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Introdução aos Direitos Humanos e Cidadania

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Direitos Humanos e Cidadania 
Polícia Rodoviária Federal - PRF 
Aula 01 
Prof. Ricardo Gomes 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Ricardo Gomes 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 1 
Direitos Humanos e Cidadania 
Introdução aos Direitos Humanos 
Professor Ricardo Gomes 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
Aula 1 
 
Direitos Humanos e Cidadania 
Polícia Rodoviária Federal - PRF 
Aula 01 
Prof. Ricardo Gomes 
 
 
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Sumário 
 
1. TEORIA ........................................................................................... 3 
 
 
Prezados Alunos! 
Segue nossa Aula 1 de Direitos Humanos! 
Bons estudos neste início de jornada! 
Fiquem ligados e conheçam a nossa TURMA ELITE de Alto Rendimento! 
Ricardo Gomes 
 
 
 
QUADRO SINÓPTICO DA AULA: 
 
1. Teoria geral dos direitos humanos. 
1.1 Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação. 
2. Afirmação histórica dos direitos humanos. 
3. Direitos humanos e responsabilidade do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos Humanos e Cidadania 
Polícia Rodoviária Federal - PRF 
Aula 01 
Prof. Ricardo Gomes 
 
 
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1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS. 
1.1 Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação. 
 
Gente, o assunto “Direitos Humanos” é muito controverso e, grande 
parte do público já possui conceitos ou até mesmo pré-conceitos sobre o tema. 
Quem nunca questionou, em algum momento, as ações de representantes dos 
direito humanos? “Só protegem marginal!” “Nunca se levantam para beneficiar o 
cidadão de bem!”. Em contrapartida, quase ninguém consegue definir o que 
realmente é, e como surgiram os conceitos inerentes aos Direitos Humanos. 
Então vejamos: humano é o indivíduo que pertence à espécie homo-
sapiens (ou seja, homens, mulheres e crianças) e direito é tudo aquilo que se 
garante a determinado grupo, uma prerrogativa. Então, pode-se concluir que 
“Direitos Humanos” são todas as garantias e ações conferidas às pessoas pelo 
simples fato de pertencerem à espécie humana. 
Em síntese, os Direitos Humanos abarcam a maneira pela qual cada 
um de nós gostaria de ser tratados pelos nossos pares, com respeito e igualdade. 
Além disso, trata-se do direito de ser respeitado por suas ideias e atitudes, 
engloba o direito de falar o que se pensa (liberdade de pensamento) e o de 
professar a sua fé (liberdade religiosa). 
Ainda, de acordo com Napoleão Casado Filho: 
“Direitos Humanos são um conjunto de direitos, positivados ou não, 
cuja finalidade é assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana, 
por meio da limitação do arbítrio estatal e do estabelecimento da 
igualdade nos pontos de partida dos indivíduos, em um dado 
momento histórico.” 
Nesse sentido, os Direitos Humanos abarcam os seguintes 
conceitos fundamentais: 
 
 
 
 
 
 
Direitos 
Humanos 
Conjunto de Direitos 
Respeito à Dignidade da 
pessoa humana. 
Limite ao arbítrio estatal e 
o estabelecimento de 
igualdade dos pontos de 
partida. 
Direitos Humanos e Cidadania 
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Aula 01 
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Consoante Erivaldo da Silva Oliveira, os direitos humanos 
correspondem à somatória de valores, de atos e de normas que possibilitam a 
todos uma vida digna. 
De outro lado, André Carvalho Ramos ensina que Direitos Humanos 
podem ser conceituados como o conjunto mínimo de direitos necessário para 
assegurar uma vida ao ser humano baseada na liberdade e na dignidade 
(Direitos Humanos em juízo). 
Agora, atenção, é de relevo ressaltar que as várias fontes de 
produção e criação dos direitos humanos concorrem para um conceito em 
comum: a imperiosa necessidade de limitação e controle do Estado e a 
conseqüente consagração do primado da legalidade e da igualdade. 
Em complemento, pode-se verificar que existem diversos tipos de 
direitos e leis aplicáveis a determinados grupos de indivíduos ou segmentos 
sociais. Por exemplo, a Lei 8.112/90 é aplicável somente aos servidores públicos 
civis da União (Estatuto dos servidores federais); a Lei 8.666/90 é aplicável nos 
casos de licitações públicas. 
No entanto, os Direitos Humanos são aplicáveis igualitariamente a 
todos aqueles pertencentes à espécie humana em qualquer lugar, 
independentemente de cor, etnia, país, governo, classe social, idade etc. 
TODOS TÊM, EXATAMENTE, OS MESMOS DIREITOS!! Não há castas, 
separação e diferenciação entre os humanos (todos são iguais perante a lei). 
Com base nessas premissas, as Nações Unidas elencaram os direitos 
inerentes à condição humana. Tais direitos foram insertos em um documento 
chamado Declaração Universal dos Direitos Humanos, que será estudada à 
frente. 
 
 
2. Aspectos Históricos dos Direitos Humanos. 
É bom destacar que, para os direitos humanos consolidarem-se e 
serem aceitos atualmente como universais a toda espécie humana, foram 
necessários muitos séculos até o estágio atual. Aliás, a construção desses 
conceitos sofreu alterações durante a formação e reconstrução das instituições 
humanas. Esses aspectos serão devidamente abordados no tópico 2 desta aula. 
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No início da conformação de nossas sociedades, os direitos humanos 
não existiam. Diversas cidades guerreavam entre si, sendo que os ganhadores 
vendiam os vencidos como escravos e praticavam as mais variadas barbaridades. 
Nesse sentido, caso você estivesse do lado vitorioso “Tava tudo dominado” era 
só “Festa”. Mas, meu amigo, caso você tivesse o azar de estar do lado do 
perdedor “Tava lascado”. 
Até que, um homem Ciro “o grande” decidiu mudar aquele estado de 
coisas. Depois de conquistar a Babilônia, ele fez algo completamente impensável 
na época: libertou todos os escravos. Também anunciou que todas as pessoas 
eram livres para professar sua própria religião. Então, suas palavras foram 
registradas em um tablete de barro denominado cilindro de Ciro. Assim nasceram 
os direitos humanos. 
Com o tempo, os conceitos criados no momento explicitado no 
parágrafo anterior disseminaram-se em várias outras culturas. Além disso, foi 
percebido que as pessoas seguiam determinadas leis que não necessariamente 
eram expressas, identificando-se dessa forma uma maneira de agir peculiar a 
todos. Definiu-se esse modo de comportar-se em sociedade como “Lei Natural”. 
É bom frisar que, com o tempo, o conceito de “Lei Natural” transmutou para 
“Direito Natural”. No entanto, essas leis, não raramente, eram ignoradas por 
aqueles que detinham o poder. 
Todavia, na Inglaterra, no ano de 1215 d.c, o Rei João sem 
terra foi obrigado a assinar a “Magna Carta” documento que, basicamente, 
limitou o poder monárquico. Esse é o primeiro instrumento1 de defesa dos 
indivíduos que pode ser considerado referência para os futuros tratados sobre 
direitos humanos. 
Assim, com a instituição da Magna Carta, o rei reconhecia e era 
compelido a não violar determinados direitos dos seus súditos. Foi um passo 
importante, mas não o decisivo porquanto não consolidou o direito a todos os 
indivíduos. Tanto é assim que, com a descoberta das Américas, os nativos não 
recebiam o tratamento humanitário devido. Muitos povos foram exterminados. 
Além disso, a escravidão ainda continuou sendoprática aceitável, oficialmente, 
em nosso país até o ano de 1888. 
 
