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Aula 06 Curso: Direito Penal p/ TRF 3ª Região (Analista Judiciário e Of de Justiça) Professor: Renan Araujo Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 78 AULA 06: DOS CRIMES CONTRA A HONRA. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. DO CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (ART. 168-A DO CP). SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I ± Crimes contra a honra 02 II ± Crimes contra a fé pública 12 III ± Crime de Apropriação Indébita Previdenciária 49 Questões para praticar 54 Questões comentadas 62 Gabarito 78 Olá, meus amigos concurseiros! Hoje é dia de estudarmos os crimes contra a honra e os crimes contra a fé pública. Estudaremos, ainda, o crime de APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA, previsto no art. 168-A do CP. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 78 I ± DOS CRIMES CONTRA A HONRA Os crimes contra a honra são aqueles nos quais o bem jurídico tutelado é a honra do ofendido, seja em sua dimensão subjetiva ou objetiva: x Honra subjetiva ± É o sentimento de apreço pessoal que a pessoa tem de si mesma; x Honra objetiva ± É o apreço que os outros têm pela pessoa. É ligada à imagem da pessoa perante o corpo social. Os crimes contra a honra são, nos termos do CP, três: 9 Calúnia; 9 Injúria; 9 Difamação Vamos estudar cada um deles individualmente e, após, veremos algumas disposições gerais, aplicáveis a todos eles. A) Calúnia A calúnia é a imputação falsa de crime a alguma pessoa, e está prevista no art. 138 do CP. Vejamos: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 78 É muito comum os leigos confundirem calúnia com injúria e difamação, mas vocês não! Vocês jamais poderão confundir isso! Eu os proíbo de confundir essa bodega! Na calúnia, o bem jurídico tutelado é a HONRA OBJETIVA do ofendido, pois o que está em jogo é a sua imagem perante a sociedade, perante o grupo que o rodeia. O tipo objetivo é a conduta de imputar a alguém falsamente fato definido como crime, e essa conduta pode ser praticada somente na forma comissiva, não se admitindo na forma omissiva. Entretanto, não se exige que seja realiza mediante palavras (escritas ou faladas), podendo ser realizada mediante gestos, insinuações (calúnia reflexa), etc. Ou seja, qualquer meio apto para provocar a calúnia é admissível como forma de realização do núcleo do tipo penal. A calúnia pode ocorrer quando o fato imputado não ocorreu ou quando mesmo tendo ocorrido, não foi o caluniado o seu autor. Qualquer pessoa, em regra, pode praticar o delito (sujeito ativo). Entretanto, em alguns casos, algumas pessoas gozam de imunidade material, não praticando crime quando caluniam alguém no exercício da profissão (parlamentares, por exemplo). O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma qualidade especial. Até os mortos podem ser caluniados (quando se atribui a eles a prática de crime quando em vida, óbvio!), mas os sujeitos passivos, nesse caso, SÃO SEUS FAMILIARES. Nos termos do § 2° do art. 138 do CP: § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Mas, professor, então o inimputável não pode ser caluniado, pois não comete crime? Errado! A Doutrina não é unânime, mas mesmo aqueles que entendem que o crime é tripartido (fato típico, ilícito 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 78 e culpável) entendem que o inimputável pode ser caluniado, pois o art. ���� QmR� GL]� ³LPSXWDU� D� DOJXpP� IDOVDPHQWH� FULPH´�� PDV� GL]� ³LPSXWDU� D� DOJXpP� IDWR� GHILQLGR� FRPR� FULPH´�� $VVLP�� QmR� VH� H[LJH� TXH� R� RIHQGLGR� seja culpável (imputável), bastando que o fato que lhe está sendo imputado seja definido, abstratamente, como crime. O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não se admitindo a calúnia culposa. Entretanto, devo lembrar a vocês a figura do dolo eventual. Assim, se alguém imputa a outrem fato definido como crime, mesmo sem intenção de caluniá-lo, mas sabendo que é provável que o fato não tenha ocorrido (dolo eventual), pouco se importando com as consequências de seu ato, cometerá o crime. Mas e se alguém não comete o crime com a intenção de caluniar, mas apenas para fazer uma brincadeira? Nesse caso, não há crime. É necessária a intenção de caluniar, não se punindo a conduta daquele que age com intenção de brincar (animus jocandi) ou de narrar o fato (caso da testemunha, por exemplo, que age com animus narrandi). 9 Se o agente imputa a si mesmo fato definido como crime, de maneira falsa (autocalúnia), poderá estar praticando o crime de autoacusação falsa (art. 341 do CP), mas não calúnia! 9 A calúnia contra o Presidente da República, por questões políticas, configura crime contra a segurança nacional (Lei 7.170/83). O § 1° do art. 138 traz, ainda, a figura equiparada, que é a de propalar ou divulgar calúnia, sabendo que o fato é falso: § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 78 Nessa modalidade (equiparada), só se admite o dolo direto, e não HYHQWXDO��SRLV�R�WLSR�GL]�³VDEHQGR�IDOVD´��R�TXH�H[FOXL�R�GROR�HYHQWXDO�� O crime se consuma com a divulgação da calúnia a um terceiro. Não basta, portanto, que somente o sujeito ativo e o sujeito passivo tenham conhecimento da calúnia, pois, como disse, tutela-se a honra objetiva, sendo necessário que alguém além os sujeitos da infração chegue a ter conhecimento da calúnia, sob pena de termos um indiferente penal. Trata-se de um CRIME FORMAL, não se exigindo que a honra objetiva da vítima seja, de fato, atingida. Como assim? Imagine que o infrator impute ao sujeito passivo um fato definido como crime, levando ao conhecimento de algumas pessoas esse fato. Imaginem, agora, que estas pessoas não acreditem no caluniador, pois sabem da retidão e da lisura do ofendido. Nesse caso, não