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CAPITAL DE GIRO Ativo e Passivo a curto prazo da organização Dentre as aplicações de fundos por uma organização, uma parcela ponderável destina-se ao que podemos chamar de capital de giro ou ativo circulante. Em geral esses ativos compreendem os saldos mantidos por uma organização nas contas Disponibilidades, Investimentos Temporários ( Aplicação Vinculada ao Mercado Aberto ) , Contas a Receber ( Duplicatas a Receber ) e Estoques de matérias-primas, mercadorias para a venda, produção em andamento e produtos acabados. A soma desses saldos, em qualquer momento considerado, representa o montante então investido pela organização nesses itens. E é essa soma que pode receber uma das denominações do parágrafo anterior. E em particular, deve-se distinguir o capital de giro no sentido bruto, que é aqui utilizado, do capital de giro líquido, que resulta da subtração de todos os compromissos a curto prazo da organização para com os fornecedores, funcionários, etc., do total de itens que compõem o capital de giro bruto, isto é, Disponibilidades, mais os Investimentos Temporários, as Contas a Receber e os Estoques. Segundo a Circular 179 do Banco Central do Brasil de 11 de Maio de 1.972, define-se curto prazo como sendo um período de 180 dias Segundo os artigos 179 e 180 da Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1.976 – Lei da Sociedade por Ações, o curto prazo é delimitado por um período igual ao de um exercício, ou seja, normalmente de um ano. Poderíamos dizer que os ativos correntes constituem o capital da organização que circula até transformar–se em dinheiro dentro de um ciclo de operações. Em vista dessa formulação, o curto prazo como duração desse ciclo de operações realmente varia conforme a natureza das operações da organização considerada. Ele é, na verdade, o tempo exigido para que uma aplicação de dinheiro em insumos variáveis gire inteiramente, desde a compra de matérias-primas e o pagamento de funcionários até o recebimento correspondente à venda do produto ou serviço proporcionando ao cliente, a partir do emprego de tais recursos. 7.1 Natureza do Capital de Giro Dissemos anteriormente que os ativos correntes devem ser mantidos para sustentar um dado volume de operações segundo as condições da organização e do seu ramo. Porém, é importante ressaltar a idéia de que representam um investimento necessário para que a organização opere satisfatoriamente. Caso o seu ramo exija vendas a prazo, a organização ficará obrigada a investir em contas a receber, caso contrário, correrá o risco de não alcançar seus objetivos de venda e lucro, para citar apenas um exemplo. Ainda assim, mesmo quando vistos como investimentos necessários da organização, os ativos correntes, ou seja o capital de giro diferem dos ativos imobilizados . Possuem peculiaridades que tornam distintos os problemas inerentes à sua administração. Por exemplo, é comum o administrador financeiro dedicar boa parte do seu tempo ao planejamento e ao controle do investimento em ativos correntes, pois tais atividades são cotidianas, enquanto as alterações dos investimentos em capital fixo são menos freqüentes, pela própria natureza dos ativos aí envolvidos, isto é longo período de maturação da aplicação de recursos. Em segundo lugar, os investimentos em capital de giro estão relacionados principalmente às vendas, que são feitas diariamente e podem oscilar de um momento para outro. Por isso mesmo, os investimentos em ativos correntes – capital de giro, adquirem um senso de urgência muito maior do que as aplicações em imobilizado. Além das considerações acima mencionadas, deve-se ressaltar que os investimentos em capital de giro são muito mais divisíveis do que os efetuados em capital fixo. A primeira delas é a possibilidade de efetuá-los em partes pequenas, na medida do surgimento das necessidades imediatas. Isto torna o investimento em ativos correntes extremamente variável, e o seu valor médio e os custos decorrentes podem, pois, ser minimizados, ou seja, dimensionados adequadamente e com exatidão. Entretanto, a possibilidade de investimentos mais freqüentes resulta em custos de obtenção mais alto. Além das necessidades da organização na obtenção de novos recursos nem sempre serem perfeitamente previsíveis, dado o comportamento no desempenho das vendas, sempre há risco de falta de algum elemento do capital de giro. Por exemplo, vendas para um