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PRINCIPIOS DPE

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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
TEMA RESUMO
LEGITIMIDADE DA
DEFENSORIA PÚBLICA
PARA PROPOR AÇÃO
CIVIL PÚBLICA EM
DEFESA DE INTERESSES
INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS DE
CONSUMIDORES IDOSOS
QUE TIVERAM PLANO DE
SAÚDE REAJUSTADO EM
RAZÃO DA MUDANÇA DE
FAIXA ETÁRIA, AINDA
QUE OS TITULARES NÃO
SEJAM CARENTES DE
RECURSOS ECONÔMICOS
A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e
a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades
em auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos
econômicos. 
No campo da Ação Civil Pública, a expressão "necessitados" prevista na CF deve ser
entendida em sentido amplo. Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favo dos
carentes de recursos financeiros como também em prol do necessitado
organizacional (os hipervulneráveis: crianças, idosos, deficientes etc). 
Além do direito tutelado ser fundamental (direito à saúde), o grupo de
consumidores potencialmente lesado é formado por idosos, cuja condição de
vulnerabilidade já é reconhecida na própria CF/88. 
Ada Pellegrini Grinover em parecer sobre a legitimidade da Defensoria para o
ajuizamento de ACP: "Quando se pensa em assistência judiciária, logo se pensa na
assistência aos necessitados, aos economicamente fracos. E este, sem dúvida, o
primeiro aspecto da assistência judiciária: o mais premente, talvez, mas não o
único. Isso porque existem os que são necessitados no plano econômico, mas
também existem os necessitados do ponto de vista organizacional. Ou seja, todos
aqueles que são socialmente vulneráveis: os consumidores, os usuários de serviços
públicos, os usuários de planos de saúde, os que queiram implementar ou
contestar políticas públicas, como as atinentes à saúde, à moradia, ao saneamento
básico, ao meio ambiente etc." 
Art. 134, CF.
ONDAS RENOVATÓRIAS
DE ACESSO À JUSTIÇA
(CAPPELLETTI)
A primeira onda retrata a assistência judiciária gratuita, especialmente voltada
aos necessitados.
A segunda onda enfatiza a representação dos interesses difusos. 
A terceira onda prioriza uma reforma interna do processo, na busca da
efetividade da tutela jurisdicional. 
A terceira onda renovatória é uma resposta aos clamores da sociedade por um
processo vanguardista focado em quatro objetivos principais: simplificação dos
procedimentos; redução dos custos advindos da demora da tramitação da ação;
aprimoramento da qualidade do provimento jurisdicional; e efetividade da tutela.
LEGITIMIDADE DA
DEFENSORIA PÚBLICA
PARA PROPOR AÇÃO
CIVIL PÚBLICA E
HIPERVULNERABILIDADE
1. A legitimidade para o ajuizamento de Ação Civil Pública é concorrente (há mais
de um
legitimado, assim, não é exclusiva) e disjuntiva, pois cada um dos colegitimados
pode, sozinho, ajuizar a ação. Portanto, cada um dos vários colegitimados tem
autonomia.
2. O sistema adotado pelo Brasil para determinar os legitimados nas ações
coletivas é o ope legis, em que o Poder Legislativo aponta, de forma exaustiva,
aqueles que poderão demandar em juízo na proteção dos direitos transindividuais.
3. A Defensoria é apontada como legitimada para a propositura de Ação Civil
Pública em dois momentos:
a) Na própria Lei n° 7.347/85 (Lei da ACP), com o acréscimo realizado pela Lei
11.448/07; 
b) Na Constituição Federal, por disposição da Emenda Constitucional nº 80/2014,
ao atribuir à Defensoria a defesa dos direitos coletivos.
4. É importante defender a Legitimidade da Defensoria antes das previsões legais
citadas no
ponto 3. Isso porque o art. 5º da LACP previa a legitimidade da União e dos
Estados, entendendo, a jurisprudência, que, por serem órgãos dos referidos entes,
respectivamente, a Defensoria Pública da União e as Defensorias Estaduais, já
seriam legitimadas. 
5. O entendimento do STJ e do STF (STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015) é de que a Defensoria pode tutelar todas as
espécies de direitos transindividuais: difusos, coletivos e individuais homogêneos.
6. Por imposição da cláusula geral do devido processo legal, o STF entende devido
o controle de legitimação coletiva, através da necessidade de pertinência
temática do legitimado com o direito perseguido. Em outras palavras, a Defensoria
Pública só teria legitimidade para tutelar interesses coletivos dos “necessitados”,
compatibilizando-se com sua finalidade institucional. (STF. Plenário. RE
733433/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015 com repercussão geral).
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
LEGITIMIDADE DA
DEFENSORIA PÚBLICA
PARA PROPOR AÇÃO
CIVIL PÚBLICA E
HIPERVULNERABILIDADE
6.1. Dentre os interessados na demanda pode haver não necessitados, o que, de
nenhuma forma, retira a legitimidade da Defensoria. O importante é que, dentre
os interessados, haja hipossuficientes. Fundamento: no processo coletivo, vigoram
os princípios do máximo benefício, da máxima efetividade e da máxima amplitude.
6.4. O que se entende por “necessitados”? Há duas correntes:
a) Corrente restritiva (adotada pelo STJ. 4a Turma. REsp 1.192.577-RS, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014 - Info 541). Entende por necessitado
apenas aquele que detém hipossuficiência econômica.
b) Corrente ampliativa (adotada pelo STJ. Corte Especial. REsp 1.192.577-RS, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 - Info 573). Reconhece a existência de
duas espécies de funções da Defensoria:
i. Funções típicas: Defesa dos necessitados (hipossuficiência econômica);
ii. Funções atípicas: São aquelas relacionadas com a existência de hipossuficiência
técnica ou organizacional.
6.5. O que se entende por hipervulnerabilidade? O termo foi empregado pela
Ministra Laurita Vaz no REsp 1.192.577-RS, julgado em 21/10/2015 – Info. 573 STJ,
para definir a hipossuficiência técnica ou organizacional de determinados grupos
socialmente estigmatizados ou excluídos, como idosos, crianças, gerações futuras,
etc., o que, de pronto, atrairia a legitimidade da Defensoria para atuar em sua
defesa.
NOVIDADES TRAZIDAS
COM A EC 80/14
PEC Defensoria Para Todos:um dos seus principais objetivos, veiculado mediante
alteração no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da CF, foi o
de estabelecer que “No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o Distrito
Federal deverão contar com defensores públicos em todas as unidades
jurisdicionais (...)” (art. 98, § 1o).
A Defensoria Pública ganhou, com a EC 80/14, um novo perfil constitucional, o
qual projetou a instituição para um patamar normativo inédito, trazendo, além da
já citada obrigação do Poder Público de universalizar o acesso à justiça e garantir
a existência de defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais no prazo
máximo de oito anos, as seguintes inovações: 
(1) inserção da Defensoria Pública em sessão exclusiva no rol das funções
essenciais à justiça, separada, agora, da advocacia;
(2) explicitação ampla do conceito e da missão da Defensoria Pública;
(3) inclusão dos princípios institucionais da Defensoria Pública no texto
constitucional;
(4) aplicação de parte do regramento jurídico do Poder Judiciário, no que couber,
à Defensoria Pública, principalmente a iniciativa de lei.
A EC 80/14, ao elevar o status constitucional da Defensoria Pública, assim o fez
preservando a autonomia da instituição, cujo regramento jurídico deverá se
equilibrar entre a equiparação constitucional (com a Magistratura) e a identidade
institucional, não havendo que se falar, portanto, numa simetria total entre as
carreiras jurídicas, mas apenas no que couber.
LITISCONSÓRCIO ENTRE
DEFENSORIAS PÚBLICAS
DIVERSAS
O art. 5o, § 5o, da Lei 7347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), prevê que “Admitir-
se-á o litisconsórcio facultativoentre os Ministérios Públicos da União, do Distrito
Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei”.
Embora não tenhamos uma disposição expressa neste sentido para a Defensoria
Pública, o litisconsórcio entre Defensorias Públicas diversas me parece encontrar
tanto um fundamento constitucional, verificado no princípio da indivisibilidade da
instituição, a projetar aqui a sua faceta interinstitucional, quanto um fundamento
infraconstitucional, verificado na LC 80/94, que estabelece a função institucional
da Defensoria Pública de promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais
dos necessitados, “sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de
propiciar sua adequada e efetiva tutela” (art. 4o, X).
INDEPENDÊNCIA
FUNCIONAL E
INDEPENDÊNCIA
ADMINISTRATIVA
A independência funcional, conforme a redação prevista na LC 80, se relaciona
apenas com o “desempenho de suas atribuições”, ou seja, para o exercício da
atividade-fim ou funcional: a prestação de assistência jurídica integral e gratuita.
Logo, não há que se confundir independência funcional com independência
administrativa. Os defensores públicos estão vinculados a uma estrutura
hierárquica administrativa, sujeitos, portanto, a uma divisão de tarefas, fixação de
atribuições, expedientes organizacionais internos, dever de prestar informações
aos órgãos de administração superior da instituição etc.