1 Embora com um forte viés econômico porquanto focava na proibição de arbitrariedades na cobrança de 
impostos por parte do monarca. 
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Seguindo a ordem de acontecimentos no tempo, acerca da evolução 
dos Direitos Humanos na História, Norberto Bobbio, em sua obra Dicionário de 
Política, esclarece que a Inglaterra e a França tiveram papel importante na 
vitória do cidadão sobre o poder, assim: 
“O constitucionalismo moderno tem, na promulgação de um texto 
escrito contendo uma declaração dos Direitos Humanos e de 
cidadania, um dos seus momentos centrais de desenvolvimento e de 
conquista, que consagra as vitórias do cidadão sobre o poder. 
Usualmente, para determinar a origem da declaração no plano 
histórico, é costume remontar à Déclaration des droits de l`homme 
et du citoyen, votada pela Assembléia Nacional francesa em 1789, na 
qual se proclamava a liberdade e a igualdade nos direitos de todos os 
homens, reivindicavam-se os seus direitos naturais e 
imprescritíveis (a liberdade, a propriedade, a segurança, a 
resistência à opressão), em vista dos quais se constitui toda a 
associação política legítima. Na realidade, a Déclaration tinha dois 
grandes precedentes: os Bills of rights de muitas colônias americanas 
que se rebelaram em 1776 contra o domínio da Inglaterra e o Bill of 
rights inglês, que consagrava a gloriosa revolução de 1689. 
(...) 
Durante a Revolução Francesa foram proclamadas outras 
Déclarations (1793,1795): interessante a de 1793 pelo seu caráter 
menos individualista e mais social em nome da fraternidade, e a de 
1795, porque ao lado dos “direitos” são precisados também os 
“deveres”, antecipando assim uma tendência que tomará corpo no 
século XIX (podemos pensar nos Doveri dell`uomo, de Mazzini); a 
própria Constituição italiana tem como título da primeira parte 
“Direitos e deveres do cidadão”. 
 
Nesse ponto, podemos citar um grande marco histórico, 
importantíssimo para os Direitos Humanos, o ILUMINISMO. As ideias que 
permeavam os iluministas robusteceram o que veio a ser outro marco, a 
REVOLUÇÃO FRANCESA, que pode ser considerada mais abrangente e 
importante que a REVOLUÇÃO AMERICANA, porquanto seu caráter 
UNIVERSAL. 
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Ou seja, a Revolução Francesa teve um caráter universal, pois não 
houve restrições de qualquer natureza porque os direitos eram extendidos a 
todos. Nesse sentido, a 1ª Carta redigida nesse momento histórico atribuía a 
todos o direito à LIBERDADE, à IGUALDADE e à FRATERNIDADE. O objetivo 
era proteger o indivíduo da arbitrariedade do Estado. Outro marco da escalada 
dos Direitos Humanos será o fim da 2ª Guerra mundial a ser comentado mais 
adiante. 
Outro ponto fundamental para o nosso estudo é a instituição, em 07 
de junho de 1628, na Inglaterra, do documento “Petition of Rights”. Esse 
documento impunha ao soberano restrições, como a cobrança e/ou aumento de 
impostos sem a autorização parlamentar, a prisão de indivíduos sem julgamento 
justo e à lei marcial. Portanto, os pontos insertos na “Petition of Rights” 
submetiam e condicionavam a autoridade do Rei ao controle e autorização do 
Parlamento Inglês. Aqui, mais uma vez, fica patente a ideia de proteger o 
indivíduo de ações arbitrárias do Estado e das autoridades. 
Portanto, pode-se considerar o documento “Petition of Rights” como 
sendo o embrião do sistema de freios e contrapesos, ou seja, a existência de 
Poderes autônomos que, ao mesmo tempo, harmonizam-se. 
Nessa direção, é importante que abordemos também a criação do 
“Habeas Corpus Act” em 1679. Esse documento visava proteger a liberdade 
de locomoção encontrando-se presente no ordenamento jurídico de diversos 
países até os dias atuais. Nesse sentido, conforme o disposto no “Habeas 
Corpus Act” de 1679, a reclamação ou requerimento escrito de determinado 
indivíduo - ou a favor de algum súdito preso (ou acusado da autoria de algum 
crime) - era submetida à apreciação do magistrado. 
Ademais, é de grande relevo destacar o documento denominado “Bill 
of Rights”. Essa carta de diretios – instituída em 16 de dezembro de 1689 
– garantia, na Inglaterra, a supremacia do Parlamento sobre a vontade do 
soberano. Nesse sentido, objetivava-se diminuir os abusos cometidos pela 
nobreza com relação aos súditos. Dessa maneira, o Bill of Rights, em sua 
essência, procurava blindar a liberdade, a vida, a propriedade privada e o poder 
parlamentar. 
Amigos, mas a história, às vezes dá uma pequena virada de tempos 
em tempos. Um jovem oficial francês, de nome Napoleão, não concordava muito 
com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Na realidade, ele tinha em 
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mente um plano para derrubar a democracia francesa, coroar-se imperador e 
“dominar o mundo”. 
Quase conseguiu, mas a Europa juntou forças e o derrotou. Só um 
comentário nesse ponto, os planos napoleônicos, salvo melhor juízo, até que não 
foram ruins para os brasileiros tendo em vista que a expansão de Napoleão no 
continente europeu forçou a família portuguesa a exilar-se (com toda sua côrte, 
no Brasil). Esse fato ajudou sobremaneira o desenvolvimento de nosso país2. 
Vamos prosseguir com nossa matéria. 
Após a derrota de Napoleão, os Direitos Humanos voltaram a ser um 
tema importante na pauta mundial. Houve a assinatura de muitos acordos 
internacionais que consolidaram os direitos humanos na Europa. No entanto, 
como já foi colocado, só na Europa. O restante do mundo era consumido em suas 
riquezas (tanto materiais como culturais). Os habitantes das Colônias, 
principalmente os nativos das Américas e África, em sua maioria eram mortos ou 
escravizados pelos impérios europeus em crescimento. 
Com o tempo, várias colônias europeias nas Américas se revoltaram 
conseguindo sua independência, quase sempre de maneira violenta. Nesse 
ambiente conturbado, um homem se destacou na luta a favor dos direitos 
humanos: Mahatma Gandhi, que liderou o povo indiano em uma revolução 
pacífica contra a opressão do império Britânico. Nesse sentido, insistiu que todos 
os povos do mundo tinha o direito de serem respeitados, não só os europeus. Por 
fim, mesmo os europeus começaram a concordar com essa ideia. 
Todavia, mais uma vez, as coisas não transcorreriam de forma 
tranquila, 2 Guerras eclodiram. Na 2ª grande guerra, o nazismo tomou força. 
O conceito de superioridade entre “raças” (?!) cresceu na Alemanha nazista. Esse 
julgamento equivocado levou ao extermínio de milhões de judeus e pessoas de 
diversas nações. O flagelo humano extendeu-se à toda a Europa. O mundo nunca 
havia presenciado destruição de tamanha magnitude. 
Com o fim da guerra e derrota da Alemanha nazista e de seus aliados, 
as nações vencedoras pensaram em vários mecanismos que evitassem uma 
catástrofe da mesma natureza no futuro e mantivessem a paz no mundo. Um 
deles foi a criação das Nações Unidas (ONU), que primava pelo fortalecimento 
dos Direitos Humanos. Portanto, podemos considerar o fim da 2ª grande 
 
