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06/10/2015 1 Prof : Msc. Marcelo Luiz Lourenço Definição e função de proteção 2 *Definição: relés que operam quando a diferença da corrente de entrada em relação à corrente de saída ultrapassa um valor preestabelecido ou ajustado. *Função ANSI: 87. 87T (diferencial de transformador); 87B (diferencial de barra); 87G (diferencial de gerador); 87M (diferencial de motor). Polaridade, direcionalidade e zona de proteção * Polarização: a polarização do relé diferencial ocorre por corrente; *Direcionalidade: operam em qualquer direção; *Zona de proteção: a proteção diferencial só deverá atuar para faltas internas dentro da zona delimitada pelos TCs de entrada e saída. Elemento protegido *A operação deste relé depende exclusivamente da diferença vetorial entre as correntes circulantes 𝐼1 e 𝐼2 . Ele atua se essa diferença for superior a um valor previamente estabelecido; *O elemento protegido geralmente é : transformador de força (geralmente acima de 5 MVA), barramentos de S/E , grandes motores e geradores, etc. Faltas internas Faltas externas (operação) 𝐼𝑅 = 𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 ≠ 0 → RELÉ OPERA 𝐼𝑅 = 𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 ≅ 0 → RELÉ NÃO OPERA Relés diferenciais amperimétricos: básicos Relés diferenciais percentuais *Corrente efetiva na bobina de retenção (restrição): 𝐼1 + 𝐼2 /2 *Corrente na bobina de operação (atuação): 𝐼1 − 𝐼2 06/10/2015 2 *Para uma falta externa: 𝐼1 = 𝐼2 Retenção: 𝐼1+𝐼1 2 = 𝐼1 Operação: 𝐼1 − 𝐼1 = 0 .: O RELÉ NÃO OPERA. Para uma falta interna: 𝐼2 torna-se negativo Retenção: 𝐼1−𝐼2 2 → a retenção será enfraquecida Operação: 𝐼1 + 𝐼2 → operação fortalecida .: O RELÉ OPERA. Relés diferenciais percentuais *Equação universal dos relés: 𝐶 = 𝐾1. 𝐼1 − 𝐼2 + 𝐾2. 𝐼1+𝐼2 2 +𝐾3 fazendo 𝐾3 = 0 e 𝐶=0 (limiar de operação) tem-se: 𝐼1 − 𝐼2 = 𝐼1+𝐼2 2 𝐾1 𝐾2 (equação de reta) fazendo apenas 𝐶=0 (limiar de operação) tem-se: 𝐼1 − 𝐼2 2 = 𝐾2 𝐾1 𝐼1 + 𝐼2 2 2 + 𝐾3 𝐾1 quando 𝐼1+𝐼2 2 tende a zero atinge-se o valor de pick up : 𝐼1 − 𝐼2 = 𝐾3 𝐾1 Relés diferenciais percentuais *Ajustes: Valor inicial→ 𝐾3 𝐾1 compensa o efeito da mola Declividade (slope) → tan−1( 𝐾2 𝐾1 ) Relés diferenciais percentuais Relés diferenciais com restrição percentual e por harmônicas *Mais empregados nos esquemas de proteção diferencial; *Além da restrição percentual, restringem as harmônicas presentes na corrente de magnetização dos transformadores durante a sua energização; *Tornam viável o ajuste de corrente de baixo valor e tempos de retardo reduzidos, sem o inconveniente de se ter uma operação indesejada; *Dotados de um determinado número de derivações para se ajustar o balanceamento da corrente. *Elimina a possibilidade de operação do disjuntor durante a energização do transformador ou mesmo no funcionamento normal; e possui tempo de operação cinco vezes maior do que os relés sem restrição. *Percentagem “típicas” de harmônicos que consegue restringir : 2ª harmônica: 24%; 3ª harmônica: 23%; 5ª harmônica: 22%; e 7ª harmônica: 21%. *A restrição da 2ª harmônica inibe a atuação do disjuntor durante a energização do transformador, já a restrição das 3ª e 5ª harmônicas inibem o disparo do disjuntor durante uma sobre-excitação do transformador. Relés diferenciais com restrição percentual e por harmônicas Proteção de transformadores: fatores de desempenho *A localização dos TC's define a zona protegida; *Tipo de ligação do trafo, estabelece o tipo de conexão dos TC's; *Desequilíbrios provocados pelas relações de transformação dos TCs; *Existência de correntes de magnetização devido a energização; *Fenômenos de saturação e erro de relação dos TC's, provocam correntes diferenciais elevadas para as condições de carga ou de defeitos externos. 