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Direito Penal Aula 06

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Aula 06
Curso: Direito Penal p/ TRF 3ª Região (Analista Judiciário e Of de Justiça)
Professor: Renan Araujo
Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL 
ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
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AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA. DOS 
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. DO CRIME DE 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA 
(ART. 168-A DO CP). 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
I ± Crimes contra a honra 02 
II ± Crimes contra a fé pública 12 
III ± Crime de Apropriação Indébita Previdenciária 49 
Questões para praticar 54 
Questões comentadas 62 
Gabarito 78 
 
Olá, meus amigos concurseiros! 
 
Hoje é dia de estudarmos os crimes contra a honra e os crimes 
contra a fé pública. 
Estudaremos, ainda, o crime de APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
PREVIDENCIÁRIA, previsto no art. 168-A do CP. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
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I ± DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
 
Os crimes contra a honra são aqueles nos quais o bem jurídico 
tutelado é a honra do ofendido, seja em sua dimensão subjetiva ou 
objetiva: 
x Honra subjetiva ± É o sentimento de apreço pessoal que a 
pessoa tem de si mesma; 
x Honra objetiva ± É o apreço que os outros têm pela pessoa. 
É ligada à imagem da pessoa perante o corpo social. 
 
Os crimes contra a honra são, nos termos do CP, três: 
9 Calúnia; 
9 Injúria; 
9 Difamação 
 
Vamos estudar cada um deles individualmente e, após, veremos 
algumas disposições gerais, aplicáveis a todos eles. 
 
A) Calúnia 
 
A calúnia é a imputação falsa de crime a alguma pessoa, e está 
prevista no art. 138 do CP. Vejamos: 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato 
definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
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É muito comum os leigos confundirem calúnia com injúria e 
difamação, mas vocês não! Vocês jamais poderão confundir isso! Eu 
os proíbo de confundir essa bodega! 
Na calúnia, o bem jurídico tutelado é a HONRA OBJETIVA do 
ofendido, pois o que está em jogo é a sua imagem perante a sociedade, 
perante o grupo que o rodeia. 
O tipo objetivo é a conduta de imputar a alguém falsamente fato 
definido como crime, e essa conduta pode ser praticada somente na 
forma comissiva, não se admitindo na forma omissiva. Entretanto, não 
se exige que seja realiza mediante palavras (escritas ou faladas), 
podendo ser realizada mediante gestos, insinuações (calúnia reflexa), etc. 
Ou seja, qualquer meio apto para provocar a calúnia é admissível como 
forma de realização do núcleo do tipo penal. 
A calúnia pode ocorrer quando o fato imputado não ocorreu ou 
quando mesmo tendo ocorrido, não foi o caluniado o seu autor. 
Qualquer pessoa, em regra, pode praticar o delito (sujeito 
ativo). Entretanto, em alguns casos, algumas pessoas gozam de 
imunidade material, não praticando crime quando caluniam alguém no 
exercício da profissão (parlamentares, por exemplo). O sujeito passivo 
também pode ser qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma qualidade 
especial. Até os mortos podem ser caluniados (quando se atribui a 
eles a prática de crime quando em vida, óbvio!), mas os sujeitos 
passivos, nesse caso, SÃO SEUS FAMILIARES. Nos termos do § 2° do 
art. 138 do CP: 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
 
Mas, professor, então o inimputável não pode ser caluniado, 
pois não comete crime? Errado! A Doutrina não é unânime, mas 
mesmo aqueles que entendem que o crime é tripartido (fato típico, ilícito 
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e culpável) entendem que o inimputável pode ser caluniado, pois o art. 
���� QmR� GL]� ³LPSXWDU� D� DOJXpP� IDOVDPHQWH� FULPH´�� PDV� GL]� ³LPSXWDU� D�
DOJXpP� IDWR� GHILQLGR� FRPR� FULPH´�� $VVLP�� QmR� VH� H[LJH� TXH� R� RIHQGLGR�
seja culpável (imputável), bastando que o fato que lhe está sendo 
imputado seja definido, abstratamente, como crime. 
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não se admitindo a calúnia 
culposa. Entretanto, devo lembrar a vocês a figura do dolo eventual. 
Assim, se alguém imputa a outrem fato definido como crime, mesmo sem 
intenção de caluniá-lo, mas sabendo que é provável que o fato não tenha 
ocorrido (dolo eventual), pouco se importando com as consequências de 
seu ato, cometerá o crime. 
Mas e se alguém não comete o crime com a intenção de 
caluniar, mas apenas para fazer uma brincadeira? Nesse caso, não 
há crime. É necessária a intenção de caluniar, não se punindo a conduta 
daquele que age com intenção de brincar (animus jocandi) ou de narrar o 
fato (caso da testemunha, por exemplo, que age com animus narrandi). 
 
9 Se o agente imputa a si mesmo fato definido como crime, de 
maneira falsa (autocalúnia), poderá estar praticando o crime de 
autoacusação falsa (art. 341 do CP), mas não calúnia! 
9 A calúnia contra o Presidente da República, por questões políticas, 
configura crime contra a segurança nacional (Lei 7.170/83). 
 