houve resultado naturalístico, pois a honra objetiva do sujeito passivo não foi atingida. ISSO É IRRELEVANTE PARA A CONSUMAÇÃO DO DELITO! Ah, então quer dizer que não cabe tentativa? Isso aí... É CLARO QUE NÃO!! Eu disse isso, por um acaso??????? Não se esqueçam que É POSSÍVEL A TENTATIVA NOS CRIMES FORMAIS! Mas como, se o crime se consuma com a prática da conduta, não havendo resultado? Ora, sempre que pudermos fracionar a conduta (iter criminis), poderemoster tentativa. Assim, imagine que Rodrigo encaminhe para Sabrina um carta contendo um fato calunioso em relação à Débora. Imagine, agora, que Débora intercepte a carta antes que ela chegue ao conhecimento de Sabrina (terceiro). Nesse caso, houve tentativa. Aprendeu, malandro? Admite, neste crime, a chamada exceptio veritatis, ou, em bom português, EXCEÇÃO DA VERDADE, que nada mais é que o direito que o 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 78 sujeito ativo possui de provar que o fato que ele imputa ao sujeito passivo, de fato ocorreu. Entretanto, existem casos em que não se admite a prova da verdade. Nos termos do §3° do art. 138: § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Assim, não se admite prova da verdade: 9 No caso de crime de ação penal privada, se não houve ainda sentença irrecorrível ± Assim, se o ofendido ainda está respondendo a processo criminal, não pode o caluniador alegar a exceção da verdade; 9 No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; 9 No caso de crime de ação penal pública, CASO O CALUNIADO JÁ TENHA SIDO ABSOLVIDO POR SENTENÇA PENAL TRANSITADA EM JULGADO; Parte da Doutrina, com fundamento no art. 523 do CPP, vem admitindo a chamada exceção de notoriedade, ou seja, é possível ao caluniador provar que o fato que ele imputa ao ofendido já é do conhecimento de todos, não havendo, portanto, qualquer lesividade em sua conduta. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 78 B) Difamação A difamação, à semelhança da calúnia, também tem como bem jurídico tutelado a HONRA OBJETIVA do ofendido. Nos termos do art. 139 do CP: Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Reparem que há uma diferença BRUTAL em relação à calúnia. Aqui, o fato imputado ao ofendido não é crime, mas apenas ofensivo à sua reputação. EXEMPLO: Imagine que Ricardo espalhe para a vizinhança que Roberto anda saindo com um travesti. Nesse caso, não haverá calúnia, pois o fato não é crime, mas difamação. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Temos, portanto, um CRIME COMUM. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, não se exigindo qualquer qualidade da vítima. CUIDADO! Não se pune a difamação contra os mortos! O tipo subjetivo aqui também é o dolo (direto ou eventual), não se admitindo a forma culposa. A consumação também se dá quando UM TERCEIRO TOMA CONHECIMENTO DO FATO DIFAMATÓRIO, independentemente de acreditar ou não no fato (lesão à honra objetiva). A tentativa é possível na forma escrita (fracionamento do iter criminis). 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 78 A exceção da verdade, aqui, SÓ É ADMITIDA SE O OFENDIDO É FUNCIONÁRIO PÚBLICO e a difamação se refere ao exercício das funções. Nos termos do § único do art. 139: Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. À exemplo do que ocorre no tipo de calúnia, no crime de difamação, parte da Doutrina vem sustentando que não se deve punir aquela pessoa que simplesmente repete o que todo mundo já sabe (EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE). C) Injúria Diferentemente dos dois primeiros tipos penais, a injúria não busca tutelar a honra objetiva, mas a HONRA SUBJETIVA DO OFENDIDO. Nos termos do art. 140 do CP: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Vou dar um EXEMPLO: Imagine que José ofenda Carol, chamando- a de pobretona fedorenta. Nesse caso, o que está sendo violada não é a honra objetiva de Carol (sua imagem perante a sociedade), mas sua honra subjetiva (seu sentimento de apreço pessoal), pois a ofensa tem por finalidade fazê-la sentir-se inferir, diminuída. Sujeito ativo e passivo também podem ser qualquer pessoa, não se exigindo nenhuma qualidade especial. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 78 Outra diferença gritante refere-se ao objeto da ofensa. Aqui não se trata de um FATO, mas da emissão de um conceito depreciativo sobre o ofendido (prostituta, fedorento, safado, etc). Aqui, diferentemente do que ocorre na difamação e na calúnia, não se exige que um terceiro tome conhecimento da ofensa, pois o que se tutela é a honra subjetiva, sendo necessário que a própria VÍTIMA TOME CONHECIMENTO DAS OFENSAS. Da mesma forma que os demais, o CRIME É FORMAL, ou seja, se consuma com a chegada da ofensa ao conhecimento da vítima, independentemente do fato de esta se sentir ou não ofendida (resultado naturalístico dispensável). Da mesma forma, cabe tentativa no caso de ofensa escrita. ATENÇÃO! Na injúria NUNCA se admite prova da verdade (exceptio veritatis). O § 1° estabelece duas hipóteses que a Doutrina classifica como PERDÃO JUDICIAL. É o caso da provocação e da retorsão: § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. O § 2° traz o que se chama de INJÚRIA REAL, pois há contato físico, de forma que a intenção do agente seja humilhar o ofendido através do contato físico (tapa na cara humilhante, por exemplo): § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 78 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. É necessário que o agente, nesse crime, POSSUA A FINALIDADE ESPECIAL DE AGIR (elemento subjetivo específico), consistente na intenção de ofender. Imagine que Roberto dê um tapa no rosto de Victor, apenas para machucá-lo, sem intenção de ofender (animus injuriandi). Nesse caso, haverá apenas lesão corporal, e