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AULA 1 FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO E FLUXO DE CAIXA Prof. Edson Miguel Zedebski 2 TEMA 1 – CAPITAL DE GIRO E EQUILÍBRIO FINANCEIRO Uma gestão eficiente das finanças corporativas – seja qual for o porte ou o ramo de atividade da empresa – terá como meta, sempre, a maximização dos retornos e agregação de valor para todos os investidores ou stakeholders. Essa meta deverá ser alcançada por meio de uma maior rentabilidade dos investimentos feitos em comparação com os custos de obtenção dos respectivos financiamentos. Na permanente busca pelos resultados financeiros, é preciso muito zelo na definição dos preços de venda dos produtos e serviços, políticas de investimentos, níveis de endividamento e rentabilidade, acompanhamento do mercado e das estratégias de concorrentes, atenção ao cenário econômico, apenas para citar alguns fatores. Em um planejamento que deve abranger curto, médio e longo prazo, os gestores dependem de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros nas atividades cotidianas e experimentam um ambiente de negócios cada vez mais competitivo e globalizado, o que requer grande eficiência e eficácia na programação de ações que visem manter as finanças em equilíbrio. Inevitavelmente, o fator risco sempre estará presente. Para minimizar a ocorrência de desequilíbrios financeiros, é de fundamental importância a compreensão do mecanismo dos elementos que impactam no capital de giro (working capital) e o desenvolvimento de soluções para implantar projetos e proporcionar o almejado equilíbrio e o consequente crescimento. Quando o assunto é o capital de giro, em um primeiro momento, bastaria aos gestores observar e respeitar uma lógica inquestionável: o ideal é que as vendas que a empresa efetua ocorram todas à vista ou a curtíssimo prazo e que todas as compras de insumos e mercadorias, bem como os demais custos e despesas, ocorram com a obtenção de um prazo maior para o seu pagamento e também que os estoques apresentem uma rotatividade a mais rápida possível. No entanto, na quase totalidade das empresas, a ocorrência dessa lógica é extremamente improvável por depender de muitas variáveis, sendo necessário dimensionar um volume adequado de capital de giro para viabilizar o equilíbrio financeiro e atingir as metas planejadas. 3 1.1 Considerações preliminares quanto ao capital de giro Como afirmado anteriormente, a tarefa mais importante de uma administração financeira eficiente é maximizar a riqueza e criar valor para os investidores. A pergunta que se faz é: como maximizar a riqueza? É preciso considerar alguns pontos: gerar retorno realizável ao proprietário, sabendo que nem sempre a empresa mais lucrativa é a que dará maior retorno (perspectivas de crescimento, por exemplo); viabilizar perspectivas sólidas em termos de longo prazo (aquisição de novas máquinas etc.); projetar de maneira confiável a época de ocorrência dos retornos, ou seja, o mais rápido e constante possível; analisar a relação custo/benefício (risco); e escalonar a distribuição dos retornos, prevendo necessários reinvestimentos. Para a efetiva criação de valor, os gestores devem procurar comprar ativos que gerem mais dinheiro do que custem e deve “vender” seus produtos ou serviços gerando mais dinheiro do que custam. O que é, então, efetivamente, o capital de giro de uma empresa? Como determinar a real necessidade e dimensionar, equilibrar e otimizar o gerenciamento do capital de giro para conduzir eficientemente as operações de uma empresa? Caso venha a ser apurado e definido um montante além das reais necessidades, será experimentado um custo que poderia ser evitado, pois restará um valor ocioso que comprometerá a rentabilidade e o retorno. Por outro lado, caso seja apurado e definido um montante aquém das reais necessidades, será experimentado um custo mais alto do que aquele que é inevitável pois, então, será preciso buscar mais recursos de forma emergencial e, muito provavelmente, desordenada, para honrar os compromissos e garantir a continuidade, o crescimento, a rentabilidade e o retorno. Para buscar uma compreensão inicial, admita-se uma situação em que dois ou mais sócios constituam uma empresa comercial qualquer e que já tenham desembolsado os valores investidos nas instalações, máquinas, equipamentos, prateleiras, mesas, cadeiras, computadores, enfim, tudo o que é necessário ao funcionamento da empresa, exceto as mercadorias e os produtos para revender. Para começar a operar, há algumas constatações lógicas: face às particularidades do negócio, será necessário manter em caixa determinada quantia mínima de dinheiro; será necessário ter mercadorias em estoque para oferecer aos clientes; o estoque permanecerá algum tempo nas prateleiras antes 4 de vender; quando clientes comprarem, certamente, muitos vão querer pagar com cartão de crédito ou com um cheque para alguns dias; será necessário pagar aos fornecedores de produtos e mercadorias por ocasião das compras efetuadas. Indiscutivelmente, será necessário dinheiro ou capital de giro para arcar com os investimentos apontados. O capital de giro é o dinheiro necessário para as atividades no curto prazo das empresas. É o dinheiro que circula rapidamente no caixa das empresas, nos produtos das empresas e nas mãos daqueles clientes que ainda não pagaram pelos produtos ou serviços que adquiriram. Entre tantas outras estratégias, é preciso dimensionar os estoques de mercadorias. Obviamente, deve-se calcular como manter esses estoques ao nível mínimo possível para incorrer no menor custo de capital por carregar um estoque elevado. Ross, Westerfield e Jaffe (2009) definem capital de giro como a diferença entre ativo circulante e passivo circulante. Quando positivo, os ativos circulantes são maiores do que os passivos circulantes, fato que significa que o volume de dinheiro que se tornará disponível nos 12 meses seguintes será maior do que o volume que precisará ser desembolsado. Quanto aos termos ativo circulante e passivo circulante que foram empregados na definição, em finanças de curto prazo, dizem respeito ao intervalo referente ao período de tempo inferior a um ano (12 meses). A administração do capital de giro diz respeito a trabalhar prioritariamente problemáticas relacionadas aos investimentos (ativos circulantes) e financiamentos (passivos circulantes) que estão afetos ao horizonte de até um ano em seus relatórios contábeis. Ativos e passivos serão estudados mais detalhadamente a seguir, ao longo de nossas atividades. Uma situação dita ideal é aquela em que os valores investidos nos itens circulantes, representados por contas a receber e estoques, entre outros, venham a ser suportados por financiamentos circulantes. O investimento em capital de giro é uma parte importante de qualquer análise de orçamento de capital, ou seja, deve ter um papel de destaque na elaboração dos fluxos de caixa de projetos e empresas (Ross; Westerfield; Jaffe, 2009). Um investimento em capital de giro surge sempre que matérias-primas e outros estoques são adquiridos antes da venda de produtos acabados, os saldos de caixa são mantidos no projeto como proteção contra despesas inesperadas e 5 as vendas a prazo são efetuadas, gerando contas a receber, em vez de gerar caixa. TEMA 2 – DIFICULDADES FINANCEIRAS E AÇÕES PREVENTIVAS As dificuldades de capital de giro em uma empresa são devidas, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores: redução de vendas; crescimento da inadimplência; aumento das despesas financeiras; aumento de custos e alguma combinação dos quatro fatores anteriores (Abreu, 2015). Gestores concordam que impasses relacionados a dificuldades financeiras são resultantes de queda no nível de receitas das empresas e, assim sendo, passa a haver a necessidade de buscar alternativase ferramentas para suprir os níveis de capital de giro necessário. Para minimizar problemas relacionados ao capital de giro, é muito importante desenvolver ações de cunho preventivo, ou seja, buscar organizar o fluxo de caixa de modo a não haver sobressaltos quando da necessidade de desencaixes de numerários. Haja vista a dinâmica veloz que impera na economia de um país ou de uma região, os gestores devem atentar para a necessidade de formulação de estratégias que impactem positivamente na composição de reservas de capital. No caso de capital de giro insuficiente, existem várias formas pelas quais se pode buscar aumentar as reservas. A mais “simples” e mais conhecida é o aumento de vendas, porém, caso grande parte das vendas seja feita a crédito, o aumento de vendas não resultará necessariamente em incremento imediato dos recursos à disposição. Seguindo a linha de raciocínio até então descrita, buscou-se evidenciar as generalidades quanto ao tema capital de giro, contudo, ainda há muito mais a descrever, esclarecer e, principalmente, colocar em prática para alcançar os objetivos que determinam um bom domínio do assunto. A necessidade do capital de giro nas empresas é função das atividades operacionais e varia com as datas efetivas de entrada e saída de dinheiro no caixa. Em outras palavras, a necessidade do capital de giro surge da dinâmica entre contas pagar e contas a receber. Guarde bem essa informação: a necessidade do capital de giro surge da dinâmica entre contas pagar e contas a receber. 