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
INDEPENDÊNCIA
FUNCIONAL E
INDEPENDÊNCIA
ADMINISTRATIVA
O art. 134, § 4º da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 80/2014, dispõe que: “São princípios institucionais da Defensoria
Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se
também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta
Constituição Federal”.
O princípio da independência funcional assegura a plena liberdade de ação do
defensor não apenas perante todos os órgãos da administração pública,
especialmente o Judiciário, mas também dentro da própria Instituição. 
Ademais, o princípio em questão afasta qualquer possibilidade de hierarquia
diante dos demais agentes públicos do Estado, incluindo os magistrados,
promotores, procuradores, e delegados de polícia, entre outros. 
Destaque-se, ainda, que o caso também envolve o princípio da indivisibilidade,
corolário do princípio da unidade, que significa que a Defensoria Pública consiste
em um todo orgânico, não estando sujeita a rupturas ou fracionamentos. Esse
princípio permite que seus membros se substituam uns aos outros, a fim de que a
prestação da assistência jurídica aconteça sem solução de continuidade, de forma
a não deixar os necessitados sem a devida assistência.
INVESTIGAÇÃO
CRIMINAL DEFENSIVA
Surge para superar ou pelo menos atenuar o ambiente puramente persecutório da
investigação criminal, cujos movimentos se direcionam, todos, para culpar o
investigado. 
Requisitos essenciais da investigação defensiva, quais sejam:
(i) prática de atos de investigação (e não de prova);
(ii) pelo defensor do imputado, com ou sem o apoio de auxiliares técnicos;
(iii) em qualquer momento da persecução penal;
(iv) fora dos autos da investigação pública e como contraponto a esta;
(v) com o objetivo de reunir elementos de convicção lícitos e relevantes para a
defesa do imputado
O ART. 265, CAPUT, DO
CPP (PENA POR
ABANDONO DO
PROCESSO), É
APLICÁVEL AOS
MEMBROS DA
DEFENSORIA PÚBLICA?
Dispõe o art. 265, caput, do CPP, que “O defensor não poderá abandonar o 
processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena 
de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais 
sanções cabíveis”.
Embora ainda não se tenha notícia da aplicação do citado dispositivo sancionador
aos membros da Defensoria Pública, eventual sanção por abandono do processo
aplicada por juiz a defensor público (que não tenha apresentado alegações finais,
p. ex.), na sistemática prevista no CPP, além de violar o devido processo legal,
mais especificamente o contraditório e a ampla defesa, ainda contraria a LC 80 no
que diz respeito à prerrogativa dos defensores públicos de terem “o mesmo
tratamento reservado aos magistrados e demais titulares dos cargos das funções
essenciais à justiça” (artigos 44, XIII, 89, XIII, e 128, XIII).
Em se tratando de conduta processual inadequada que não configure atividade
criminosa, somente a Corregedoria da Defensoria Pública terá competência para
promover o devido processo administrativo disciplinar.
POSSIBILIDADE DE O
DEFENSOR PÚBLICO-
GERAL AJUIZAR AÇÃO
DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDAD
E E DEMAIS AÇÕES DO
CONTROLE
CONCENTRADO
A Constituição Federal estabelece que “Cabe aos Estados a instituição de 
representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face 
da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único
órgão” (art. 125, § 2º). Assim, portanto, temos que as Constituições Estaduais 
podem ampliar o rol de legitimados para as ações do controle de 
constitucionalidade, entendimento este que foi acolhido também pelo STF (ADI 
558 MC). 
Constituição Estado MT não traz o Defensor Público Geral como legitimado.
COMPETÊNCIA PARA
DIRIMIR CONFLITO DE
ATRIBUIÇÃO ENTRE
MEMBROS DE
DEFENSORIAS PÚBLICAS
DE ENTIDADES
FEDERATIVAS DIVERSAS
Consideremos, p. ex., que exista um conflito de atribuição entre um defensor
público do Estado do RN e um defensor público do Estado do CE. Neste caso, a
quem competirá o julgamento deste conflito? A competência será do STF (neste
sentido: decisão monocrática do min. Barroso na ACO 1634, j. 13/08/2013), nos
termos do art. 102, I, f, da Constituição Federal, que também se aplica aos
conflitos entre membros de Ministérios Públicos de entidades federativas diversas.
Tanto no âmbito institucional do MP quanto no da Defensoria se critica este
entendimento, buscando-se uma forma de solucioná-lo internamente, sem
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
submetê-lo ao Poder Judiciário. Na Defensoria Pública, cogita-se atribuir esta
competência ao Conselho Nacional da Defensoria Pública (CNDP), órgão que ainda
não foi criado. 
FUNÇÃO INSTITUCIONAL
DE EXECUTAR VERBAS
SUCUMBENCIAIS
DECORRENTES DA
ATUAÇÃO
Dispõe o art. 4o, XXI, da LC 80/94, que é função institucional da Defensoria
“executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação,
inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos
geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento
da Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus membros e servidores”.
A Súmula 421 do STJ estabelece que “Os honorários advocatícios não são devidos à
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à 
qual pertença”.
O principal fundamento deste entendimento é a aplicação do instituto da confusão
patrimonial, conclusão esta criticada pela doutrina institucional da Defensoria,
seja pela autonomia financeira da Defensoria Pública, seja pela indevida aplicação
de uma regra de direito privado a uma relação de direito público, seja, ainda,
porque a LC 80/94, com redação dada pela LC 132/2009, confere à Defensoria a
função institucional de executar verbas sucumbenciais contra quaisquer entes
públicos. 
O STJ aplica o referido entendimento não apenas em relação aos entes políticos,
mas também em relação às pessoas jurídicas de direito público que os integram
(AgRg no REsp
1463225, 2a Turma, DJe 06/02/2015). Assim, portanto, um defensor público do RN
não poderia executar verba sucumbencial não somente do Estado do RN, mas
também de autarquia deste ente político.
O fatode se tratar de “judicialização de massa” não afasta a incidência da verba
sucumbencial devida à Defensoria Pública. Neste sentido, já decidiu o STJ no AgRg
no REsp 1368941, julgado em 2015. Por “judicialização de massa”, os entes
públicos demandados designavam, no caso concreto, o pleito de medicamentos.
O STJ já tem jurisprudência consolidada no sentido de que não incide pagamento
de honorários pelo exercício da função de curadoria especial, “tendo em vista
tratar-se de uma função institucional, verdadeiro múnus público, remunerado via
subsídio” (REsp 1516565, 2a Turma, DJe 25/03/2015). No entanto, conforme
ressaltou o STJ no mesmo precedente: “(...) nos casos em que a Defensoria
Pública atuar como curadora especial, e obtiver êxito na demanda, serão devidos
honorários sucumbenciais à instituição, porquanto consistentes em remuneração
devida pelo vencido ao vencedor, nos termos do art. 20 do CPC, ressalvada a
hipótese em que ela atua contra pessoa jurídica de direito público à qual
pertença”.
DEFENSOR PÚBLICO,
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO
E ATUAÇÃO COMO
ASSISTENTE DE
ACUSAÇÃO
Em regra, o ordenamento jurídico brasileiro dispensa a necessidade de procuração
para a postulação pela Defensoria Pública. No entanto, o Superior Tribunal de
Justiça criou uma exceção à regra, qual seja, a necessidade de procuração com
poderes especiais para que o Defensor Público possa oferecer exceção de
suspeição.
Superior Tribunal de Justiça entendeu pela desnecessidade de procuração para
que a Defensoria Pública atue como assistente de acusação.
OBS: em virtude da falta de previsão legal, não se admite a figura do assistente de
acusação nos procedimentos do ECA.
ATUAÇÃO DEFENSORIA
EM MATÉRIA CRIMINAL E
AUSÊNCIA DE
HIPOSSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA
A ausência de hipossuficiência financeira não é óbice à atuação da Defensoria
Pública, já que, em se tratando de atuação na área criminal, dispensável é a
insuficiência de recursos para a prestação da assistência jurídica. É que a
hipossuficiência econômica é prescindível quando a Defensoria esta a perseguir as
suas funções atípicas, uma vez que o que se verifica é a existência de
hipossuficiência jurídica ou organizacional - funções solidárias da Defensoria
Pública -, como ocorre nos casos de curadoria especial, promoção dos direitos
humanos e atuação na área criminal.
Embora se verifique a possibilidade de atuação, se não houver sido dada a
oportunidade de constituir novo advogado, deve, o Defensor em atuação, requerer
seja o acusado intimada para tanto, e apenas diante da omissão ou informação
acerca da inexistência de novo patrono a ser indicado, passar a atuar. É a leitura
feita do art. 263 do Código de Processo Penal, em homenagem ao princípio da
ampla defesa e garantia de constituição de advogado de sua confiança.
