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Interação microrganismo-hospedeiro Prof. Dr. Lucas Gonçalves Ferreira UNIFESP - 2015 A entrada do microrganismo no sítio (Virulência do microrganismo) X (Fatores do hospedeiro) Fatores que determinam a permanência e colonização bacteriana no sítio anatômico (Vias de contaminação) a presença, o curso clínico e a gravidade da infecção Infecção/Doença Microrganismo-hospedeiro •Infecção: entrada e multiplicação de microrganismos •Doença: condição na qual a infecção por um microrganismo gera sinais e sintomas (danos ao hospedeiro) •Patogenicidade: habilidade de causar doença •Virulência: grau de patogenicidade •Fator de virulência: componente, produto ou estratégia bacteriana, que contribui para o estabelecimento de uma doença Conceitos O ser humano apresenta 1013 células em seu corpo e cerca de 1014 bactérias associadas a ele (maioria residente no intestino grosso) (Tortora, Funke and Case) 1º. Contato com microrganismos ocorre durante o nascimento Microbiota normal Microbiota normal Microbiota normal Microbiota intestinal Vantagens da microbiota normal Inibem a colonização por patógenos potencialmente patogênicos (antagonismo bacteriano) - competição de nutrientes/sítios de aderência celular Produzem vitaminas B e K (Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium bifidum) Estímulo antigênico que assegura o desenvolvimento do sistema imune Microbiota normal Desvantagens da microbiota normal Potencialmente patogênica quando: - microrganismo atinge locais estéreis (ex. sangue, urina) - sistema imune torna-se ineficaz (ex. imunocomprometidos) Vantagens da microbiota normal Inibem a colonização por patógenos potencialmente patogênicos (antagonismo bacteriano) - competição de nutrientes/sítios de aderência celular Produzem vitaminas B e K (Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium bifidum) Estímulo antigênico que assegura o desenvolvimento do sistema imune Microbiota normal Fatores que alteram a natureza e a quantidade da microbiota residente - mudanças de temperatura, umidade, pH (ex. pele) - idade (crianças tem microbiota mais variada) - pacientes hospitalizados - tratamentos quimioterápicos - sistema imune comprometido - higiene pessoal Microbiota normal EXEMPLOS DE TROPISMO TECIDUAL DE ALGUNS MICRORGANISMOS ASSOCIADOS AO HOMEM MICRORGANISMO TECIDO Streptococcus mutans Superfície do dente Streptococcus salivarius Superfície da língua Escherichia coli Intestino delgado Staphylococcus aureus Nasofaringe Staphylococcus epidermidis Pele Candida albicans Trato urogenital Tropismo bactéria-hospedeiro RELAÇÃO ENTRE MICRORGANISMO E HOSPEDEIRO 1. MUTUALISMO benefício mútuo 2. COMENSALISMO E. coli - intestino um dos organismos é (produção de vitaminas K, B) beneficiado e o outro não é afetado (ex. microbiota normal) 3. PARASITISMO somente bactérias se beneficiam danos hospedeiro (Simbiose) Microrganismo x Hospedeiro Patógeno “Um microrganismo especializado para crescimento e sobrevivência em um hospedeiro eucariótico que, como consequência de seu crescimento, causa danos nesse hospedeiro” (Falkow et al., 1997) Patógeno • Microrganismos potencialmente patogênicos • Microrganismos raramente patogênicos • Microrganismos estritamente patogênicos Patógeno Poucos são sempre patogênicos Muitos são potencialmente patogênicos Maioria nunca é patogênico Transmissão de microrganismos reservatório Humanos 1. via direta (contato direto entre Água reservatório e hospedeiro) Ar ex. sífilis, tuberculose Plantas Animais 2. via indireta (transmitido via agente) ex. material cirúrgico, cateteres alimentos/água contaminado com fezes hospedeiro Microrganismo x Hospedeiro Como microrganismos causam danos no hospedeiro? 1. Ação direta do patógeno: - formação de produtos metabólicos tóxicos - replicação dentro de células do hospedeiro (lise celular) - ação de enzimas que degradam tecidos e outras toxinas 2. A própria resposta imune causa danos: - inflamação - reações de hipersensibilidade Microrganismo x Hospedeiro A entrada do microrganismo no sítio (Virulência do microrganismo) X (Fatores do hospedeiro) Fatores que determinam a permanência e colonização bacteriana no sítio anatômico (Vias de contaminação) Infecção/Doença Microrganismo x Hospedeiro Colonização é a persistência de microrganismos no sítio anatômico ou em superfícies - pele, orofaringe, trato gastrointestinal, trato genitourinário - produtos sintéticos - biofilmes A colonização por mo. pode ser classificada como comensalismo, ou seja, não causa danos No entanto, este é o primeiro passo para desencadear infecção e doença Microrganismo x Hospedeiro A entrada do microrganismo no sítio (Virulência do microrganismo) X (Fatores do hospedeiro) Fatores que determinam a permanência e colonização bacteriana no sítio anatômico (Vias de contaminação) Infecção/Doença Microrganismo