6 A empresa precisa fazer uma série de pagamentos, mas, se conceder prazos para os clientes pagarem sem ter entrada efetiva de caixa, isso gera uma demanda de caixa. Os recursos financeiros necessários para cobrir esse ciclo de caixa são chamados capital de giro. Sua falta implica em ter que descontar emergencialmente e antecipadamente recebíveis futuros, geralmente, com taxas muito altas, para pagar as contas de hoje. Os especialistas em vendas das empresas chamam a atenção para um detalhe importantíssimo que passa despercebido por parte de muitos empresários e empreendedores: clientes e fornecedores em muitos segmentos do mercado têm o hábito de pagar e receber pelos bens ou serviços com um prazo que varia de segmento para segmento. Em suma, gestores devem sempre dispor de um volume mínimo de recursos financeiros para suportar as atividades operacionais (ou rotineiras) a título de capital de giro. Cabe aos executivos que tomarão decisões definir qual volume mínimo, fato este que se reveste em um problema, ou seja, identificar e suprir a chamada necessidade de capital de giro. Desenvolver políticas criteriosas quanto a prazos a serem praticados tanto para pagamentos como para recebimentos de valores irá contribuir sobremaneira para o estabelecimento de ciclos operacionais e financeiros equilibrados. Os conceitos completos de ciclo operacional e de ciclo financeiro serão trabalhados e aprofundados na continuidade de nossos estudos. TEMA 3 – COMPONENTES PATRIMONIAIS DETERMINANTES PARA A ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Uma das características mais relevantes a ressaltar quanto à gestão do capital de giro está profundamente associada ao binômio risco/retorno, pois, em linhas gerais, os investidores tendem a realizar investimentos que proporcionem maiores retornos e que apresentem grau de risco baixo ou moderado. Notadamente, a empresa que adotar uma política de manutenção de um volume significativo de recursos financeiros disponíveis para o giro dos seus negócios apresentará menor risco de se tornar insolvente, porém, em contrapartida, há grande comprometimento no retorno a proporcionar aos investidores. Por sua vez, a empresa que adotar uma política que mantenha um pequeno volume de recursos financeiros disponíveis para o giro dos seus negócios 7 apresentará maior risco de se tornar insolvente, mas, em contrapartida, há grande possibilidade de proporcionar retornos muito superiores aos investidores. Tais observações dão conta de que não existe um nível ótimo de capital de giro a ser definido para lastrear as operações de uma empresa, uma vez que este irá depender de fatores como ramo de atividade e também do perfil do empresário e seu comportamento quanto aos riscos envolvidos em suas decisões. É também bastante oportuno acrescentar o fato de que, para uma adequada política de redução dos níveis de capital de giro, a habilidade de negociação dos gestores fará toda a diferença para buscar ampliar prazos para pagamento das compras e diminuir prazos de recebimento das vendas. Partindo das premissas ora elencadas, o montante de capital de giro a dimensionar guarda direta relação com o nível dos ativos operacionais de uma empresa, por exemplo, o saldo a receber dos clientes, e uma relação inversa com o nível dos passivos operacionais, como as dívidas com os fornecedores e outras obrigações de curto prazo. Isto significa afirmar que as empresas que produzem e vendem de forma mais morosa irão levar um tempo maior para receber seus direitos e, mesmo assim, deverão pagar seus compromissos em prazos curtos e apresentarão uma maior necessidade de capital de giro. Necessidade de capital de giro, cujas particularidades serão estudadas no andamento das aulas, é decorrência de uma falta de sintonia entre os prazos das contas a receber e os prazos das contas a pagar e que não há compensação por conta do efetivo ingresso das receitas de vendas (faturamento). 3.1 Investimentos em capital de giro e noções de suas fontes de financiamento As atividades básicas das empresas são estruturadas em ocorrências cíclicas (repetitivas), ou seja, aquisição de matérias-primas ou de mercadorias, processamento e vendas de produtos, a conversão das vendas em caixa e o respectivo pagamento aos fornecedores. Gerir o capital de giro significa trabalhar adequadamente os investimentos e os financiamentos operacionais. Em resumo, as políticas de estoques determinam o nível dos estoques em função, por exemplo, da projeção de demanda e da sazonalidade; as políticas de crédito determinam a flexibilidade ou a rigidez nos prazos a conceder aos clientes; as políticas de compras definem as condições de pagamento aos fornecedores e 8 as políticas de tesouraria a ideal administração e destinação dos recursos financeiros provenientes das receitas geradas no processo. A combinação de uma ampla concessão de crédito aos clientes com um elevado volume e diversificação de estoques e manutenção de significativos recursos em caixa contribui para uma maior capacidade de geração de receitas e obtenção de lucros. Se, ao mesmo tempo, houver baixos volumes de dívidas com os fornecedores (financiamento), isso proporciona uma redução dos custos e tende a aumentar os níveis de lucratividade. A ocorrência de significativos investimentos (estoques e caixa) em contrapartida de financiamentos de terceiros em menor escala (fornecedores), contudo, certamente irá afetar o equilíbrio financeiro. Há uma justificativa bem lógica para a ocorrência do desequilíbrio: se a empresa já efetuou o pagamento da maior parte do valor das compras aos fornecedores, as matérias-primas ou mercadorias em estoques já contaram com esta fonte de financiamento, que já foi quitada. TEMA 4 – PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUA UTILIZAÇÃO NA DINÂMICA DO CAPITAL DE GIRO 4.1 Demonstrações contábeis Para alcançar seus objetivos, as organizações buscam agrupar e organizar, de modo lógico, todas as diversas funções inerentes aos processos operacionais que têm por finalidade realizar determinadas atividades. Esse agrupamento consiste em rotinas, que formam os relatórios ou demonstrações. Entre as inúmeras funções, uma das suas mais importantes contribuições ao processo de gestão é o fornecimento de informações financeiras, constituindo-secomo em importante instrumento, seja na etapa de planejamento, seja na execução e controle do que foi estabelecido como meta. Conforme Cardoso (2015), demonstrações contábeis são elaboradas em uma base direcionada a atender as necessidades gerais de informação financeira de ampla gama de usuários (investidores e credores, potenciais e efetivos) que não estão em posição de exigir demonstrações feitas sob medida para atender suas necessidades particulares de informação. Ao registrar os eventos verificados nas diversas atividades empresariais, percebe-se a importância da elaboração de relatórios ou demonstrações, a fim de 9 evidenciar de maneira mais eficiente e eficaz os elementos componentes da gestão empresarial, ou seja, a situação do patrimônio e a composição dos resultados. Com base nessas demonstrações, a empresa poderá efetivar o processo decisório, se valendo de informações confiáveis e tempestivas. 4.1.1 BaIanço patrimonial O balanço patrimonial de uma empresa (ou projeto) apresenta, do lado esquerdo, o ativo (empresa ou projeto) e, do lado direito, de que forma este ativo está sendo financiado. Em que ativos deve a empresa investir? Esta questão é pertinente ao lado esquerdo do balanço. O fator determinante é a natureza da atividade da empresa. De que modo a empresa irá levantar dinheiro para custear os dispêndios de capital necessários? Esta é uma questão que diz respeito ao lado direito do balanço. Envolve a estrutura de capital da empresa, que indica a proporção de capital próprio e capital de terceiros de curto e longo prazo. Como devem ser geridos os fluxos de caixa de curto prazo? Há uma sincronia entre as entradas e saídas de caixa durante as atividades operacionais da empresa? Quadro 1 – Balanço patrimonial Balanço Patrimonial Ativos Passivos Bens da empresa Como estão financiados BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO DI Ativo Circulante Ativo Não Circulante Passivo Circulante Passivo não circulante (Dívidas de longo prazo) DF Patrimônio Líquido: Sócios Total ATIVO Total PASSIVO + PAT LIQ. 10 Por convenção ou padrão técnico figuram do lado esquerdo os investimentos (Decisões de Investimento = DI) e, do lado direito, como foram “pagos” ou financiados (Decisões de Financiamento = DF) esses investimentos. O total dos ativos deve, portanto, ser obrigatoriamente igual à soma do total dos passivos mais o patrimônio dos sócios. Ativo se refere aos recursos controlados pela entidade, decorrente de eventos passados, que gerará fluxo de benefícios econômicos para a entidade. O ativo é classificado em ordem decrescente de grau de liquidez de seus componentes. O grupo de contas denominado Circulante abrange todos os valores que serão transformados em dinheiro no curto prazo, ou seja, até os próximos 12 meses. Já os valores que deverão se transformar em dinheiro em um período superior a 12 meses (longo prazo) ou mesmo um período indeterminado ou desconhecido são classificados no grupo de contas denominado Não Circulante. Passivo é a origem de recursos financiados por terceiros. Obrigação presente, decorrente de evento passado, que demandará a saída de benefícios econômicos no futuro. O passivo é classificado em ordem decrescente de grau de exigibilidade de seus componentes. O grupo de contas denominado Circulante abrange todos os valores que deverão ser pagos no curto prazo, ou seja, até os próximos 12 meses. Já os valores que deverão ser pagos em um período superior a 12 meses (longo prazo) são classificados no grupo de contas denominado Não Circulante. O Patrimônio Líquido (PL), assim como o passivo, representa origem de recursos, sendo que o PL corresponde aos recursos financiados pelos sócios da entidade. Pode-se dizer, também, que o Patrimônio Líquido representa algebricamente a diferença entre o ativo e passivo (PL = A – P). A título de noções introdutórias e com vistas a melhorar a compreensão de como são observados, de um ponto de vista contábil, os investimentos e os financiamentos das atividades operacionais básicas de uma empresa, é apresentado a seguir, de forma simplificada, um exemplo do demonstrativo chamado balanço patrimonial de uma empresa qualquer. 