela qual os valores de quem detém o poder são estendidos aos que a ele se submetem. A afirmação de que “o trabalho dignifica” é difícil de ser contestada. Essa afirmação torna-se ideológica quando se baseia em uma abstração, ou seja, quando consideramos apenas a ideia de trabalho, independentemente da análise concreta e histórico-social em que é de fato realizado.
Outros espaços de ação ideológica 
 A ideologia se faz presente nos mais diversos campos de atuação. Um deles é a propaganda. Tudo bem que possamos entender a propaganda como uma maneira de divulgar ao provável consumidor a variedade e a qualidade do que é produzido, o que por sinal é muito bem -feito pelas competentes agências de propaganda. 
 A propaganda não vende apenas produtos, mas também idéias. Compramos o “sonho americano”, o desejo de “subir na vida”, os estilos de vida, as convicções políticas e éticas que de certa forma são veiculadas nos comerciais. Isso sem falar nas campanhas de governos ou no marketing dos candidatos a qualquer cargo público. 
 Outro espaço possível de ação da ideologia é o da mídia. A imprensa falada e escrita é formadora de opinião, o que representa algo positivo, desde que, numa sociedade plural, tenhamos acesso a diversos veículos de informação a fim de poder comparar a diversidade de posicionamentos e então assumir uma posição crítica pessoal. 
 As distorções ocorrem quando a empresa jornalística determina o que deve ser considerado notícia; quando é manipulada por meio de recursos linguísticos. Da mesma forma, quando são utilizados adjetivos carregados de juízos de valor, como “ baderneiros”, “perturbadores da ordem” ao noticiar uma greve. 
 A diferença entre a informação ideológica e a não-ideológica é que a primeira impede a pluralismo, veicula interesses e se transforma em instrumento de poder. Já a informação não -ideológica está aberta à discussão e dispõe de espaços para opiniões diversificadas. 
 Como vimos, a ideologia está presente no cotidiano, na propaganda, na mídia, nas atividades que julgamos inócuas, como ler quadrinhos, assistir à televisão, ler jornais e revistas, bem como em instituições às quais confiamos a nossa formação e a de nossas crianças: a es cola. Contudo, precisamos lembrar que a tarefa de cada um questionar esse discurso, onde ele existe, a partir da vivência concreta, da procura por teorias que nos levam a aprender a analisar o mundo ao nosso redor, do trabalho crítico que empreendemos ao construir nossa existência.

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