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ENZIMAS BIOQUÍMICA PROF. TANIA MOUÇO SUMÁRIO DA AULA Introdução Marcos históricos Conceitos Características Gerais Classificação e Nomenclatura Fatores que Influenciam a Atividade Enzimática Inibidores enzimáticos Aplicações das enzimas – uso industrial e na medicina INTRODUÇÃO Definição Catalisadores biológicos Longas cadeias de pequenas moléculas chamadas aminoácidos Função Proteínas especializadas na catálise de reações biológicas Com exceção de um pequeno grupo de moléculas de RNA com propriedades catalíticas, chamadas de RIBOZIMAS, todas as enzimas são PROTEÍNAS (globulares, de estrutura terciária). MARCOS HISTÓRICOS Catálise biológica início séc. XIX digestão da carne: estômago digestão do amido: saliva Eduard Buchner (1897) O açúcar podia ser fermentado até álcool por extratos de levedo (Louis Pasteur catalisada por “fermentos” = enzimas) James Sumner (1926) Isolou e cristalizou a urease (cristais eram de proteínas) Postulou que “todas as enzimas são proteínas” Década de 50 – séc. XX 75 enzimas isoladas e cristalizadas; Ficou evidenciado caráter protéico. Características Gerais Apresentam alto grau de especificidade São produtos naturais biológicos São altamente eficientes, acelerando a velocidade das reações (108 a 1011) Reduzem a energia de ativação Necessitam de condições favoráveis de pH, temperatura, polaridade do solvente e força iônica. ESTRUTURAS RNA Estrutura Enzimática Ribozimas Apoenzima ou Apoproteína Holoenzima Cofator Coenzima Proteína íon inorgânico • molécula orgânica ENZIMAS – COFATORES Enzimas que contêm ou necessitam de cofatores ENZIMA COFATOR PEROXIDASE Fe+2 ou Fe+3 CATALASE CITOCROMO OXIDASE Cu+2 ÁLCOOL DESIDROGENASE Zn+2 HEXOCINASE Mg+2 UREASE Ni+2 8 ENZIMAS – COENZIMAS Coenzima Abreviatura Reação catalisada Origem Nicotinamida adenina dinucleotídio NAD+ Oxi-redução Niacina ou Vitamina B3 Nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato NADP+ Oxi-redução Niacina ou Vitamina B3 Flavina adenina dinucleotídio FAD Oxi-redução Riboflavina ou Vitamina B2 Maioria deriva de vitaminas hidrossolúveis Classificam-se em: - transportadoras de hidrogênio - transportadoras de grupos químicos Transportadoras de hidrogênio ENZIMAS – COENZIMAS Coenzima Abrev. Reação catalisada Origem Coenzima A CoA-SH Transferência de grupo acil Pantotenato ou Vitamina B5 Biotina Transferência de CO2 Biotina ou Vitamina H Piridoxal fosfato PyF Transferência de grupo amino Piridoxina ou Vitamina B6 Metilcobalamina Transferência de unidades de carbono Cobalamina ou Vitamina B12 Tetrahidrofolato THF Transferência de unidades de carbono Ácido fólico Tiamina pirofosfato TPP Transferência de grupo aldeído Tiamina ou Vitamina B1 Transportadoras de grupos químicos CO-ENZIMAS: Niacina – B3 e NAD Nicotinamida Ácido Nicotínico Riboflavina - B2 e FAD Coenzima: Tiamina (B1) e Tiamina Pirofosfato Piridoxina – B6 e coenzimas Piridoxal Fosfato Piridoxamina Piridoxina Piridoxal ISOENZIMAS OU ISOZIMAS Diferem na sequência de aminoácidos, mas catalisam a mesma reação bioquímica Costumam mostrar diferentes parâmetros cinéticos (i.e. diferentes valores de KM), ou propriedades de regulação