11 Quadro 2 – Exemplo de balanço patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Circulante Circulante Caixa e Bancos 10.000 Fornecedores 20.000 Clientes 20.000 Empréstimos Curto Prazo 10.000 Estoques 30.000 Não Circulante 30.000 Não Circulante Empréstimos Longo Prazo Imobilizado 40.000 Patrimônio Líquido 40.000 Total 100.000 Total 100.000 Buscando uma breve interpretação do balanço patrimonial ora apresentado, é possível constatar que a empresa do exemplo possui 60% dos investimentos em ativos denominados circulantes ou de curto prazo (Caixa e Bancos R$ 10.000 + Clientes R$ 20.000 + Estoques R$ 30.000 = R$ 60.000 ou 60% do ativo total). Os 40% restantes estão investidos em ativos denominados não circulantes (Imobilizado R$ 40.000 ou 40% do ativo total). Também é possível constatar que a empresa financia 30% das operações com recursos provenientes de passivos chamados circulantes ou de curto prazo (Fornecedores R$ 20.000 + Empréstimos Curto Prazo R$ 10.000) e os 70% restantes com vencimentos de longo prazo (Empréstimos Longo Prazo R$ 30.000 + R$ 40.000 de capital próprio ou Patrimônio Líquido). Uma vez que os estoques são adquiridos dos fornecedores e que ambos estão representados no balanço por seus valores de “custo”, é possível perceber que, dos R$ 30.000 em estoque, apenas R$ 20.000 estão financiados pelos fornecedores na data do balanço; os outros R$10.000 precisam ser financiados por capital de giro da empresa. À medida que os estoques são vendidos aos clientes e estes efetuam o pagamento, os recursos (dinheiro) ingressam no caixa e são utilizados (aplicados), entre outras destinações, para pagamento dos fornecedores. Logo, seguindo esta lógica, se pode deduzir que uma boa gestão do capital de giro dependerá, principalmente, do prazo médio praticado para recebimento dos valores dos créditos concedidos aos clientes, do prazo médio de rotação dos estoques e também do prazo médio para pagamentos dos valores dos créditos obtidos junto aos fornecedores. 12 O balanço patrimonial e a abordagem estratégica mais completa e detalhada de políticas de capital de giro serão apresentados e trabalhados nas próximas aulas. 4.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício O demonstrativo de resultados de uma empresa (ou projeto) apresenta as contas que evidenciam como, a partir do faturamento bruto, se apuram os resultados. Tecnicamente, a terminologia exercício é empregada para representar determinado período escolhido para demonstrar o resultado (lucro ou prejuízo), podendo ser um mês, um semestre, um ano ou qualquer outro intervalo de tempo previamente definido pelos gestores. Receita: geração de recursos decorrentes das atividades: venda de estoque (receita de vendas); prestação de serviços (receita de serviços); aplicações financeiras (receita financeira). Despesa: consumo de recursos, decorrentes das mesmas atividades que deram origem às receitas, como: venda de estoque (CMV); prestação de serviços (CSP); juros sobre dívidas (despesa financeira). É importante destacar que a Demonstração do Resultado é elaborada por uma sistemática denominada regime de competência. Por este regime, o registro e a evidenciação das receitas e despesas é feito levando-se em consideração o chamado fato gerador, ou seja, o momento em que o evento ocorre, não a efetiva entrada ou saída de dinheiro. Também a título de noções introdutórias e para quehaja, neste momento, uma ideia de como se evidencia a formação do resultado de determinado período, é apresentado a seguir um exemplo com as principais contas do demonstrativo contábil chamado Demonstração do Resultado do Exercício. Quadro 3 – Demonstração do Resultado do Exercício DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Receita bruta de vendas 60.000,00 (–) Deduções da receita (impostos, devoluções, abatimentos) (15.000,00) (=) Receita líquida de vendas 45.000,00 (–) Custo produtos/mercadorias/serviços vendidos (25.000,00) (=) Lucro bruto 20.000,00 13 (–) Despesas comerciais (6.000,00) (–) Despesas administrativas (3.000,00) (+/–) Outras despesas/receitas operacionais (1.000,00) (=) Resultado operacional 10.000,00 (+/–) Despesas/receitas financeiras (2.000,00) (+/–) Despesas/receitas não operacionais (1.000,00) (=) Lucro antes de imposto de renda e contribuição social 7.000,00 (–) Provisão para Imposto de renda e contribuição social (2.200,00) (=) Lucro líquido 4.800,00 Em linhas gerais, as receitas (ou faturamento) representam o montante das vendas de mercadorias ou de serviços (preços de venda x quantidades vendidas). As deduções dizem respeito, por exemplo, aos impostos incidentes sobre as vendas e às devoluções efetuadas pelos clientes. Custos das mercadorias vendidas equivalem ao valor monetário da baixa dos estoques físicos entregues aos clientes (preço de custo x quantidade baixada). Já as despesas operacionais (comerciais, administrativas e outras) referem-se aos esforços experimentados para a geração de receitas. As despesas, bem como as receitas financeiras, são decorrentes do pagamento ou recebimento de juros. As despesas ou as receitas classificadas como não operacionais são aquelas afetas a atividades excepcionais que causam perdas ou ganhos e não são associadas às operações rotineiras. A constituição de provisão para imposto de renda e para a contribuição social mostra o valor a ser pago de tributos sobre os resultados positivos (lucros). No exemplo apresentado, é possível observar que, durante determinado período qualquer, a empresa gerou receitas brutas no valor de R$ 60.000,00, sobre as quais houve a incidência de impostos e houve ainda outras deduções (devoluções por parte de clientes, abatimentos etc.), tendo também o custo das mercadorias e/ou serviços vendidos resultando em um lucro bruto de R$ 20.000,00. Após a evidenciação das despesas em geral e dos impostos sobre o resultado apresentado, o lucro líquido foi de R$ 4.800,00, ou seja, 6% da receita bruta gerada (4.800 ÷ 60.000 x 100). Ao longo das atividades desenvolvidas por uma empresa, o equilíbrio financeiro será atingido desde que o total das receitas seja superior ao total dos 14 custos e despesas no período em questão, haja vista que somente desta maneira haverá lucro e será possível viabilizar um consequente acréscimo patrimonial. Saiba mais Para ampliar a compreensão do conteúdo deste tópico, sugerimos que assista aos dois vídeos a seguir: GESTÃO empresarial: principais problemas organizacionais. Empari Global Innovation, 10 de agosto de 2012. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=LhETYBBA1ag>. Acesso em: 25 mai. 2020. PLANEJAMENTO desenvolvimento e implementação de sistemas de informação na organização. Lizandra Noleto, 10 de dezembro de 2011. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=7A4uqNU36rE>. Acesso em: 25 mai. 2020. TEMA 5 – ESTUDO DE CASO Com o objetivo de melhor estruturar o raciocínio financeiro, neste tema, nos dedicaremos a um estudo de caso. Busque identificar e apontar nas demonstrações a seguir a composição dos investimentos (curto e longo prazo), financiamentos (de terceiros no curto e longo prazo e próprios), bem como a formação do resultado do período. Faça isso com base nos assuntos estudados nos dois subtemas anteriores: Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. Quadro 4 – Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado Ativo Circulante 27.216.384 Disponível (Caixa/Bancos) 171.730 Valores a Receber (Clientes) 15.354.254 Estoques 11.690.400 Não Circulante 1.293.616 Imobilizado (Imóveis, veículos etc.) 40.906.280 TOTAL DO ATIVO 69.416.280 Passivo Circulante 34.553.000 Fornecedores 7.181.565 15 Impostos a Pagar 2.334.983 Empréstimos Bancários 25.036.452 Não Circulante 6.299.766 Patrimônio Líquido 28.563.514 TOTAL DO PASSIVO + PAT.LIQ. 69.416.280 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO VENDAS BRUTAS 86.365.789 (-) Impostos e deduções 9.778.484 VENDAS LÍQUIDAS 76.587.305 (-) C.M.V. 59.300.549 LUCRO BRUTO 17.286.756 (-) Despesas Administrativas 4.293.042 (-) Despesas Comerciais 3.798.604 (-) Despesas Financeiras 4.584.143 LUCRO OPERACIONAL 4.610.967 PROVISÃO PARA IR 1.567.727 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 3.043.240 16 REFERÊNCIAS ABREU, J. C. Gestão Financeira. Rio de Janeiro: FGV Management, 2015. CARDOSO, R. L. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária e contabilidade gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira: corporate finance. São Paulo: Atlas, 2009. AULA 2 FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO E FLUXO DE CAIXA Prof. Edson Miguel Zedebski 2 TEMA 1 – ELEMENTOS PARA O GERENCIAMENTO DO CAIXA As organizações necessitam de informações geradas por diversos setores ou departamentos, procurando alcançar o equilíbrio financeiro e a integração em favor do seu processo decisório, compreendendo o ciclo do sistema que, após o registro dos dados e seu processamento, gera relatórios que deverão ser utilizados pelas pessoas envolvidas no processo para atingir metas em seus respectivos prazos. Primeiramente, é necessário analisar as particularidades em termos de produtos, serviços, clientes, formas de comercialização e produção, fornecedores, tecnologia, pessoal, concorrência etc. O conhecimento da situação é extremamente relevante para subsidiar decisões como: produzir ou terceirizar? Qual o volume de produção a ser fabricado, vendido e estocado? Qual o preço de venda a ser adotado para cada produto? Para responder a questionamentos como esses, são necessários alguns controles de gestão que deverão permitir a apuração de informações relativas aos processos e produtos. Em dado momento das aulas anteriores, foi dada ênfase a uma afirmativa que destaca que o dimensionamento da necessidade do capital de giro surge da “dinâmica entre contas pagar e contas a receber”, ou seja, está em função direta das suas atividades operacionais e varia com as datas efetivas de entrada e saída de dinheiro no caixa. Também é notório que invariavelmente a falta de caixa, ou capital de giro, implica em ter que descontar (antecipar) de forma emergencial os recebíveis futuros, geralmente com taxas de juros muito altas, para pagar as contas de hoje. Cabe aos gestores a definição, a implantação e o permanente acompanhamento de estratégias de gerenciamento do fluxo de caixa, ou seja, o investimento e o respectivo financiamento do capital de giro. Para adoção de modelos de atuação, deve-se compreender que a obtenção de receitas e lucros depende das atividades que ocorrem de forma cíclica e sazonal. 3 TEMA 2 – INSTRUMENTOS PARA O GERENCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO Para melhor ilustrar o tema, admita-se como exemplo uma empresa qualquer que compra e revende um único modelo de produto. Cada unidade é vendida por R$ 110,00 e custa (aquisição) R$ 42,00. A manutenção das atividades operacionais, ou seja, os custos e despesasfixos (aluguel, empregados etc.), consome R$ 66.000,00 por mês. Por se tratar de um exemplo de cunho didático, não serão considerados ou abordados impostos incidentes sobre as compras e vendas, mas apenas sobre o lucro cuja incidência de Imposto de Renda é de uma alíquota de 34%. Todos os recebimentos e todos os pagamentos ocorrerão à vista. Para um período hipotético, os gestores fizeram a seguinte projeção de faturamento: maio: 1.000 unidades; junho: 1.500 unidades; julho: 2.500 unidades; agosto: 3.500 unidades. A empresa não mantém produtos em estoque final, ou seja, adquire somente as quantidades que projeta vender. Se todos os eventos forem verificados exatamente conforme descrito, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) mês a mês que evidencia a situação terá a configuração a seguir. Tabela 1 – Demonstração do Resultado do Exercício DRE MAIO JUNHO JULHO AGOSTO Vendas (Quantidade) 1.000 1.500 2.500 3.500 Faturamento em R$ (R$ 110,00 por unidade) 110.000,00 165.000,00 275.000,00 385.000,00 Custos Variáveis em R$ (R$ 42,00 por unidade) -42.000,00 -63.000,00 -105.000,00 -147.000,00 Custos Fixos em R$ -66.000,00 -66.000,00 -66.000,00 -66.000,00 Lucro antes do I.R. 2.000,00 36.000,00 104.000,00 172.000,00 Imposto de Renda de 34% (*) -680,00 -12.240,00 -35.360,00 -58.480,00 Resultado Líquido 1.320,00 23.760,00 68.640,00 113.520,00 (*) Para efeitos de simplificação do conteúdo abordado e sem prejuízo ao aprendizado, considere que o Imposto de Renda sobre o resultado é pago ainda dentro do próprio mês de apuração. 4 Pode-se facilmente observar que há sincronia entre os valores a receber e os valores a pagar, havendo coincidência do regime de caixa com o regime de competência por conta dos fatos geradores das ocorrências. No cenário descrito e exposto, não foi constatado déficit ou necessidade de dimensionar um volume mínimo de capital de giro. Também se observa que, uma vez que todos os eventos citados seriam verificados à vista (não havendo inadimplência), a DRE ficaria idêntica ao fluxo de caixa e que este seria positivo. Logo, em termos atuais a situação pode ser definida como boa. No entanto, para dinamizar a compreensão do conteúdo, admita-se então que na situação contextualizada não foi possível vender radicalmente nada, haja vista que ficou constatado que todos os concorrentes existentes concedem um prazo de 90 dias aos clientes e, se não for feito o mesmo, não haverá vendas. Um aspecto positivo é que neste novo contexto também haverá um prazo de 30 dias para o pagamento dos custos e despesas fixas, e ainda um prazo de 60 dias para pagar os produtos aos fornecedores (custo variável). Quando há referência ao fluxo de caixa, está se levando em consideração os valores que, de fato e em dinheiro, entraram e saíram do caixa em determinado período de tempo. Ele difere da DRE, que evidencia os valores considerados ao chamado regime de competência, ou seja, pelo seu fato gerador e pela não entrada ou saída de dinheiro. Logo adiante é evidenciado o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) da empresa, pois esse demonstrativo apresenta cronologicamente as entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos) de dinheiro. Admita-se a projeção de entradas e saídas de dinheiro consoante as formas de recebimentos e pagamentos alertadas pelos vendedores. 5 Tabela 2 – Fluxo de Caixa Operacional (FCO) FCO MAIO JUNHO JULHO AGOSTO Vendas (Quantidade) 1.000 1.500 2.500 3.500 Entrada de R$ (R$ 110,00 por unidade) - 0,00 0,00 110.000,00 Saída de R$ (R$ 42,00 por unidade) - 0,00 -42.000,00 -63.000,00 Pagto.C.Fixos em R$ - -66.000,00 -66.000,00 -66.000,00 Imposto de Renda de 34% (*) -680,00 -12.240,00 -35.360,00 -58.480,00 Saldo Caixa Acumulado R$ -680,00 -78.920,00 -222.280,00 -299.760,00 (*) Para efeitos de simplificação do conteúdo abordado e sem prejuízo ao aprendizado, considere que o Imposto de Renda sobre o resultado é pago ainda dentro do próprio mês de apuração. Pode-se observar que não há sincronia entre os valores a receber e os valores a pagar. Além disso, foi constatado déficit ou necessidade de dimensionar um volume mínimo de capital de giro. Também se pode notar que o fluxo de caixa fica negativo em todo o período, e mesmo que não constatada nenhuma inadimplência, a situação pode ser definida como ruim. TEMA 3 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E O REGIME DE CAIXA Com vistas a melhorar a compreensão das situações expostas na DRE e no FCO, segue a exposição dos eventos mês a mês, evidenciando os eventos enunciados admitindo todas as operações ocorrendo à vista (regime de caixa). Se no mês de maio ocorrer a aquisição e a venda à vista das 1.000 unidades projetadas, tal fato irá gerar um faturamento (vendas brutas) de R$ 110.000,00, cuja importância ingressa imediatamente no disponível da empresa (Caixa/Bancos). Assim, considerando apenas o evento descrito, o fragmento do Balanço Patrimonial apresentaria a situação a seguir (independentemente da existência quaisquer saldos anteriores). Tabela 3 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL – MAIO ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Circulante Circulante Caixa e Bancos 110.000,00 ...... ...... 6 Note-se que no mês não haveria estoques finais de produtos nem dívidas com fornecedores, empregados, etc., haja vista que assim como as vendas, as compras e as despesas também ocorreriam à vista seguindo o regime de caixa. Certamente, a empresa deverá possuir um valor de capital investido pelos sócios e também uma estrutura para funcionamento composta por móveis, veículos, computadores etc. No entanto, tais fatos não serão abordados no presente momento, uma vez que o foco está centralizado no capital de giro. Importante destacar que, neste momento, não se está buscando a perfeita aplicação da técnica contábil de partidas dobradas (débito e crédito) para o exato fechamento do Balanço Patrimonial, mas apenas dando uma visão parcial de como ficaria o fragmento do demonstrativo mediante os eventos descritos. Por sua vez, a DRE do mês apresentaria a situação a seguir demonstrada. Tabela 4 – Demonstração do Resultado do Exercício (maio) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – MAIO Receita de vendas 110.000,00 (–) Custo produtos/mercadorias/serviços vendidos (42.000,00) (=) Lucro bruto 68.000,00 (–) Custos fixos (66.000,00) (=) Resultado operacional 2.000,00 (–) Imposto de renda e contribuição social (34%) (680,00) (=) Lucro líquido 1.320,00 A primeira linha da DRE representa a chamada contrapartida da entrada do dinheiro no caixa; a segunda linha representa a baixa do valor do estoque dos produtos vendidos (custo variável). Em seguida, são deduzidos os custos ou despesas fixas (que independem do volume e do valor das receitas), gerando o resultado operacional, que é tributado pelo imposto de renda restando o lucro líquido. Vale lembrar que, na prática, todas as movimentações ocorrem diariamente. Depois de pagos os custos variáveis, os custos fixos e o imposto de renda, o fragmento do Balanço Patrimonial apresentaria a situação a seguir demonstrada. Tabela 5 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL – MAIO ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Circulante Circulante Caixa e Bancos 1.320,00 ...... ...... 