2 Para os curiosos sobre o tema, recomendo a leitura do livro 1808 de autoriado escritor Laurentino Gomes. 
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guerra e a criação das Nações Unidas o 3º Marco histórico na evolução dos 
Direitos Humanos juntamente com o Iluminismo e a Revolução Francesa. 
É importante destacar que a criação das Nações Unidas teve como 
foco não apenas a manutenção da paz internacional, mas também desenvolver a 
igualdade entre os povos. Isso porque a redução das desigualdades é fator sine 
qua non para a paz entre os Estados. 
Apesar de todo esse histórico de ações que corroboraram para a 
afirmação de valores de respeito à vida e à liberdade, os documentos até então 
convencionados conceituavam os direitos humanos, não raramente, de 
pespectivas diferentes. Com o intuito de consolidar os conceitos, em 10 de 
dezembro de 1948, foi Adotada e proclamada, pela resolução 217 A (III) da 
Assembléia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
Pessoal, é bom deixar claro que, apesar de toda essa evolução 
conceitual, muitos desses direitos não são respeitados. O fato é que a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos NÃO TEM força de lei, 
portanto tem caráter apenas enunciativo e principiológico! Entretanto, a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos RECOMENDA que todos os países 
integrantes da ONU sigam seus preceitos. 
Além de ser uma RECOMENDAÇÃO, a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem de 1948 também se afigura como um CERTIFICADO DE 
PRINCÍPIOS HUMANITÁRIOS que devem ser seguidos. Apesar de não possuir 
caráter vinculante e com força de lei, a Declaração de 1948 é hoje o principal 
instituto de proteção do indivíduo. 
Em resumo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é 
vinculante, não tem força de lei, mas guarda apenas um caráter enunciativo, 
de recomendação e princípios gerais a serem aplicáveis por cada Estado. 
Por fim, cabem os seguintes comentários acerca dos fundamentos 
dos direitos humanos. Primeiro, é ponto pacífico nessa conversa que os direitos 
humanos estão fudamentados na DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. 
Também, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, decorrem 3 
princípios fundamentais: 
1) Inviolabilidade da pessoa humana; 
2) Autonomia da pessoa humana; 
3) Dignidade da pessoa humana. 
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No entanto, diversos teóricos que se debruçaram sobre o tema 
formaram dois grupos com pensamentos opostos. Uns abraçaram o 
POSITIVISMO e outros o JUSNATURALISMO, como fundamentos dos Direitos 
Humanos. 
Fundamentos dos Direitos Humanos: 
 Positivistas; 
 Jusnaturalistas. 
 