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
Súmula 707 STF: CONSTITUI NULIDADE A FALTA DE INTIMAÇÃO DO DENUNCIADO
PARA OFERECER CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INTERPOSTO DA REJEIÇÃO DA
DENÚNCIA, NÃO A SUPRINDO A NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO.
OBS: NUNCA sugira como solução a nomeação de Defensor Dativo. NUNCA é
NUNCA, tendo em vista a adoção pelo Brasil do sistema Salaried Staff.
ASSISTÊNCIA DE PESSOA
JURÍDICA PELA
DEFENSORIA PÚBLICA
A função institucional da Defensoria Pública é prestar assistência jurídica aos
necessitados, nos termos do art. 134 da CF/88. A norma constitucional não limitou
a atuação da instituição à pessoa natural. Por sua vez, o inciso V do artigo 4º da
Lei Complementar nº 80/94, cuja redação foi dada pela Lei Complementar nº 132,
de 2009, ao se referir à ampla defesa e ao contraditório, expressamente declara a
atuação da Defensoria em favor de pessoas naturais e jurídicas. Dessa forma, é
possível o patrocínio de demandas de pessoas jurídicas, desde que se comprove a
situação de carência de recursos. Em relação a entidades sem fins lucrativos, essa
situação é presumida; quanto a pessoas jurídicas com fins lucrativos, há
necessidade de demonstração da carência de recursos.
CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
GRATUITA À PESSOA
JURÍDICA
O entendimento consolidado na súmula nº 481 do STJ trata de condição imposta à
pessoa jurídica para que faça jus aos benefícios da assistência judiciária gratuita,
regulada pela Lei nº 1.060/50, qual seja, a comprovação de que não pode arcar
com os encargos processuais, sem prejuízo próprio, não importando se suas
atividades possuem ou não finalidade lucrativa.
No caso das pessoas naturais, a simples alegação de que não possui meios de arcar
com os encargos do processo é suficiente para autorizar o deferimento dos
benefícios da assistência judiciária pelo juiz. Nesse caso, há uma presunção
relativa (juris tantum) da impossibilidade de suportar as despesas do processo, a
qual, no entanto, pode ser perfeitamente elidida pela parte contrária, com a
demonstração de que quem requereu o benefício não o merece.
Quanto à pessoa jurídica, a jurisprudência majoritária sempre exigiu que ela, ao
requerer a assistência judiciária gratuita, comprovasse previamente sua
hipossuficiência.
Registre-se que tal concessão refere-se a situações excepcionais, como uma
insolvência premente ou dificuldade econômica contabilmente comprovada ou,
ainda, se trata a pessoa jurídica em questão de sociedade sem fins lucrativos.
ATUAÇÃO DA
DEFENSORIA EM
PROCESSO
ADMINISTRATIVO
É perfeitamente possível a atuação da Defensoria Pública em processo
administrativo, conforme art. 1º da LC 80/94:
Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, assim
considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
Ademais, uma das funções institucionais da Defensoria consiste, de acordo com o
art. 4º, V: “exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa
e o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos
administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias,
ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de propiciar a
adequada e efetiva defesa de seus interesses”.
Com relação aos prazos para manifestação do Defensor em processo
administrativo, o art. 44, I da LC 80/94 garante a prerrogativa de “receber,
inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação
pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa,
contando-se-lhes em dobro todos os prazos”.
JUSTIÇA GRATUITA,
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
E ASSISTÊNCIA JURÍDICA
A justiça gratuita se refere à isenção do pagamento das custas, taxas,
emolumentos e despesas processuais.
A assistência judiciária engloba o patrocínio da causa por advogado e pode ser
prestada por um órgão estatal ou por entidades não estatais, como os escritórios
modelos das faculdades de Direito ou ONGs. Esse conceito se limita à defesa dos
direitos dos necessitados na esfera judicial.
O conceito mais amplo é o da assistência jurídica, que envolve não somente o
patrocínio de demandas perante o Judiciário, mas também toda a assessoria fora
do processo judicial, o que engloba desde procedimentos administrativos até
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
JUSTIÇA GRATUITA,
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
E ASSISTÊNCIA JURÍDICA
consultas pessoais do necessitado sobre contratos, por exemplo.
Outras explanação:
A assistênciajudiciária é o patrocínio gratuito da causa por advogado público
(ex.: defensor público) ou particular (entidades conveniadas ou não com o Poder
Público, como, por exemplo, os núcleos de prática jurídica das faculdades de
direito);
Já a assistência jurídica compreende, além do que já foi dito, a prestação de
serviços jurídicos extrajudiciais (como, por exemplo, a distribuição, por órgão do
Estado, de cartilha contendo direitos básicos do consumidor) – trata-se, como se
vê, de direito bem abrangente. (DIDIER JUNIOR, Fredie. OLIVEIRA, Rafael.
Benefício da Justiça Gratuita, Salvador: JusPodivm, 2008, pág. 11). 
Trata-se da expressão utilizada pela própria Constituição Federal de 1988,
revelando que o papel da Defensoria Pública não se restringe à mera atuação
processual. 
Por fim, justiça gratuita, ou benefício da gratuidade, ou ainda gratuidade
judiciária, consiste na dispensa provisória da antecipação do pagamento das
despesas judiciais ou extrajudiciais, necessárias ao pleno exercício dos direitos do
hipossuficiente, em juízo ou fora dele (art. 2º, parágrafo único, da Lei 1060/50).
Trata-se de um instituto de natureza processual. 
A dispensa do pagamento das despesas processuais será sempre qualificada
inicialmente como provisória; isso porque o reconhecimento do direito à
gratuidade de justiça não acarreta a automática exoneração da obrigação de arcar
com o pagamento das despesas processuais. A dispensa do pagamento apenas
perderá sua provisoriedade após esgotado o prazo quinquenal estabelecido pelo
art. 12 da Lei nº 1.060/1950, ocasião em que as despesas processuais se tornarão
definitivamente inexigíveis. (SILVA, Franklyn Roger Alves e ESTEVES, Diogo.
Princípios Institucionais da Defensoria Pública. Reio de Janeiro: Ed. Forense, 2014,
p.105).
A multa aplicada por litigância de má-fé está abrangida pela justiça gratuita?
Não. Além de multas não estarem previstas no art. 3º da Lei 1.060/50, o STJ já se
manifestou sobre o tema no RMS 15.600/SP, no qual restou afirmado que o
benefício da justiça gratuita não pode servir de fundamento para a prática de
ilícitos.
Estrangeiros não residentes podem ser beneficiários da assistência da
Defensoria Pública? E do benefício da justiça gratuita?
Sim. Ao julgar o HC nº 94.016/SP, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que a
condição jurídica de estrangeiro não residente no país “não o desqualifica como
sujeito de direitos e titular de garantias
constitucionais e legais”, impedindo a adoção “de qualquer tratamento arbitrário 
ou discriminatório”.
Todavia, é importante que o candidato conheça a disposição legal (“lei seca”)
consiga articular uma interpretação constitucional do dispositivo de acordo com o
que deve ser defendido pela Defensoria
Pública. Vejamos: 
De acordo com o art. 2º, caput, da Lei nº 1.060/1950, terão direito à gratuidade
de justiça e à assistência jurídica gratuita “os nacionais ou estrangeiros residentes
no país, que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho”.
Essa regra encontra-se em sintonia redacional com o disposto no art. 5º, caput, da
CRFB, que reconhece apenas “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país”
os direitos fundamentais elencados no referido dispositivo.
Contudo, diversos dos direitos fundamentais previstos na Constituição radicam
diretamente no princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), cujo
respeito não se exclui com base em nacionalidade (MENDES, Gilmar Ferreira;
COELHO, Inocêncio Martires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007. pp. 262-263).
Nesta linha de ideias, Como o direito à assistência jurídica é um direito
fundamental (SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma
teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 185), também os estrangeiros não
6
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
JUSTIÇA GRATUITA,
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
E ASSISTÊNCIA JURÍDICA
residentes são seus titulares. Ademais, o direito à assistência jurídica é essencial
para a garantia de outros direitos fundamentais (v.g. liberdade, para ficarmos no
mais óbvio dos exemplos), de modo que até mesmo do ponto de vista instrumental
deve ser assegurado aos estrangeiros não residentes.
E, pelas mesmas razões, em que pese o art. 2º, caput, da Lei 1060/50 tenha
restringido o benefício da justiça gratuita aos estrangeiros residentes, uma
interpretação conforme a constituição leva necessariamente à concessão da
justiça gratuita também aos não-residentes.
É admissível a pessoa jurídica obter a assistência judiciária, ou isto só é
possível para microempresas e entidades pias e beneficentes, sem fins
lucrativos?
Sim, por expressa disposição do art. 4º, V, da LC 80/94 e da súmula 481 do STJ
“faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais.” 
Todavia, a concessão deste benefício impõe distinções entre as pessoas física e
jurídica. Para a pessoa física, basta o requerimento formulado junto à exordial,
ocasião em que a negativa do benefício fica condicionada à comprovação da
assertiva não corresponder à verdade, mediante provocação do réu (presunção
juris tantum). Nesta hipótese, o ônus é da parte contrária provar que a pessoa
física não se encontra em estado de miserabilidade jurídica. 