7 Para fins deste estudo e desconsiderando quaisquer outros elementos patrimoniais da empresa, o saldo agora disponível coincide exatamente com o valor do lucro líquido, pois todas as operações ocorreram à vista (entrada e saída de dinheiro). Para efeitos do Balanço Patrimonial e da DRE, todas as mesmas explicações pertinentes ao mês de maio são totalmente válidas para os eventos descritos para os meses de junho a agosto e seus respectivos valores mensais tratados de forma não cumulativa. Para efeitos do FCO, haveria uma exata coincidência com os resultados apuradosmês a mês na DRE, uma vez que todos os eventos ocorreriam à vista. Ao acompanhar o FCO de forma cumulativa para a movimentação proposta, ele apresentaria a situação a seguir demonstrada. Tabela 6 – Fluxo de Caixa Operacional (FCO) FCO MAIO JUNHO JULHO AGOSTO Saldo anterior R$ 0,00 1.320,00 25.080,00 93.720,00 (+) Faturamento R$ 110.000,00 165.000,00 275.000,00 385.000,00 (–) Custos Variáveis R$ -42.000,00 -63.000,00 -105.000,00 -147.000,00 (–) Custos Fixos R$ -66.000,00 -66.000,00 -66.000,00 -66.000,00 (–) Imposto Renda R$ -680,00 -12.240,00 -35.360,00 -58.480,00 (=) Saldo atual R$ 1.320,00 25.080,00 93.720,00 207.240,00 Observando a situação do ponto de vista do fluxo de caixa (todos os eventos à vista), verifica-se que o saldo ao final do mês de maio seria de R$ 1.320,00. Este, somado ao saldo de R$ 23.760,00 ao final do mês de junho, seria de R$ 25.080,00. Este, somado ao saldo de R$ 68.640,00 ao final do mês de julho, seria de R$ 93.720,00. Este, por sua vez, somado ao saldo de R$ 113.520,00 ao final do mês de agosto, seria de R$ 207.240,00. A conclusão a que se chega é então de que, se toda a movimentação ocorrer com recebimentos e pagamentos à vista, a empresa não teria problemas com seu capital de giro, pois o saldo permaneceria positivo durante todo o período de maio a agosto, levando os gestores a tomar decisões de como investir os recursos disponíveis. 8 TEMA 4 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E O REGIME DE COMPETÊNCIA Segue a exposição das ocorrências mês a mês, apresentando os eventos enunciados e admitindo todas as operações ocorrendo a prazo (regime de competência). 4.1 O mês de maio Se no mês de maio ocorrer a efetiva aquisição das 1.000 unidades projetadas (R$ 42.000,00) com prazo de 60 dias para pagamento aos fornecedores e a efetiva venda das 1.000 unidades projetadas com prazo de 90 dias para recebimento dos clientes, tal fato irá gerar um faturamento (vendas brutas) de R$ 110.000,00, cuja importância não ingressa imediatamente no disponível da empresa (Caixa/Bancos), mas passa a representar um direito a receber junto aos seus clientes. Haveria também, conforme descrito anteriormente, um prazo de 30 dias para pagamento dos custos e despesas fixos. Considerando apenas os eventos descritos, o fragmento do Balanço Patrimonial apresentaria a situação a seguir demonstrada (independentemente da existência de quaisquer saldos anteriores). Tabela 7 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL – MAIO ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Circulante Circulante Caixa e Bancos 0,00 Fornecedores 42.000,00 Clientes 110.000,00 Contas a Pagar 66.000,00 Estoques 0,00 Imposto de Renda a Pagar 680,00 Patrimônio Líquido Lucros 1.320,00 Total Ativo 110.000,00 Total Passivo + PL 110.000,00 Como explicado anteriormente, certamente a empresa deverá possuir um valor de capital investido pelos sócios, bem como uma estrutura para funcionamento composta por móveis, veículos, computadores etc. No entanto, tais fatos não serão abordados no presente momento, uma vez que o foco está centralizado no capital de giro. Pode-se facilmente verificar que, desconsiderando outros saldos anteriores, a empresa não teria dinheiro em Caixa/Bancos, uma vez não recebeu 9 o valor das vendas de produtos, pois concedeu um prazo de 90 dias para os clientes pagarem. Passa a existir um direito dos R$ 110.000,00 junto aos clientes, uma dívida de R$ 42.000,00 junto aos fornecedores dos produtos, uma dívida de R$ 66.000,00 referente aos custos e despesas fixas e mais uma dívida de R$ 680,00 por conta do imposto de renda sobre o resultado que não seria possível saldar no mês de maio. Também há no Balanço Patrimonial a evidenciação do lucro de R$ 1.320,00, o qual não seria possível distribuir uma vez que, além de não haver dinheiro para tal finalidade, ainda há as dívidas com fornecedores, com contas a pagar e com o imposto de renda, que devem necessariamente ser pagos prioritariamente. Mas de onde vem o lucro de R$ 1.320,00 se não houve movimentação de dinheiro? Para entender a situação, deve-se observar a DRE do mês de maio: os eventos ocorreram todos a prazo, porém, todos competem ao mês de maio, ou seja, tiveram seu fato gerador no mês de maio (regime de competência). Tabela 8 – Demonstração do Resultado do Exercício (maio) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – MAIO Receita de vendas 110.000,00 (–) Custo produtos/mercadorias/serviços vendidos (42.000,00) (=) Lucro bruto 68.000,00 (–) Custos fixos (66.000,00) (=) Resultado operacional 2.000,00 (–) Imposto de renda e contribuição social (34%) (680,00) (=) Lucro líquido 1.320,00 Mesmo que as vendas tenham ocorrido a prazo (90 dias), os fornecedores serão pagos a prazo (60 dias) e os custos e despesas fixas serão pagos a prazo (30 dias). Para efeitos contábeis, societários e legais, os eventos tiveram seu fato gerador no mês de maio. Portanto, ainda que não tenha havido a imediata movimentação de dinheiro, o resultado é de R$ 2.000,00 antes do imposto de renda. Esse imposto (R$ 680,00) já é devido ao governo por conta do regime de competência dos exercícios, gerando o lucro de R$ 1.320,00. Como se pode perceber, nesse caso, a DRE é idêntica pelo regime de caixa ou pelo regime de competência, uma vez que deve seguir os ditames da teoria 10 contábil (fato gerador), que é corroborada pela legislação societária e também pela legislação fiscal (tributária). Já quando o demonstrativo a ser abordado — partindo exatamente dos mesmos dados — é o FCO, está levando-se em consideração apenas as importâncias (valores em R$) que, de fato e em dinheiro, ingressaram e foram desembolsados do caixa. A situação financeira apresentaria a configuração evidenciada a seguir, admitindo a projeção de entradas de dinheiro (a cada 90 dias) e saídas de dinheiro (a cada 30 e 60 dias). Tabela 9 – Fluxo de Caixa Operacional (maio) FCO MAIO Saldo anterior R$ 0,00 Vendas (Quantidade) 1.000 un. Entrada (R$ 110,00 por unidade) - Saída (R$ 42,00 por unidade) - Pagto.Custos Fixos em R$ - Imposto de Renda de 34% -680,00 Saldo atual de Caixa R$ -680,00 Uma vez que as vendas do mês de maio ocorreram a prazo (90 dias), apesar da existência do fato gerador (entrega dos produtos), o efetivo recebimento do dinheiro dos clientes (R$ 110.000,00) deverá acontecer somente no mês de agosto. As compras do mês de maio junto aos fornecedores também ocorreram a prazo (60 dias). Mesmo existindo o fato gerador (recebimento dos produtos), o efetivo pagamento (R$ 42.000,00) deverá ocorrer somente no mês de julho. Os custos e despesas fixas do mês de maio também tiveram seu fato gerador (trabalho dos colaboradores, consumo de diversos itens de despesas) e ocorreram a prazo (30 dias). O efetivo pagamento (R$ 66.000,00) deverá ocorrer somente no mês de junho. Por sua vez, o imposto de renda teve seu fato gerador no mês de maio, e mesmo sem movimentação de dinheiro, o valor de R$ 680,00 já é devido e precisa ser pago ao governo sob pena de futura incidência de correção monetária, juros e multa, caso o pagamento ocorra fora do prazo legal. Também é relevante observar que o FCO do mês de maio resultou em um saldo negativo de R$ 680,00. No entanto, esse fato não foi evidenciado no 11 Balanço Patrimonial do mês, uma vez que não é correto apresentar valores negativos no caixa naquele demonstrativo e, além disso, as maneiras pelas quais se buscará resolver o problema do saldo negativo representam o objetivo dos estudos do tema capital de giro mais adiante. Em resumo, por conta do mês de maio, considerando as operações ocorridas com prazos para recebimentos e pagamentos, pode-se constatar no Balanço Patrimonial os valores a receber e a pagar, bem como o resultado do período no Patrimônio Líquido; pode-se constatar na DRE os valores das receitase custos e despesas, tanto pelo regime de caixa como regime de competência; pode-se constatar no FCO que o saldo negativo revela nitidamente uma necessidade de capital de giro. E qual o valor da real necessidade de capital de giro da empresa? Exatamente os R$ 680,00 do saldo negativo? Esse é um assunto que será abordado mais adiante, mais precisamente nas próximas aulas. 4.2 O mês de junho Se no mês de junho ocorrer a efetiva aquisição das 1.500 unidades projetadas (R$ 63.000,00) com prazo de 60 dias para pagamento aos fornecedores e a efetiva venda das 1.500 unidades projetadas com prazo de 90 dias para recebimento dos clientes, tal fato irá gerar um faturamento (vendas brutas) de R$ 165.000,00, cuja importância não ingressa imediatamente no disponível da empresa (Caixa/Bancos), mas sim passa a representar um direito a receber junto aos seus clientes. Haveria também, conforme descrito anteriormente, um prazo de 30 dias para pagamento dos custos e despesas fixos. Considerando apenas os eventos descritos, o fragmento do Balanço Patrimonial apresentaria a situação a seguir demonstrada, considerando a existência dos saldos anteriores, ou seja, do mês de maio. 12 Tabela 10 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL – JUNHO ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Circulante Circulante Caixa e Bancos 0,00 Fornecedores 105.000,00 Clientes 275.000,00 Contas a Pagar 132.000,00 Estoques 0,00 Imp.de Renda a Pagar 12.920,00 Patrimônio Líquido Lucros “acumulados” 25.080,00 Total Ativo 275.000,00 Total Passivo + PL 275.000,00 Também não se buscou a perfeita aplicação da técnica contábil de partidas dobradas para o exato fechamento do Balanço Patrimonial. No entanto, pode-se facilmente verificar que, considerando os saldos anteriores (maio), a empresa não teria dinheiro em Caixa/Bancos, uma vez não recebeu nem o valor por conta das vendas do mês de maio nem do mês de junho, pois concedeu um prazo de 90 dias para os clientes pagarem. Passa a existir um direito dos R$ 275.000,00 junto aos clientes (R$ 110.000,00 referentes a maio + R$ 165.000,00 referentes a junho), uma dívida de R$ 105.000,00 junto aos fornecedores dos produtos (R$ 42.000,00 referentes a maio + R$ 63.000,00 referentes a junho), também mais uma dívida de R$ 132.000,00 (R$ 66.000,00 referentes a maio + R$ 66.000,00 referentes a junho) por conta dos custos e despesas fixas, bem como uma dívida de R$ 12.920,00 por conta do imposto de renda sobre o resultado (R$ 680,00 referentes a maio + R$ 12.240,00 referentes a junho) que também não seria possível saldar no mês de junho. Também há no Balanço Patrimonial a evidenciação de lucros acumulados no valor de R$ 25.080,00 (R$ 1.320,00 referentes a maio + R$ 23.760,00 referentes a junho), que não seria possível distribuir, uma vez que além de não haver dinheiro para tal finalidade, ainda há as dívidas com fornecedores, com contas a pagar e com o imposto de renda, que devem necessariamente serem pagos prioritariamente. Mas de onde vem o lucro de R$ 23.760,00 referente ao mês de junho se não houve movimentação de dinheiro? Para entender a situação, deve-se observar a DRE do mês de junho: os eventos ocorreram todos a prazo, porém todos competem ao mês de junho, ou seja, tiveram seu fato gerador no mês de junho (regime de competência). 