pedido inesperado, recusa de pedidos de crédito de um cliente que eventualmente seria bom pagador, ou a pura e simples insuficiência de fundos para pagar contas ou fazer novas compras a preços especialmente vantajosos. Numa organização, as vendas podem apresentar a tendência de oscilar a prazos curtos dentro de um ano. Desse modo, e com os investimentos em ativos correntes acompanham as vendas, pois a elas devem a sua existência, eles também devem apresentar saldos oscilantes durante todo o ano. Essas oscilações correspondem aos movimentos sazonais das vendas, como ocorre, por exemplo, nos casos de produtos típicos de períodos especiais, como : Páscoa, Semana Santa, Festas de Natal e Ano Novo, etc.; ou que estão ligados a alguma característica climática do mercado geográfico onde são vendidos. 7.2 Princípios Básicos da Administração do Capital de Giro A administração das aplicações em ativos correntes – capital de giro, como a administração de qualquer aspecto da organização, envolve a tomada de decisões. Neste caso específico, essas decisões referem-se a três dimensões distintas. A primeira delas está voltada ao problema da liquidez dos ativos correntes da organização, em face da composição dos prazos de vencimento das suas dívidas, particularmente a curto prazo. Os ativos correntes da organização têm, além de um prazo para transformarem-se em dinheiro, um risco de transformação efetiva em dinheiro. O risco aumenta não só com a natureza das operações da organização ( clientes, regime de concorrência, influência de oscilações da economia ) mas com esse mesmo prazo de transformação dos ativos correntes em dinheiro ( duração do ciclo de caixa ), em face das datas de vencimento das dívidas da organização a curto prazo. É exatamente em vista desse aspecto que os credores a curto prazo tendem a dar mais importância ao ciclo de caixa e aos índices de giro dos ativos correntes realizáveis ( ou seja, a velocidade com que a organização utiliza os seus estoques, bem como transforma as suas contas em dinheiro ), do que aos lucros obtidos pela organização em suas operações. A segunda dimensão diz respeito a liquidez e rentabilidade; Os ativos correntes representam um investimento indispensável para sustentar um dado volume de vendas. O seu retorno direto, em particular no caso de Disponibilidade e Investimentos em ativos fixos. Indiretamente, contudo, pode ser afirmado que contribuem para o objetivo rentabilidade ao cumprirem a sua função de sustentação de um nível de vendas. Por fim, temos a terceira dimensão, que de certo modo não deixa de estar relacionada à anterior. A administração dos ativos correntes, o dilema enfrentado é entre a manutenção de saldos excessivos com investimentos e custos mais altos, e a manutenção de saldos insuficientes com investimentos e custos menores, com a contrapartida de riscos maiores. No caso os riscos são falta de caixa porque não se desejou manter os saldos necessários à primeira vista ociosos; falta de estoques, para reduzir os custos de estocagem, havendo uma procura superior à esperada. 7.3 Definição de Capital de giro É a soma dos valores que a organização utiliza para movimentar os negócios no seu dia-a-dia. Exemplo: O dinheiro em caixa e em Banco; Financiamento a clientes; Recursos aplicados em Estoques. 7.4 ESQUEMA SIMPLIFICADO:Compras à Vista Compras a Prazo Observações: - Repetindo o ciclo a organização mantém o giro dos negócios. - Quanto mais lento o ciclo, maior é a necessidade de Capital de Giro Próprio. - Para conseguir um bom equilíbrio financeiro, o ciclo deverá ser o mais rápido possível. - A organização deve conseguir que os prazos de pagamento aos fornecedores sejam maiores do que o prazo de recebimento dos seus clientes. 7.5 ESTRUTURA DO CAPITAL DE GIRO A - Necessidades ou Aplicações do Capital de Giro – ATIVO CIRCULANTE B - Cobertura ou Fontes Externas do Capital de Giro – PASSIVO CIRCULANTE C - Capital de Giro Próprio FÓRMULA C = A menos B Observação: financiamentos de Curto Prazo, como por exemplo: descontos de duplicatas, para suprir a necessidade de capital de giro, Caixa e Bancos Contas a Receber Vendas à Vista Estoques de matérias-primas ou mercadorias Vendas a Prazo Produtos Acabados Produção devem ser observados os custos financeiros que podem inviabilizar a organização. 