O § 1° do art. 138 traz, ainda, a figura equiparada, que é a de 
propalar ou divulgar calúnia, sabendo que o fato é falso: 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a 
imputação, a propala ou divulga. 
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Nessa modalidade (equiparada), só se admite o dolo direto, e não 
HYHQWXDO��SRLV�R�WLSR�GL]�³VDEHQGR�IDOVD´��R�TXH�H[FOXL�R�GROR�HYHQWXDO�� 
O crime se consuma com a divulgação da calúnia a um 
terceiro. Não basta, portanto, que somente o sujeito ativo e o sujeito 
passivo tenham conhecimento da calúnia, pois, como disse, tutela-se a 
honra objetiva, sendo necessário que alguém além os sujeitos da infração 
chegue a ter conhecimento da calúnia, sob pena de termos um indiferente 
penal. 
Trata-se de um CRIME FORMAL, não se exigindo que a honra 
objetiva da vítima seja, de fato, atingida. Como assim? Imagine que o 
infrator impute ao sujeito passivo um fato definido como crime, levando 
ao conhecimento de algumas pessoas esse fato. Imaginem, agora, que 
estas pessoas não acreditem no caluniador, pois sabem da retidão e da 
lisura do ofendido. Nesse caso, não houve resultado naturalístico, pois 
a honra objetiva do sujeito passivo não foi atingida. ISSO É 
IRRELEVANTE PARA A CONSUMAÇÃO DO DELITO! 
Ah, então quer dizer que não cabe tentativa? Isso aí... É CLARO 
QUE NÃO!! Eu disse isso, por um acaso??????? 
Não se esqueçam que É POSSÍVEL A TENTATIVA NOS CRIMES 
FORMAIS! 
Mas como, se o crime se consuma com a prática da conduta, 
não havendo resultado? Ora, sempre que pudermos fracionar a 
conduta (iter criminis), poderemoster tentativa. Assim, imagine que 
Rodrigo encaminhe para Sabrina um carta contendo um fato calunioso em 
relação à Débora. Imagine, agora, que Débora intercepte a carta antes 
que ela chegue ao conhecimento de Sabrina (terceiro). Nesse caso, houve 
tentativa. Aprendeu, malandro? 
Admite, neste crime, a chamada exceptio veritatis, ou, em bom 
português, EXCEÇÃO DA VERDADE, que nada mais é que o direito que o 
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sujeito ativo possui de provar que o fato que ele imputa ao sujeito 
passivo, de fato ocorreu. 
Entretanto, existem casos em que não se admite a prova da verdade. 
Nos termos do §3° do art. 138: 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o 
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº 
I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido 
foi absolvido por sentença irrecorrível. 
 
Assim, não se admite prova da verdade: 
9 No caso de crime de ação penal privada, se não houve ainda 
sentença irrecorrível ± Assim, se o ofendido ainda está 
respondendo a processo criminal, não pode o caluniador 
alegar a exceção da verdade; 
9 No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República 
ou chefe de governo estrangeiro; 
9 No caso de crime de ação penal pública, CASO O 
CALUNIADO JÁ TENHA SIDO ABSOLVIDO POR SENTENÇA 
PENAL TRANSITADA EM JULGADO; 
 
Parte da Doutrina, com fundamento no art. 523 do CPP, vem 
admitindo a chamada exceção de notoriedade, ou seja, é possível ao 
caluniador provar que o fato que ele imputa ao ofendido já é do 
conhecimento de todos, não havendo, portanto, qualquer lesividade em 
sua conduta. 
 
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B) Difamação 
 
A difamação, à semelhança da calúnia, também tem como bem 
jurídico tutelado a HONRA OBJETIVA do ofendido. Nos termos do art. 
139 do CP: 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua 
reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Reparem que há uma diferença BRUTAL em relação à calúnia. Aqui, o 
fato imputado ao ofendido não é crime, mas apenas ofensivo à sua 
reputação. 
EXEMPLO: Imagine que Ricardo espalhe para a vizinhança que 
Roberto anda saindo com um travesti. Nesse caso, não haverá calúnia, 
pois o fato não é crime, mas difamação. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Temos, portanto, um 
CRIME COMUM. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, 
não se exigindo qualquer qualidade da vítima. 
 CUIDADO! Não se pune a difamação contra os mortos! 
 
O tipo subjetivo aqui também é o dolo (direto ou eventual), não se 
admitindo a forma culposa. 
A consumação também se dá quando UM TERCEIRO TOMA 
CONHECIMENTO DO FATO DIFAMATÓRIO, independentemente de 
acreditar ou não no fato (lesão à honra objetiva). A tentativa é possível 
na forma escrita (fracionamento do iter criminis). 
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A exceção da verdade, aqui, SÓ É ADMITIDA SE O OFENDIDO 
É FUNCIONÁRIO PÚBLICO e a difamação se refere ao exercício das 
funções. Nos termos do § único do art. 139: 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o 
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício 
de suas funções. 
 
À exemplo do que ocorre no tipo de calúnia, no crime de difamação, 
parte da Doutrina vem sustentando que não se deve punir aquela pessoa 
que simplesmente repete o que todo mundo já sabe (EXCEÇÃO DE 
NOTORIEDADE). 
 
C) Injúria 
 
Diferentemente dos dois primeiros tipos penais, a injúria não busca 
tutelar a honra objetiva, mas a HONRA SUBJETIVA DO OFENDIDO. 
Nos termos do art. 140 do CP: 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o 
decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Vou dar um EXEMPLO: Imagine que José ofenda Carol, chamando-
a de pobretona fedorenta. Nesse caso, o que está sendo violada não é a 
honra objetiva de Carol (sua imagem perante a sociedade), mas sua 
honra subjetiva (seu sentimento de apreço pessoal), pois a ofensa tem 
por finalidade fazê-la sentir-se inferir, diminuída. 
Sujeito ativo e passivo também podem ser qualquer pessoa, não se 
exigindo nenhuma qualidade especial. 
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Outra diferença gritante refere-se ao objeto da ofensa. Aqui não se 
trata de um FATO, mas da emissão de um conceito depreciativo 
sobre o ofendido (prostituta, fedorento, safado, etc). 
Aqui, diferentemente do que ocorre na difamação e na calúnia, não 
se exige que um terceiro tome conhecimento da ofensa, pois o que se 
tutela é a honra subjetiva, sendo necessário que a própria VÍTIMA TOME 
CONHECIMENTO DAS OFENSAS. 
Da mesma forma que os demais, o CRIME É FORMAL, ou seja, se 
consuma com a chegada da ofensa ao conhecimento da vítima, 
independentemente do fato de esta se sentir ou não ofendida (resultado 
naturalístico dispensável). Da mesma forma, cabe tentativa no caso de 
ofensa escrita. 
 ATENÇÃO! Na injúria NUNCA se admite prova da verdade (exceptio 
veritatis). 
 
O § 1° estabelece duas hipóteses que a Doutrina classifica como 
PERDÃO JUDICIAL. É o caso da provocação e da retorsão: 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou 
diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
O § 2° traz o que se chama de INJÚRIA REAL, pois há contato físico, 
de forma que a intenção do agente seja humilhar o ofendido através do 
contato físico (tapa na cara humilhante, por exemplo): 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, 
por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem 
aviltantes: 
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Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da 
pena correspondente à violência. 
 