Já à pessoa jurídica, admite-se a concessão da justiça gratuita, com ou sem fins
lucrativos, desde que as mesmas comprovem, de modo satisfatório, a
impossibilidade de arcarem com os encargos processuais, sem comprometer a
existência da entidade.
Quem afere e reconhece o direito à assistência jurídica estatal gratuita?
Quem afere e reconhece o direito à assistência jurídica estatal gratuita é o
Defensor Público com atribuição para realizar o atendimento do necessitado
econômico, não sendo admitida a interferência vinculante de qualquer autoridade
pública na escolha dos destinatários finais dos serviços prestados pela Instituição. 
Nessa ótica, quando o indivíduo ingressa em juízo como autor, réu ou
interveniente, a questão colocada à análise do juiz refere-se unicamente ao
reconhecimento do direito à gratuidade de justiça; não possui o julgador qualquer
ingerência quanto ao direito à assistência jurídica estatal gratuita reconhecida
administrativamente pelo Defensor Público.
A independência funcional assegura a plena liberdade de ação do defensor público
perante todos os órgãos da administração pública, especialmente o judiciário. O
princípio em destaque elimina qualquer possibilidade de hierarquia diante dos
demais agentes políticos do Estado, incluindo os magistrados, promotores de
justiça, parlamentares, secretários de estado e delegados de polícia.
Assim, nada impede que o Defensor Público, na prática de seus atos profissionais,
continue patrocinando os interesses de seus assistidos, mesmo que o benefício da
justiça gratuita venha a ser revogado por decisão judicial, cabendo a si,
exclusivamente, a responsabilidade pelos critérios de avaliação da situação
econômica de cada assistido. (GALLIEZ, Paulo Cesar Ribeiro. Distinção entre
assistência judiciária e assistência jurídica. Patrocínio da Defensoria Pública em
favor de pessoa jurídica. Revista de Direito da Defensoria Pública, Rio de Janeiro,
2007, n.22, pág. 280/281).
Pessoas formais ou entes despersonalizados, podendo-se apontar como
exemplo o condomínio edilício, a massa falida e a sociedade de fato podem
ser beneficiários da assistência jurídica da DefensoriaPública? E do benefício
da justiça gratuita?
Atualmente, o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro têm admitido o reconhecimento do direito à gratuidade de justiça em
favor das pessoas formais, desde que demonstrado pelo ente despersonalizado sua
efetiva incapacidade econômica, in verbis:
Processual civil. Justiça Gratuita. Condomínio residencial. Lei nº 1.060/1950.
Ausência de restrição expressa do benefício a entidades dessa natureza.
Cabimento, em tese, do pedido. Ônus da comprovação do estado de necessidade
7
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
pelo requerente. Instâncias ordinárias que não examinaram a situação fática
concreta. 
Retorno dos autos à vara para apreciação do mérito do pedido. I. Em tese, é
possível ao condomínio residencial beneficiar-se da assistência gratuita prevista na
Lei n. 1.060/1950, à míngua de norma expressa restritiva, cabendo, no entanto, ao
requerente, a demonstração efetiva do seu estado de penúria, que o impossibilita
de arcar com as custas processuais, o que deverá ser aferido pelas instâncias
ordinárias. II. Recurso especial conhecido e parcialmente provido, para determinar
a volta dos autos à Vara de origem, a fim de que seja apreciado o mérito do
pedido de gratuidade. (STJ – Quarta Turma – REsp 550843/SP – Relator Ministro
Aldir Passarinho Junior, decisão: 18-10-2004)
PRINCÍPIO DA
INDIVISIBILIDADE VS.
PRINCÍPIO DO DEFENSOR
PÚBLICO NATURAL
O princípio da indivisibilidade enseja a que os defensores públicos podem ser
substituídos durante o processo, não havendo uma vinculação absolutamente à
título pessoal com os casos que acompanham. Ocorre que a LC 132/2009 positivou
na LC 80/94 o direito dos assistidos da Defensoria Pública a terem “o patrocínio de
seus direitos e interesses pelo defensor natural” (art. 4o-A, IV). 
Estamos diante de princípios inconciliáveis? Vejamos. 
O art. 5o, LIII, da Constituição, estabelece que ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente, consagrando, assim, o princípio
do juiz natural. Este preceito, não sem muita movimentação e divergências
doutrinária e jurisprudencial, também foi incorporado ao estatuto jurídico do
Ministério Público, consistindo, na síntese de Mazzilli, “na existência de um órgão
independente do Ministério Público, escolhido por prévios critérios legais e não
casuisticamente, para o exercício das atribuições que a lei conferiu à instituição”,
razão pela qual, prossegue o autor, “Não se trata de uma garantia para o membro
do Ministério Público, senão reflexamente, e sim garantia da coletividade”. O
princípio do promotor natural teria a finalidade, portanto, de objetivar a atuação
do Ministério Público e evitar o “acusador de encomenda ou de exceção”.
No âmbito da Defensoria Pública, a doutrina institucional já admitia a existência
do princípio do defensor público natural mesmo antes da sua positivação na LC 80
pela LC 132/2009, considerando-o, conforme veremos a seguir, uma decorrência
das garantias da inamovibilidade e da independência funcional. 
Quer o princípio do defensor natural designar que, da mesma forma que a ordem
jurídica repele o juiz e o acusador de exceção, também a defesa pública deve ser
desempenhada por um profissional com atribuição previamente fixada em lei ou
em regramento interno da instituição, proibindo-se, desta forma, designações
arbitrárias ou discricionárias, assim como a remoção do defensor público do
processo ou caso que esteja atuando sem que tenha havido justa causa. O objetivo
do art. 4o-A, IV, ao consagrar o princípio do Defensor natural.
O princípio do defensor natural traz consigo tanto uma garantia para o próprio
defensor público quanto para o assistido da Defensoria Pública, possuindo,
portanto, uma dupla destinação subjetiva. 
Para o defensor público, o princípio do defensor natural, conforme já dito
anteriormente, o protege contra ingerências indevidas no seu trabalho pela
Administração Superior da Defensoria Pública, estando a salvo, portanto, de
remoções arbitrárias decorrentes do seu modo de atuar, razão pela qual o
princípio em estudo protege diretamente duas garantias dos defensores públicos: a
inamovibilidade e a independência funcional16. Sobre a proteção da
inamovibilidade, importante ressaltar que o princípio do defensor natural impede
não apenas remoções territoriais arbitrárias, isto é, a retirada do defensor público
da comarca X para a comarca Y, mas também remoções funcionais descabidas, que
ocorreriam com a retirada do defensor público do seu ofício ou núcleo, p. ex., de
execução penal, para lotá-lo num ofício ou núcleo de atuação na área de família.
Veja-se, portanto, que a inamovibilidade não se dá apenas na localidade,
estendendo-se também para o órgão funcional ocupado pelo defensor público.
Para o assistido, o princípio do defensor natural age e o protege em dois
momentos: no primeiro, garante que o defensor público responsável por
acompanhar o seu caso foi escolhido por critérios objetivos previamente fixados,
eliminando, portanto, qualquer chance de ser defendido por alguém cuja
designação para atuar tenha decorrido de perseguição ou tenha natureza política;
e no segundo momento, garante que o defensor público com o qual já
confidenciou os fatos e eventuais segredos sobre o caso, e com o qual já criou uma
8
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
PRINCÍPIO DA
INDIVISIBILIDADE VS.
PRINCÍPIO DO DEFENSOR
PÚBLICO NATURAL
relação de confiança, não será arbitrariamente removido do processo.
Com estas considerações, concluo que não há qualquer conflito ou
incompatibilidade entre os princípios da indivisibilidade e do defensor natural. Na
verdade, o princípio do defensor natural limita e condiciona o princípio da
indivisibilidade, admitindo que as substituições dos membros ocorram, desde que
observados os critérios legais ou de normatização interna.
O assistido tem direito a ser ouvido e a se manifestar previamente à
substituição (legal) do defensor público que acompanha o seu caso?
Um exemplo pode facilitar a compreensão. Consideremos a hipótese de que o
processo de João é acompanhado desde o início por X, o seu defensor natural.
Ocorre que o defensor público X, por algum motivo temporário (férias,
afastamento, licença etc.) ou definitivo (aposentadoria, remoção, promoção etc.),
não poderá prosseguir atuando no processo. Diante deste contexto, o assistido tem
direito a ser ouvido e a se manifestar sobre a substituição temporária ou definitiva
ou seu defensor natural? Coerente com o que sustentei anteriormente, entendo
que não há esse direito, já que o princípio do defensor natural limita e condiciona
o princípio da indivisibilidade, proibindo somente as substituições arbitrárias do
defensor natural. Neste sentido, já se posicionou o STF.
