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Enriquez O homem do seculo XXI

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
Aluno: Carolina Corrêa Gianello
				
Trabalho apresentado à disciplina optativa de Psicossociologia, referente ao 5º período do curso de Psicologia ofertado pela UFPR – Universidade Federal do Paraná, sob orientação da professora Lis Andrea Soboll.
Síntese comentada do artigo “O homem do século XXI: sujeito autônomo ou indivíduo descartável?” de Eugène Enriquez.
	O texto “O homem do século XXI: sujeito autônomo ou indivíduo descartável?” explora a trajetória do indivíduo dentro do contexto do século XXI. O autor reflete sobre como um sujeito poderia ter se tornado senhor de sua história, um sujeito de direito, psíquico e moral e hoje encara um Estado com grande poder dentro de uma época em que o capitalismo, o lucro, o dinheiro, imperam e geram um enfraquecimento das relações sociais e criação de vínculos.
	Ao longo do artigo, são definidos vários conceitos como o de sujeito psíquico que, de acordo com a psicanálise, possui uma divisão estrutural que implica uma atividade psíquica contínua. Ou seja, é um sujeito que possui reconhecimento de seus defeitos e conflitos e os utiliza como maneira de alavancar tanto sua condição de sujeito humano como de sujeito social. O autor Eugène Enriquez afirma que o homem está caminhando para adquirir autonomia e não necessitar de “grandes transcendentes para conduzir a própria vida”. 
	Dentro de uma reflexão sobre a vitória da racionalidade instrumental em que esta está diretamente ligada aos meios a serem utilizados, o autor afirma que, a partir da resposta à pergunta “Como?”, são feitos cálculos para descobrir os métodos, custos, vantagens mais efetivas para fazer com que todos se submetam ao “reino do dinheiro”, em que os mais pobres são utilizados “como instrumentos de seu próprio gozo”. Em outras palavras, a desigualdade surge e se instala. 
O dinheiro tornou-se o objetivo de todos e a trajetória para possuí-lo não necessita de valores com o honra, mérito e trabalho. O raciocínio é quanto antes possuir mais dinheiro, melhor. As consequências dessa maneira de pensar, para o autor, gera o enfraquecimento dos vínculos gerados pelo contato social. Tal enfraquecimento se dá através de uma constante competição entre os sujeitos que, aliada a uma devastação do meio ambiente, quem se torna mais bem sucedido em menos tempo, vence. Essa competição, na racionalidade instrumental, como afirma Enriquez, cumpre com a alienação do indivíduo, o qual é explorado sem nem perceber que seus ideais e valores praticamente se igualaram aos da organização. Essa aproximação de valores ocorreu pelo interesse das empresas de se tornarem “instituições divinas” e os indivíduos “devem se integrar, ou melhor, se identificar às organizações das quais fazem parte, idealizálas, colocando os valores organizacionais – seu próprio ideal do ego – no lugar dos seus próprios valores, transformar-se em instrumentos submissos, dóceis mesmo”. 
	O autor aponta que uma das consequências desse raciocínio seria o surgimento de uma “civilização do dopping” pois, esses sujeitos estão a todo momento sendo avaliados, como uma prova, em que se este não for bem sucedido, ele será descartado. Portanto, muitos acabam por utilizar remédios para tranquilizar-se ou excitar-se, visando o objetivo de produzir o melhor trabalho possível para ser bem sucedido, ser promovido, ser reconhecido. 
	Para Enriquez, o retorno à identidade se dá de duas formas: uma reação coletiva e uma individual. A reação coletiva é caracterizada pelo (re)encontro com as raízes para trazer de volta o convívio e afirmar a cultura. O autor também acrescenta que isso pode trazer de volta um nacionalismo aliado à violência que se manifesta através de gangues, guetos, seitas e etc. 
	A reação individual ocorre quando o próprio indivíduo se reconhece como indivíduo porém, quando isso se dá de forma que este se torne indiferente às pessoas a sua volta é, nas palavras de Enriquez, mortífero. Quando o homem passa a não se importar com o outro, é como se ele se retirasse de sua própria espécie, deixa-se de ser humano. Então, como restituir os vínculos sociais? Otimista, Enriquez fala da família em que esta instituição possui grande possibilidade de reconstrução. Ele também menciona que mesmo com o desaparecimento de grandes discursos ideológicos, ainda há movimentos sociais que existem e são escutados e, mais adiante, compreende que, no século XXI, nos encontramos em plena renovação da sociedade pois, hoje, as pessoas compreendem que não podem depender do Estado. As pessoas possuem noção de que não necessitam nem de um Estado totalitário, nem de um Estado liberal. Elas “querem um Estado de outro tipo, que exponha os problemas em sua nudez, tentando resolver as questões urgentes, consultando as populações e levando em conta suas opiniões, e não seja um Estado estritamente gestor”. Ou seja, não há uma relação de forte dependência entre Estado e indivíduo e sim que o segundo deve “colocar as mãos na massa”, afirmando sua individualidade enquanto trabalha coletivamente para fazer modificações. 
	Outro ponto que há no artigo é renovação da noção de ética. Cada um tem as suas convicções e, por isso, elas devem ser colocadas em discussão. Porém, o autor afirma que se está longe de uma discussão verdadeira dentro de um espaço público. Para ele, o indivíduo passa a se questionar sobre suas capacidades e, na busca de sentido, esse questionamento dá ao sujeito a possibilidade de compreender os problemas. Portanto, quando isso se dá de forma coletiva, gera um movimento que culmina em novas regras, instituições, relações e assim por diante.
	Pode-se dizer que, com uma renovação da ética, há a possibilidade de fortalecer os vínculos resultantes das relações sociais.	
	A partir da leitura deste texto, conclui-se que as relações sociais se encontram em um período de enfraquecimento. Enquanto estamos em evolução em vários aspectos como tecnologia e produção de conhecimento, está ocorrendo o declínio da civilização tanto pela destruição da relação sujeito-sujeito como pela relação sujeito-ambiente. 
A sociedade de hoje vive em um conflito que é formado por um intenso individualismo, falta de sentido moral e um dilema entre sujeito autônomo e sujeito descartável. Tudo isso dentro de um contexto individual que se possui uma incessante insatisfação, pois buscamos possuir cada vez mais, fomentados por um positivismo desenfreado e uma certa ingenuidade quando se coloca de uma maneira de que, talvez, um dia, as coisas melhorem. 
Referências Bibliográficas:
Enriquez, E. (2006). O HOMEM DO SÉCULO XXI: SUJEITO AUTÔNOMO OU INDIVÍDUO DESCARTÁVEL. RAE-eletrônica, 5(1) Recovered from http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=205114653011.
FREUD, S. Malaise dans la civilisation. Paris: PUF, 1971.

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