13 Tabela 11 – Demonstração do Resultado do Exercício (junho) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – JUNHO Receita de vendas 165.000,00 (–) Custo produtos/mercadorias/serviços vendidos (63.000,00) (=) Lucro bruto 102.000,00 (–) Custos fixos (66.000,00) (=) Resultado operacional 36.000,00 (–) Imposto de renda e contribuição social (34%) (12.240,00) (=) Lucro líquido 23.760,00 Mesmo que as vendas tenham ocorrido a prazo (90 dias), os fornecedores serão pagos a prazo (60 dias), e os custos e despesas fixas serão pagos a prazo (30 dias). Para efeitos contábeis, societários e legais, os eventos tiveram seu fato gerador no mês de junho. Portanto, ainda que não tenha havido a imediata movimentação de dinheiro, o resultado é de R$ 36.000,00 antes do imposto de renda. Esse imposto (R$ 12.240,00) já é devido ao governo por conta do regime de competência dos exercícios, gerando o lucro de R$ 23.760,00. Como se pode perceber, a DRE é idêntica pelo regime de caixa ou pelo regime de competência, uma vez que deve seguir os ditames da teoria contábil (fato gerador), que é corroborada pela legislação societária e também pela legislação fiscal (tributária). Já quando o demonstrativo é o FCO, está se levando em consideração os valores que, de fato e em dinheiro, entraram e saíram do caixa, conforme evidenciado a seguir, admitindo a projeção de entradas de dinheiro (a cada 90 dias) e saídas de dinheiro (a cada 30 e 60 dias). Tabela 12 – Fluxo de Caixa Operacional (junho) F.C.O. JUNHO Saldo anterior R$ -680,00 Vendas (Quantidade) 1.500 un. Entrada (R$ 110,00 por unidade) - Saída (R$ 42,00 por unidade) - Pagto.Custos Fixos em R$ -66.000,00 Imposto de Renda de 34% -12.240,00 Saldo atual de Caixa R$ -78.920,00 Uma vez que as vendas do mês de junho ocorreram a prazo (90 dias), apesar da existência do fato gerador (entrega dos produtos), o efetivo recebimento 14 do dinheiro dos clientes (R$ 165.000,00) deverá acontecer somente no mês de setembro. As compras do mês de junho junto aos fornecedores também ocorreram a prazo (60 dias). Mesmo existindo o fato gerador (recebimento dos produtos), o efetivo pagamento (R$ 63.000,00) deverá ocorrer somente no mês de agosto. Os custos e despesas fixas do mês de junho também tiveram seu fato gerador (trabalho dos colaboradores, consumo de diversos itens de despesas) e ocorreram a prazo (30 dias). O efetivo pagamento (R$ 66.000,00) deverá ocorrer somente no mês de julho. Por sua vez, o imposto de renda teve seu fato gerador no mês de junho, e mesmo sem movimentação de dinheiro, o valor de R$ 12.240,00 já é devido e precisa ser pago ao governo sob pena de futura incidência de correção monetária, juros e multa, caso o pagamento ocorra fora do prazo legal. Também é relevante observar que o FCO do mês de junho resultou em um saldo negativo de R$ 78.920,00. No entanto, esse fato não foi evidenciado no Balanço Patrimonial do mês, uma vez que não é correto apresentar valores negativos no caixa naquele demonstrativo. Além disso, as maneiras pelas quais se buscará resolver o problema do saldo negativo representam o objetivo dos estudos do tema capital de giro mais adiante. Em resumo, por conta do mês de junho, considerando as operações ocorridas com prazos para recebimentos e pagamentos, pode-se constatar no Balanço Patrimonial os valores a receber e a pagar, bem como o resultado do período no Patrimônio Líquido; pode-se constatar na DRE os valores das receitas e custos e despesas, tanto pelo regime de caixa como regime de competência; pode-se constatar no FCO que o saldo negativo revela nitidamente uma necessidade de capital de giro. E qual o valor da real necessidade de capital de giro da empresa? Exatamente os R$ 78.920,00 do saldo negativo? Esse é um assunto que será abordado mais adiante, mais precisamente nas próximas aulas. Para esse momento e em caráter introdutório, segue uma breve noção de qual seria a mínima necessidade de capital de giro da empresa no exemplo desenvolvido. 15 Tabela 13 – Necessidade de capital de giro Maio Junho Julho Agosto 1. Saldo anterior de caixa 0,00 0,00 0,00 0,00 2. Entradas de caixa 0,00 0,00 0,00 110.000 3. Saída de caixa (680) (78.240) (143.360) (187.480) 4. Necessidade de Capital de Giro 680 78.920 222.280 299.760 5. Saldo de caixa 0,00 0,00 0,00 0,00 Para a empresa utilizada no desenvolvimento do exemplo apresentado, os gestores deveriam projetar e conhecer previamente a necessidade de capital de giro do período emquestão, conforme o item 4 do demonstrativo, e implantar tempestivamente soluções para supri-la. Saiba mais Assista ao vídeo para ampliar a compreensão do conteúdo deste tema. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=oZagJasQf9Q>. Acesso em: 2 jun. 2020. TEMA 5 – ESTUDO DE CASO Com o objetivo de melhor fixar o conteúdo e estruturar a compreensão do raciocínio financeiro necessário ao andamento dos temas disponibilizados nas próximas aulas, o desafio agora lançado a título de estudo de caso é que você desenvolva e demonstre as situações dos meses de julho e agosto a exemplo do conteúdo exposto e trabalhado nesta aula para os meses de abril e maio (itens 4.1 e 4.2 do Tema 4). A proposta desafiadora é elaborar o Balanço Patrimonial, a DRE e o FCO referentes aos meses de julho e agosto, seguindo os mesmos dados e prazos informados anteriormente. Uma vez concluídos os demonstrativos, busque a compreensão do contexto e lance uma visão crítica a respeito da situação verificada. 16 REFERÊNCIAS ABREU, J. C. Gestão financeira. Rio de Janeiro: FGV Management, 2015. BIO, S. R. Sistemas de informação: um enfoque gerencial. São Paulo: Atlas, 1985. BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1989. FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2009. GIL, A. de L. Sistemas de informações: contábil, financeiros. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2004. HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1999 ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira: corporate finance. São Paulo: Atlas, 2009. AULA 3 FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO E FLUXO DE CAIXA Prof. Edson Miguel Zedebski 2 TEMA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Todas as operações desenvolvidas pelas empresas em geral — sejam elas referentes à produção ou aquisição de mercadorias e suas vendas, acompanhamento das atividades de logística, marketing, serviços e outras — são impactadas e sofrem influência direta ou indireta das decisões e ações planejadas no âmbito financeiro. Pela estruturação e gerenciamento do fluxo de caixa é que os gestores podem acompanhar rotinas operacionais como pagar pontualmente obrigações assumidas, não deixar ociosos recursos temporariamente disponíveis e proceder a um melhor aproveitamento de valores para expansão e incremento dos seus negócios de maneira mais segura e com maior economicidade, zelando pela disponibilidade de recursos financeiros para a condução dos negócios com eficiência e eficácia. O fundamento da elaboração e controle do fluxo de caixa está alicerçado na tomada de decisões para buscar recursos financeiros necessários para manutenção das atividades e novos investimentos ou buscar as melhores aplicações de recursos financeiros ainda disponíveis. Dessa forma, fica evidente que o saldo do caixa em determinado momento não significa que a empresa está apresentando, naquele momento, lucros ou prejuízos decorrentes de suas operações, mas que deverá ser buscado e mantido um equilíbrio por conta das entradas e saídas de dinheiro. Um planejamento eficiente do fluxo de caixa sinaliza a apuração e a análise de futuro déficit ou superávit de recursos financeiros, evitando que os gestores sejam pegos de surpresa diante de necessidades e compromissos pontuais. Importante lembrar que fluxo de caixa e lucro contábil são duas grandezas mensuradas de formas diferentes, pois quando é empregado o termo caixa em referência corresponde à efetiva entrada ou saída de dinheiro na empresa, já o resultado contábil é apurado pelo confronto entre receitas geradas (faturamento), mesmo que ainda não recebidas, e custos e despesas incorridos, mesmo que ainda não pagos. 