não injúria, pois ausente a intenção de humilhar. A Doutrina (majoritária) entende que há CONCURSO MATERIAL entre o crime de lesão corporal e o crime de injúria. Caso haja apenas vias-de-fato (tapa leve, sem lesões), a contravenção (vias-de-fato) fica absorvida pela injúria.O § 3°, por sua vez, traz a INJÚRIA QUALIFICADA, que é uma modalidade de injúria para a qual a lei prevê uma pena mais grave, em razão da maior reprovabilidade da conduta. Vejamos: § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) Aqui, a intenção do agente é ofender! Não confundam com o crime de RACISMO, no qual o infrator pratica uma espécie de segregação, de forma a marginalizar determinada pessoa em razão de alguma condição pessoal (Crimes da Lei 7.716/89). EXEMPLO: Se Marcela xinga Juliana, chamando-a de favelada fedorenta (origem da pessoa), pratica crime de injúria qualificada. Agora, imagine que Marcela proíba Juliana de adentrar em sua loja, aberta ao 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 78 público, apenas pelo fato de esta pessoa ser negra. Nesse caso, há racismo, pois a ofensa se dá de forma indireta, mediante a prática de algum ato discriminatório. A Doutrina não admite o perdão judicial na injúria qualificada nem na injúria real. D) Disposições comuns Se o crime é cometido contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, contra funcionário público (no exercício da função), na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação ou, ainda, contra pessoa maior de 60 anos ou deficiente (salvo no caso da injúria), a pena do agente é aumentada em 1/3; Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é aplicada em DOBRO; A injúria ou difamação não é punível se realizada em juízo, pela parte ou seu procurador (com a finalidade de defender seu direito), se decorre de mera crítica literária, artística ou científica (salvo se inequívoca intenção de injuriar), ou se realizada pelo funcionário público na avaliação e emissão de conceito acerca de informação que preste no exercício da função. Entretanto, quem dá publicidade à primeira e terceira hipótese, responde pelo crime; Se o querelado (infrator) antes da sentença (da sentença de primeiro grau!) se retrata da CALÚNIA OU DIFAMAÇÃO (Não da injúria!) fica ISENTO DE PENA; 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 78 Se alguém se sentir ofendido por frases ou alusões não explícitas, pode pedir explicações em Juízo. Se o reclamado não prestar os esclarecimentos, responderá pela ofensa alegada; A ação penal É EM REGRA PRIVADA, salvo no caso da INJÚRIA REAL, na hipótese de haver violência; A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA no caso de ofensa ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO, no caso de ofensa contra funcionário público no exercício das funções ou no caso de INJÚRIA QUALIFICADA (art. 140, § 3°). II ± DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Os crimes contra a fé pública são crimes praticados tanto por particulares quanto por agentes públicos, e o bem jurídico lesado é a fé pública, ou seja, a sensação de credibilidade que as pessoas em geral têm em relação aos documentos e outros objetos que possuam esta característica, sejam eles públicos ou privados. Existem diversos tipos penais previstos, dividindo-se basicamente em: x MOEDA FALSA; x FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS; x FALSIDADE DOCUMENTAL; x OUTRAS FALSIDADES; 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 78 x FALSIDADES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO (Incluído pela Lei 12.550/2011) Vamos estudar cada um deles. Vou fazer o seguinte para a aula não ficar cansativa. Vou transcrever o artigo do CP e apresentar, abaixo, um quadro esquemático, contendo informações sobre quem pode ser sujeito ativo e passivo do crime, o bem jurídico tutelado, o objeto material do delito, o tipo objetivo e subjetivo do delito, bem como algumas considerações que forem pertinentes! A) Moeda Falsa O art. 289 do CP prevê o crime de moeda falsa propriamente dito, que é assim caracterizado: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 78 § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum) SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar ou alterar. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A moeda alterada ou falsificada. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que a moeda é fabricada ou alterada, não no momento em que ela entra em circulação. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 78 execução). CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES x A Doutrina entende que se a falsificação for grosseira, não há crime, por não possuir potencialidade lesiva (não tem o poder de enganar ninguém). x A forma qualificada prevista no § 3° só admite como sujeitos ativos aquelas pessoas ali enumeradas (crime próprio); x O § 4° estabelece crime de circulação de moeda ainda não autorizada a circular. Pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum), mas a pena prevista é a do § 3°; x Os §§ 1° e 2° do artigo trazem outras hipóteses nasquais também ocorre o crime (outras condutas assemelhadas), sendo que no caso do § 2°, a pena é diferenciada, em razão do menor desvalor da conduta. No § 2°, o agente deve ter recebido a moeda falsa de boa-fé (sem saber que era falsa). Se recebeu de má-fé, responde pelo crime do § 1°. O art. 290 do CP prevê condutas que se assemelham à falsificação de moeda prevista no art. 289: Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 78 verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. (Vide) BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, se quem cometer o crime for funcionário púbico que trabalha no local, ou tem fácil acesso a ele em razão do cargo, a pena é aumentada para até 12 aos, conforme previsto no § único. Nessa hipótese, o crime é próprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de formar cédula com fragmentos de outras cédulas, suprimir sinal de inutilização de cédula ou recolocar em circulação cédula inutilizada. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 78 admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal de inutilização suprimido ou foi recolocada em circulação. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que a moeda é formada, tem seu sinal inutilizado ou entra em circulação, a depender de qual das condutas se trata. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES x A Doutrina entende que se a falsificação for grosseira, não há crime, por não possuir potencialidade lesiva (não tem o poder de enganar ninguém). O poder de iludir (imitatio veri) é indispensável. Caso não haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no máximo, caso haja obtenção de vantagem indevida em detrimento de alguém mediante esta fraude. EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. MOEDA FALSA. FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. CONDUTA ATÍPICA. ORDEM CONCEDIDA. 1. O crime de moeda falsa exige, para sua configuração, que a 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 78 falsificação não seja grosseira. A moeda falsificada há de ser apta à circulação como se verdadeira fosse. 2. Se a falsificação for grosseira a ponto de não ser hábil a ludibriar terceiros, não há crime de estelionato. 3. A apreensão de nota falsa com valor de cinco reais, em meio a outras notas verdadeiras, nas circunstâncias fáticas da presente impetração, não cria lesão considerável ao bem jurídico tutelado, de maneira que a conduta do paciente é atípica. 4. Habeas corpus deferido, para trancar a ação penal em que o paciente figura como réu. (HC 83526, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Primeira Turma, julgado em 16/03/2004, DJ 07-05-2004 PP-00025 EMENT VOL-02150-02 PP-00271) 2�DUW������SUHYr�R�FULPH�GH�³SHWUHFKRV�SDUD�IDOVLILFDomR�GH�PRHGD´�� assim descrito: Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer dos ³YHUERV´�SUHYLVWRV�QR�DUW������ �IDEULFDU�� adquirir, etc.). TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O maquinário ou equipamento destinado à falsificação de moeda. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 78 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta descrita no núcleo do tipo (verbo), seja adquirindo, fornecendo ou fabricando o equipamento destinado à falsificação de moeda; CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES O equipamento deve ter como finalidade precípua a falsificação de moeda. Assim, se alguém fornece, por exemplo, equipamento que se destina a inúmeras funções, e dentre elas, pode ser usado para esse fim, não há a prática do crime, que exige que o equipamento se destine precipuamente a essa finalidade criminosa; Já o artigo 292 encerra o capítulo relativo aos crimes de moeda falsa�� HVWDEHOHFHQGR� FRPR� FULPH� D� FRQGXWD� GH� ³emissão de título ao SRUWDGRU�VHP�SHUPLVVmR�OHJDO´� Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 78 SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO Caracteriza-VH� QD� ³HPLVVmR´� GH� documento ao portador (aqueles documentos descritos no artigo). TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal de inutilização suprimido ou foi recolocada em circulação. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente emite o documento ao portador, não sendo necessário que seja apresentado a terceiros; Sobre os tipos penais relativos à moeda falsa, vale destacar as seguintes questões:(CESPE ± 2010 ± ABIN ± OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA) Com base nos delitos em espécie, julgue o próximo item. Um agente que tenha adquirido cinco cédulas falsas de R$ 50,00 com o intuito de introduzi-las no comércio local deve responder pelo tipo de moeda falsa, visto que, nessa situação, não se aplica o princípio da insignificância como causa excludente de tipicidade. COMENTÁRIO: O crime de moeda falsa está previsto no art. 289 do CP, 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 78 e tem como condutas, dentre outras, a introdução da moeda falsa em circulação. Vejamos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Segundo a Jurisprudência pacífica do STJ, não se aplica o princípio da insignificância ao delito de moeda falsa. Vejamos: HABEAS CORPUS. MOEDA FALSA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE ESTELIONATO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCOMPATIBILIDADE COM A VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA. 1. Segundo iterativa jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância não é aplicável ao delito de moeda falsa, independentemente, da quantidade de notas ou do valor por elas ostentado. (...) (HC 149.552/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 22/08/2012) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. (CESPE ± 2010 ± AGU ± PROCURADOR FEDERAL) Acerca dos crimes relativos a licitação, crimes contra a fé pública 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 78 e crimes contra as relações de consumo, julgue o item a seguir. É atípica a conduta do agente que desvia e faz circular moeda cuja circulação ainda não estava autorizada, pois constitui elementar do crime de moeda falsa a colocação em circulação de moeda com curso legal no país ou no exterior. COMENTÁRIO: O crime de moeda falsa está previsto no art. 289 do CP. Vejamos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. Assim, vemos que a circunstância "de curso legal no país ou no estrangeiro" é uma elementar do tipo, de forma que, ausente esta circunstância no objeto