Na defesa do POSITIVISMO temos dois renomados autores: Hans 
Kelsen e Norberto Bobbio. Suas obras defendem a historicidade do direito, 
ou seja, o direito NÃO tem caráter absoluto, ele é mutável (de acordo com a 
evolução das sociedades e seus pontos de vista) no que concerne à cultura, à 
moral, à economia etc. Portanto, na visão desses autores, é inócuo atribuir um 
caráter imutável, ou até mesmo eterno no tempo e no espaço aos regramentos 
que orientam as diversas sociedades. De acordo com Norberto Bobbio, os direitos 
humanos não nascem todos de uma vez, nem de uma vez por todas. 
Além disso, o Positivismo defende o caráter coercivo das normas. 
Para os positivistas, não há que se falar de eficácia de um dispositivo caso o não 
possa ser imposto aos indivíduos. Ora, se uma norma não é obrigatória, não 
passa de mera expectativa de conduta, tornando o futuro desse regramento 
bastante incerto. Nesse sentido, os positivistas defendem a inserção dos 
dispositivos relacionados aos direitos humanos na Lei máxima de cada Estado 
(nas Constituições). Além disso, os mesmo dispositivos devem ser insertos em 
tratados e convenções internacionais de direitos humanos para solidificar seus 
preceitos. 
Nesse sentido, Norberto Bobbio aventa que, tendo em vista a 
superação da fase de positivação dos direitos humanos, o foco deva ser demovido 
da fundamentação para a efetividade dos mesmos. Ou seja, devem ser pensados 
mecanismos para a real aplicação dos direitos humanos. 
Já o JUSNATURALISMO, defendido por autores como Dalmo de 
Abreu Dallari e Fábio Konder Comparato, apontam o indivíduo como centro 
e fundamento absoluto dos direitos humanos. Assim, nem o tempo, nem a 
diversidade de culturas, nem a localização geográfica podem extirpar do ser 
humano seus direitos. Nesse sentido, a dignidade do ser humano é alçada a 
princípio intangível que deve ser resguardado por todos. 
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Essa linha de pensamento mostra-se bastante coerente, porquanto 
toda prática que mutila, diminui ou exclui indivíduos colabora para o flagelo 
humano, para a dor das pessoas. Então, tudo que implicar em dor aos indivíduos 
deve ser totalmente condenado pela humanidade. Seguindo esse raciocínio, os 
direitos humanos não foram criados pelos homens ou mesmo pelos Estados, eles 
já existiam como pressupostos inerentes à pessoa humana. 
Dessa forma, os direitos humanos deveriam ser um conjunto de 
normas asseguradoras do bem-estar humano primando por sua dignidade 
(junção dos 2 fundamentos dos Direitos Humanos: Positivista e 
Jusnaturalista). 
Ainda com relação aos fundamentos dos direitos humanos é 
importante conhecer dois pensamentos (divergentes também) acerca do 
assunto: o UNIVERSALISMO e o RELATIVISMO. Em uma breve síntese pode-
se dizer que o UNIVERSALISMO adere ao JUSNATURALISMO e o 
RELATIVISMO ao POSITIVISMO. 
Assim, no pensamento Universalista, os direitos humanos estão em 
patamar acima das Leis, da cultura, do Estado. Também é plausível a aplicação 
da coercitividade para obrigar um Estado soberano a seguir os ditames insertos 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
O Relativismo opõe-se às conclusões externalizadas pelo 
pensamento Universalista. Segundo a linha do Relativismo, o Direito é uma 
produção cultural dependente do desenvolvimento dos povos na história. Nesse 
sentido, há que se respeitar o multiculturalismo e a soberania dos povos. 
Universalizar os direitos humanos seria impor uma lógica cristã e ocidental ao 
restante do globo. 
 
 
3. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
Apesar de todo esse histórico de acontecimentos e ações que 
corroboraram para a afirmação de valores de respeito à vida e à liberdade, os 
documentos até então convencionados entendiam os direitos humanos, não 
raramente, de pespectivas diferentes. Com o intuito de consolidar conceitos, em 
10 de dezembro de 1948, foi adotada e proclamada pela Resolução 217-A (III) 
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da Assembléia Geral das Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
Historicamente, com o surgimento dos direitos humanos sobreveio a 
necessidade de mitigar o poder estatal, em face da proteção dos direitos da 
pessoa humana. Assim, em um 1º momento, os direitos humanos surgiram 
como tutela às liberdades individuais, resguardando as pessoas das ações 
abusivas do Estado. 
Dessa forma, foi imposto ao Estado as liberdades NEGATIVAS, ou 
seja, o dever de abster-se e de não interferir nas liberdades individuais. Com 
o aparecimento dos direitos humanos, houve uma ampliaçãoda autonomia do 
indivíduo. 
Nesse ponto, como visto anteriormente, podemos definir como 
antecedentes formais das declarações dos direitos humanos a Magna Carta de 
1215, a Petition of Rights de 1628 e o Habeas Corpus Act de 1679. 
Atenção! 
Como visto, é de relevo ressaltar que as várias fontes de produção e 
criação dos direitos humanos concorrem para um conceito em comum: a 
imperiosa necessidade de limitação e controle do Estado e a consequente 
consagração do primado da legalidade e da igualdade. 
Nesse contexto, sucedeu a assinatura da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos - no ano de 1948 – que constituiu o marco da criação do 
movimento moderno dos direitos humanos. As crueldades praticadas na II 
Grande Guerra deram azo para que se firmasse um entendimento global acerca 
da necessidade de se respeitar os direitos humanos. 
Repise-se, a Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das 
Nações Unidas proclamou, em Paris no dia 10 (dez) de dezembro de 1948, a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos3. 
Examinando esse período histórico, Celso Lafer observou que a 
Declaração Universal significou a passagem da condição do ser humano de 
“súdito” para “cidadão” no plano internacional. Ainda de acordo com seu 
entendimento, a Declaração representa um evento inaugural, analogamente ao 
ocorrido quando das Revoluções Americana e Francesa. 
 
3René Samuel Cassin (jurista francês) é considerado por muitos como sendo a personalidade mais influente na elaboração 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Por seu trabalho na construção desse normativo, recebeu o Prêmio Nobel 
da Paz em 1968. 
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Não obstante a diversidade de entendimento acerca da força 
normativa da Declaração Universal, seu cunho vinculante pode ser comprovado 
internacional e nacionalmente. Seguindo essa compreensão, Cortes Supremas 
(Ex: STF no Brasil) de nações diferentes já fundamentaram seu entendimento 
em normativos insculpidos na Declaração Universal. 
Vale ressaltar que o nosso Supremo Tribunal Federal – STF, já 
citou, por diversas vezes, a Declaração como fundamento para suas decisões. 
Inclusive, com relação ao Habeas Corpus - HC, as últimas decisões proferidas 
pelo STF permitem a impetração de HC com o fito de desentranhar dos autos do 
processo provas obtidas por meio ilícito, que possam resultar na prisão do réu. 
Fortalecendo esse entendimento, Napoleão Casado Filho ensina que 
“No Direito Internacional, suas regras são consideradas normas cogentes que 
nenhum Estado pode deixar de observar (jus cogens)”. 
Por fim, a Emenda Constitucional 45/2004 introduziu no art. 5º, 
§ 3º, os tratados e convenções internacionais de DIREITOS HUMANOS com 
status de emenda constitucional, caso sejam aprovados formalmente pelas 2 
Casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara), em 2 Turnos, por 3/5 dos 
votos dos membros. 
Assim, para que os tratados e convenções internacionais de 
Direitos Humanos tenham status de emendas constitucionais, devem-se 
preencher os seguintes requisitos: 
a) Ser aprovados pelas 2 Casas do Congresso Nacional 
(Senado e Câmara); 
b) 2 Turnos de votação (não votação única); 
c) Aprovação por pelo menos 3/5 dos votos dos membros de 
cada Casa Legislativa. 
 
