Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRÁTICA 05: BALANÇO DE ENERGIA EM UM TUBO VENTURI Gabriela Eliza Wagner, João Pedro Reinaldim Resumo: Neste experimento utiliza-se um tubo de Venturi para analisar as transformações de energia que ocorrem em seu interior. Para isso analisa-se 8 pontos ao longo do equipamento com o auxílio de um manômetro de água para cada um destes pontos, chegando num resultado bem consistente com a teoria. 1. Introdução O tubo de Venturi foi inventado no século XVIII pelo cientista Giovanni Battista Venturi (1746-1822). É um aparelho utilizado para medir a velocidade do escoamento e a vazão de fluido através da variação da pressão durante a passagem desse fluido de uma área de secção maior para uma mais estreita. Isso pode ser explicado pelo princípio de Bernoulli: se o fluxo de um fluido é constante e sua área de escoamento diminui então necessariamente sua velocidade aumenta, e pelo teorema a conservação da energia: se a energia cinética aumenta, parte da energia antes em forma de pressão se transformou nessa cinética, diminuído assim a de pressão. Abaixo é mostrado uma imagem esquemática de como um tubo de Venturi opera: Figura 1: esquema de um tubo de Venturi. Nota-se que, para fazer a análise desejada, ou seja, para que se obtenha resultados mais visíveis, é necessário que se pegue um ponto preferencialmente na entrada do tubo (ponto 1) e outro no ponto de estrangulamento, menor área de secção do tubo Venturi (ponto 2). A partir desse tubo é possível calcular os valores de energia cinética e de pressão nos dois pontos pelas suas diferenças tanto de velocidade quanto da própria pressão e, assim, notar a transformação de energias ao longo do percurso de acordo com a lei de conservação da energia. 2. Objetivos Nosso principal objetivo nesta prática é determinar graficamente como ocorrem as transformações de energia no interior de um tubo Venturi, depois disso determinar se as curvas resultantes para a variação de energia cinética e de pressão são exatamente simétricas. 3. Metodologia Nessa prática foi utilizado um soprador de ar com um tubo do tipo venturi acoplado em sua extremidade superior, a fim de diminuir a pressão em determinados pontos e, consequentemente, aumentar a velocidade do fluído de trabalho (ar). Antes de tudo, foram medidas as constantes pressão e temperatura ambientes. Em oito pontos foram determinadas as pressões a partir de mangueiras ligadas a oito tubos em forma de U (cada um para seu respectivo ponto) com a outra extremidade aberta para a atmosfera. Dessa forma, foi possível anotar as medidas da diferença da coluna de água formada (Δh) nos tubos em U e, assim, calcular a pressão manométrica em cada ponto. Esse processo foi feito com 3 vazões iniciais diferentes. A figura a seguir explicita melhor quais foram os pontos escolhidos no tubo de Venturi para o processo: Figura 2: tubo de Venturi e pontos encolhidos para medida da pressão. Pode-se notar que no ponto 1 é a entrada da vazão de ar no tubo e, no 8, o fim dele. Desse modo, é possível fazer um balanço de energia entre um ponto x qualquer e o ponto de entrada 1 segundo a equação: ∆𝑉2 2 + ∫ 𝑑𝑃 𝜌 + 𝑔∆𝑧 + ℎ𝐿𝑇 = 0 𝑃𝑥 𝑃1 (1) Sendo ∆𝑉 a diferença de velocidade entre os pontos (m/s2), 𝜌 a densidade do fluído (kg/m3), g∆𝑧 a variação da energia potencial (J) e hLT a perda de carga (m). Para esse caso, não se pode desprezar a dependência da densidade com a pressão (escoamento compressível), ou seja, a densidade varia de acordo com as pressões em determinados pontos. Entretanto, é possível desprezar a perda de carga e a variação da energia potencial, levando a seguinte equação: ∆𝑉2 2 + ∫ 𝑑𝑃 𝜌 = 0 𝑃𝑥 𝑃1 (2) Considerando que o escoamento ocorre de forma isentrópica, a densidade no ponto x pode ser avaliada da seguinte forma: 𝜌𝑥 = 𝜌1 ( 𝑃𝑥 𝑃1 ) 1 𝛾 (3) Onde 𝛾 = Cp/Cv = 1,4 para gases ideais. Px é pressão absoluta (Pa) no ponto x calculada a partir das alturas medidas no início do experimento Δh nos tubos em U pela equação: 𝑃𝑥 = 𝑃𝑎𝑚𝑏 + 𝜌á𝑔𝑢𝑎. 