É necessário que o agente, nesse crime, POSSUA A FINALIDADE 
ESPECIAL DE AGIR (elemento subjetivo específico), consistente na 
intenção de ofender. Imagine que Roberto dê um tapa no rosto de 
Victor, apenas para machucá-lo, sem intenção de ofender (animus 
injuriandi). Nesse caso, haverá apenas lesão corporal, e não injúria, pois 
ausente a intenção de humilhar. 
A Doutrina (majoritária) entende que há CONCURSO MATERIAL 
entre o crime de lesão corporal e o crime de injúria. Caso haja apenas 
vias-de-fato (tapa leve, sem lesões), a contravenção (vias-de-fato) fica 
absorvida pela injúria.O § 3°, por sua vez, traz a INJÚRIA QUALIFICADA, que é uma 
modalidade de injúria para a qual a lei prevê uma pena mais grave, em 
razão da maior reprovabilidade da conduta. Vejamos: 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a 
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa 
ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, 
de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 
9.459, de 1997) 
 
Aqui, a intenção do agente é ofender! Não confundam com o crime 
de RACISMO, no qual o infrator pratica uma espécie de segregação, de 
forma a marginalizar determinada pessoa em razão de alguma condição 
pessoal (Crimes da Lei 7.716/89). 
EXEMPLO: Se Marcela xinga Juliana, chamando-a de favelada 
fedorenta (origem da pessoa), pratica crime de injúria qualificada. Agora, 
imagine que Marcela proíba Juliana de adentrar em sua loja, aberta ao 
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público, apenas pelo fato de esta pessoa ser negra. Nesse caso, há 
racismo, pois a ofensa se dá de forma indireta, mediante a prática de 
algum ato discriminatório. 
A Doutrina não admite o perdão judicial na injúria qualificada nem na 
injúria real. 
 
D) Disposições comuns 
 
 
 Se o crime é cometido contra o Presidente da República ou chefe 
de governo estrangeiro, contra funcionário público (no exercício da 
função), na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a 
divulgação ou, ainda, contra pessoa maior de 60 anos ou deficiente 
(salvo no caso da injúria), a pena do agente é aumentada em 
1/3; 
 Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de 
recompensa, a pena é aplicada em DOBRO; 
 A injúria ou difamação não é punível se realizada em juízo, pela 
parte ou seu procurador (com a finalidade de defender seu direito), 
se decorre de mera crítica literária, artística ou científica (salvo se 
inequívoca intenção de injuriar), ou se realizada pelo funcionário 
público na avaliação e emissão de conceito acerca de informação 
que preste no exercício da função. Entretanto, quem dá publicidade 
à primeira e terceira hipótese, responde pelo crime; 
 Se o querelado (infrator) antes da sentença (da sentença de 
primeiro grau!) se retrata da CALÚNIA OU DIFAMAÇÃO (Não da 
injúria!) fica ISENTO DE PENA; 
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 Se alguém se sentir ofendido por frases ou alusões não explícitas, 
pode pedir explicações em Juízo. Se o reclamado não prestar os 
esclarecimentos, responderá pela ofensa alegada; 
 A ação penal É EM REGRA PRIVADA, salvo no caso da INJÚRIA 
REAL, na hipótese de haver violência; 
 A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO 
MINISTRO DA JUSTIÇA no caso de ofensa ao Presidente da 
República ou chefe de governo estrangeiro; 
 A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO 
DO OFENDIDO, no caso de ofensa contra funcionário público no 
exercício das funções ou no caso de INJÚRIA QUALIFICADA (art. 
140, § 3°). 
 
 
II ± DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
 
Os crimes contra a fé pública são crimes praticados tanto por 
particulares quanto por agentes públicos, e o bem jurídico lesado é a 
fé pública, ou seja, a sensação de credibilidade que as pessoas em geral 
têm em relação aos documentos e outros objetos que possuam esta 
característica, sejam eles públicos ou privados. 
Existem diversos tipos penais previstos, dividindo-se basicamente 
em: 
x MOEDA FALSA; 
x FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS; 
x FALSIDADE DOCUMENTAL; 
x OUTRAS FALSIDADES; 
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x FALSIDADES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO 
(Incluído pela Lei 12.550/2011) 
 
Vamos estudar cada um deles. Vou fazer o seguinte para a aula não 
ficar cansativa. Vou transcrever o artigo do CP e apresentar, abaixo, um 
quadro esquemático, contendo informações sobre quem pode ser sujeito 
ativo e passivo do crime, o bem jurídico tutelado, o objeto material do 
delito, o tipo objetivo e subjetivo do delito, bem como algumas 
considerações que forem pertinentes! 
 
A) Moeda Falsa 
 
O art. 289 do CP prevê o crime de moeda falsa propriamente dito, 
que é assim caracterizado: 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda 
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no 
estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou 
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, 
empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, 
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de 
conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a 
dois anos, e multa. 
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§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o 
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de 
emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz 
circular moeda, cuja circulação não estava ainda 
autorizada. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum) 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar ou 
alterar. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL A moeda alterada ou falsificada. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que a 
moeda é fabricada ou alterada, não no 
momento em que ela entra em 
circulação. Admite-se tentativa, pois não 
se trata de crime que se perfaz num 
único ato (pode-se desdobrar seu iter 
criminis ± caminho percorrido na 
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execução). 
CONSIDERAÇÕES 
IMPORTANTES 
x A Doutrina entende que se a 
falsificação for grosseira, não há crime, 
por não possuir potencialidade lesiva 
(não tem o poder de enganar ninguém). 
x A forma qualificada prevista no 
§ 3° só admite como sujeitos ativos 
aquelas pessoas ali enumeradas 
(crime próprio); 
x O § 4° estabelece crime de 
circulação de moeda ainda não 
autorizada a circular. Pode ser praticado 
por qualquer pessoa (crime comum), 
mas a pena prevista é a do § 3°; 
x Os §§ 1° e 2° do artigo trazem 
outras hipóteses nasquais também 
ocorre o crime (outras condutas 
assemelhadas), sendo que no caso do § 
2°, a pena é diferenciada, em razão do 
menor desvalor da conduta. No § 2°, o 
agente deve ter recebido a moeda falsa 
de boa-fé (sem saber que era falsa). Se 
recebeu de má-fé, responde pelo crime 
do § 1°. 
 