CF-88 
Art. 5 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais. 
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Porém, nunca esquecer que tratados e convenções internacionais 
de DIREITOS HUMANOS aprovados por procedimento comum têm status 
apenas de normas infraconstitucionais. 
INFLUÊNCIA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS 
INTERNACIONAL INTERNA 
 Influência a construção 
de tratados que 
protegem os Direitos 
Humanos. 
 Fundamenta a jurisprudência de 
Tribunais como, por exemplo, o 
STF; 
 Os Direitos presentes em seu 
texto serviram de molde para 
diversos artigos de nossa 
Constituição; 
 Serve como modelo de cunho 
valorativo para a interpretação 
dos normativos pátrios que 
disponham sobre Direitos 
Humanos; 
 Quando seguem o mesmo trâmite 
de aprovação das emendas 
constitucionais, os tratados e 
convenções internacionais sobre 
direitos humanos adquirem a 
força de normas constitucionais 
(não apenas infraconstitucionais). 
 
Com relação ao texto da Declaração dos Direitos Humanos, vale 
ressaltar a importância dada à dignidade da pessoa humana, que é elevada a 
fundamento da liberdade, da justiça e da paz mundial no seu preâmbulo. 
Nesse sentido, ela enumera uma série de direitos que, juntos, 
consubstanciam um ideal a ser perseguido e uma meta a ser atingida por todas 
as nações do mundo. Com isso, a Declaração inaugurou o recente movimento 
mundial que visa à promoção do respeito aos direitos nela insculpidos. 
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COMPOSIÇÃO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Preâmbulo (constituído de 07 considerandos) + 30 (trinta) artigos 
 
Outro aspecto importante a ser tratado é a divisão de assuntos na 
Declaração Universal. No seu texto, fica evidente a divisão entre: 
 LIBERDADES PÚBLICAS (direitos CIVIS E POLÍTICOS, que 
posteriormente serão chamados de direitos de 1ª Geração) – 
abarcados nos artigos I ao XXI, e os 
 DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS (chamados 
direitos de 2ª Geração) – insertos nos artigos XXII e XXVII. 
 
Desse modo, pode-se dizer que Declaração Universal dos Direitos 
Humanos tem estrutura bipartite. 
A seguir disponho 2 tabelas que referenciam os direitos garantidos 
pela Declaração Universal e os respectivos artigos que os abrangem: 
Liberdades Públicas (1ª Geração): 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
(Representam as conquistas das 
chamadas Revoluções Liberais do 
século XVIII) 
Artigo da Declaração Universal 
Igualdade de todos perante a lei Art. I, art. II e art. VII 
Direito à vida e à liberdade Art. III 
Presunção de inocência Art. IX 
Direito à intimidade Art. XII 
Liberdade de religião Art. XVIII 
Liberdade de expressão Art. XIX 
Liberdade de associação Art. XX 
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Direitos sociais, econômicos e culturais (2ª Geração): 
DIREITOS ECONÔMICOS, 
SOCIAIS E CULTURAIS (Derivam 
das conquistas alcançadas nos 
séculos XIX e XX – Revolução 
Socialista) 
Artigo da Declaração Universal 
Segurança social Art. XXII e art. XXV 
Trabalho Art. XXIII 
Repouso e lazer Art. XXIV 
Educação Art. XXVI 
 
Antes de seguirmos adiante, vale uma breve explicação acerca do que 
seriam os Direitos de 1ª, 2ª e 3ª gerações. Primeiramente, é de bom alvitre 
expor que, estudiosos dos direitos humanos fundamentais divergem sobre a 
utilização da expressão "GERAÇÃO", com o fito de denotar o processo de 
consolidação desses direitos. 
Nesse sentido, alguns acham melhor utilizar o termo "DIMENSÃO", 
porquanto entendem que ao utilizarmos “GERAÇÃO” seria transmitida a ideia 
errada deque os direitos humanos anteriores seriam substituídos pela próxima 
geração, o que não ocorre. 
Seguindo esse raciocínio, a expressão "DIMENSÃO" favorece a 
compreensão de que os direitos humanos são complementares, que não há 
sobreposição de um aos demais, mas sim acumulação e expansão. Debates à 
parte segue um quadro ilustrativo sobre os Direitos de 1ª, 2ª e 3ª 
gerações/dimensões: 
GERAÇÃO/DIMENSÃO DIREITOS 
1ª 
CIVIS E POLÍTICOS - fundamentados na 
LIBERDADE (são os direitos e garantias 
individuais e políticos clássicos - liberdades 
públicas) 
2ª SOCIAIS, ECONÔMICOS e CULTURAIS 
3ª 
SOLIDARIEDADE OU FRATERNIDADE (Direito ao 
meio ambiente, ao Desenvolvimento e à Paz). 
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Cabe informar que parte da doutrina incluiu mais 2 
gerações/dimensões de direitos fundamentais: 
GERAÇÃO/DIMENSÃO DIREITOS 
4ª Democracia, informação e pluralismo 
5ª Direito à PAZ 
 