Entendimento contrário a este, além de forçar uma compreensão equivocada do
princípio do defensor natural, pessoalizando de forma excessiva a relação entre
defensor e assistido, ainda colocaria em risco o direito fundamental à razoável
duração do processo (art. 5o, LXXVIII, da CF), já que qualquer afastamento do
defensor natural demandaria um imenso esforço da Defensoria Pública para
notificar os respectivos assistidos e lhes conferir o direito de manifestação, algo
definitivamente irrealizável com a estrutura precária da grande maioria das
Defensorias Públicas. Finalmente, da mesma forma que o princípio do defensor
natural limita e condiciona o princípio da indivisibilidade, a recíproca também
ocorre, pois o caráter indivisível da Defensoria Pública fundamenta a estruturação
da carreira em categorias ou níveis de atuação dos seus membros, implicandoem
divisão de atribuições que, em regra, acompanham o critério de competência do
órgão jurisdicional a que está vinculado19. Assim sendo, pode ocorrer de o
assistido ter mais de um defensor natural na tramitação do seu processo.
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DA PRESTAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA JURÍDICA
A primeira Constituição do Brasil, não trazia em seu corpo qualquer alusão de
assistência jurídica gratuita, ou da instituição hoje conhecida como Defensoria
Pública. Além dela, também as de 1891 e 1937, eram silentes.
A primeira Constituição brasileira a tratar do tema foi a de 1934, cujo art. 113,
inciso 32, dispunha que “A União e os Estados concederão aos necessitados
assistência judiciária, criando, para esse efeito, órgãos especiais, e assegurando a
isenção de emolumentos, custas, taxas e selos”. 
Apesar do silêncio da Constituição Federal outorgada durante o Estado Novo de
1937, a Constituição Federal de 1946 repetiu no art. 141, § 35, inserido no
Capítulo II (Dos Direitos e das Garantias Individuais), o modelo democrático e
social de 1934, reiterando o dever de o Poder Público conceder a assistência
judiciária aos necessitados, deferindo o benefício da justiça gratuita, sem, no
entanto, mencionar a necessidade de criação de órgãos especiais.
Assim, somente com a edição da Lei 1.060/50, houve a efetiva implantação do
sistema de assistência judicial (assistência judiciária e justiça gratuita).
A Constituição de 1967, em seu art. 150, § 32 e a Emenda Constitucional de 1969,
art. 153, § 32, trouxeram a mesma redação da matéria em comento, no “Capítulo
IV- Dos Direitos e Garantias Individuais” prevendo que “será concedida assistência
judiciária aos necessitados, na forma da lei”.
A Constituição Cidadã de 1988, a qual erigiu a Defensoria Pública à função
Essencial à Justiça (art. 134), na mesma oportunidade em que deu nova roupagem
à assistência jurídica (dentro e fora do processo), ratificou ao Estado o dever de
prestar a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV).
Após a Constituição de 1988, coube à Lei Complementar n˚. 80/1994, conhecida
como a Lei Orgânica da Defensoria Pública, organizar a Defensoria Pública da
União, do Distrito Federal e Territórios e prescrever normas gerais para as
Defensorias Públicas dos Estados. 
9
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
RESOLUÇÕES
2.656/11 E 2714/12 DA
OEA
A Organização dos Estados Americanos possui quatro resoluções aprovadas sobre o 
tema “Acesso à Justiça”. Duas delas estão sendo cobradas expressamente no 
edital, são elas: Resolução 2.656/11 e 2714/12.
Em suma elas apontam para: 
(i) reconhecimento do acesso à justiça como um direito humano fundamental; 
(ii) importância da autonomia e independência da Defensoria Pública;
(iii) necessidade de disponibilização e fortalecimento de serviços que prestem 
assistência jurídica;
(iv) capacitação dos membros e servidores de órgãos que prestem assistência
jurídica, inclusive mediante convênios com Estados e órgãos do Sistema
Interamericano.
A Resolução 2656 de 2011 (Garantias para o Acesso à Justiça) aborda o tema do
acesso à Justiça como um direito autônomo, que permite exercer e proteger
outros direitos, além de impulsionar o papel da Defensoria Pública Oficial como
ferramenta eficaz para garantir o acesso à Justiça das pessoas em condição de
vulnerabilidade.
Dentre os pontos mais importantes da resolução se destaca a recomendação para
que os “Estados membros que já disponham do serviço de assistência jurídica
gratuita adotem medidas que garantam que os Defensores Públicos oficiais gozem
de independência e autonomia funcional”. E recomenda que os Estados que “ainda
não disponham da instituição Defensoria Pública que considerem a possibilidade de
criá-la em seus ordenamentos jurídicos.” 
No mesmo sentido, a Resolução 2.714, de 2012 (Defensoria Pública Oficial como
garantia de acesso à justiça para as pessoas em condições de vulnerabilidade),
reforça as conclusões da resolução anterior, reiterando a necessidade de reforço
de serviços de assistência jurídica para a defesa e promoção dos direitos humanos
de grupos vulneráveis.
COMPETÊNCIA PARA
LEGISLAR SOBRE A
DEFENSORIA PÚBLICA
Nesse ponto o tema mais importante é a impossibilidade de criação de Defensorias
Públicas municipais.
A Constituição Federal, em seu art. 24, XIII, outorgou à União, aos Estados e ao
Distrito Federal competência concorrente para legislar sobre “assistência jurídica
e Defensoria Pública”, excluindo essa matéria, portanto, da esfera de
competência municipal. Deve-se observar, outrossim, que o art. 30 da CRFB, ao
listar as competências dos Municípios, nenhuma menção realiza ao serviço de
assistência jurídica municipal. 
Além disso, quando efetua o delineamento organizacional da Defensoria Pública, o
art. 134 da Constituição Federal faz referência apenas às Defensorias Públicas dos
Estados, da União, do Distrito Federal e Territórios, não sendo realizada qualquer
alusão à possibilidade de implementação de Defensorias Públicas no âmbito
municipal.
O silêncio do legislador constituinte aqui é eloquente. Se a Constituição Federal
não outorga aos Municípios a competência para legislar sobre assistência judiciária
e Defensoria Pública (art. 24, XIII e art. 30 da CRFB), e, ao mesmo tempo, não
prevê a criação de Defensorias Públicas no âmbito municipal (art. 134, § 1º, da
CRFB), é intuitiva a pretensão d o legislador constituinte no sentido vedar a
veiculação de tal matéria pelo ente político municipal. 
Por questão de similitude com o Poder Judiciário e com o Ministério Público, deve
a Defensoria Pública ser organizada apenas no âmbito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios. 
Uma Defensoria Pública Municipal, ou mesmo qualquer outro órgão prestador de
assistência jurídica e judiciária em nível municipal, dificilmente poderia conceder
a seus membros as condições institucionais indispensáveis para o bom exercício de
suas funções, notadamente no que se refere à independência e autonomia.
Ficariam os “advogados” integrantes desse tipo de serviço muito mais vulneráveis
às pressões e interesses locais; isto fatalmente comprometeria o desempenho de
suas atribuições, circunstância que ocorreria igualmente se houvesse a figura do
juiz municipal ou do promotor de justiça municipal. (ALVES, Cléber Francisco.
Justiça para Todos! Assistência Jurídica Gratuita nos Estados Unidos, na França e
no Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, pág. 314)
Conclui-se, portanto, que em virtude do silêncio proposital e expressivo do
legislador constituinte, não se revela possível aos Municípios efetuar a criação de
Defensorias Públicas municipais ou de qualquer outra espécie de serviço público
10
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
para prestação de assistência judiciária, sob pena de inconstitucionalidade. Na
verdade, diante do disposto no art. 1º da Lei nº 1.060/1950, o que se admite
apenas é a “colaboração” dos Municípios, auxiliando os Estados e a União na
adequada prestação da assistência jurídica gratuita aos necessitados. Essa
colaboração, segundo destaca CLÉBER FRANCISCO ALVES, pode ser prestada por
intermédio de “parcerias para melhorar a infraestrutura física dos locais de
funcionamento da Defensoria Pública, na cessão de recursos humanos,
especialmente estagiários de direito, para apoiar o trabalho dos Defensores
Públicos, além de auxílio para o melhor aparelhamento tecnológico, inclusive com
a cessão de equipamentos, de mobiliário etc.”. O que não se pode admitir é que o
Município institua serviço autônomo de prestação de assistência jurídica gratuita
aos necessitados, exercendo, sem permissão legale sem respaldo constitucional,
atividade típica da Defensoria Pública.
PRINCÍPIOS
INSTITUCIONAIS (ART.
134,§2º DA CF E ART.3º
DA LC 80/94)
De acordo com o art. 134,§4º da CF (incluído pela EC80/14) e art. 3º da LC nº
80/1994, “são princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional”. 
I) Unidade
O princípio da unidade ou unicidade indica que a Defensoria Pública deve ser vista
como instituição única, compondo seus membros um mesmo todo unitário. Apesar
de agir por intermédio de múltiplos braços, a Defensoria Pública consolida corpo
único e encontra-se sob o comando singular do Defensor Público Geral. Em virtude
da unidade da Instituição, os atos praticados pelo Defensor Público no exercício de
suas funções não devem ser creditados ao agente, mas atribuídos à própria
Defensoria Pública a qual integra.