𝑔. ∆ℎ𝑚𝑎𝑛 (4) 𝜌1 na equação (3) é a densidade inicial do ar (no ponto 1), medida pela equação dos gases ideais: 𝜌1 = 𝑃1.𝑀𝑀 𝑅.𝑇1 (5) Levando em conta que MM é a massa molar média do ar (g/mol), R é a constante universal dos gases ideais (J/(K.mol)) e T a temperatura medida antes do início do experimento (K) somada a mais 10 K (devido a uma pequena diferença de temperatura entre o ambiente fora e dentro do tubo de venturi). Assim então temos os valores de 𝜌1, Px, P1 e 𝛾. Usando a expressão (5) na integral, obtém-se: ∆𝐸𝑃𝑥 = 𝑃1 𝜌1 ( 𝛾 𝛾−1 ) (( 𝑃𝑥 𝑃1 ) 𝛾−1 𝛾 − 1) (6) Tendo os valores das variáveis acima já pré-definidos é possível, então, calcular a variação da energia de pressão entre o ponto 1 e x desejado, obtendo assim os pontos das curvas de energia de pressão. Partindo agora para o cálculo da variação na energia cinética, temos que: ∆𝐸𝐾𝑥 = 𝑣𝑥 2−𝑣1 2 2 (7) A velocidade em qualquer ponto do sistema é uma função da vazão mássica, da densidade e da área transversal naquele ponto: 𝑣𝑥 = ṁ 𝜌𝑥.𝐴𝑥 (8) Sendo a pressão em cada ponto já medida anteriormente pela equação (4) e tendo a densidade no ponto 1 calculada considerando ar um gás ideal, pode-se encontrar a partir da equação 3 o 𝜌𝑥 para cada ponto. A área no ponto x (𝐴𝑥) é encontrada pela área de um círculo (𝜋D2/4). O diâmetro da tubulação é dado pela tabela anexa ao material do experimento: Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 L(mm) 0 36 57 78 100 132 150 193 D(mm) 53 49 39 31 25 33 36 40 L é a distância entre cada um dos pontos (necessária posteriormente para os gráficos mostrados nos resultados). A vazão mássica no ponto x é dada por: ṁ = 𝜌1𝐴1√ 2.∫ 𝑑𝑃 𝜌 𝑃5 𝑃1 1−( 𝐴1𝜌1 𝐴5𝜌5 ) 2 (9) Tendo essas variáveis, são obtidas as velocidades do ponto 1 ao 8 a partir da equação (8) e, voltando à relação (7) obtém-se, finalmente, a variação da energia cinética. Os resultados dessas operações serão discutidos no próximo capítulo. 4. Resultados Primeiramente anota-se a pressão e temperatura ambiente: 90387,95 Pa e e 289,5K, respectivamente. Como resultado obtém-se as seguintes tabelas: TABELA 1 – RESULTADOS PARA A PRIMEIRA VAZÃO UTILIZADA Ponto Δhman (mm) Px (Pa) ΔEPx1 (J) ρx (ar) vx (m/s) ΔEKx1 (J) ΣΔE1 (J) 1 75 91122,95 0 1,061252978 19,24093 0 0 2 70 91073,95 -46,1807 1,060845324 22,51918 68,44995 22,26924 3 27 90652,55 -444,069 1,057336901 35,66598 450,9243 6,854999 4 -85 89554,95 -1486,67 1,048176723 56,9428 1436,135 -50,5345 5 -330 87153,95 -3799,59 1,028026096 89,27145 3799,589 0 6 -85 89554,95 -1486,67 1,048176723 50,2498 1077,415 -409,255 7 -60 89799,95 -1253,16 1,050224174 42,14147 702,8452 -550,313 8 -32 90074,35 -992,165 1,052515424 34,06029 394,9448 -597,22 TABELA 2 – RESULTADOS PARA A SEGUNDA VAZÃO Ponto Δhman (mm) Px (Pa) ΔEPx2 (J) ρx (ar) vx (m/s) ΔEKx2 (J) ΣΔE2 (J) 1 43 90809,35 0 1,057600672 16,23678 0 0 2 19 90574,15 -222,596 1,055643354 19,03111 49,27496 -173,321 3 15 90534,95 -259,736 1,055316994 30,05116 319,7196 59,98393 4 -53 89868,55 -892,872 1,049762666 47,81442 1011,293 118,4211 5 -240 88035,95 -2651,46 1,034427181 74,60939 2651,464 0 6 -51 89888,15 -874,202 1,049926196 42,18779 