O art. 290 do CP prevê condutas que se assemelham à falsificação de 
moeda prevista no art. 289: 
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de 
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes 
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verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, 
para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua 
inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete 
em tais condições, ou já recolhidos para o fim de 
inutilização: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze 
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que 
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava 
recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. 
(Vide) 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
Entretanto, se quem cometer o crime for 
funcionário púbico que trabalha no local, 
ou tem fácil acesso a ele em razão do 
cargo, a pena é aumentada para até 12 
aos, conforme previsto no § único. 
Nessa hipótese, o crime é próprio. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de formar cédula 
com fragmentos de outras cédulas, 
suprimir sinal de inutilização de cédula 
ou recolocar em circulação cédula 
inutilizada. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
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admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal 
de inutilização suprimido ou foi 
recolocada em circulação. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que a 
moeda é formada, tem seu sinal 
inutilizado ou entra em circulação, a 
depender de qual das condutas se trata. 
Admite-se tentativa, pois não se trata de 
crime que se perfaz num único ato 
(pode-se desdobrar seu iter criminis ± 
caminho percorrido na execução). 
CONSIDERAÇÕES 
IMPORTANTES 
x A Doutrina entende que se a 
falsificação for grosseira, não há 
crime, por não possuir 
potencialidade lesiva (não tem o 
poder de enganar ninguém). O poder de 
iludir (imitatio veri) é indispensável. 
Caso não haja esse poder, poderemos 
estar diante de estelionato, no máximo, 
caso haja obtenção de vantagem 
indevida em detrimento de alguém 
mediante esta fraude. 
 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. MOEDA FALSA. FALSIFICAÇÃO 
GROSSEIRA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. CONDUTA ATÍPICA. ORDEM 
CONCEDIDA. 1. O crime de moeda falsa exige, para sua configuração, que a 
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falsificação não seja grosseira. A moeda falsificada há de ser apta à circulação como se 
verdadeira fosse. 2. Se a falsificação for grosseira a ponto de não ser hábil a ludibriar 
terceiros, não há crime de estelionato. 3. A apreensão de nota falsa com valor de cinco 
reais, em meio a outras notas verdadeiras, nas circunstâncias fáticas da presente impetração, 
não cria lesão considerável ao bem jurídico tutelado, de maneira que a conduta do paciente é 
atípica. 4. Habeas corpus deferido, para trancar a ação penal em que o paciente figura como 
réu. 
 
(HC 83526, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Primeira Turma, julgado em 
16/03/2004, DJ 07-05-2004 PP-00025 EMENT VOL-02150-02 PP-00271) 
 
 
2�DUW������SUHYr�R�FULPH�GH�³SHWUHFKRV�SDUD�IDOVLILFDomR�GH�PRHGD´��
assim descrito: 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou 
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento 
ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de 
moeda: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer dos 
³YHUERV´�SUHYLVWRV�QR�DUW������ �IDEULFDU��
adquirir, etc.). 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O maquinário ou equipamento destinado 
à falsificação de moeda. 
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CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente pratica a conduta descrita no 
núcleo do tipo (verbo), seja adquirindo, 
fornecendo ou fabricando o equipamento 
destinado à falsificação de moeda; 
CONSIDERAÇÕES 
IMPORTANTES 
O equipamento deve ter como finalidade 
precípua a falsificação de moeda. Assim, 
se alguém fornece, por exemplo, 
equipamento que se destina a inúmeras 
funções, e dentre elas, pode ser usado 
para esse fim, não há a prática do crime, 
que exige que o equipamento se destine 
precipuamente a essa finalidade 
criminosa; 
 
Já o artigo 292 encerra o capítulo relativo aos crimes de 
moeda falsa�� HVWDEHOHFHQGR� FRPR� FULPH� D� FRQGXWD� GH� ³emissão de 
título ao SRUWDGRU�VHP�SHUPLVVmR�OHJDO´� 
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale 
ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao 
portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem 
deva ser pago: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer 
dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de 
detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. 
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SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO Caracteriza-VH� QD� ³HPLVVmR´� GH�
documento ao portador (aqueles 
documentos descritos no artigo). 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal 
de inutilização suprimido ou foi 
recolocada em circulação. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente emite o documento ao portador, 
não sendo necessário que seja 
apresentado a terceiros; 
 
Sobre os tipos penais relativos à moeda falsa, vale destacar as 
seguintes questões:(CESPE ± 2010 ± ABIN ± OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA) 
Com base nos delitos em espécie, julgue o próximo item. 
Um agente que tenha adquirido cinco cédulas falsas de R$ 50,00 
com o intuito de introduzi-las no comércio local deve responder 
pelo tipo de moeda falsa, visto que, nessa situação, não se aplica 
o princípio da insignificância como causa excludente de 
tipicidade. 
COMENTÁRIO: O crime de moeda falsa está previsto no art. 289 do CP, 
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e tem como condutas, dentre outras, a introdução da moeda falsa em 
circulação. Vejamos: 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda 
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no 
estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou 
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, 
empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
Segundo a Jurisprudência pacífica do STJ, não se aplica o princípio da 
insignificância ao delito de moeda falsa. Vejamos: 
HABEAS CORPUS. MOEDA FALSA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO 
PARA O DELITO DE ESTELIONATO. NECESSIDADE DE 
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
INCOMPATIBILIDADE COM A VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA. 
1. Segundo iterativa jurisprudência desta Corte e do Supremo 
Tribunal Federal, o princípio da insignificância não é aplicável ao 
delito de moeda falsa, independentemente, da quantidade de 
notas ou do valor por elas ostentado. 
(...) 
(HC 149.552/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 
QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 22/08/2012) 
 
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
 
(CESPE ± 2010 ± AGU ± PROCURADOR FEDERAL) 
Acerca dos crimes relativos a licitação, crimes contra a fé pública 
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e crimes contra as relações de consumo, julgue o item a seguir. 
É atípica a conduta do agente que desvia e faz circular moeda 
cuja circulação ainda não estava autorizada, pois constitui 
elementar do crime de moeda falsa a colocação em circulação de 
moeda com curso legal no país ou no exterior. 
COMENTÁRIO: O crime de moeda falsa está previsto no art. 289 do CP. 
Vejamos: 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda 
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no 
estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
Assim, vemos que a circunstância "de curso legal no país ou no 
estrangeiro" é uma elementar do tipo, de forma que, ausente esta 
circunstância no objeto falsificado, estará afastada a caracterização do 
delito de moeda falsa. 
No entanto, o §4º estende os efeitos do tipo penal do caput à conduta 
daquele que pratica o fato em relação à moeda cuja circulação ainda não 
tenha sido autorizada. 
Vejamos: 
Art. 289 (...) 
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular 
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. 
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
 