Importante observar que, sob o prisma orgânico, a unidade somente existe no
âmbito de cada Defensoria Pública, já que compõem estruturas organizacionais
distintas e encontram-se sob chefia institucional diversa. Não é correto, portanto,
falar em unidade orgânica entre Defensoria Pública Estadual e a Defensoria Pública
da União, nem entre a Defensoria Pública de um Estado e a de outro. Essa
consequência jurídica decorre do próprio sistema federativo, cuja forma de
estruturação inspira a divisão de atribuições e a existência de autonomia entre as
Defensorias Públicas. 
Em outras palavras, não há qualquer vinculação hierárquica, administrativa ou
financeira entre as Defensorias Públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios, possuindo cada uma delas organização autônoma e distinta.
No entanto, sob o prisma funcional, é possível identificar a unidade entre todas as
Defensorias Públicas do país, haja vista desempenharem as mesmas funções
institucionais e com a mesma finalidade ideológica. 
Por essa razão que o art. 2º da Lei Complementar nº 80/1994 estabelece que “a
Defensoria Pública abrange: I – a Defensoria Pública da União; II – a Defensoria
Pública do Distrito Federal e dos Territórios; III – as Defensorias Públicas dos
Estados”.
II) Indivisibilidade
O princípio da indivisibilidade ou impessoalidade constitui verdadeiro corolário do
princípio da unidade, formando com ele verdadeira relação de logicidade e
dependência. Por formarem um mesmo todo indivisível, os membros da Defensoria
Pública podem substituir uns aos outros indiferentemente, sem que haja solução
de continuidade do serviço público de assistência jurídica gratuita. A
indivisibilidade garante que a atuação da Defensoria Pública ocorra sempre de
maneira ininterrupta, seja como representante jurídico do cidadão hipossuficiente
ou como parte no exercício de sua função de controle. 
Por conta da indivisibilidade, os membros da Defensoria Pública não se vinculam
aos processos em que atuam, sendo relativamente comum que um mesmo processo
seja conduzido sucessivamente por Defensores Públicos distintos. Desde que
observada a sistemática legal, um Defensor poderá substituir outro que se
encontre afastado por ocasião de férias, licença, impedimento, suspeição, etc. 
Importante observar, por fim, que o princípio da indivisibilidade não implica em
vinculação de opiniões, não sendo o Defensor Público substituto obrigado a adotar
a mesma linha de pensamento seguida pelo substituído. Obrigar o Defensor
Público, que posteriormente assume determinada causa, a seguir a linha de
posicionamento anteriormente adotada, significaria violentar sua consciência e sua
11
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
PRINCÍPIOS
INSTITUCIONAIS (ART.
134,§2º DA CF E ART.3º
DA LC 80/94)
independência funcional.
III) Independência Funcional
A independência funcional garante ao Defensor Público a necessária autonomia de
convicção no exercício de suas funções institucionais, evitando que interferências
políticas ou fatores exógenos estranhos ao mérito da causa interfiram na adequada
defesa da ordem jurídico democrática do país. Em outras palavras, o princípio da
independência funcional confere ao Defensor Público escudo invulnerável, que
protege sua atuação profissional contra interesses escusos e contra os poderosos
inimigos que, pertencentes às fileiras dos opressores e antidemocráticos,
pretendem conservar o estado social desigualitário presente. 
Em virtude de sua independência funcional, os Defensores Públicos podem atuar
livremente no exercício de suas funções institucionais, rendendo obediência
apenas à lei e à sua própria consciência. 
Isso significa que, além estarem livres de interferências externas, os Defensores
Públicos funcionalmente não se encontram submetidos a qualquer poder
hierárquico interno, não estando vinculados às recomendações exaradas pelo
escalão superior da Defensoria Pública. 
Por essa razão, não pode o Defensor ser penalizado pelos atos probos praticados
no estrito exercício de suas funções, mesmo que tal conduta contrarie orientação
expedida pela chefia institucional da Defensoria Pública.
Na verdade, por conta do princípio da independência funcional, a hierarquia
interna existente na Instituição deve restringir-se às questões de ordem
administrativa, nunca de caráter funcional ou técnico.
Com isso, embora a chefia institucional da Defensoria Pública esteja autorizada a
proferir as ordens e as diretrizes que entender necessárias, tais comandos devem
permanecer restritos às questões administrativas. Não possui o Defensor Público
Geral ou a administração superior atribuição para controlar o mérito dos
pronunciamentos dos Defensores Públicos, sendo vedada a prolação de qualquer
comando que invada ou viole a esfera funcional de atuação do membro da
Instituição. 
Importante observar, no entanto, que a independência funcional do Defensor
Público não é absoluta, pois se mostra inadmissível a existência de poderes
absolutos no atual Estado Democrático de Direito. Ao contrário do indivíduo, que
tem permissão para fazer tudo aquilo que a ordem jurídica não tenha proibido,
aquele que exerce funções públicas apenas se encontra autorizado a fazer o que a
ordem jurídica permite.
Com isso, a atuação do Defensor Público, assim como a de todo e qualquer agente
político, deve estar obrigatoriamente baseada em autorização conferida por norma
válida. Nesse ponto, a legalidade deve atuar como autêntica lanterna, iluminando
o caminho a ser percorrido pelo Defensor Público no exercício de suas funções;
tudo aquilo que permanecer nas sombras deverá ser repelido na atuação do
membro da Defensoria Pública, por ser contrário à lei ou à Constituição.
III.1) Independência Funcional vs. Autonomia Funcional:
Embora seja comum a confusão doutrinária sobre o tema, a independência
funcional e a autonomia funcional não devem ser consideradas expressões
sinônimas.
A independência funcional (art. 3º da LC nº 80/1994) constitui princípio tendente a
salvaguardar a liberdade de convicção do Defensor Público e o livre exercício de
suas funções institucionais. 
Trata-se de instituto voltado para o Defensor Público individualmente considerado,
protegendo sua consciência profissional contra ingerências externas, sejam
oriundas dos órgãos governamentais, dos setores mais abastados da sociedade ou
mesmo da própria administração superior da Defensoria Pública.
Já a autonomia funcional assegura às Defensorias Públicas dos Estados (art. 134, §
2º, da CRFB), à Defensoria Pública do Distrito Federal (art. 2º da EC nº 69/2012,
c/c o art. 134, § 3º, da CRFB) e à Defensoria Pública da União (art. 134, § 3º, da
CRFB) liberdade de atuação institucional, evitando toda e qualquer ingerência
externa nos assuntos internacorporis. Trata-se de instituto direcionado para a
Defensoria Pública globalmente considerada, garantindo a autonomia da
Instituição frente aos Poderes Estatais e aos interesses das classes favorecidas.
12
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
PRINCÍPIOS
INSTITUCIONAIS (ART.
134,§2º DA CF E ART.3º
DA LC 80/94)
Em síntese, enquanto a independência funcional guarda relação singular com
Defensor Público, a autonomia funcional se volta coletivamente para a Defensoria
Pública; a primeira constitui garantia individual do Defensor Público e a segunda
garantia institucional da Defensoria Pública. 
III.2) A Independência Funcional e a Inexistência de Hipótese de Atuação
Institucional (art. 4º, § 8ºda LC nº 80/1994): QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA!
Com o advento da Lei Complementar nº 132/2009, o art. 4º, § 8º da LC nº 80/1994
passou a prever hipótese bastante eloquente de aplicabilidade do princípio da
independência funcional. De acordo com o referido dispositivo, “se o Defensor
Público entender inexistir hipótese de atuação institucional, dará imediata ciência
ao Defensor Público Geral, que decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso,
outro Defensor Público para atuar”.
Dessa forma, caso o Defensor Público natural, ao analisar o caso concreto, entenda
pelo não enquadramento nas hipóteses de atuação institucional da Defensoria
Pública, deverá dar imediata ciência do fato ao Defensor Público Geral, que
exercerá o controle sobre a atuação negativa do membro da Instituição.
Ao analisar a motivação apresentada, poderá o Defensor Público Geral concluir ser
equivocada a recusa apresentada pelo Defensor Público natural. No entanto, como
não existe hierarquia em relação aos assuntos de natureza funcional, não poderá o
chefe da Instituição determinar que o Defensor Público natural atue naquele caso
específico. Seguindo a expressa redação do art. 4º, § 8º da LC nº 80/1994, deverá o
Defensor Público Geral indicar “outro Defensor Público para atuar”.
Importante observar, também, que o Defensor Público indicado não estará
obrigado a atuar positivamente no caso. Assim como seu antecessor, poderá o novo
Defensor Público avaliar livremente o quadro, podendo igualmente concluir pela
inexistência de hipótese de atuação institucional, apresentando nova recusa.