3 1.1 Contrastes entre resultados contábeis e fluxo de caixa Para melhor aproveitamento e compreensão do estudo do capital de giro e seu impacto nas decisões empresariais, além de entender a estrutura básica do balanço patrimonial e da demonstração do resultado e sua interpretação, é de fundamental importância a projeção de fluxos de caixa futuros. Ao projetar o fluxo de caixa, os objetivos de um sistema de informações financeiras estão sendo efetivamente atingidos, ou seja, dotar os gestores de informações confiáveis para dar suporte ao processo de tomada de decisões, proporcionando maior segurança para garantir a continuidade das atividades da organização. É preciso ter em mente que a importância do capital de giro vai muito além de se controlar determinado montante de dinheiro que circula nos meios financeiros disponíveis (caixa e bancos) da empresa. Quando ocorrem vendas a prazo, fica evidente o fato de que o dinheiro somente deverá ser recebido dos clientes nas datas (prazos) acordadas no momento da concessão de crédito. Na oportunidade do efetivo recebimento dos valores, não está ocorrendo uma nova venda associada àquela entrada de dinheiro. Fica, então, bastante evidente a importância de se estudar criteriosamente a política de crédito a ser implantada na empresa. Fluxo significa movimento. Caixa significa dinheiro. Fluxo de caixa significa movimento do dinheiro (Abreu, 2015). As vendas geram receitas no momento da transferência dos bens ou serviços aos clientes e interferem, imediatamente, no resultado contábil. No entanto, o dinheiro somente será recebido futuramente e sua entrada não corresponde a resultado contábil, interferindo imediatamente no fluxo de caixa. Para efeitos contábeis e legais, uma receita só pode ser considerada realizada — ou seja, irá compor o resultado — quando forem verificados os seguintes requisitos: conhecer o preço de venda e o preço de custo do item vendido; a efetiva transferência dos bens ou serviços vendidos (benefícios e riscos) ao comprador; a expectativa de receber o valor correspondente à venda; e não haver mais relação de continuidade com a coisa vendida. Também quando ocorrem compras a prazo junto aos fornecedores, o dinheiro somente deverá ser pago nas datas (prazos) acordadas no momento da obtenção de crédito. Na oportunidade do efetivo pagamento dos valores, não está ocorrendo uma nova compra associada àquela saída de dinheiro. 4 As compras geram custos no momento do recebimento dos bens ou serviços dos fornecedores e interferem no resultado contábil quando de sua baixa. No entanto, o dinheiro somente será entregue futuramente e sua saída não corresponde a resultado contábil, interferindo imediatamente no fluxo de caixa. As duas estruturas a seguir buscam reforçar e evidenciar os contrastes em relação à Demonstração do Resultado do Exercício e ao Fluxo de Caixa Operacional. Tabela 1 – Demonstração do Resultado do Exercício e Fluxo de Caixa D.R.E. (Mês) Fluxo de Caixa (Mês) Vendas Brutas (Faturamento = PV x Q) Recebimento de Clientes ( – ) Impostos sobre Vendas ( – ) Pagamento de Impostos ( = ) Vendas Líquidas ( – ) Pagamento a Fornecedores ( – ) Baixas dos Estoques (Custo) ( – ) Pagamento de Salários ( = ) Lucro Bruto ( – ) Outras Saídas de Caixa ( – ) Outras Despesas Operacionais ( – ) Aquisição de Ativos ( = ) Lucro Operacional ( + ) Venda de Ativos ( – ) Provisão para Imposto de Renda (+ ou –) Juros pagos ou recebidos ( = ) Lucro Líquido ( = ) Saldo de Caixa As vendas disparam todo o processo operacional da empresa: produção, mão de obra, logística etc., evidenciando a taxa de retorno a ser obtida. Deve-se sempre partir das vendas, multiplicando a quantidade pelos preços dos produtos vendidos (PV x Q) para saber qual deverá ser a entrada de dinheiro, haja vista que, enquanto uma venda não for feita, nada acontece na empresa. Os demonstrativos projetados são excelentes referências para determinação defluxos de caixa. Ao descontar todos os custos e despesas das receitas geradas em certo intervalo de tempo, obtém-se o fluxo de caixa proporcionado aos investidores. Como esclarecido oportunamente e fazendo uma breve e importante retrospectiva, no momento em que ocorre a venda de produtos, o entendimento contábil e fiscal é de que houve o “fato gerador” para apuração de tributos e de resultados. Assim, mesmo que a venda tenha ocorrido a prazo e o respectivo valor em dinheiro venha a ser recebido em uma data futura, aplica-se o chamado Regime de Competência, no qual a ocorrência do evento já é suficiente para dar início à apuração do resultado (lucro ou prejuízo). Também já se sabe que no momento em que os clientes da empresa fazem pagamentos pelas compras efetuadas, se a transação ocorreu à vista, há a 5 coincidência do Regime de Competência com o Regime de Caixa, ou seja, o fato gerador é interpretado da mesma forma como explicado anteriormente. No entanto, se os clientes fazem pagamentos por conta de compras feitas no passado, apesar da entrada do dinheiro pelos prazos médios acordados, os valores em questão não são considerados para efeito de apuração de resultados (lucro ou prejuízo), mas sim para efeito de saldo de caixa. Com relação aos demais itens, a regra permanece a mesma, haja visto que pagar impostos, fornecedores, salários, aquisição de ativos e outros (juros por exemplo) demanda saída de dinheiro e diminui o saldo do caixa, porém não há qualquer interferência na apuração de resultados (lucro ou prejuízo). Ocorre que pagar fornecedores por compras feitas no passado não corresponde a reconhecer um custo pela compra das mercadorias, mas significa apenas que a empresa honrou seu compromisso assumido pelo prazo obtido ao efetuar o pagamento nada data acordada. Pagar os impostos ao governo significa dizer que, pela ocorrência do fato gerador, os impostos são devidos independentemente de quando e se a empresa irá receber o dinheiro pelas vendas. Pagar salários significa uma contraprestação financeira pelos serviços prestados pelos empregados. No entanto, a despesa com os salários é reconhecida na Demonstração dos Resultados do Exercício pelo Regime de Competência (inclusive com as provisões para férias, 13º salário e encargos patronais) e impacta na apuração de resultados. Quando ocorre a efetiva transferência do dinheiro aos empregados, esta representa uma saída de caixa impactando apenas no saldo do caixa. As mesmas regras se aplicam a todas as demais despesas e custos, uma vez que para efeito de apuração de resultado contábil não importa se o dinheiro entrou ou saiu, e sim se o fato gerador ocorreu. Para efeito de saldo de caixa, não importa o motivo da entrada ou saída de dinheiro, e sim a sua interferência no saldo do caixa ou, ainda, no fluxo de caixa. Contudo, todas as regras e possibilidades aqui citadas dependem, primordialmente, de projeções confiáveis e factíveis. Nas aulas anteriores, as informações davam conta de que “os gestores fizeram uma projeção de faturamento”, surgindo, assim, um impasse: quais ferramentas podem ser utilizadas pelos gestores para previsão de receitas (faturamento)? 6 As metodologias adequadas aplicáveis para esclarecimento da questão são abordadas no tópico seguinte. TEMA 2 – COMO PROJETAR DE MODO CONFIÁVEL UM VALOR PARA AS VENDAS FUTURAS? Existem fundamentalmente três modos utilizados no mercado para projeção de vendas: contratos firmados, histórico de vendas e pesquisas de mercado (Abreu, 2015). 2.1 Contratos firmados É uma maneira bastante segura e com baixo risco de se projetar nível de vendas. Seguem alguns exemplos: Uma empresa tem um contrato de aluguel de um galpão industrial com a Cia. Sólida. Essa empresa sabe que todo final de mês vai receber o aluguel combinado. Uma empresa tem um contrato de fornecer determinada quantidade de refeições para uma conceituada empresa aérea. Essa empresa sabe que vai vender a quantidade contratada e receber o valor combinado. 2.2 Histórico de vendas Um número significativo de empresas segue apenas o histórico de suas vendas, acompanhando principalmente a sazonalidade quanto ao desempenho de seus produtos ou serviços como forma de previsão e projeção de novas vendas. Seguem alguns exemplos: Empresas de turismo têm histórico de vendas altas de pacotes para destinos pontuais na época das férias e vendas baixas fora dessa época. Jornais têm histórico de número de vendas altas durante os dias da semana e vendas baixas no domingo e na segunda-feira. É razoável esperar que, nas próximas semanas, as vendas continuem com esse comportamento. Panificadoras apresentam uma regularidade diária quanto às vendas de pães, bolos e outros produtos, e é de se esperar que esse comportamento prossiga estável. 