(CESPE - 2012 - PF - AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) 
Luiz, proprietário da mercearia Pague Menos, foi preso em 
flagrante por policiais militares logo após passar troco para 
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cliente com cédulas falsas de moeda nacional de R$ 20,00 e R$ 
10,00. Os policiais ainda apreenderam, no caixa da mercearia, 22 
cédulas de R$ 20,00 e seis cédulas de R$ 10,00 falsas. Nessa 
situação, as ações praticadas por Luiz ² guardar e introduzir em 
circulação moeda falsa ² configuram crime único. 
COMENTÁRIOS: No caso, a afirmativa está correta, eis que as condutas 
GH�³JXDUGDU´�H�³LQWURGX]LU�HP�FLUFXODomR´�PRHGD�IDOVD�FRQILJXUDP�DSHQDV�
XP�GHOLWR��TXDO�VHMD��R�GHOLWR�GH�³PRHGD�IDOVD´��SUHYLVWR�QR�DUW��������ž�
do CP: 
Moeda Falsa 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou 
papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, 
importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda 
ou introduz na circulação moeda falsa. 
 
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
 
(CESPE - 2012 ± PC/CE - INSPETOR DE POLÍCIA - CIVIL) 
Se um indivíduo adquirir, gratuitamente, maquinismo para 
falsificar moedas e alcançar o seu intento, então, nesse caso, ele 
responderá pelo crime de moeda falsa em concurso com o delito 
de petrechos para falsificação de moeda. 
COMENTÁRIOS: 3DUD�TXH�R�DJHQWH�³IDEULTXH´�PRHGD�IDOVD��SUDWLFDQGR�R�
crime do art. 289 do CP, é necessário que ele se utilize do maquinário 
necessário, tendo, portanto, a sua posse ou guarda. Desta forma, 
quando o agente fabrica moeda falsa ele necessariamente está 
praticando também o delito de ³SHWUHFKRV� GH� IDOVLILFDomR´�� SUHYLVWR� QR�
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art. 291 do CP. 
Contudo, como um é meio necessário para o outro (possuir o maquinário 
é meio necessário para fabricar moeda falsa), o agente responde apenas 
pelo crime-fim (moeda falsa), ficando o crime-meio (petrechos de 
falsificação) absorvido, pelo princípio da consunção. 
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
 
(CESPE - 2008 ± SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR MUNICIPAL) 
Considere a seguinte situação hipotética. 
Kátia, proprietária de uma lanchonete, recebeu, de boa-fé, uma 
moeda falsa. Após constatar a falsidade da moeda, para não ficar 
no prejuízo, Kátia restituiu a moeda à circulação. Nessa situação, 
a conduta de Kátia é atípica, pois ela recebeu a moeda falsa de 
boa-fé. 
COMENTÁRIOS: Neste caso, Kátia TAMBÉM responde pelo delito de 
³PRHGD� IDOVD´�� FRP� SHQDOLGDGH� PDLV� EUDQGD�� SRLV� DSyV� VDEHU� GD�
falsidade da moeda, a restituiu à circulação, nos termos do art. 289, §2º 
do CP: 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou 
papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
(...) 
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda 
falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a 
falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e 
multa. 
 
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
 
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(FCC - 2007 - TRF-2R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Quem fornece para terceiros equipamento especialmente 
destinado à falsificação de moeda, pratica o crime de 
a) favorecimento pessoal. 
b) moeda falsa em co-autoria. 
c) receptação. 
d) favorecimento real. 
e) petrechospara falsificação de moeda. 
COMENTÁRIO�� 2� FULPH� HP� WHOD� p� R� FULPH� GH� ³SHWrechos para 
IDOVLILFDomR� GH� PRHGD´�� SRLV� D� FRQGXWD� GR� DJHQWH� VH� DPROGD�
perfeitamente a um dos tipos objetivos deste crime, que consiste em 
fornecer (dentre outras condutas) equipamento destinado à falsificação 
de moeda, conforme previsão típica contida no art. 291 do CP. Desta 
maneira, a alternativa correta é a LETRA E. 
 
(ESAF ± 2007 ± AGU ± PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL) 
Assinale a opção correta quanto aos crimes contra a fé pública 
nos termos da legislação penal, doutrina e da jurisprudência dos 
tribunais superiores. 
a) O crime de Moeda Falsa (art. 289 do CP), crime formal de 
perigo, admite a tentativa. 
b) No Direito Brasileiro, não há distinção entre a falsidade 
material e a falsidade ideológica. 
c) Beltrano substituiu a foto de Fulano na carteira de identidade 
com o objetivo de entrar em clube esportivo restrito para os 
sócios. No caso, Beltrano incidiu na hipótese de falsidade 
ideológica. 
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d) O crime de Falsidade de Atestado Médico (art. 302), crime 
próprio, admite a tentativa. 
e) Carlos possui máquina qXH� ³IDEULFD´� GyODU� SDUD� SURGX]LU�
moeda falsa. Assim, a sua conduta enseja concurso material pelo 
crime de Petrechos para Falsificação de Moeda e pelo crime de 
Moeda Falsa. 
COMENTÁRIOS: 
ALTERNATIVA A - ERRADA: O crime de moeda falsa (art. 289) admite 
tentativa, o que não admite tentativa é o crime de "petrechos de 
falsificação", do art. 291 do CP. 
O erro da questão é afirmar que o delito é crime de perigo, quando na 
verdade é crime de lesão (exige-se lesão ao bem jurídico, ainda que não 
haja resultado material), embora seja formal, ou seja, o resultado 
naturalístico não é relevante para a consumação do delito, bastando a 
mera realização da conduta descrita no tipo penal (que por si só 
representa lesão ao bem jurídico). 
ALTERNATIVA B - ERRADA: O Direito Penal brasileiro diferencia a 
falsidade material da ideológica, sendo a primeira referente à forma, à 
estrutura do documento, e a segunda referente ao seu conteúdo; 
ALTERNATIVA C - ERRADA: No caso em tela fulano não praticou o 
crime de falsidade ideológica, pois sua intenção foi se passar por outra 
pessoa, de forma que o crime praticado é o de falsa identidade, previsto 
no art. 307 do Código Penal; 
ALTERNATIVA D - CORRETA: O crime de falsidade de atestado médico, 
de fato, é próprio, pois somente pode ser praticado pelo médico, 
devidamente qualificado e inscrito no órgão profissional, bem como 
admite tentativa, pois a conduta pode ser fracionada; 
ALTERNATIVA E - ERRADA: O crime de moeda falsa, quando praticado 
na modalidade "fabricando-a ou alterando-a", absorve, necessariamente, 
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o crime-meio, que consiste na guarda ou posse de equipamentos para 
fabricação de moeda (petrechos para falsificação de moeda); 
 