7.6 AÇÕES QUE AUMENTAM A NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO - Compras à Vista - Redução dos prazos dos Fornecedores - Vendas a Prazo Longo - Ineficiência nas Cobranças - Níveis elevados de Estoques - Dinheiro parado em caixa. - Dinheiro parado em contas cobrança e vinculada aos bancos. - Uso do Capital de Giro Próprio para imobilizações ou retiradas excessivas. 7.7 AÇÕES QUE DIMINUEM A NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO - Vendas à Vista - Cobrança eficiente - Venda de imobilizações desnecessárias - Aumento de capital com recursos próprios - Lucratividade - Aumento dos prazos de pagamento aos fornecedores - Redução dos estoques a níveis aceitáveis - Redução do temo de produção - Maior rotação dos estoques Capital de Giro CDG = PNC – ANC Revela o volume de recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros) investido no giro 7.8 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO – NGC Revela a diferença entre os financiamentos espontâneos recebidos e concedidos. NCG = ACC – PCC ACC – ATIVO CIRCULANTE CÍCLICO (APLICAÇÕES CÍCLICAS) São os valores em: Duplicata a Receber, estoques, adiantamentos a fornecedores, mercadorias em trânsito, importações em curso, despesas antecipadas. PCC – PASSIVO CIRCULANTE CÍCLICO (FONTES CÍCLICAS) São os valores que a organização tem: Fornecedores, salários a pagar, comissões a pagar, contas a pagar, impostos a pagar, adiantamentos a clientes, imposto de renda retido na fonte. 7.9 SITUAÇÕES DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO: A) NCG POSITIVA - Necessidade de recursos próprios ou de recursos de terceiros (onerosos). B) NCG NEGATIVA - Aplicação no financiamento do Ativo circulante cíclico. 7.10 TIPOS DE FONTES DE COBERTURA DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO: - Fonte Onerosa – Custo Financeiro dos recursos alocados no giro. - Fonte Operacional – Lucro Líquido do Exercício aplicado no giro. 7.11 SINAIS DE ALERTA DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO: - Dificuldades de obtenção de matéria-prima ou de produtos – Aumento da conta Fornecedores; - Concessão de maiores prazos – Aumento de Duplicata a Receber; - Especulação e/ou redução da demanda – Aumento de Estoques; - Redução de prazos (mercado oligopolista), escassez de matéria- prima ou de produtos – Redução da conta Fornecedores; - Redução nos prazos de impostos –Redução das Despesas Provisionadas; - Novos concorrentes – Redução da conta Clientes. Conseqüências: - Mais Financiamentos Onerosos; - Mais Despesas Financeiras; - Menos Lucro Líquido. - Afetando a Rentabilidade, o Desenvolvimento e a Estabilidade Econômico-Financeira da Organização. 7.12 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO (DIMENSÕES) - Liquidez dos ativos correntes da organização. - Conflito entre liquidez e rentabilidade - Manutenção de saldos excessivos com investimentos e custos mais altos, e a manutenção de saldos insuficientes com investimentos e custos menores, com a contrapartida de riscos maiores. 7.13 EFEITO TESOURA - O Efeito Tesoura é um indicador que evidência o descontrole no crescimento das fontes onerosas de recursos no curto prazo. - No Efeito Tesoura, o Saldo de Tesouraria apresenta-se cada vez mais negativo a cada exercício, variando em níveis superiores ao crescimento da Necessidade de Capital de Giro. Saldo de Tesouraria = CDG – NCG ou ACF – PCF Saldo de Tesouraria positivo – indica disponibilidade de recursos que poderão ficar aplicados no mercado financeiro e utilizados a qualquer momento. Saldo de Tesouraria negativo – indica dependência de fontes onerosas de recursos de curto prazo. Saldo de Tesouraria que, com tendência crescentemente negativa evidência a situação da organização para a insolvência ou overtrade. A tendência é dada pela relação [ST / NCG], sendo que, a necessidade de capital de giro deverá ser considerada sem o seu sinal. 7.14 CAUSAS DO EFEITO TESOURA: - Crescimento real das vendas a prazo, em percentual muito elevado, sem correspondente obtenção de prazo de fornecedores; - Imobilizações com recursos onerosos de curto prazo; - Prejuízos; - Distribuição excessiva de lucros; - Dependência sistemática a empréstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas de juros; - Ciclo financeiro crescente. 7.15 DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO (overtrade) A morte organização se dá pelo desequilíbrio econômico- financeiro. O OVERTRADE é uma situação pré-falimentar que exige medidas drásticas e enérgicas para reverter esta situação. Este desequilíbrio ocorre quando o capital de giro da organização se revela cronicamente insuficiente para bancar seu nível de atividade. 