7 2.3 Pesquisas de mercado É bastante comum empresas em início de atividade ou lançando produtos ou serviços inovadores recorrerem a pesquisas de mercado para buscar maior segurança em suas decisões. Pesquisas de mercado são realizadas no local em que o possível cliente- alvo frequenta (daí vem o nome pesquisa de mercado). Os pesquisadores perguntam se esses “alvos” comprariam determinado produto. Para poder vislumbrar com alguma segurança qual a provável demanda por determinado produto, os gestores recorrem a modelos estatísticos que possam conferir relevância aos resultados em função da investigação do universo de possíveis compradores. TEMA 3 – CAPITAL DE GIRO E SISTEMA DE INFORMAÇÕES O capital de giro representa o coração financeiro da empresa, que engloba o intervalo de tempo que vai desde a compra da matéria-prima ou mercadoria até o recebimento pelas vendas, mantendo as atividades operacionais da empresa até que haja receita (faturamento) suficiente. Ele também serve para que o empresário não venha a contrair dívidas ou empréstimos, que acarretarão ônus, diminuindo a rentabilidade do negócio proposto, além de evitar que a reputação da empresa venha a ser abalada quando bem realizado o controle do fluxo de caixa e as estimativas do capital de giro. Se o capital de giro for insuficiente para financiar a necessidade de capital de giro, o fluxo de caixa será negativo. Por outro lado, quando o fluxo de caixa é positivo, a empresa dispõe de fundos de curto prazo que poderão ser aplicados. No entanto, um saldo de fluxo de caixa positivo em níveis elevados não significa necessariamente uma condição desejável para a empresa, podendo representar perda de oportunidades de investimentos. Para uma política eficiente de prospecção de necessidade de capital de giro e o seu suprimento, os gestores financeiros devem acompanhar atentamente alguns indicadores e características que são determinantes para o sucesso das projeções: a sazonalidade em função das características dos produtos ou serviços da empresa, as características do mercado de atuação, os diferenciais competitivos que se pretende explorar, a política de crédito a ser seguida e fatores como conjuntura econômica e taxas de juros, entre outros. 8 Um aspecto bastante significativo para uma boa gestão de capital de giro diz respeito à sintonia fina entre os prazos de recebimentos e de pagamentos. Se bem observados esses fatores, a tendência é que os investimentos correntes (caixa, bancos, aplicações financeiras, clientes e estoques) superem as obrigações correntes (fornecedores, contas a pagar, impostos a recolher). A situação ideal e desejável é muito óbvia na teoria, porém, nada simples na prática: procurar vender o máximo possível à vista, comprar o máximo possível a prazo e girar muito rapidamente os estoques. Para realizar vendas observando a realidade da maioria das empresas, é fundamental a concessão de crédito e prazo para pagamento aos clientes. No caso das compras, dependendodo poder de negociação de ambas as partes, geralmente os fornecedores de matérias-primas ou mercadorias não cedem tão facilmente na elasticidade de concessão de maiores prazos. Já o giro dos estoques fica na dependência direta do poder aquisitivo dos clientes (público-alvo) e os diferenciais ou vantagens competitivas apresentados pelos concorrentes. Se ao final de um período contábil a empresa apresentar prejuízo, ou seja, custos e despesas maiores do que as receitas (faturamento), esse fato compromete significativamente uma das fontes ideais de capital de giro que é o reinvestimento de parte dos resultados para manutenção ou expansão dos negócios. Um detalhe que também impacta fortemente o volume de capital de giro das empresas é a própria distribuição de resultados (lucros/dividendos), pois reduz o Patrimônio Líquido, que é a fonte de capitais próprios. A aquisição de imóveis, maquinários, veículos e outros equipamentos (ativos imobilizados) à vista ou com financiamento de curto prazo também compromete a manutenção do capital de giro, haja vista que acaba por diminuir os valores disponíveis (caixa, saldos bancários e aplicações financeiras) e compromete a reposição dos estoques e a concessão de crédito aos clientes. Uma vez concedido o crédito aos clientes, cabe também aos gestores definir e adotar uma política eficiente de cobrança dos valores a receber para que atrasos e inadimplência elevados não venham a comprometer a manutenção do capital de giro necessário. 9 TEMA 4 – GENERALIDADES SOBRE A PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Além de buscar as menores taxas de juros ao captar recursos e os maiores retornos possíveis ao aplicar recursos, cabe aos gestores definir a periodicidade ao estruturar o fluxo de caixa que, obviamente, deverá compreender o menor intervalo de tempo possível, sendo o período diário o minimamente ideal. Uma vez que os fatos contábeis (compras, vendas, custos etc.) já tenham ocorrido e tenham sido regularmente registrados no patrimônio de uma empresa em determinado período, a consequência imediata é a elaboração de demonstrativos como o balanço patrimonial, a demonstração do resultado e a demonstração do fluxo de caixa. Todavia, a demonstração do fluxo de caixa no contexto considerado evidenciará todos os eventos passados, ou seja, como circularam os recursos pelos meios financeiros da empresa. Tecnicamente se diz que a Demonstração do Fluxo de Caixa foi elaborada pelo chamado método direto e deverá ser publicada juntamente com o balanço patrimonial e a demonstração de resultados. A seguir, um exemplo de Demonstração do Fluxo de Caixa ratificando o fato de que os eventos já aconteceram e são então evidenciados. Tabela 2 – Demonstração do Fluxo de Caixa DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Fluxo de Caixa da Atividade Operacional + / – $ Recebimento de Clientes + $ Pagamento a Fornecedores – $ Pagamento de Contas a Pagar – $ Pagamento de Despesas Administrativas – $ Pagamento de Despesas Comerciais – $ Pagamento de Juros – $ Fluxo de Caixa da Atividade de Investimento + / – $ Recebimento pela venda de Ativo Imobilizado + $ Pagamento pela compra de Ativo Imobilizado – $ Fluxo de Caixa da Atividade de Financiamento + / – $ Integralização de Capital Social em R$ + $ Pagamento de dividendos – $ Obtenção de Empréstimo + $ Amortização de Empréstimo – $ 10 Variação do Saldo de Caixa + / – $ Saldo Inicial $ Saldo Final $ Já o fluxo de caixa projetado permitirá conhecer dados significativos como: se haverá capacidade de honrar os compromissos assumidos no prazo acordado (saldos finais de cada período); detectar antecipadamente insuficiências (períodos deficitários) ou sobras de caixa (períodos superavitários); buscar estratégias para suprir ou aplicar recursos conforme o caso; permitir negociação de prazos ou descontos com fornecedores e instituições financeiras; viabilizar iniciativas que possam levar a antecipar entradas de recursos; avaliar a viabilidade de investimentos; dentre outros. Não havendo uma criteriosa projeção de fluxo de caixa, certamente os gestores terão alguns problemas para exercer uma boa administração financeira por não dispor de informações confiáveis sobre qual deverá ser o saldo do caixa em determinado momento. Outro problema seria não acompanhar o montante dos ingressos de recursos e o montante dos desembolsos por conta de pagamentos. O maior de todos os problemas certamente reside em comprometer seriamente um gerenciamento eficientemente do capital de giro pelo não acompanhamento eficaz do ciclo financeiro das atividades. Considerando se tratar de projeções de valores tanto para recebimentos quanto para pagamentos, os tomadores de decisões devem trabalhar com expectativas realistas e definir estratégias que permitam desencadear ações corretivas imediatas quando necessário. Em suma, a projeção do fluxo de caixa funciona como uma espécie de cronograma das previsões de receitas, despesas e investimentos e as épocas de suas ocorrências. Apenas a título de ilustração, segue um exemplo bastante simplificado de um Fluxo de Caixa Operacional cuja única intenção, neste momento, é evidenciar que pelo monitoramento diários e pela visualização dos valores de entradas, saídas e saldos, é possível constatar o equilíbrio (ou desequilíbrio) financeiro com vistas a estruturar as decisões de financiamento e aplicação de capital. 11 Tabela 3 – Exemplo de Fluxo de Caixa Operacional Itens Dia 1 Dia 2 Dias n Total Saldo Inicial 1.200,00 1.500,00 ... Entradas (Recebimentos) Vendas à Vista 1.600,00 2.400,00 ... 4.000,00 Duplicatas de Clientes 2.200,00 2.800,00 ... 5.000,00 Empréstimo obtido 5.500,00 0,00 ... 5.500,00 Outros recebimentos 1.700,00 1.800,00 ... 3.500,00 Total de Entradas 11.000,00 7.000,00 ... 18.000,00 Saídas (Pagamentos) Compras à Vista 720,00 480,00 ... 1.200,00 Fornecedores a Pagar 2.680,00 1.320,00 ... 4.000,00 Total Compras 3.400,00 1.800,00 ... 5.200,00 Despesas Variáveis Comissões 1.200,00 800,00 ... 2.000,00 Outras despesas 800,00 500,00 ... 1.300,00 Total Despesas Variáveis 2.000,00 1.300,00 ... 3.300,00 Despesas Fixas Aluguel 1.300,00 1.300,00 ... 2.600,00 Salários 2.700,00 2.700,00 ... 5.400,00 Outras despesas 500,00 300,00 ... 800,00 Total Despesas Fixas 4.500,00 4.300,00 ... 8.800,00 Despesas Financeiras 500,00 200,00 ... 700,00 Outros pagamentos 300,00 100,00 ... 400,00 Total de Saídas 10.700,00 7.700,00 ... 18.400,00 Saldo Final 1.500,00 800,00 ... Como mencionado, o modelo aqui apresentado tem apenas a finalidade de evidenciar o fato de que os gestores podem contar com um demonstrativo projetado para um período diário e, em seguida, consolidado para estruturar suas tomadas de decisões. Os conteúdos até aqui trabalhados, além de esclarecer a estruturação do raciocínio econômico (regime de competência) e financeiro (regime de caixa), tiveram como principal objetivo preparar o caminho para uma compreensão mais adequada da apuração da real necessidade de capital de giro, cujos procedimentos e modelos alicerçados principalmente nos itens do balanço patrimonial serão expostos e discutidos nas aulas seguintes. 12 Além de muito zelo ao gerenciar o fluxo de caixa, deve haver critérios bem definidos e estratégias econômicas quanto aos itens operacionais, como políticas de crédito (clientes e fornecedores), aos níveis de estoques (matérias-primas e mercadorias), dentre outros. As atividades operacionais das empresas são desencadeadas principalmente em função da demanda (mercado consumidor), da oferta (mercado fornecedor) e de outras empresas (mercado concorrente), e ainda dependem das características dos produtos e ou serviços oferecidos como necessidade, funcionalidade e tecnologia. Assim sendo, para dimensionar
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