diferentes. Exemplos: creatina cinase total e frações –CK total e CK-BB, CK-MB CK-MM ENZIMAS –NOMENCLATURA Século XIX Adição do sufixo ”ASE” ao nome do substrato: gorduras (lipo - grego) – LIPASE amido (amylon - grego) – AMILASE Nomes arbitrários Tripsina e pepsina – proteases Nome sistemático (IUBMB – União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular) – 1955 Cada enzima código com 4 dígitos que caracteriza o tipo de reação catalisada: 1° dígito - classe 2° dígito – subclasse 3° dígito - sub-subclasse 4° dígito - indica o substrato EXEMPLO ADP + D-Glicose-6-fosfato ATP + D-Glicose IUB - ATP:glicose fosfotransferase E.C. 2.7.1.1 2 - classe - Transferase 7 - subclasse - Fosfotransferases 1 - sub-subclasse - Fosfotransferase que utiliza grupo hidroxila como receptor 1 - indica ser a D-glicose o receptor do grupo fosfato Nome trivial: Hexocinase CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS 1. Oxido-redutases 2. Transferases 3. Hidrolases 4. Liases 5. Isomerases 6. Ligases 1. Oxido-redutases: reações de oxidação-redução ou transferência de elétrons – Desidrogenases e Oxidases 1.1.atuando em CH-OH 1.2.atuando em C=O 1.3.atuando em C=O- 1.4.atuando em CH-NH2 1.5.atuando em CH-NH- 1.6.atuando em NADH, NADPH 2.Transferases (transferem grupos funcionais como amina, fosfato, acil, carboxil – Quinases e Transaminases) 2.1.grupos com um carbono 2.2.grupos aldeído ou cetona 2.3.grupos acil 2.4.grupos glicosil 2.7.grupos fosfatos 2.8.grupos contendo enxôfre Ex.: ATP + creatina ADP + fosfocreatina (EC 2.7.3.2) 3.Hidrolases (reações de hidrólise de ligação covalente - Peptidases) 3.1.ésteres 3.2.ligações glicosídicas 3.4.ligações peptídicas 3.5.outras ligações C-N 3.6.anidridos ácidos Ex.: Pepsina, amilase... 4.Liases (catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico – Desidratases, Aldolases e Descarboxilases). Reações de Hidólise ou oxidação 4.1. =C=C= 4.2. =C=O 4.3. =C=N- 5.Isomerases (reações de interconversão entre isômeros óticos ou geométricos - Epimerases) 5.1.racemases 6.Ligases (catalisam reações de formação de novas moléculas a partir da ligação entre duas pré-existentes, sempre às custas de energia - Sintetases) 6.1. C-O 6.2. C-S 6.3. C-N 6.4. C-C 21 ENZIMAS – Catalisadores COMPONENTES DA REAÇÃO E + S E S P + E Substrato se liga ao SÍTIO ATIVO da enzima SUBSTRATO - Sítio Ativo Condições da Reação Energia livre de Ativação KJ/mol Kcal/mol Velocidade Relativa Sem catalisador Enzima Catalase 75,2 18,0 23,0 5,5 1 6,51 x 108 Aceleram reações químicas Ex: Decomposição do H2O2 H2O2 H2O O2 + Catalase ENZIMAS COMO CATALISADORES ENZIMAS – CATALISADORES Atuam em pequenas concentrações EXEMPLO 1 molécula de Catalase decompõe mais de 5 000 000 de moléculas de H2O2 Em pH = 6,8 em 1 min ENZIMAS – CATALISADORES Número de renovação = n° de moléculas de substrato convertidas em produto por uma única molécula de enzima em uma dada unidade de tempo. ATIVIDADE ENZIMÁTICA: 1 U “uma unidade (U) de atividade é a quantidade de enzima que catalisa a transformação de 1 micro mol de substrato ou a formação de 1 micro mol de produto por minuto”. (U = micro moles produto/minuto ) – Atividade específica = U/mg de proteína 26 ENZIMAS – CATALISADORES Não alteram o estado de equilíbrio •Abaixam a energia de ativação; •Keq não é afetado pela enzima. Diferença entre a energia livre de S e P Caminho da Reação Energia de ativação com enzima Energia de ativação semenzima S P ENERGIA DAS REAÇÕES QUÍMICAS Mecanismo da Reação Mecanismos de Catálise: modelo chave fechadura Mecanismos de Catálise: modelo Ajuste Induzido ENZIMAS – CINÉTICA ENZIMÁTICA Victor Henri (1903): E + S ES 1913 Leonor Michaelis -Enzimologista Maud Menten - Pediatra E + S K1 K-1 ES Kp E + P ENZIMAS – CINÉTICA ENZIMÁTICA Cinética Enzimática Determinar as constantes de afinidade do S e dos inibidores; Conhecer as condições ótimas da catálise; Ajuda a elucidar os mecanismos de reação; Determinar a função de uma determinada enzima em uma rota metabólica. ENZIMAS – CINÉTICA ENZIMÁTICA v = Vmax [S] Km + [S] [S] v Vmax 2 v = Vmax v = Vmax [S] Km Km 1 2 3 1- [S] Km>>[S] 2- [S] [S]>>Km 3 - v = Vmax 2 Equação Michaelis-Menten Relação numérica: V0 é metade de Vmáx; km = “afinidade” pelo substrato; Km afinidade máxVV 2 1 0 Vmáx é proporcional à [E]. 35 ENZIMAS – CINÉTICA ENZIMÁTICA Afinidade da enzima ao substrato. Km depende: aspectos específicos do mecanismo de reação; n° de passos da reação; velocidades relativas dos passos individuais. ENZIMA SUBSTRATO Km (mM) Catalase H2O2 25 Hexoquinase ATP 0,4 D-Glicose 0,05 D-Frutose 1,5 Quimotripsina Gliciltirosinilglicina 108 N-benzoiltirosinamida 2,5 Enzimas – ordem da reação Quando a formação de P for proporcional à [S] a velocidade da reação é de 1a ORDEM Quando a velocidade da reação independe da [S] a reação é de ORDEM ZERO V [S] [S] [S] <<Km v = Vmax v = Vmax [S] Km v = K[S] [S] [S]>>Km Conclusões sobre a cinética da Equação 1) O Km corresponde à concentração de substrato na qual a velocidade de reação é metade da velocidade máxima (Vmax) 2) Km elevado ou baixo X afinidade 3) Ordem da Reação: Ordem ZERO e 1ª ordem Gráfico de Leneweaver-Burke Ou curva duplo-recíproca Descreve a velocidade da reação versus concentração de substrato com a velocidade máxima podendo ser determinada 39 ENZIMAS – MÉTODOS GRÁFICOS maxV 1 [S]maxV mK v 1 Gráfico dos Recíprocos de Lineweaver-Burk 1 [S] 1 v -1 Km 1 Vmax Km Vmax Inclinação = FATORES QUE ALTERAM A VELOCIDADE DA REAÇÃO ENZIMÁTICA • CONCENTRAÇÃO DO SUBSTRATO • CONCENTRAÇÃO DA ENZIMA • TEMPERATURA • pH • PRESENÇA DE INIBIDORES Velocidade x Conc. Substrato Concentração de substrato V e lo c id a d e Velocidade x Conc. Enzimas Velocidade x pH e Temperatura ENZIMA pH ÓTIMO Pepsina 1,5 Tripsina 7,7 Catalase 7,6 Arginase 9,7 Fumarase 7,8 ENZIMA TEMPERATURA ÓTIMA (°C) Pepsina 31,6 Tripsina 25,5 Urease 20,8 INIBIDORES ENZIMÁTICOS E SUA APLICAÇÃO NA MEDICINA INIBIDORES ENZIMÁTICOS Substância que é capaz de interferir, de maneira específica, retardando ou reduzindo o processo ou a especificidade biológica da reação INIBIDORES REVERSÍVEIS IRREVERSÍVEIS COMPETITIVOS NÃO COMPETITIVOS 46 ENZIMAS – INIBIÇÃO COMPETITIVA Inibidor competitivo concorre com o S pelo sitio ativo da E livre. I análogo não metabolizável, derivado de um S verdadeiro, S substituto da E ou um P da reação. [substrato] necessária para obter a mesma [ES] afinidade da enzima pelo