x Hospedeiro Microrganismo x Hospedeiro Fatores que influenciam e controlam a colonização Microrganismo Adaptação a variações do hospedeiro (co-existir com outros microrganismos., resistência a substâncias do hospedeiro) Fatores de virulência - aderência às células (adesinas), - formação de cápsula inibindo fagocitose - liberação de enzimas e toxinas que danificam fagócitos - inibição da fusão fagossoma-lisossoma - multiplicação intracelular - biofilmes Motilidade Microrganismo x Hospedeiro Fatores que influenciam e controlam a colonização Hospedeiro - Barreiras físicas e químicas (pele, muco, produção de lisozimas que degradam a parede bacteriana) - Resposta imunológica - Doenças crônicas - Idade - Pacientes hospitalizados Fatores do Hospedeiro 1. Fímbrias/Flagelos (adesão células epiteliais) fímbria tipo 1/ fímbria P/ fliP 2. Antígeno Capsular K (dificulta Opsonização/Fagocitose) 3. Produção de uma série de enzimas hemolisinas, aerobactinas e etc. 4. Produção de uma série de toxinas Virulência bacteriana Algumas enzimas extracelulares bacterianas que contribuem no processo de virulência Virulência bacteriana Danificam fisicamente ou alteram o metabolismo das células do hospedeiro Endotoxinas Exotoxinas Toxinas bacterianas são substâncias tóxicas para o hospedeiro e produzidas por alguns microrganismos Virulência bacteriana Endotoxinas • LPS que são liberados durante a lise bacteriana • Fazem parte da porção externa da parede celular das bactérias Gram negativas • Estimulam os macrófagos para liberar citocinas que estimulam sintomas (febre, náusea, calafrios) Lise bacteriana Virulência bacteriana Exotoxinas • São proteínas secretadas (principalmente por bactérias Gram positivas) tóxicas para células eucarióticas • Solúveis, portanto podem ser disseminadas no hospedeiro • São específicas e possuem vários tipos de classificação Grupo I – Superantígenos Grupo II - Toxinas que lesam membrana citoplasmática Grupo III – Toxinas formadas por subunidades Virulência bacteriana •Grupo I: • Provocam resposta imune exacerbada, liberando citocinas que estimulam sintomas (febre, náusea,diarréia) • ex. Intoxicação alimentar por Staphylococcus • Grupo II: • Lesam membrana citoplasmática de vários tipos celulares (fagócitos, hemácias, etc...) desencadeando a morte celular Ação: - maioria forma poro ex. hemolisina de Escherichia coli - algumas removem fosfatos dos fosfolipídios ex. alfa-toxina de Clostridium perfringens Virulência bacteriana • Grupo III ou toxinas A-B • possuemdois tipos de sub-unidade: A e B - Porção B: adere a receptores específicos do hospedeiro - Porção A: atividade tóxica ex. toxina diftérica (C. diphteriae) inibe a síntese proteica celular toxina tetânica (C. tetani) inibe função em sinapse nervosa resultando em contrações musculares incontroláveis Virulência bacteriana Micotoxinas São produzidas pelos fungos e causam danos às células hospedeiras, são mutagênicas e carcinogênicas. Ex.: Aflatoxina: produzida por espécies do gênero Aspergillus, causam danos as células hepáticas. A produção desta toxina é induzida principalmente quando o fungo cresce sobre grãos (amendoim, feijão, milho, etc.) Milho com Aspergillus Virulência bacteriana Formação de biofilmes http://www.personal.psu.edu/faculty/j/e/jel5/biofilms/primer.html Virulência bacteriana Staphylococcus sp aderido a superfície interna de cateter Virulência bacteriana • Permanência no vacúolo >>> transporte para tecido sub-epitelial Ex. Listeria sp; Shigella • Multiplicação intracelular e escape de mecanismos de defesa do hospedeiro Ex. Mycobacterium, vírus Destino após invasão celular Virulência bacteriana • Permanência no vacúolo >>> transporte para tecido sub-epitelial Ex. Listeria, Shigella • Multiplicação intracelular e escape de mecanismos de defesa do hospedeiro Ex. Mycobacterium, vírus Destino após invasão celular Virulência bacteriana Esquema representativo de infecção de células epiteliais da parede intestinal causada por Shigella Mycobacterium impede a fusão entre fagossoma e lisossoma Portas de saída Geralmente o microrganismo usa a mesma porta de entrada para saída e assim infectar outro hospedeiro As principais portas de saída são: Trato respiratório Trato gastrointestinal Trato genitourinário Insetos, agulhas, sangue ... Microrganismo x Hospedeiro Um patógeno de sucesso deverá: • Ser transportado para um hospedeiro (via de contaminação) • Entrar no hospedeiro e evitar sua remoção • Migrar para um sítio que permita seu crescimento (colonização) • Evadir as defesas do hospedeiro e multiplicar-se nesse sítio preferencial (multiplicação/proliferação) • Eventualmente, transferir-se para novo hospedeiro e recomeçar o ciclo **Fatores de virulência específicos são requeridos em cada estágio Microrganismo x Hospedeiro Principais patógenos bacterianos
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