06/10/2015 3 Proteção diferencial de transformadores: importância *Melhor forma de proteção de transformadores de potência; submetidos a diferentes fatores que propiciam uma operação indesejada do disjuntor: correntes de magnetização transitória do transformador; defasamentos angulares; diferenças de corrente em função dos erros dos TCs; diferenças de correntes no circuito de conexão do relé em função dos tapes do transformador de potência. Proteção diferencial de transformadores Não operação Operação *É importante notar que as correntes de uma mesma fase que circulam no relé diferencial não devem possuir diferenças angulares; *Os transformadores de corrente não devem apresentar erro superior a 20%, a fim de evitar uma atuação intempestiva do disjuntor; *A ligação do TC deve ser executada de forma que, para o regime de operação normal, não circule nenhuma corrente na bobina de operação. Proteção diferencial de transformadores: requisitos *Arbitrar sentido das correntes primária e secundária do transformador considerando corrente de carga e atentando-se para a polaridade; *Considerar que as correntes estão equilibradas, não existindo circulação para a terra pelo neutro dos enrolamentos; *Os TCs do lado estrela do transformador, devem ser ligados em delta ; os TCs do lado delta do transformador, devem ser conectados em estrela; (compensar defasamento angular de 30° para transformadores do grupo delta, e filtrar as componentes de seqüência zero. Proteção diferencial de transformadores: conexão correta Obs: sempre que há uma diferença de corrente maior que 10 a 15% entre as saídas dos TCs de ambos os lados do transformador, é prudente usar TCs auxiliares, para melhorar a compensação. Proteção diferencial de transformadores: ligação *Em geral, são disponíveis três tapes de inclinação percentual (slope) da corrente de restrição, ou seja: 20, 30 e 40%. Proteção diferencial de transformadores: declividade 06/10/2015 4 *Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor do ajuste do slope ou declividade deve fiar acima dos possíveis erros que podem ocorrer. 𝑆𝑙𝑜𝑝𝑒 > 𝜀𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (%) 𝜀𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙=𝜀𝑇𝐶 + 𝜀𝐶 + 𝜀𝑀 𝜀𝑇𝐶 - erro devido a classe de exatidão dos TCs; 𝜀𝐶 - erro devido a comutação dos tapes; e 𝜀𝑀 - erro de casamento dos TCs com a relação do transformador de força. Proteção diferencial de transformadores: ajuste do slope Ajuste do slope: erro devido a exatidão do TC (𝜀𝑇𝐶) *A exatidão dos TCs para proteção diferencial são normalmente 2,5%, 5% ou 10%, o que significa que o erro pode ser de + 2,5%, + 5% ou + 10% ate o valor do de 20 x In (se o fator de sobrecorrente for 20); *Se um dos TCs de uma mesma fase (primário e secundário) for positivo e o outro negativo os erros que poderão ocorrer serão de 5%, 10% ou 20%; *Quando houver TCs auxiliares, os erros desses TCs auxiliares devem ser computados. *Os tapes dos transformadores podem estar em um valor diferente do nominal, podem ocorrer diferenças por conta dessa corrente, localizada entre o primário e o secundário, mesmo em condição de carga. 𝜀𝑐 % = 𝐼𝑚á𝑥 − 𝐼𝑚𝑒𝑑 𝐼𝑚𝑒𝑑 𝑥100 𝐼𝑚á𝑥 = 𝑘𝑉𝐴𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜 3. 𝑘𝑉𝑡𝑎𝑝𝑒−𝑚𝑖𝑛 ; 𝐼𝑚𝑖𝑛 = 𝑘𝑉𝐴𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜 3. 𝑘𝑉𝑡𝑎𝑝𝑒−𝑚𝑎𝑥 ; 𝐼𝑚𝑒𝑑 = 𝐼𝑚á𝑥 . 