Observação: Os direitos de 1ª dimensão não são, em hipótese 
alguma, inferiores aos demais! NÃO há hierarquia entre as gerações de direitos 
humanos! 
Uma outra característica observada na Declaração Universal é o não 
estabelecimento de mecanismos para fazer cumprir os direitos nela 
insculpidos (não possui meios coercitivos para impor a sua observância). 
Entretanto, convoca todo cidadão a lutar para a implementação, promoção e 
respeito aos direitos nela previstos. Nesse sentido, incentiva que os países 
envidem esforços no sentido de tornar efetivas ações para ampliar 
progressivamente os direitos dos cidadãos (caráter de recomendação!). 
No mais, a doutrina majoritária elenca as seguintes 
CARACTERÍSTICAS como inerentes aos DIREITOS HUMANOS: 
CARACTERÍSTICA CONCEITO 
UNIVERSALIDADE; 
GENERALIDADE; 
IMPESSOALIDADE 
Alcançam a todos os seres humanos, 
indistintamente, independente de sua raça, 
sexo, cor, nacionalidade, credo ou convicção. 
Todo e qualquer ser humano é sujeito ativo 
desses direitos, podendo pleiteá-lo em qualquer 
foro nacional ou internacional (parágrafo 5º da 
Declaração e Programa de Ação de Viena de 
1993). 
INDIVISIBILIDADE 
Não podem ser analisados separadamente 
(ISOLADAMENTE). Compõem um único 
conjunto de direitos (parágrafo 5º da 
Declaração e Programa de Ação de Viena de 
1993). 
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INTERDEPENDÊNCIA 
Os direitos estão vinculados uns aos outros 
(parágrafo 5º da Declaração e Programa de Ação 
de Viena de 1993). 
INTER-
RELACIONARIDADE 
Os direitos humanos e os sistemas de proteção 
inter-relacionam-se, possibilitando às pessoas 
escolherem entre o mecanismo de proteção 
global ou regional, pois não há hierarquia entre 
eles (parágrafo 5º da Declaração e Programa de 
Ação de Viena de 1993). 
IMPRESCRITIBILIDADE 
Tais direitos não se perdem com o passar do 
tempo, com o decurso de prazo. Os direitos 
humanos não sofrem alterações com o decurso 
do tempo, pois têm caráter ETERNO. São 
anteriores, concomitantes e posteriores aos 
indivíduos. 
INDIVIDUALIDADE Podem ser exercidos por apenas 1 indivíduo. 
COMPLEMENTARIDADE 
Os direitos humanos devem ser interpretados 
em conjunto, NÃO havendo HIERARQUIA 
entre eles. 
RELATIVIDADE 
Os direitos humanos podem ser exercidos 
simultaneamente, não encontrado limitações 
nos demais direitos. Assim, havendo conflito 
entre direitos é necessária uma solução que 
ajuste os direitos envolvidos (ponderação dos 
direitos em questão). 
INVIOLABILIDADE 
Não podem ser violados por leis 
infraconstitucionais, nem por ato de autoridade 
do Poder Público, sob pena de responsabilidade 
civil, penal e administrativa. Os direitos 
humanos não podem ser descumpridos ou 
violados por nenhuma pessoa ou 
autoridade. 
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INDISPONIBILIDADE 
Não se pode dispor desses direitos (abrir mão, 
renunciar). 
INALIENABILIDADE 
Os direitos humanos não podem ser 
vendidos, transferidos ou, de qualquer 
forma, negociados. Ou seja, não existe 
possibilidade de transferência, a qualquer título 
(seja a título gratuito ou oneroso), desses 
direitos. Nesse sentido, não podem ser objeto 
de comércio ou transferidos de indivíduo para 
indivíduo. 
HISTORICIDADE 
Os direitos humanos apresentam natureza 
histórica, advindo do Cristianismo, superando 
diversas revoluções até chegarem aos dias 
atuais. Estão vinculados ao desenvolvimento 
histórico e cultural do ser humano. 
IRRENUNCIABILIDADE 
Deles não pode haver renúncia, pois ninguém 
pode abrir mão da própria natureza. Não se 
pode renunciar aos direitos humanos. Eles 
são inerentes à pessoa humana. Ressalte-se 
que essa é uma discussão que gera muita 
controvérsia. Exemplos: Eutanásia e aborto. 
VEDAÇÃO DO 
RETROCESSO 
 
O Estado não pode proteger menos do que já 
protege. Uma vez estabelecidos os direitos 
humanos, não se admite o retrocesso visando a 
sua limitação ou diminuição (art. 4º, 
parágrafo 3º, da Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos – não se pode restabelecer a 
pena de morte nos Estados que a hajam 
abolido). 
INERÊNCIA 
Os direitos humanos são inerentes ou inatos 
(naturalmente ligados) aos seres humanos, 
desde a sua concepção e nascimento com vida. 
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EFETIVIDADE 
O Estado deve garantir a efetivação dos 
direitos humanos (no mínimo, os direitos civis e 
políticos). Ou seja, o Poder Público constituído 
deve criar mecanismos coercitivos para a 
garantia dos direitos humanos. 
ESSENCIALIDADE 
Os direitos humanos são essenciais por 
excelência, na medida em que são inerentes ao 
ser humano, tendo por base os valores supremos 
do homem e sua dignidade (aspecto material), 
assumindo posição normativa de destaque 
(aspecto formal). São essenciais aos seres 
humanos, podendo ser dividido em: 
 Direitos Humanos MATERIAIS -constituem 
a dignidade da pessoa humana) 
 Direitos Humanos FORMAIS - prevalecem 
em face da legislação interna para 
proteger as pessoas – art. 7º, parágrafo 7º 
da Convenção Americana de Direitos 
Humanos – prisão civil só para devedor de 
alimentos – RE 466.343 e Súmula Vinculante 
25). 
LIMITABILIDADE 
ATENÇÃO!!! Os direitos humanos NÃO são 
ABSOLUTOS, pois sofrem restrições nos 
momentos constitucionais de crise (Liberdade 
ambulatória x Estado de Sítio) e também frente 
aos interesses ou direitos que, acaso 
confrontados, sejam mais importantes (Princípio 
da Ponderação). Desse modo, os direitos 
humanos podem ser limitados em situações 
excepcionais previstas nas legislações, como, 
por exemplo, a prisão de um indivíduo que 
cometeu um delito (limitação da liberdade de ir e 
vir). No Brasil, é possível limitar o direito de 
reunião nos casos de estado de defesa e de estado 
de sítio (artigos 136 e 139 da CF/88, 
respectivamente). 
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INESGOTABILIDADE OU 
INEXAURIBILIDADE 
São inesgotáveis no sentido de que podem ser 
expandidos,ampliados, sendo que a qualquer 
tempo podem surgir novos direitos (vide art. 5º, 
parágrafo 2º, da C.F.). Os direitos humanos não 
são elencados em um rol fechado ou limitado, 
podendo ser ampliados de acordo com a evolução 
histórica da sociedade. 
CONCORRÊNCIA 
Os direitos fundamentais podem ser exercidos de 
forma acumulada, quando, por exemplo, um 
jornalista transmite uma notícia e expõe sua 
opinião (liberdade de informação + comunicação 
+ opinião). É possível o seu exercício 
concomitante ou simultaneamente (direito de 
reunião e manifestação, entre outros). 
 