substrato I compostos com estrutura molecular lembra S Km aparente da enzima Inibição Competitiva • Ki é a constante para a formação do complexo- inibidor (conhecida como constante de inibição) • Pode expressar o grau de interação entre um respectivo inibidor enzimático e a enzima inibida 48 ENZIMAS – INIBIÇÃO COMPETITIVA 1- sem inibidor 2- com inibidor na concentração [I1] 3- com inibidor na concentração [I2] > [I1] ENZIMAS – INIBIÇÃO NÃO-COMPETITIVA Inibidor não-competitivo se liga reversivelmente, aleatória e independentemente em um sítio que lhe é próprio. I não tem semelhança estrutural com o S [substrato] não diminui a inibição Km da enzima NÃO se altera Vmax na presença do inibidor Inibição Não Competitiva • O inibidor se liga tanto à enzima livre, quanto ao complexo ES formado. • Apresenta um comportamento de remoção da enzima ativa da solução, o que resulta na diminuição da velocidade da reação, devido à quantidade de enzima livre. 51 ENZIMAS – INIBIÇÃO NÃO-COMPETITIVA 1- sem inibidor 2- com inibidor na concentração [I1] 3- com inibidor na concentração [I2] > [I1] 52 ENZIMAS – INIBIÇÃO IRREVERSÍVEL I se combina com um grupo funcional na molécula da E, que é essencial para sua atividade. Podem promover a destruição do grupo funcional da Enzima Forma-se uma ligação COVALENTE entre o I e a E. Vmax parte da E é completamente removida do sistema e Km permanece a mesma. K2 E + P E + S ES K1 EI + I 53 ENZIMAS REGULATÓRIAS Não obedecem a cinética de Michaelis-Menten. Controlam a etapa limitante em uma cadeia de reações enzimáticas. Tem sua atividade catalítica aumentada ou diminuída em resposta a determinados sinais, moléculas sinalizadoras (pequenos metabólicos ou cofatores). Classes de enzimas reguladoras: Enzimas alostéricas; Enzimas reguladas pela modificação covalente reversível. 54 ENZIMAS REGULATÓRIAS Enzimas alostéricas Funcionam através da ligação não-covalente e reversível de um metabólito regulador chamado modulador; Moduladores podem ser inibidores ou ativadores; São maiores e mais complexas, possuem duas ou mais cadeias polipeptídicas. Enzimas reguladas pela modificação covalente reversível Grupos químicos são ligados covalentemente e removidos da enzima reguladora por enzimas ≠, podem ser: fosfato, adenosina monofosfato, grupos metil, etc. APLICAÇÃO DAS ENZIMAS Aplicações médicas Aplicações analíticas Kits para titulações e imunoensaios. Biossensores: Imobilização de colinesterase e anticorpos sobre cristal piezoelétrico utilizadas na detecção de pesticidas organofosforados; Reatores para análise cromatográfica 56 ENZIMAS – APLICAÇÕES ENZIMA FONTE APLICAÇÃO Papaína mamão Ajuda na digestão, Médica, bebidas, carnes Bromelina abacaxi Ajuda na digestão, Médica, bebidas, carnes Diastase malte Panificação, xarope Pepsina mucosa gástrica suíno Amaciamento de carne Lipase Candida rugosa Tratamento de efluentes Permitem às indústrias usarem processos mais econômicos, diminuindo o consumo de energia e recursos; mais confiáveis e que poluem menos. São eficientes; Muito específicas; Permite produção segura e ambientalmente amigável. Origem vegetal Origem animal Origem microbiana
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