758,0882 -116,114 7 -32 90074,35 -696,988 1,051479225 35,3971 494,6609 -202,327 8 -18 90211,55 -566,576 1,052622975 28,6405 278,3226 -288,253 TABELA 3 – RESULTADOSPARA A TERCEIRA VAZÃO Ponto Δhman (mm) Px (Pa) ΔEPx3 (J) ρx (ar) vx (m/s) ΔEKx3 (J) ΣΔE3 (J) 1 20 90583,95 0 1,054975577 10,78289 0 0 2 15 90534,95 -46,4555 1,054567922 12,62009 21,49802 -24,9575 3 7 90456,55 -120,822 1,053915543 19,93399 140,5466 19,72479 4 -27 90123,35 -437,393 1,051141127 31,63332 442,1981 4,805176 5 -102 89388,35 -1138,68 1,045010703 48,92473 1138,679 0 6 -30 90093,95 -465,366 1,050896185 27,92168 331,6747 -133,691 7 -14 90250,75 -316,252 1,052202278 23,43284 216,4137 -99,8388 8 -9 90299,75 -269,693 1,052610299 18,97324 121,8567 -147,836 Todas as tabelas foram calculadas da mesma forma, com a altura dos manômetros obtidas em laboratório pode-se calcular a pressão em cada ponto utilizando a equação 4. Lembrando sempre de considerar o sinal de Δhman. Depois de calculada a pressão podemos calcular a diferença de energia potencial de pressão (ΔEPx) aplicando os valores obtidos na equação 6. Onde ρ1 é a densidade do ar no ponto 1 calculado utilizando uma dedução obtida pela equação de gases ideais (equação 5). Sendo T1=299,5K, MM=29 g/mol e R=8,314 m3.Pa/mol.K. Depois de obtido o valor de ρ1 pode-se calcular as densidades em cada ponto usando a equação 3. Para calcular a variação de energia cinética é necessário primeiro calcular a velocidade em cada ponto, para isso utiliza-se a equação 8. Para utilizar essa equação precisa-se calcular a área (A) para cada ponto e a vazão mássica (ṁ) para cada corrente. Primeiro, para calcular as áreas utiliza-se os diâmetros em cada ponto do tubo Venturi, dados abaixo: TABELA 4 – DADOS DE CADA PONTO DO TUBO VENTURI Ponto L (mm) D (mm) A (m2) 1 0 53 0,002205 2 36 49 0,001885 3 57 39 0,001194 4 78 31 0,000754 5 100 25 0,000491 6 132 33 0,000855 7 150 36 0,001017 8 193 40 0,001256 A área de cada um foi calculada utilizando a área de círculo: 𝐴𝑥 = 𝜋. 𝐷2 4 (10) Para calcular a vazão mássica utilizamos a equação 9. Nesta equação a integral que se encontra dentro da raiz nada mais é do que ΔEP5, sabendo disso pode-se calcular as vazões mássicas, obtendo os seguintes valores: TABELA 5 – VAZÕES MÁSSICAS 1 2 3 ṁ (kg/s) 0,045026 0,037865 0,025084 Depois de obtidos os valores das áreas e da vazão mássica calcula-se a velocidade em cada ponto utilizando a equação 8. Assim, pode-se calcular a variação de enérgica cinética (ΔEKx) em cada ponto, através da equação 7. Com ΔEPx e ΔEKx obtidos em cada ponto, é feita a soma deles (ΣΔE) para saber o quão ideal está sendo o escoamento. Para que isso ocorra a soma entre eles deve ser 0. Abaixo pode-se analisar os gráficos obtidos de cada vazão. -5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 0 50 100 150 200 250Δ E (J ) L (mm) Vazão 1 ΔEPx1 ΔEKx1 ΣΔ1 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 0 50 100 150 200 250Δ E (J ) L (mm) Vazão 2 ΔEPx2 ΔEKx2 ΣΔ2 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 0 50 100 150 200 250Δ E (J ) L (mm) Vazão 3 ΔEPx3 ΔEKx3 ΣΔ3 5. Conclusões Analisando os gráficos chegamos na conclusão que os resultados obtidos são como o esperado para o experimento, com certo erro relativo que pode ser atribuído às aproximações realizadas nas equações e imprecisão das medidas feitas. 6. Referências Bibliográficas HALLIDAY, David, RESNIK Robert, KRANE, Denneth S. Física 2, volume 1, 5 Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. 384 p. ANTUNES, Profa. Maria Lúcia. Tubo de Venturi. Sorocaba: Unesp, 2015.
Compartilhar