Pelo todo exposto, pode-se inferir que a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos instituiu as bases dos direitos que deveriam ser inerentes a 
toda humanidade. Com isso, a vontade dos detentores do poder foi, de certa 
forma, limitada, conquanto “autoridade suprema”, dando lugar a um conjunto 
de direitos com fulcro no ideário de justiça na perspectiva dos governados. Esta 
foi a transformação do “servo” em “cidadão” munido de garantias que lhe 
assegurem liberdade, igualdade e fraternidade. 
Texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos: 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral 
das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 
Preâmbulo 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada 
como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do 
direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato 
destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui 
estabelecidos. 
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Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os 
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é 
o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos 
resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da 
Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem 
de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo 
do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração 
do homem comum, 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos 
pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como 
último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, 
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações 
amistosas entre as nações, 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na 
Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no 
valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das 
mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores 
condições de vida em uma liberdade mais ampla, 
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a 
desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito 
universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a 
observância desses direitos e liberdades, 
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e 
liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse 
compromisso, 
A Assembléia Geral proclama 
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal 
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o 
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo 
sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e 
da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, 
e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua 
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios 
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Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua 
jurisdição. 
Artigo I 
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São 
dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às 
outras com espírito de fraternidade. 
Artigo II 
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades 
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, 
seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra 
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou 
qualquer outra condição. 
Artigo III 
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Artigo IV 
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o 
tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
Artigo V 
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo 
cruel, desumano ou degradante. 
Artigo VI 
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida 
como pessoa perante a lei. 
Artigo VII 
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, 
a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra 
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra 
qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo VIII 
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes 
remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que 
lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
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Artigo IX 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo X 
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa 
e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para 
decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer 
acusação criminal contra ele. 
Artigo XI 
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser 
presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada 
de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido 
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, 
no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou 
internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela 
que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. 
Artigo XII 
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua 
família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua 
honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra 
tais interferências ou ataques. 
Artigo XIII 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência 
dentro das fronteiras de cada Estado. 
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o 
próprio, e a este regressar. 
Artigo XIV 
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de 
gozar asilo em outros países. 
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição 
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos 
contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. 
 
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Artigo XV 
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem 
do direito de mudar de nacionalidade. 
Artigo XVI 
1. Os homens e mulheres de maior idade,sem qualquer retrição de 
raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio 
e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao 
casamento, sua duração e sua dissolução. 
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno 
consentimento dos nubentes. 
Artigo XVII 
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com 
outros. 
2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
Artigo XVIII 
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e 
religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença 
e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela 
prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em 
público ou em particular. 
Artigo XIX 
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este 
direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de 
procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer 
meios e independentemente de fronteiras. 
Artigo XX 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação 
pacíficas. 
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
 
Artigo XXI 
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1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, 
diretamente ou por intermédio de representantes livremente 
escolhidos. 
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu 
país. 
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta 
vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por 
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que 
assegure a liberdade de voto. 
Artigo XXII 
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança 
social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação 
internacional e de acordo com a organização e recursos de cada 
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à 
sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. 
Artigo XXIII 
1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a 
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o 
desemprego. 
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual 
remuneração por igual trabalho. 
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e 
satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma 
existência compatível com a dignidade humana, e a que se 
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar 
para proteção de seus interesses. 
Artigo XXIV 
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação 
razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. 
 
 
Artigo XXV 
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1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar 
a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais 
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, 
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios 
de subsistência fora de seu controle. 
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência 
especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, 
gozarão da mesma proteção social. 
Artigo XXVI 
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo 
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar 
será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a 
todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento 
da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos 
direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução 
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as 
nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das 
Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução 
que será ministrada a seus filhos. 
Artigo XXVII 
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural 
da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico 
e de seus benefícios. 
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e 
materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou 
artística da qual seja autor. 
Artigo XVIII 
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que 
os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam 
ser plenamente realizados. 
Artigo XXIX 
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1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre 
e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará 
sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente 
com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos 
direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências 
da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade 
democrática. 
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser 
exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações 
Unidas. 
Artigo XXX 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada 
como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do 
direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato 
destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui 
estabelecidos. 
 
 
 
3. Direitos Humanos e Responsabilidade do Estado. 
 
Nesse tomo, já faremos a iniciação do estudo da responsabilidade do 
Estado e direitos humanos. 
Todos os instrumentos que impliquem na defesa do indivíduo são, 
de uma forma ou de outra, delimitadores da ação do Estado. Inicialmente, a 
Magna Carta de 1215 (que o Rei João sem terra foi compelido a assinar) 
estabeleceu uma limitação do poder Estatal - naquele momento 
representado pelo Rei. 
No princípio, o Estado era autocrático e tirano, não tinha seus 
poderes delimitados. Com efeito, conforme entendimento exarado por Carl 
Schmitt, a criação da Magna Carta Inglesa de 1215 serviu como fronteira e 
acabou por retirar do Estado (leia-se, Monarca) o poder uníssono que exercia 
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sobre seus populares. Essa fase foi caracterizada por um não fazer estatal, 
tendo em vista que o Estado se viu impedido de atuar em determinadas 
situações, o que garantiu aos cidadãos certa liberdade de ação. 
Todavia, há outra corrente doutrinária que atribui o momento da 
passagem do Estado totalitário para o libertário pelo advento da Revolução 
Francesa, quando foram apregoados os valores da tríade: Liberdade, 
Igualdade, Fraternidade. 
Com o passar do tempo, as pessoas perceberam que a falta de 
atuação estatal acabou por gerar distorções muito acentuadas entre aqueles 
que detinham poder e dinheiro (burgueses) e aqueles que não detinham 
(proletariado). 
Nesse cenário de extremasdiferenças sociais e econômicas, surgiu o 
chamado Estado SOCIAL em oposição ao Estado LIBERAL. Esse novo modelo 
Estatal assentava que o Estado era obrigado a garantir as condições necessárias 
à subsistência e ao desenvolvimento de todos os indivíduos. Nesse sentido, 
o Estado deveria atuar positivamente para garantir condições igualitárias aos 
seus governados (atuação ostensiva e proativa do Estado). 
 Não obstante o que foi dito, observem que somente em meados do 
século XX o Estado Liberal perdeu força com o robustecimento das ideias 
consubstanciadas no Estado Social. Nesse bojo, nasce o Estado do Bem Estar 
Social (Well Fare State). De acordo com esse modelo estatal, o Estado de 
Justiça Social intervia na sociedade para que os direitos sociais e econômicos 
fossem indistinta e genericamente assegurados. No mundo, as primeiras 
constituições de cunho social foram a Mexicana de 1917, Russa de 1918 e a 
Alemã de 1919 (Constituição de Weimer). 
 Diante do exposto, percebemos que o Estado tem delimitações nos 
seus poderes (melhor dizendo, em suas funções do poder) e na atuação do 
Estado frente aos seus governados. 
Nesse sentido, vê-se que o ILUMINISMO, a REVOLUÇÃO 
FRANCESA, a REVOLUÇÃO AMERICANA, o Habeas Corpus Act de 1679, o 
Bill of Rights Inglês de 1689, a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos4, entre outros, foram todos marcos que estabeleceram ou tentaram 
estabelecer limitações ao poder do Estado. 
No entanto, um quesito fundamental para a limitação do poder Estatal 
 