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 
 
 
B) Da Falsidade de Títulos e outros papéis públicos 
 
Aqui o CP incrimina condutas diversas, relativas à falsificação, em 
todas as suas formas, de papéis públicos. 
O art. 293 prevê: 
 
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer 
papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; 
(Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) 
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; 
III - vale postal; 
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa 
econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de 
direito público; 
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento 
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou 
caução por que o poder público seja responsável; 
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VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte 
administrada pela União, por Estado ou por Município: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 
11.035, de 2004) 
I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis 
falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 
11.035, de 2004) 
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, 
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado 
a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) 
III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém 
em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, 
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou 
mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) 
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle 
tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária 
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei 
nº 11.035, de 2004) 
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, 
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal 
indicativo de sua inutilização: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
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§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, 
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. 
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-
fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se 
referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade 
ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 
(dois) anos, ou multa. 
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III 
do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, 
inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros 
públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 
2004) 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO As condutas (tipos objetivos) previstos 
para este crime são inúmeras, podendo 
ser praticado o crime quando o agente 
realizar quaisquer das atividades 
previstas no núcleo do tipo. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL Qualquer dos documentos previstos no 
artigo, que tenha sido alterado, 
inutilizado recolocado à circulação, etc. 
CONSUMAÇÃO E Consuma-se no momento em que o 
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TENTATIVA agente pratica a conduta, seja 
recolocando em circulação o documento 
retirado de circulação, alterando o 
documento, etc, variando conforme o 
tipo previsto; 
 
Já o art. 294 prevê o crime de ³petrechos de falsificação´�� TXH�
são, basicamente, as condutas relacionadas aos objetos destinados à 
falsificação, podendo consistir na guarda, fornecimento, fabricação, etc, 
destes equipamentos: 
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto 
especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis 
referidos no artigo anterior: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
Entretanto, o art. 295 estabelece que se 
o agente é funcionário público, aumenta-
se a pena em 1/6. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer das 
previstas no tipo, seja fabricar, adquirir, 
fornecer, possuir ou guardar estes 
objetos destinados à falsificação. 
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TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O equipamento destinado à falsificação. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente pratica a conduta prevista no 
núcleo (verbo) do tipo. Admite-se 
tentativa, pois não se trata de crime que 
se perfaz num único ato (pode-se 
desdobrar seu iter criminis ± caminho 
percorrido na execução). 
 
C) Da Falsidade documental 
 
O art. 296 prevê o crime de falsificação de selo ou sinal público: 
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de 
Estado ou de Município; 
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, 
ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: 
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; 
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em 
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. 
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III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, 
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou 
identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
Porém, o § 2° estabelece que se o 
agente for funcionário público 
prevalecendo-se do cargo, a pena é 
aumentada em 1/6. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser a de fabricação ou 
adulteração dos documentos previstos, 
ou, ainda, a utilização destes, conforme 
o § 1° do art. 296. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O documento, utilizado, alterado ou 
fabricado. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente fabrica, adultera ou utiliza o 
documento. No último caso o documento 
deve ser levado ao conhecimento de 
terceiros. Admite-se tentativa, pois não 
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se trata de crime que se perfaz num 
único ato (pode-se desdobrar seu iter 
criminis ± caminho percorrido na 
execução). 
 
O art. 297, por sua vez, trata da falsificação de documento 
público: 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, 
ou alterar documento público verdadeiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta 
parte. 
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento 
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador 
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, 
os livros mercantis e o testamento particular. 
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que 
seja destinado a fazer prova perante a previdência social, 
pessoa que não possua a qualidade de segurado 
obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado 
ou em documento que deva produzir efeito perante a 
previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter 
sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
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III - em documento contábil ou em qualquer outro documento 
relacionado com as obrigações da empresa perante a 
previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter 
constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos 
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, 
a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de 
prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
Entretanto, se o crime é cometido por 
funcionário público prevalecendo-se do 
cargo, a pena é aumentada em 1/6, nos 
termos do § 1° do art. 297. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar 
documento público falso ou alterar 
documento público verdadeiro ou até 
mesmo inserir informação errônea, no 
caso do § 3°. Vejam que se trata de 
hipótese (§ 3°) que mais se assemelha à 
falsidade ideológica, mas que a lei 
considera como falsidade de documento 
público; 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
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OBJETO MATERIAL O documento fabricado, alterado ou no 
qual foi inserida a informação falsa. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente fabrica o documentofalso ou 
altera o documento verdadeiro, ou, 
ainda, quando insere a informação 
inverídica nos documentos previstos no § 
3° do art. 297, não sendo necessária sua 
efetiva apresentação perante a 
Previdência Social. Admite-se tentativa, 
pois não se trata de crime que se perfaz 
num único ato (pode-se desdobrar seu 
iter criminis ± caminho percorrido na 
execução). 
CONSIDERAÇÕES 
IMPORTANTES 
x O § 2° traz um rol de documentos 
que são equiparados a documentos 
públicos, embora elaborados por 
particulares. Cuidado! Trata-se de um 
rol taxativo, ou seja, não se pode 
ampliá-lo por analogia, pois a 
falsificação de documento público é mais 
grave que a falsificação de documento 
particular, gerando sanção também mais 
grave. Desta forma, aplicar a 
analogia aqui seria fazer analogia in 
malam partem, o que, como nós já 
vimos, é vedado no Direito Penal. 
x O STJ e o STF entendem que se o 
documento falso é fabricado para a 
prática de estelionato, e a sua 
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potencialidade lesiva se esgota nele, o 
crime de falso fica absorvido pelo crime 
de estelionato. Caso a potencialidade 
lesiva do documento não se esgote no 
estelionato praticado, o agente responde 
por ambos os delitos, em concurso 
formal. 
 