falsificado, estará afastada a caracterização do delito de moeda falsa. No entanto, o §4º estende os efeitos do tipo penal do caput à conduta daquele que pratica o fato em relação à moeda cuja circulação ainda não tenha sido autorizada. Vejamos: Art. 289 (...) § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. (CESPE - 2012 - PF - AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) Luiz, proprietário da mercearia Pague Menos, foi preso em flagrante por policiais militares logo após passar troco para 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 78 cliente com cédulas falsas de moeda nacional de R$ 20,00 e R$ 10,00. Os policiais ainda apreenderam, no caixa da mercearia, 22 cédulas de R$ 20,00 e seis cédulas de R$ 10,00 falsas. Nessa situação, as ações praticadas por Luiz ² guardar e introduzir em circulação moeda falsa ² configuram crime único. COMENTÁRIOS: No caso, a afirmativa está correta, eis que as condutas GH�³JXDUGDU´�H�³LQWURGX]LU�HP�FLUFXODomR´�PRHGD�IDOVD�FRQILJXUDP�DSHQDV� XP�GHOLWR��TXDO�VHMD��R�GHOLWR�GH�³PRHGD�IDOVD´��SUHYLVWR�QR�DUW��������� do CP: Moeda Falsa Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. (CESPE - 2012 ± PC/CE - INSPETOR DE POLÍCIA - CIVIL) Se um indivíduo adquirir, gratuitamente, maquinismo para falsificar moedas e alcançar o seu intento, então, nesse caso, ele responderá pelo crime de moeda falsa em concurso com o delito de petrechos para falsificação de moeda. COMENTÁRIOS: 3DUD�TXH�R�DJHQWH�³IDEULTXH´�PRHGD�IDOVD��SUDWLFDQGR�R� crime do art. 289 do CP, é necessário que ele se utilize do maquinário necessário, tendo, portanto, a sua posse ou guarda. Desta forma, quando o agente fabrica moeda falsa ele necessariamente está praticando também o delito de ³SHWUHFKRV� GH� IDOVLILFDomR´�� SUHYLVWR� QR� 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 78 art. 291 do CP. Contudo, como um é meio necessário para o outro (possuir o maquinário é meio necessário para fabricar moeda falsa), o agente responde apenas pelo crime-fim (moeda falsa), ficando o crime-meio (petrechos de falsificação) absorvido, pelo princípio da consunção. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. (CESPE - 2008 ± SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR MUNICIPAL) Considere a seguinte situação hipotética. Kátia, proprietária de uma lanchonete, recebeu, de boa-fé, uma moeda falsa. Após constatar a falsidade da moeda, para não ficar no prejuízo, Kátia restituiu a moeda à circulação. Nessa situação, a conduta de Kátia é atípica, pois ela recebeu a moeda falsa de boa-fé. COMENTÁRIOS: Neste caso, Kátia TAMBÉM responde pelo delito de ³PRHGD� IDOVD´�� FRP� SHQDOLGDGH� PDLV� EUDQGD�� SRLV� DSyV� VDEHU� GD� falsidade da moeda, a restituiu à circulação, nos termos do art. 289, §2º do CP: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. (...) § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 78 (FCC - 2007 - TRF-2R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Quem fornece para terceiros equipamento especialmente destinado à falsificação de moeda, pratica o crime de a) favorecimento pessoal. b) moeda falsa em co-autoria. c) receptação. d) favorecimento real. e) petrechospara falsificação de moeda. COMENTÁRIO�� 2� FULPH� HP� WHOD� p� R� FULPH� GH� ³SHWrechos para IDOVLILFDomR� GH� PRHGD´�� SRLV� D� FRQGXWD� GR� DJHQWH� VH� DPROGD� perfeitamente a um dos tipos objetivos deste crime, que consiste em fornecer (dentre outras condutas) equipamento destinado à falsificação de moeda, conforme previsão típica contida no art. 291 do CP. Desta maneira, a alternativa correta é a LETRA E. (ESAF ± 2007 ± AGU ± PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL) Assinale a opção correta quanto aos crimes contra a fé pública nos termos da legislação penal, doutrina e da jurisprudência dos tribunais superiores. a) O crime de Moeda Falsa (art. 289 do CP), crime formal de perigo, admite a tentativa. b) No Direito Brasileiro, não há distinção entre a falsidade material e a falsidade ideológica. c) Beltrano substituiu a foto de Fulano na carteira de identidade com o objetivo de entrar em clube esportivo restrito para os sócios. No caso, Beltrano incidiu na hipótese de falsidade ideológica. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 78 d) O crime de Falsidade de Atestado Médico (art. 302), crime próprio, admite a tentativa. e) Carlos possui máquina qXH� ³IDEULFD´� GyODU� SDUD� SURGX]LU� moeda falsa. Assim, a sua conduta enseja concurso material pelo crime de Petrechos para Falsificação de Moeda e pelo crime de Moeda Falsa. COMENTÁRIOS: ALTERNATIVA A - ERRADA: O crime de moeda falsa (art. 289) admite tentativa, o que não admite tentativa é o crime de "petrechos de falsificação", do art. 291 do CP. O erro da questão é afirmar que o delito é crime de perigo, quando na verdade é crime de lesão (exige-se lesão ao bem jurídico, ainda que não haja resultado material), embora seja formal, ou seja, o resultado naturalístico não é relevante para a consumação do delito, bastando a mera realização da conduta descrita no tipo penal (que por si só representa lesão ao bem jurídico). ALTERNATIVA B - ERRADA: O Direito Penal brasileiro diferencia a falsidade material da ideológica, sendo a primeira referente à forma, à estrutura do documento, e a segunda referente ao seu conteúdo; ALTERNATIVA C - ERRADA: No caso em tela fulano não praticou o crime de falsidade ideológica, pois sua intenção foi se passar por outra pessoa, de forma que o crime praticado é o de falsa identidade, previsto no art. 307 do Código Penal; ALTERNATIVA D - CORRETA: O crime de falsidade de atestado médico, de fato, é próprio, pois somente pode ser praticado pelo médico, devidamente qualificado e inscrito no órgão profissional, bem como admite tentativa, pois a conduta