Com a previsão constante do art. 4º, § 8º da LC nº 80/1994, realiza o legislador o
reconhecimento expresso e exemplificativo da independência funcional do
Defensor Público frente à administração superior da Instituição, garantindo a plena
liberdade de convicção no exercício de suas funções. 
OBJETIVOS 
(Art. 3º- A da LC 80/94)
O art. 3º-A da Lei Complementar nº 80/1994 elenca quatro objetivos a serem
perseguidos pela Defensoria Pública durante o desempenho de suas funções
institucionais: 
(i) a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades
sociais;
(ii) a afirmação do Estado Democrático de Direito;
(iii) a prevalência e efetividade dos direitos humanos; e
(iv) a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
Pela leitura dos dispositivos legais, podemos perceber que os objetivos da
Defensoria Pública são cláusulas de natureza aberta e sentido fluido, capazes de
proporcionar a mais ampla interpretação de seu espectrode incidência.
I) A primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades
sociais
De acordo com o art. 3º-A, I, da LC nº 80/1994, constitui objetivo da Defensoria
Pública “a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades
sociais”.
Considerada fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, da CRFB), a
dignidade da pessoa humana está na origem dos direitos materialmente
fundamentais e representa o núcleo essencial de cada um deles. Por essa razão,
dentro da escala dos valores constitucionais, a dignidade humana é considerada
valor superlativo, sendo o epicentro axiológico de toda a ordem
jurídicoconstitucional.
O princípio da dignidade humana expressa valor físico, moral e psíquico a ser
assegurado a todas as pessoas simplesmente pelo fato de existirem no mundo,
constituindo um mínimo invulnerável do indivíduo.
Por serem todas as pessoas iguais em dignidade, a atuação funcional da Defensoria
Pública deve garantir a respeito recíproco de cada pessoa à dignidade alheia, além
de assegurar o respeito e a proteção da dignidade humana pelo Poder Público e
pela sociedade em geral. Nesse âmbito de proteção fundamental da pessoa
humana se inclui a tutela do mínimo existencial, que identifica o conjunto de bens
13
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
OBJETIVOS 
(Art. 3º- A da LC 80/94)
e utilidades básicas necessárias à subsistência digna e indispensáveis ao desfrute
dos direitos em geral.
II) A afirmação do Estado Democrático de Direito
Segundo preceitua o art. 3-A, II da LC nº 80/1994, constitui objetivo da Defensoria
Pública “a afirmação do Estado Democrático de Direito”.
Apesar das pequenas variações semânticas em torno do conceito de Estado
Democrático de Direito, essa fórmula condensa duas qualidades importantes do
Estado Constitucional contemporâneo: 
(i) o Estado Democrático, que denota a organização política em que o poder
emana do povo, que o exerce diretamente ou através de representantes eleitos,
mediante sufrágio universal e voto direto e secreto, em eleições livres e
periódicas; e
(ii) o Estado de Direito, que proclama a primazia da lei e a observância obrigatória
da legalidade pela administração pública, concretizando o respeito das
autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais incorporados à ordem
constitucional.
Sem a atuação concreta e efetiva da Defensoria Pública, a sociedade brasileira
estaria impossibilitada de afirmar o Estado Democrático – pela cidadania sem ação
–, de realizar o Estado de Direito – pela ilegalidade sem sanção – e de caminhar em
busca da justiça – pela imoralidade sem oposição. 
III) A prevalência e efetividade dos direitos humanos
Em conformidade com o art. 3º-A, III, da LC nº 80/1994, constitui objetivo da
Defensoria Pública também “a prevalência e efetividade dos direitos humanos”. 
A justificação dos direitos humanos constitui tarefa demasiadamente complexa,
envolvendo diversos valores e teorias capazes de construir um núcleo normativo
comum e universalmente válido, com aptidão para garantir a proteção dos direitos
mais básicos correlacionados à própria figura humana. 
Os direitos humanos não recebem essa denominação em virtude de sua
titularidade, mas por seu caráter fundamental para a vida humana digna e por
objetivarem a proteção de valores essenciais para que cada ser humano possa
desenvolver suas capacidades potenciais. Por isso, a doutrina dos direitos humanos
condensa a mais alta expressão da dignidade do homem.
Como expressão e instrumento do regime democrático, a Defensoria Pública
desempenha a importante função de “promover a difusão e a conscientização dos
direitos humanos”, além de “representar aos sistemas internacionais de proteção
dos direitos humanos, postulando perante seus ógãos” (art. 4º III e VI, da LC
nº80/1994).
IV) A garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório
Por fim, o art. 3-A, IV, da LC nº 80/1994 elenca como objetivo da Defensoria
Pública “a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do
contraditório”. 
Como decorrência lógica do princípio político da participação democrática, a
ampla defesa e o contraditório garantem o direito de informação, o direito de
manifestação e o direito de ver seus argumentos considerados pelo julgador.
Para garantir a ampla e equilibrada participação dos interessa dos no processo, a
defesa dos interesses em litígiodeve ser efetuada por profissional tecnicamente
habilitado, de modo que o deslinde da conflitualidade ocorra por motivos
substantivos e não por eventual desdobramento na qualidade de atuação das
partes. Como nem todos possuem condições de arcar com o pagamento dos
honorários cobrados pelos advogados, a Constituição Federal garantiu aos
necessitados o direito à assistência jurídica integral e gratuita prestada pela
Defensoria Pública (art. 5º, LXXIV, c/c o art. 134 da CRFB).
Nesse ponto, a atuação jurídico-assitencial da Defensoria Pública funciona como
elemento equilibrador do status social no processo, garantindo aos deserdados de
fortuna a mesma oportunidade de influir na formação da decisão judicial. Por essa
razão, ao cumprir o objetivo preconizado pelo art. 3º-A, IV da LC nº 80/1994, a
Defensoria Pública preserva e garante a realização processual do princípio da
isonomia, dentro da essência filosófica da democracia.
I – prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em todos os
14
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
FUNÇÕES
INSTITUCIONAIS 
(art. 4º da LC 80/94)
graus; Em linhas gerais, a orientação jurídica consiste em “subministrar atividades
de consultoria, compreendendo o aconselhamento, a informação e a orientação
em assuntos jurídicos”. O exercício dessa atividade jurídico-assistencial independe
da instauração de qualquer processo judicial ou administrativo, podendo ser
prestada apenas para esclarecer dúvidas, para elaborar contratos ou para auxiliar
na conclusão de
negócios jurídicos em geral. 
A atividade de defesa dos necessitados, por sua vez, concretiza autêntico
mecanismo de proteção jurídica dos direitos fundamentais dos carentes e
despossuídos, garantindo a todos os cidadãos – sejam ricos ou pobres – a mesma
oportunidade de obter a justiça constitucionalmente prometida pelo Estado. O
vocábulo “defesa” deve ser interpretado em ampla cognição, incorporando tanto
as condutas processuais passivas (contestação, defesa, resposta) como as posturas
ativas (propositura de ações judiciais, formulação de requerimentos
administrativos).
II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à
composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de mediação,
conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de
conflitos; Importante observar que o instrumento de autocomposição firmado na
presença do Defensor Público constitui título executivo extrajudicial, de acordo
com o art. 4º, § 4º, da LC nº 80/1994, c/c o art. 585, II, do CPC, SEM necessidade
de homologação pelo Poder Judiciário.
Por outro lado, a sentença arbitral proferida pelo membro da Defensoria Pública
apresenta eficácia de título executivo judicial, nos termos do art. 31 da Lei nº
9.307/1996, c/c o art. 475-N, IV, do CPC. 
O art. 13 do Estatuto do Idoso (com redação dada pela Lei nº 11.737/2008) prevê
que tanto o Ministério Público quanto a Defensoria Pública podem referendar
transações referentes a alimentos, que passam a ter eficácia de título executivo
extrajudicial.
III – promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da cidadania e
do ordenamento jurídico;
A educação em direitos não corresponde exatamente à ideia de orientação
jurídica. Como leciona CLÉBER FRANCISCO ALVES, a orientação jurídica “se
direciona especificamente para a solução de determinado(s) problema(s)
individual(is), e geralmente ocorre no âmbito do atendimento individual, entre o
defensor público e seu assistido”; por outro lado, “a educação para direitos tem
um caráter mais generalista, de difusão do conhecimento jurídico e
conscientização sobre cidadania”. 
O Defensor Público assume a verdadeira posição de agente de educação jurídica e
de transformação social, prosseguindo na incessante busca pela elevação humana
das classes menos favorecidas. 
IV – prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de servidores de
suas Carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições;
V – exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o
contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos
administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias,
ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de propiciar a
adequada e efetiva defesa de seus interesses; 
Conforme salientado anteriormente, a atuação da Defensoria Pública no âmbito
Processual Penal independe da condição econômica do assistido, razão pela qual a
assistência jurídica deverá ser prestada para qualquer pessoa, ressalvado apenas o
direito à percepção de honorários em razão da atuação, quando o acusado possuir
suficiência de recursos.