 
Ementa: EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. REPÚBLICA DA POLÔNIA. 
PROMESSA DE RECIPROCIDADE DE TRATAMENTO. APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA, ESTELIONATO, FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR 
E FALSIDADE IDEOLÓGICA. DUPLA TIPICIDADE. INDEFERIMENTO DO 
PEDIDO QUANTO AOS CRIMES DE APROPRIAÇÃO, FALSIFICAÇÃO E DE 
FALSIDADE. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. PRESCRIÇÃO 
DA PRETENSÃO PUNITIVA EM RELAÇÃO A TODOS OS FATOS 
DELITUOSOS, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. EXTRADIÇÃO 
INDEFERIDA. (...)III ± Quanto aos crimes de falso, devido ao fato 
de sua potencialidade lesiva ter se exaurido quando da prática 
das fraudes, são absorvidos pelos delitos de estelionato. O mesmo 
ocorre em relação à infração de apropriação indébita, que também foi 
utilizada como crime meio para a consumação de uma das fraudes. 
Incide, na espécie, o princípio da consunção. (...). 
(Ext 1206, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, 
julgado em 28/06/2011, DJe-209 DIVULG 28-10-2011 PUBLIC 03-11-
2011 EMENT VOL-02618-01 PP-00001) 
 
 
Entretanto, a falsificação de documento particular também é 
crime, possuindo, porém, pena mais branda. Nos termos do art. 298 do 
CP: 
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular 
ou alterar documento particular verdadeiro: 
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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar 
documento particular falso ou adulterar 
documento particular verdadeiro. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O documento fabricado ou alterado. 
DETALHE: O § único do art. 298 
(incluído pela Lei 12.737/12), 
equiparou o cartão de crédito a 
documento particular, para os fins 
deste delito. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que ocorre 
a fabricação ou adulteração. Admite-se 
tentativa, pois não se trata de crime que 
se perfaz num único ato (pode-se 
desdobrar seu iter criminis ± caminho 
percorrido na execução). 
CONSIDERAÇÕES 
IMPORTANTES 
x A Doutrina entende que se a 
falsificação for grosseira, não há 
crime, por não possuir potencialidade 
lesiva (não tem o poder de enganar 
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ninguém). O poder de iludir (imitatio 
veri) é indispensável. Caso não haja esse 
poder, poderemos estar diante de 
estelionato, no máximo; 
 
O art. 299 estabelece o crime de falsidade ideológica, que, 
diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, não está 
relacionado à falsidade de identidade (prevista em outro crime). A 
falsidade ideológica está relacionada à alteração do conteúdo de 
documento público ou particular (embora no mesmo artigo, as 
penas são diferentes!): 
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, 
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer 
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, 
com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a 
verdade sobre fato juridicamente relevante: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é 
público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento 
é particular. 
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o 
crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou 
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a 
pena de sexta parte. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
Porém, o § único prevê que se o agente 
é funcionário público valendo-se da 
função ou a falsidade recai sobre 
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assentamento de registro civil, a pena é 
aumentada de 1/6. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de omitir ou inserir 
informação falsa em documento (público 
ou particular). 
TIPO SUBJETIVO Dolo. Entretanto, aqui a lei exige uma 
especial finalidade de agir. Isto se 
UHYHOD�TXDQGR�R�WLSR�GL]�³FRP�R�ILP�GH´��
Assim, não basta que o agente insira 
informação falsa, ele deve fazer isto com 
o fim de prejudicar direito, criar 
obrigação ou alterar a verdade 
sobre fato juridicamente relevante. 
Não se admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O documento no qual foi omitida a 
informação ou inserida a informação 
falsa. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente omite a informação que deveria 
constar ou insere a informação falsa, 
não sendo necessário que o 
documento seja levado ao 
conhecimento de terceiros. Admite-se 
tentativa, pois não se trata de crime que 
se perfaz num único ato (pode-se 
desdobrar seu iter criminis ± caminho 
percorrido na execução); 
Os Tribunais entendem que o crime não 
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se caracteriza se o documento falsificado 
está sujeito à revisão por autoridade, 
pois a revisão impediria que o crime 
chegasse a ter qualquer potencialidade 
lesiva; 
E a inserção de conteúdo em 
documentoem branco assinado? A 
Doutrina entende que se o agente 
recebeu o documento em branco 
mediante confiança, a fim de que 
nele inserisse determinado 
conteúdo, e o fez de maneira 
diversa, há o crime de falsidade 
ideológica. No entanto, se o agente se 
apodera do documento (por qualquer 
outro meio) e ali insere conteúdo falso, o 
crime não é o de falsidade ideológica, 
mas o de falsidade material, pois este 
documento (que prevê obrigações 
perante o signatário e o agente) nunca 
existiu validamente. Assim, o crime é de 
falsidade na forma, na existência do 
documento. 
 
O art. 300 do CP traz o crime de ³IDOVR�UHFRQKHFLPHQWR�GH�ILUPD�
RX�OHWUD´� 
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de 
função pública, firma ou letra que o não seja: 
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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é 
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é 
particular. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Somente o funcionário público, no 
exercício da função, pode cometer o 
crime. Portanto, trata-se de crime 
próprio. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta só pode ser a de reconhecer 
como verdadeira, firma ou letra que seja 
falsa. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O documento reconhecido como 
verdadeiro. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente reconhece a veracidade da firma 
ou letra falsa. Admite-se tentativa, pois 
não se trata de crime que se perfaz num 
único ato (pode-se desdobrar seu iter 
criminis ± caminho percorrido na 
execução). 
 
O art. 301 trata do crime de ³FHUWLGmR� RX� DWHVWDGR�
LGHRORJLFDPHQWH�IDOVR´� 
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Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função 
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou 
qualquer outra vantagem: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou 
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para 
prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou 
qualquer outra vantagem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além 
da pena privativa de liberdade, a de multa. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO No caso do caput do artigo, o crime 
é próprio, pois só pode ser praticado 
pelo funcionário público no exercício 
da função. Já no § 1°, a 
jurisprudência entende que se trata 
de crime comum, pois a lei criou um 
fato típico novo (possui nova previsão de 
conduta e de pena), e não exige que 
seja praticado por funcionário público. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atestar ou 
certificar circunstância falsa, quando este 
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fato habilitar o beneficiado a obter cargo 
público, isenção de ônus ou serviço de 
caráter público ou outra vantagem. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Embora a 
maioria da Doutrina entenda isso, 
acredito que este artigo, na verdade, 
estabelece um fim específico de agir, que 
é a vontade de colaborar para a 
obtenção da vantagem ilícita pela pessoa 
que recebe o atestado ou certidão. Em 
provas discursivas, vale a pena se 
alongar nisso. Não se admite na forma 
culposa. 
OBJETO MATERIAL O atestado ou certificado produzido pelo 
agente. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
A Doutrina se divide. Uns entendem 
que o crime se consuma com a mera 
fabricação do atestado ou certidão 
falsa. Outros entendem que é 
necessária a entrega à pessoa que 
irá utilizar o documento (embora não 
se exija o efetivo uso). Admite-se 
tentativa, pois não se trata de crime que 
se perfaz num único ato (pode-se 
desdobrar seu iter criminis ± caminho 
percorrido na execução). 
 