pode ser fracionada; ALTERNATIVA E - ERRADA: O crime de moeda falsa, quando praticado na modalidade "fabricando-a ou alterando-a", absorve, necessariamente, 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 78 o crime-meio, que consiste na guarda ou posse de equipamentos para fabricação de moeda (petrechos para falsificação de moeda); Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. B) Da Falsidade de Títulos e outros papéis públicos Aqui o CP incrimina condutas diversas, relativas à falsificação, em todas as suas formas, de papéis públicos. O art. 293 prevê: Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 78 VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 78 § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa- fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO As condutas (tipos objetivos) previstos para este crime são inúmeras, podendo ser praticado o crime quando o agente realizar quaisquer das atividades previstas no núcleo do tipo. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL Qualquer dos documentos previstos no artigo, que tenha sido alterado, inutilizado recolocado à circulação, etc. CONSUMAÇÃO E Consuma-se no momento em que o 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentadosProf. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 78 TENTATIVA agente pratica a conduta, seja recolocando em circulação o documento retirado de circulação, alterando o documento, etc, variando conforme o tipo previsto; Já o art. 294 prevê o crime de ³petrechos de falsificação´�� TXH� são, basicamente, as condutas relacionadas aos objetos destinados à falsificação, podendo consistir na guarda, fornecimento, fabricação, etc, destes equipamentos: Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, o art. 295 estabelece que se o agente é funcionário público, aumenta- se a pena em 1/6. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer das previstas no tipo, seja fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar estes objetos destinados à falsificação. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 78 TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O equipamento destinado à falsificação. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta prevista no núcleo (verbo) do tipo. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). C) Da Falsidade documental O art. 296 prevê o crime de falsificação de selo ou sinal público: Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 78 III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Porém, o § 2° estabelece que se o agente for funcionário público prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada em 1/6. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser a de fabricação ou adulteração dos documentos previstos, ou, ainda, a utilização destes, conforme o § 1° do art. 296. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento, utilizado, alterado ou fabricado. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente fabrica, adultera ou utiliza o documento. No último caso o documento deve ser levado ao conhecimento de terceiros. Admite-se tentativa, pois não 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 78 se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). O art. 297, por sua vez, trata da falsificação de documento público: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 78 III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, se o crime é cometido por funcionário público prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada em 1/6, nos termos do § 1° do art. 297. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar documento público falso ou alterar documento público verdadeiro ou até mesmo inserir informação errônea, no caso do § 3°. Vejam que se trata de hipótese (§ 3°) que mais se assemelha à falsidade ideológica, mas que a lei considera como falsidade de documento público; TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 78 OBJETO MATERIAL O documento fabricado, alterado ou no qual foi inserida a informação falsa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente fabrica o documentofalso ou altera o documento verdadeiro, ou, ainda, quando insere a informação inverídica nos documentos previstos no § 3° do art. 297, não sendo necessária sua efetiva apresentação perante a Previdência Social. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES x O § 2° traz um rol de documentos que são equiparados a documentos públicos, embora elaborados por particulares. Cuidado! Trata-se de um rol taxativo, ou seja, não se pode ampliá-lo por analogia, pois a falsificação de documento público é mais grave que a falsificação de documento particular, gerando sanção também mais grave. Desta forma, aplicar a analogia aqui seria fazer analogia in malam partem, o que, como nós já vimos, é vedado no Direito Penal. x O STJ e o STF entendem que se o documento falso é fabricado para a prática de estelionato, e a sua 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 78 potencialidade lesiva se esgota nele, o crime de falso fica absorvido pelo crime de estelionato. Caso a potencialidade lesiva do documento não se esgote no estelionato praticado, o agente responde por ambos os delitos, em concurso formal. Ementa: EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. REPÚBLICA DA POLÔNIA. PROMESSA DE RECIPROCIDADE DE TRATAMENTO. APROPRIAÇÃO INDÉBITA, ESTELIONATO, FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR E FALSIDADE IDEOLÓGICA. DUPLA TIPICIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO QUANTO AOS CRIMES DE APROPRIAÇÃO, FALSIFICAÇÃO E DE FALSIDADE. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM RELAÇÃO A TODOS OS FATOS DELITUOSOS, SEGUNDO A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA. EXTRADIÇÃO INDEFERIDA. (...)III ± Quanto aos crimes de falso, devido ao fato de sua potencialidade lesiva ter se exaurido quando da prática das fraudes, são absorvidos pelos delitos de estelionato. O mesmo ocorre em relação à infração de apropriação indébita, que também foi utilizada como crime meio para a consumação de uma das fraudes. Incide, na espécie, o princípio da consunção. (...). (Ext 1206, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 28/06/2011, DJe-209 DIVULG 28-10-2011 PUBLIC 03-11- 2011 EMENT VOL-02618-01 PP-00001) Entretanto, a falsificação de documento particular também é crime, possuindo, porém, pena mais branda. Nos termos do art. 298 do CP: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 78 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar documento particular falso ou adulterar documento particular verdadeiro. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento fabricado ou alterado. DETALHE: O § único do art. 298 (incluído pela Lei 12.737/12), equiparou o cartão de crédito a documento particular, para os fins deste delito. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que ocorre a fabricação ou adulteração. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES x A Doutrina entende que se a falsificação for grosseira, não há crime, por não possuir potencialidade lesiva (não tem o poder de enganar 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 78 ninguém). O poder de iludir (imitatio veri) é indispensável. Caso não haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no máximo; O art. 299 estabelece o crime de falsidade ideológica, que, diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, não está relacionado à falsidade de identidade (prevista em outro crime). A falsidade ideológica está relacionada à alteração do conteúdo de documento público ou particular (embora no mesmo artigo, as penas são diferentes!): Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Porém, o § único prevê que se o agente é funcionário público valendo-se da função ou a falsidade recai sobre 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 78 assentamento de registro civil, a pena é aumentada de 1/6. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de omitir ou inserir informação falsa em documento (público ou particular). TIPO SUBJETIVO Dolo. Entretanto, aqui a lei exige uma especial finalidade de agir. Isto se UHYHOD�TXDQGR�R�WLSR�GL]�³FRP�R�ILP�GH´�� Assim, não basta que o agente insira informação falsa, ele deve fazer isto com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento no qual foi omitida a informação ou inserida a informação falsa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente omite a informação que deveria constar ou insere a informação falsa, não sendo necessário que o documento seja levado ao conhecimento de terceiros. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução); Os Tribunais entendem que o crime não 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 78 se caracteriza se o documento falsificado está sujeito à revisão por autoridade, pois a revisão impediria que o crime chegasse a ter qualquer potencialidade lesiva; E a inserção de conteúdo em documentoem branco assinado? A Doutrina entende que se o agente recebeu o documento em branco mediante confiança, a fim de que nele inserisse determinado conteúdo, e o fez de maneira diversa, há o crime de falsidade ideológica. No entanto, se o agente se apodera do documento (por qualquer outro meio) e ali insere conteúdo falso, o crime não é o de falsidade ideológica, mas o de falsidade material, pois este documento (que prevê obrigações perante o signatário e o agente) nunca existiu validamente. Assim, o crime é de falsidade na forma, na existência do documento. O art. 300 do CP traz o crime de ³IDOVR�UHFRQKHFLPHQWR�GH�ILUPD� RX�OHWUD´� Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 78 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Somente o funcionário público, no exercício da função, pode cometer o crime. Portanto, trata-se de crime próprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta só pode ser a de reconhecer como verdadeira, firma ou letra que seja falsa. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento reconhecido como verdadeiro. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente reconhece a veracidade da firma ou letra falsa. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). O art. 301 trata do crime de ³FHUWLGmR� RX� DWHVWDGR� LGHRORJLFDPHQWH�IDOVR´� 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 78 Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de três meses a dois anos. § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO No caso do caput do artigo, o crime é próprio, pois só pode ser praticado pelo funcionário público no exercício da função. Já no § 1°, a jurisprudência entende que se trata de crime comum, pois a lei criou um fato típico novo (possui nova previsão de conduta e de pena), e não exige que seja praticado por funcionário público. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atestar ou certificar circunstância falsa, quando este 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 78 fato habilitar o beneficiado a obter cargo público, isenção de ônus ou serviço de caráter público ou outra vantagem. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Embora a maioria da Doutrina entenda isso, acredito que este artigo, na verdade, estabelece um fim específico de agir, que é a vontade de colaborar para a obtenção da vantagem ilícita pela pessoa que recebe o atestado ou certidão. Em provas discursivas, vale a pena se alongar nisso. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O atestado ou certificado produzido pelo agente. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA A Doutrina se divide. Uns entendem que o crime se consuma com a mera fabricação do atestado ou certidão falsa. Outros entendem que é necessária a entrega à pessoa que irá utilizar o documento (embora não se exija o efetivo uso). Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). Já R� DUW�� ���� HVWDEHOHFH� R� FULPH� GH� ³IDOVLGDGH� GH� DWHVWDGR� PpGLFR´� 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 78 Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de um mês a um ano. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Somente o médico poderá praticar o crime. Portanto, trata-se de crime próprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser somente a de fornecer atestado falso. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Entretanto, se houver a finalidade especial de agir, consistente na obtenção de lucro, há previsão de pena de multa cumulada com a privativa de liberdade, conforme o § único do art. 302. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O atestado falsamente emitido. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o médico FORNECE o atestado falso. Assim, se o médico elabora o atestado falso, mas se arrepende e deixa de entregar à pessoa, não está cometendo 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 78 crime. Admite-se a tentativa. O DUW�� ���� GR� &3� LQFULPLQD� D� FRQGXWD� GH� ³UHSURGXomR� RX� adulteração de selo ou peça filatélica´� Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta somente pode ser a de reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica QUE TENHA VALOR PARA COLEÇÃO. Entretanto, o § único prevê a criminalização da conduta de utilização, para fins de comércio, da peça filatélica ou selo alterado. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Entretanto,o § único prevê a criminalização da conduta de utilização, para fins de comércio, da peça filatélica ou selo 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 78 alterado. Nesse caso, há a especial ILQDOLGDGH� GH� DJLU� �³SDUD� ILQV� GH� FRPpUFLR´���SRLV�VH�R�DJHQWH�XVD�D�SHoD� alterada para sua própria coleção, por exemplo, não comete crime. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O selo, ou peça filatélica, adulterado ou reproduzido irregularmente. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente adultera ou reproduz ilicitamente o selo ou peça filatélica, não se exigido que o material chegue a circular. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). O art. 304, por sua vez, dispõe sobre o uso de documento falso, assim considerado qualquer dos documentos enumerados nos arts. 297 a 302 do CP: Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum), ainda que o crime resultante da fabricação ou adulteração do documento seja próprio. 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 78 SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser fazer uso dos documentos produzidos nos crimes previstos nos arts. 297 a 302. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Não é necessário que o agente tenha a finalidade de obter vantagem ilícita, por exemplo. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento utilizado pelo agente. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente leva o documento ao conhecimento de terceiros, pois aí se dá a lesão à credibilidade, à fé pública. NÃO SE ADMITE A TENTATIVA! Pois se trata dede crime que se perfaz num único ato (não se pode desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução), ou seja, é crime unissubsistente. O art. 305��SRU�ILP��WUDWD�GR�FULPH�GH�³supressão de documento´�� Na verdade, o crime deveria ser de ³VXSUHVVmR�� GHVWUXLomR� RX� RFXOWDomR´ de documento, pois estas três condutas são previstas neste tipo penal (são três tipos objetivos, três condutas incriminadas): 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 78 Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. BEM JURÍDICO TUTELADO Fé pública SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de destruir, suprimir ou ocultar documento do qual o agente não poderia dispor. TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial finalidade de agir, consistente na vontade de obter benefício ou prejudicar alguém. Não se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento suprimido, destruído ou ocultado. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica qualquer das condutas previstas no núcleo do tipo (destrói, suprime ou oculta o documento). Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ± caminho percorrido na execução). 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 78 III ± DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA Os crimes de apropriação indébita diferem dos crimes de furto e roubo, pois aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se RECUSA A DEVOLVÊ-LO ou REPASSÁ-LO a quem de direito. Ou seja, aqui o crime se dá pela INVERSÃO DO ANIMUS DO AGENTE, QUE ANTES ESTAVE DE BOA-FÉ, e passa a estar de má-fé. Para o nosso estudo interessa, apenas, uma das muitas espécies de apropriação indébita, que é a apropriação indébita previdenciária, crime previsto no art. 168-A do CP. A) Apropriação indébita previdenciária Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 21111228310 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL ANALISTA JUDICIÁRIO ʹ ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 78 II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) O sujeito ativo aqui é o RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO, aquele que por lei está obrigado a reter na fonte a contribuição previdenciária ao INSS e repassá-la, mas não o faz. O sujeito passivo é a UNIÃO. 21111228310 Direito
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