Diferentemente do direito de defesa que é obrigatório e indisponível, a atuação
como assistente de acusação é facultativa e não determinante para o desenrolar
da ação penal. Por esse motivo, a atuação da Defensoria Pública na qualidade de
representante jurídico do assistente de acusação evidencia função de natureza
típica, razão pela qual os legitimados para habilitação deverão possuir o
qualificativo de hipossuficientes.
VI – representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos,
postulando perante seus órgãos; (já foi objeto de comentário)
VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar
15
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
FUNÇÕES
INSTITUCIONAIS 
(art. 4º da LC 80/94)
a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos
quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas
hipossuficientes;
A professora ADA PELEGRINI GRINOVER, em parecer solicitado pela Associação
Nacional de Defensores Públicos – ANADEP, examina com minúcias, as razões pelas
quais a legitimidade da Defensoria Pública deve ser a mais ampla possível. Em
síntese, a festejada processualista enumera os seguintes argumentos favoráveis a
ampla e irrestrita legitimação da Defensoria Pública:
1) O objetivo do Ministério Público ao visar a supressão da legitimidade da
Defensoria Pública é o de evitar a concorrência da instituição na tutela coletiva.
2) A Constituição Federal não prevê a exclusividade do Ministério Público para o
ajuizamento da Ação Civil Pública, ao que se depreende do art. 129, § 1º, da
CRFB. Em verdade, a ampliação do rol de legitimados apenas serve como soma de
forças, permitindo que outra instituição também possa tutelar os interesses
difusos.
3) A ampliação do rol de legitimados é apenas reflexo do movimento de crescente
ampliação e facilitação do acesso à justiça.
4) A Constituição Federal no art. 134 não estabeleceu limites às atribuições da
Defensoria Pública.
A orientação jurídica e defesa dos necessitados é apenas uma das funções, sendo
certo que a legislação pode estabelecer outras mais.
5) A interpretação do termo “necessitado” merece nova reflexão de modo a
alcançar não apenas os hipossuficientes do ponto de vista econômico. A
necessidade também é sinônimo de vulnerabilidade, de estrutura organizacional.
6) Muito antes da alteração da Lei de Ação Civil Pública a Defensoria Pública já
atuava na tutela de interesses difusos, diante do permissivo constante do Código
de Defesa do Consumidor.
Sugestão de leitura: “STF decide que Defensoria Pública pode propor ACP na
defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos”
VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e
individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV do
art. 5º da Constituição Federal;
IX – impetrar habeas corpus, mandado de injunção, habeas data e mandado de
segurança ouqualquer outra ação em defesa das funções institucionais e
prerrogativas de seus órgãos de execução;
Se afigura plenamente possível a atuação judicial disjuntiva e concorrente tanto
do Defensor Público, como da própria Defensoria Pública. Sendo assim, a ação
judicial poderá ser proposta pelo Defensor Público em nome próprio, pela
Defensoria Pública institucionalmente considerada ou, ainda, conjuntamente por
ambos (litisconsórcio facultativo ativo).
X – promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados,
abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e
ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua
adequada e efetiva tutela;
XI – exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e do
adolescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais, da mulher
vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais vulneráveis que
mereçam proteção especial do Estado;
A atuação da Defensoria Pública na defesa dos interesses individuais e coletivos da
criança, do adolescente, do idoso, dos portadores de necessidades especiais, da
mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos vulneráveis não
está relacionada à hipossuficiência econômica, sendo considerada função
institucional eminentemente atípica.
XIV – acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação imediata da
prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não constituir
advogado;
XV – patrocinar ação penal privada e a subsidiária da pública;
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei;
A curadoria especial possui caráter eminentemente protetivo, sendo destinada a
assegurar a tutela dos interesses daquele cuja peculiar condição de
vulnerabilidade poderia impedi-lo de ter plena ciência acerca do processo ou de
exercer adequadamente a defesa de seus direitos em juízo.
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
FUNÇÕES
INSTITUCIONAIS 
(art. 4º da LC 80/94)
Em virtude de sua elementar importância no modelo processual brasileiro, o
exercício da curadoria especial restou atribuído à Defensoria Pública, como função
institucional atípica e exclusiva (art. 4º, XVI da LC nº 80/1994).
Dessa forma, para que ocorra a intervenção da curadoria especial não se exige a
prévia comprovação da incapacidade financeira do sujeito, bastando que reste
concretamente configurada a hipótese interventiva abstratamente prevista em lei
para que seja desencadeada a atuação institucional da Defensoria Pública.
Além disso, a função de curador especial deverá ser desempenhada privativamente
pela Defensoria Pública, sendo apenas admissível a nomeação de advogado dativo
para o cargo nas hipóteses excepcionais em que não houver Defensoria Pública
estruturada para o exercício da função ou quando estiver o Defensor Público
natural impedido de atuar como curador e não houver Defensor Público tabelar
para substituí-lo. 
As hipóteses legais de atuação da curadoria especial encontram-se previstas de
maneira esparsa pelo ordenamento jurídico:
a) Incapaz sem representante legal (art. 9º, I, 1ª parte do CPC, e art. 142,
parágrafo único, 2ª parte do ECA);
b) Incapaz quando os interesses deste colidirem com os do representante legal
(art. 9º, I, 2ª parte do CPC, e art. 142, parágrafo único, 1ª parte do ECA);
c) Réu preso (art. 9º, II, 1ª parte do CPC);
d) Réu revel citado por edital ou com hora certa (art. 9º, II, 2ª parte do CPC);
e) Citando impossibilitado de receber citação (art. 218 do CPC);
f) Ausente (art. 1.042, I, do CPC);
g) Incapaz quando concorrer na partilha com o seu representante legal (art. 1.042,
II, do CPC);
h) Idoso com comprovada incapacidade (art. 10, § 2º, da Lei nº 8.842/1994);
i) Interdição (art. 1.179 do CPC);
j) Criança ou adolescente em situação de risco por conduta omissiva ou comissiva
de seu representante legal.
XVII – atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de internação de
adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstâncias, o
exercício pleno de seus direitos e garantias fundamentais;
Para assegurar o adequado desempenho dessa função institucional, os arts. 44, VII,
89, VII e 128, VI da LC nº 80/1994 asseguram ao Defensor Público o “livre ingresso
em estabelecimentos policiais, prisionais e de internação coletiva,
independentemente de prévio agendamento”.
Outrossim, o art. 4º, § 11 da LC nº 80/1994 determina que os estabelecimentos
policiais, penitenciários e de internação de adolescentes deverão reservar
“instalações adequadas ao atendimento jurídico dos presos e internos por parte
dos Defensores Públicos, bem como a esses fornecerão apoio administrativo,
prestarão as informações solicitadas e assegurarão acesso à documentação dos
presos e internos, aos quais é assegurado o direito de entrevista com os Defensores
Públicos”.
XVIII – atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de tortura,
abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de opressão ou violência,
propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisciplinar das vítimas;
IX – atuar nos Juizados Especiais
XX – participar, quando tiver assento, dos conselhos federais, estaduais e
municipais afetos às funções institucionais da Defensoria Pública, respeitadas as
atribuições de seus ramos;
O Defensor Público, agente político, cuja missão é a efetividade dos direitos
constitucionalmente assegurados, deve dar uma contribuição especial nos
conselhos, por conhecer a legislação e também a realidade e as carências de
expressiva parcela da população. Enquanto participante dos conselhos, o Defensor
Público é, na verdade, um porta-voz da população vulnerável, não só em termos
econômicos, como também em termos organizacionais. É importante, ainda, a
interação do Defensor Público com os demais representantes das entidades
governamentais, bem ainda com os representantes da sociedade civil organizada,
criando um ambiente propício à ampla discussão das relações sociais. A
participação do Defensor Público deve ser convergente com sua atuação 
institucional, de forma que o Defensor seja vocacionado e engajado na área
respectiva, para que a sua participação signifique uma contribuição
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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA
FUNÇÕES
INSTITUCIONAIS 
(art. 4º da LC 80/94)
enriquecedora. 
Essa nova atribuição deve ser compreendida também como a participação em
audiências públicas e em consultas públicas, como as realizadas pelas agências
reguladoras, em seminários e em conferências jurídicas, em debates entre as
diversas entidades da sociedade civil e por meio do diálogo com os componentes
dos demais conselhos de direitos, ou seja, em todos os atos que tornem visível a
presença do Defensor Público na sociedade.
XXI – executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação,
inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos
geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento
da Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus membros e servidores;
A Súmula nº 421 do STJ estabelece: “os honorários advocatícios não são devidos à
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à
qual pertença”. 
No entanto, diante da moderna posição constitucional da Defensoria Pública e das
recentes modificações trazidas pela LC nº 132/2009, esse posicionamento
jurisprudencial não merece ser mantido. 
Inicialmente é importante lembrar que a Defensoria Pública não se encontra
vinculada a qualquer estrutura estatal, tendo o Supremo Tribunal Federal,
inclusive, reconhecido a

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