Já R� DUW�� ���� HVWDEHOHFH� R� FULPH� GH� ³IDOVLGDGH� GH� DWHVWDGR�
PpGLFR´� 
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Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado 
falso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano. 
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, 
aplica-se também multa. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Somente o médico poderá praticar o 
crime. Portanto, trata-se de crime 
próprio. 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser somente a de 
fornecer atestado falso. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Entretanto, 
se houver a finalidade especial de 
agir, consistente na obtenção de 
lucro, há previsão de pena de multa 
cumulada com a privativa de 
liberdade, conforme o § único do art. 
302. Não se admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O atestado falsamente emitido. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
médico FORNECE o atestado falso. 
Assim, se o médico elabora o atestado 
falso, mas se arrepende e deixa de 
entregar à pessoa, não está cometendo 
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crime. Admite-se a tentativa. 
 
O DUW�� ���� GR� &3� LQFULPLQD� D� FRQGXWD� GH� ³UHSURGXomR� RX�
adulteração de selo ou peça filatélica´� 
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que 
tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a 
alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo 
ou peça: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de 
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta somente pode ser a de 
reproduzir ou alterar selo ou peça 
filatélica QUE TENHA VALOR PARA 
COLEÇÃO. Entretanto, o § único prevê a 
criminalização da conduta de utilização, 
para fins de comércio, da peça filatélica 
ou selo alterado. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Entretanto,o 
§ único prevê a criminalização da 
conduta de utilização, para fins de 
comércio, da peça filatélica ou selo 
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alterado. Nesse caso, há a especial 
ILQDOLGDGH� GH� DJLU� �³SDUD� ILQV� GH�
FRPpUFLR´���SRLV�VH�R�DJHQWH�XVD�D�SHoD�
alterada para sua própria coleção, por 
exemplo, não comete crime. Não se 
admite na forma culposa. 
OBJETO MATERIAL O selo, ou peça filatélica, adulterado ou 
reproduzido irregularmente. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente adultera ou reproduz ilicitamente 
o selo ou peça filatélica, não se exigido 
que o material chegue a circular. 
Admite-se tentativa, pois não se trata de 
crime que se perfaz num único ato 
(pode-se desdobrar seu iter criminis ± 
caminho percorrido na execução). 
 
O art. 304, por sua vez, dispõe sobre o uso de documento falso, 
assim considerado qualquer dos documentos enumerados nos arts. 297 a 
302 do CP: 
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou 
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum), ainda 
que o crime resultante da fabricação ou 
adulteração do documento seja próprio. 
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SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser fazer uso dos 
documentos produzidos nos crimes 
previstos nos arts. 297 a 302. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma 
especial finalidade de agir. Não é 
necessário que o agente tenha a 
finalidade de obter vantagem ilícita, 
por exemplo. Não se admite na forma 
culposa. 
OBJETO MATERIAL O documento utilizado pelo agente. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente leva o documento ao 
conhecimento de terceiros, pois aí se 
dá a lesão à credibilidade, à fé pública. 
NÃO SE ADMITE A TENTATIVA! Pois 
se trata dede crime que se perfaz num 
único ato (não se pode desdobrar seu 
iter criminis ± caminho percorrido na 
execução), ou seja, é crime 
unissubsistente. 
 
O art. 305��SRU�ILP��WUDWD�GR�FULPH�GH�³supressão de documento´��
Na verdade, o crime deveria ser de ³VXSUHVVmR�� GHVWUXLomR� RX�
RFXOWDomR´ de documento, pois estas três condutas são previstas 
neste tipo penal (são três tipos objetivos, três condutas incriminadas): 
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Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou 
de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou 
particular verdadeiro, de que não podia dispor: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é 
público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o 
documento é particular. 
BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual 
lesado pela conduta. 
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de destruir, suprimir 
ou ocultar documento do qual o agente 
não poderia dispor. 
TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial 
finalidade de agir, consistente na 
vontade de obter benefício ou prejudicar 
alguém. Não se admite na forma 
culposa. 
OBJETO MATERIAL O documento suprimido, destruído ou 
ocultado. 
CONSUMAÇÃO E 
TENTATIVA 
Consuma-se no momento em que o 
agente pratica qualquer das condutas 
previstas no núcleo do tipo (destrói, 
suprime ou oculta o documento). 
Admite-se tentativa, pois não se trata de 
crime que se perfaz num único ato 
(pode-se desdobrar seu iter criminis ± 
caminho percorrido na execução). 
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III ± DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA 
 
Os crimes de apropriação indébita diferem dos crimes de furto e 
roubo, pois aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se 
RECUSA A DEVOLVÊ-LO ou REPASSÁ-LO a quem de direito. Ou 
seja, aqui o crime se dá pela INVERSÃO DO ANIMUS DO AGENTE, 
QUE ANTES ESTAVE DE BOA-FÉ, e passa a estar de má-fé. 
Para o nosso estudo interessa, apenas, uma das muitas espécies de 
apropriação indébita, que é a apropriação indébita previdenciária, 
crime previsto no art. 168-A do CP. 
 
A) Apropriação indébita previdenciária 
 
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as 
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma 
legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela 
Lei nº 9.983, de 2000) 
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância 
destinada à previdência social que tenha sido descontada de 
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do 
público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
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II - recolher contribuições devidas à previdência social que 
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à 
venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000) 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas 
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela 
previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, 
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, 
importâncias ou valores e presta as informações devidas à 
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, 
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar 
somente a de multa se o agente for primário e de bons 
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de 
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social 
previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja 
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, 
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento 
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
O sujeito ativo aqui é o RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO, aquele que 
por lei está obrigado a reter na fonte a contribuição previdenciária ao 
INSS e repassá-la, mas não o faz. O sujeito passivo é a UNIÃO. 
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