𝐼𝑚𝑖𝑛 Obs: 𝑘𝑉𝑡𝑎𝑝𝑒−𝑚𝑖𝑛 e 𝑘𝑉𝑡𝑎𝑝𝑒−𝑚𝑎𝑥 são variações da faixa de ajuste de pick-up. Ajuste do slope: erro devido a comutação de taps (𝜀𝐶) Ajuste do slope: erro de “mismatch” ou casamento (𝜀𝑀 ) *A relação de transformação do transformador de força pode não coincidir com a relação entre as ligações dos TCs do primário e do secundário, pode haver uma diferença de corrente; conhecido como erro de “mismatch”: 𝜀𝑀 % = 𝐼1−𝐼2 𝐼1+𝐼2 2 𝑥100= 𝐼𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝐼𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖çã𝑜 𝑥100 Proteção de geradores: proteção diferencial *Proteção dos relés diferenciais: defeitos internosnos geradores; defeitos nos condutores primários dentro da zona de proteção; defeitos monopolares em praticamente qualquer ponto do estator. *Não garantem a proteção do gerador para : defeitos entre as espiras dos enrolamentos; rompimento dos enrolamentos do estator originando circuitos abertos; defeitos externos à zona de proteção; defeitos monopolares entre os enrolamentos e a carcaça. Proteção diferencial de geradores: esquema de ligação *O relé diferencial deve efetuar o disparo do disjuntor principal e do disjuntor de campo do gerador; O relé diferencial pode atuar sobre o regulador de velocidade da turbina e ainda efetuar a operação de alarme. 06/10/2015 5 Proteção diferencial de geradores: aplicações *Mais eficiente no caso de geradores com neutro solidamente aterrado, pois fica garantida a abertura do disjuntor principal para defeitos monopolares. *Se o gerador opera isolado, o relé diferencial somente será eficiente para defeitos tripolares ou bipolares com terra. *Recomendações: a) geradores igual ou superior a 1.000 kVA; b) geradores com tensão igual ou superior a 5.000 V; e c) geradores com tensão igual ou superior a 2.200 V e capacidade nominal superior a 500 kVA. Proteção de barramentos *O barramento principal de uma subestação concentra uma grande quantidade potência e, portanto, pode provocar sérias perturbações no sistema elétrico quando está submetido a uma falta; *A proteção de barramento deverá garantir para cada barra protegida uma rápida intervenção da proteção, porém de forma seletiva; *A proteção de barramento pode ser realizada utilizando os seguintes métodos: proteção diferencial; proteção de distância, utilizando a segunda zona de proteção. Proteção de barramentos: arranjos Barra simples Barra seccionada Barra dupla com disjuntor Proteção de barramentos: balanço de correntes *Esquema pouco utilizado: os secundários dos TCs são conectados em paralelo a um relé de sobrecorrente. A soma vetorial das correntes nos alimentadores é nula, logo não há corrente fluindo no relé diferencial 87. *Se houver saturação dos TCs poderá fluir uma corrente no relé de sobrecorrente que realizará uma operação indesejada. Proteção de barramentos: diferencial percentual *Defeito externo à zona de proteção → corrente na bobina de restrição do relé diferencial; a corrente na bobina de operação, devido à saturação do TC será pequena; ajustar o relé para não atuar para uma dada relação percentual. *Requisitos básicos: dimensionar os TCs de forma a impedir sua saturação; utilizar relés de seção elevada (6𝑚𝑚2); e evitar utilizar relés instantâneos. Referências principais A. C. Caminha, “Introdução a proteção de sistemas elétricos”, São Paulo: p.40-49, 1977. C. Mardegan, “Dispositivos de proteção – Parte 1 e 2”, São Paulo: Revista O Setor Elétrico, Fascículos 50/51/56/57, 2010. W.D. Steveson Jr., “Elementos de Análise de Sistemas de Potência,” São Paulo: MacGraw-Hill, 2.ed, p. 373-375, 1986.
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