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deve ser esplanado: o sistema de “FREIOS E CONTRAPESOS” ou “CHECKS 
AND BALANCES”. Esse sistema foi elaborado para controlar e limitar o 
exercício do poder Estatal sem, no entanto, desprezar o papel estratégico de 
uma estrutura governamental na sociedade. 
O sistema de freios e contrapesos não visa extinguir o poder Estatal, 
mas apenas controlá-lo em suas ações. Aliás, é um controle exercido pelo 
próprio Poder sobre seus atos, como veremos a seguir. 
As primeiras bases fundamentais para a tripartição dos poderes e, 
por conseguinte, para o sistema de “checks and balances” foram lançadas por 
Aristóteles, em sua obra Política. O pensador grego vislumbrava a existência 
de 3 funções distintas exercidas pelo poder soberano: 
 a função de editar normas gerais a serem observadas por 
todos (Poder Legislativo); 
 a de aplicar as referidas normas no caso concreto (Poder 
Executivo); 
 e a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da 
execução das normas gerais nos casos concretos (Poder 
Judiciário). 
 
No entanto, Aristóteles vislumbrava essas 3 funções inerentes ao 
soberano. Com isso, contribuiu no sentido de identificar o exercício de 3 funções 
estatais distintas, apesar de ainda exercidas, à época, por 1 único órgão. 
Com fundamento no que foi dito, pode-se imaginar que Aristóteles 
desenvolveu o seguinte raciocínio: não obstante o poder estatal emanar de uma 
única fonte, é possível determinar uma série de atos estatais que poderiam ser 
dispostos em grupos; melhor explicando, o Estado, ora praticava atos que tinham 
caráter legislativo, ora atos que possuíam aspecto executivo e ora atos que 
tinham cunho judiciário. Legislar, executar e julgar... 
Conforme o que foi dito, os atos Estatais apresentariam certas 
características embora, em síntese, todos acabam por produzir normas (os atos 
Legislativos, Executivos e do Judiciário inserem normas no sistema). No 
entanto, essas normas apresentam características bastante distintas entre si. 
Então, quando se fala em atos Legislativos, estamos falando em 
edição de normas gerais e abstratas regulamentadoras da sociedade. Já os atos 
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Judiciais e Executivos apresentam as características de normas concretas e 
individuais. 
Ademais, foi importante a contribuição de Montesquieu em sua 
célebre obra “O espírito das leis”. Essa obra teve o condão de aprimorar as 
ideias aristotélicas, porquanto repartiu as três funções Estatais entre três órgãos 
distintos e independentes entre si. 
Com ele, deu-se corpo aos conceitos de Poder Executivo, Poder 
Legislativo e Poder Judiciário. Note que essa ideia de repartição dos poderes 
entra em conflito com o poder uno exercido por um único soberano. Cada poder 
exerceria somente a função que lhe fosse típica e fiscalizava as ações dos demais. 
Tais atividades passariam a ser realizadas, independentemente, por cada poder, 
surgindo, assim, o que se convencionou chamar “teoria dos freios e 
contrapesos”. 
Mais recentemente, a separação dos poderes tem por fundamentando 
a independência e harmonia entre os órgãos do Poder Político. Entretanto, é 
imperativo que esses órgãos cooperem entre si (notem que um órgão não pode 
se sobrepor aos demais, mas pode existir, sim, um controle mútuo). 
Nesse sentido, interferências de um órgão na atuação de outro devem 
visar o estabelecimento do sistema de freios e contrapesos (o equilíbrio deve ser 
buscado). A meta é realizar o bem comum e evitar o arbítrio e o desmando do 
poder. Assim, o sistema de freios e contrapesos mostrou-se essencial por 
assegurar a delimitação do Poder pelo próprio poder, como corolário da 
tripartição do mesmo em Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Tendo em vista o exposto, a separação dos poderes é um princípio 
fundamental que impacta vigorosamente em nossa Lei Maior (CF). Nessa direção, 
são os seguintes alguns exemplos de delimitação de poder abraçados por nossa 
Constituição de 1988: 
 O controle de constitucionalidade das leis e atos normativos 
do Poder Público (exercido pelo Judiciário); 
 O poder dos chefes do Executivo em vetar projetos de lei 
aprovados pelo Congresso Nacional, quando esses forem 
inconstitucionais ou contrários ao interesse público; 
 Iniciativa de leis do Executivo e o poder de criar seus próprios 
regimentos internos do Judiciário; 
 Poder fiscalizatório do Legislativo, que tem mecanismo de 
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controle e investigação de atos dos outros poderes; 
 Poder de emenda de projetos de lei do Executivo, além do poder 
de rejeição do veto do chefe do Executivo; 
 Participação na nomeação de Membros do Poder Judiciário pelo 
Poder Executivo e Legislativo (Ex: nomeação pelo Presidente da 
República e sabatina no Senado Federal).

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