7.15.1 FATORES INTERNOS DE DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO- FINANCEIRO - Sistemática queda nos índices de liquidez; - Estado crônico de escassez de disponibilidades; - Crescimento da Necessidade de Capital de Giro em níveis superiores ao do Capital de Giro, caracterizando Efeito Tesoura. - Excesso não justificado de Ativo Permanente, causando atrofiamento do Ativo Circulante; - Lucro Líquido muito baixo em relação ao movimento dos negócios; - Declínio acentuado nas vendas; - Excesso de produção ou de estocagem não absorvido pelo mercado (ou invendável); - Obsoletismo do produto; - Ciclo Financeiro crescente; - Elevado nível de participação das despesas financeiras em relação às vendas; - Distribuição excessiva de lucros; - Alto Grau de Centralização decisória, combinado com o espírito de ambição do dirigente, que resulte em crescimento desordenado e não planejado da organização; - Dificuldades em pagar os débitos de funcionamento; - Máquinas e equipamentos obsoletos, com reflexo negativo na competição junto ao mercado; - Greve de funcionários e/ou outros problemas na força de trabalho; - Despreparo para atingir o estágio seguinte (de pequeno para médio e de médio para grande porte); - Localização inadequada, por decisão organização; - Devolução de vendas. 7.15.2 FATORES EXTERNOS PARA O DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO - Efeito Sanduíche. A organização adquire insumos e produtos de fornecedores olipolizados que ditam os preços e vende para um ou poucos clientes de alto poder de barganha. A organização poderá adquirir insumos ou produtos em quantidades superiores à necessidade, por imposição desses fornecedores, de outro lado o comprador inúmeras vezes poderá deixar de comprar. - Dificuldades na contratação de mão-de-obra; - Greve de funcionários dos fornecedores e dos clientes ocasionando ainterrupção do fluxo dos negócios; - Recessão ou inflação; - Efeito da moda; - Localização inadequada da organização, por disposição legal; - Intervenção governamental, via política econômica; - Gastos forçados de adaptação para atender a exigências de entidades de controle do meio ambiente. 8. FINANCIAMENTO DA ORGANIZAÇÃO O financiamento da organização pode ser separado em: Necessidade Permanente que consiste no ativo permanente mais a parte permanente dos ativos circulantes da organização que permanece sem mudanças durante o ano. Necessidade Sazonal que consiste da parte temporária dos ativos circulantes, varia durante o ano. 8.1 ESTRATÉGIA AGRESSIVA DE FINANCIAMENTO É a estratégia através do qual a empresa financia suas necessidades de fundos sazonais e possivelmente suas necessidades permanentes com fundos a curto prazo. O saldo a necessidade de fundos permanente é financiada com fundos a longo prazo. 8.2 ESTRATÉGIA CONSERVADORA DE FINANCIAMENTO É a estratégia utilizada para financiar todas as necessidades projetadas de fundos, com fundos a longo prazo, e usar o financiamento a curto prazo somente para emergências ou saídas de fundos inesperadas. A estratégia conservadora exige que a organização pague juros sobre juros que não são necessários. Caixa, títulos negociáveis e duplicatas a receber - Saldos de caixa e títulos negociáveis - gerenciamento eficiente de caixa - Seleção de crédito - Política de cobrança FLUXO DE CAIXA Conceito de Fluxo de Caixa: Um instrumento que deve ser usado para projetar as prováveis entradas e saídas de dinheiro referentes a um determinado período. Elaborando o Fluxo de Caixa, a organização pode diagnosticar se vai faltar ou sobrar dinheiro e a sua quantia. O administrador de posse desta informação pode tomar decisões acertadas e em tempo. Decisões a serem tomadas com o Fluxo de Caixa: Em caso de Sobra de Caixa: - Aumentar os estoques; - Aumentar os prazos e condições de venda; - Melhorar instalações e maquinários; - Desenvolver novos empreendimentos. Em caso de Falta de Caixa: - melhorar o processo de cobrança; - reduzir estoques; - reescalonar as contas a pagar; - diminuir prazos de venda; - buscar financiamentos; - promover vendas especiais; - cortar custos e despesas dispensáveis; - vender imobilizações ociosas; - aumentar o capital próprio com injeção de recursos dos sócios atuais ou novos; - reduzir o nível de atividades (tamanho) da organização.
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