Buscar

Contestação 1

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA XXX VARA DO TRABALHO DE XXX/SC
Autos nº xxxx
DOCES DA LIA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF nº XXXXXX, com sede na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade XXX/Estado, CEP XXX, vem, por seu advogado, com fundamento no art. 847 da CLT c/c art. 335, do CPC, apresentar sua CONTESTAÇÃO nos autos de ação trabalhista, que lhe move IGOR PEREIRA, brasileiro, solteiro, auxiliar de cozinha, inscrito no CPF sob nº XXX, CTPS XXX, PIS XXX, residente e domiciliado na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade XXX/Estado, CEP XXX, expondo o que segue e ao final requerendo:
SÍNTESE DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
O Reclamante alega ter iniciado o trabalho na função de auxiliar de cozinha no dia 15/03/2010 e que a extinção do contrato se deu no dia 15/06/2018, tendo recebido como último salário base o valor de R$ 1.800,00 (um mil e oitocentos reais).
Informou que a sua jornada de trabalho era de 220 horas mensais. Bem como fazia horas extras diariamente desde o início da contratação. 
Alegou ainda que o local em que laborava era excessivamente quente pelo qual motivo pleiteia por insalubridade no grau máximo. Por fim, pugnou por equiparação salarial.
Com base nisso, ajuizou reclamação trabalhista pleiteando: a) horas extras; b) o reconhecimento de insalubridade; c) a equiparação salarial.
No entanto, não assiste razão ao Reclamante, pelo que será exposto adiante.
PREJUDICIAL DE MÉRITO: DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
Conforme consta dos autos, o Reclamante foi admitido para laborar junto à Ré em 15/03/2010, exercendo a função de auxiliar de cozinha até a data de sua demissão, que se deu no dia 15/06/2018.
A Constituição Federal, em seu art. 7º, XXIX, prevê a prescrição nas relações trabalhistas, tanto no que se relaciona ao prazo para a ação, bem como para a cobrança dos créditos trabalhistas, nestes termos:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) 
Deste modo, não há de se incorporar no pleito a análise das verbas trabalhistas que excedam o período de 05 (cinco) anos contados da data do ajuizamento da ação, em conformidade com a Súmula 308, do Tribunal Superior do Trabalho.
Requer, assim, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a 15/06/2013 extinguindo o processo com resolução do mérito no concernente a esses pedidos.
DO MÉRITO
3.1 - DAS HORAS INTERVALARES E SEUS REFLEXOS
O reclamante alega que enquanto laborou o mesmo realizava horas extras.
Ocorre que pretensão não procede.
O reclamante não acostou nenhum documento que comprovasse tal alegação.
O reclamante nem momento algum prova o alegado, conforme preceitua o artigo 818 da CLT.
Diante disso, requer o reclamado a improcedência do pedido e, todavia, em caso de procedência parcial do pedido, hipótese que se admite apenas para efeito de argumentação, invoca o reclamado a aplicação do Enunciado 85 do C. TST.
Assim, resta com o reclamante, o dever indeclinável de comprovar as alegações trazidas na sua peça de ingresso, ou seja, de desincumbir do ônus probandi que lhe é imposto, pela regra do art. 818 da CLT c/c art. 333, inciso I do CPC.
Sobre o caso, é o entendimento: 
“HORA EXTRA - PROVA - ÔNUS. O ÔNUS DA PROVA CABE AO AUTOR QUANTO AO FATO CONSTITUTIVO INTEGRANTE DA CAUSA PETENDI EM QUE SE BASEIA NA PRETENSÃO E, AO RÉU, QUANDO O REFERIDO, RECONHECENDO O FATO EM QUE SE FUNDA A AÇÃO, OPUSER FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR, ONDE VERIFICO QUE NO CASO EM TELA, O ÔNUS DA PROVA RECAIU SOBRE O RECLAMANTE.” (Rel. Juiza Cristina Elias Cheade Jacob, RO nº 23468/ 96, 1ª T., 1ª Região, DORJ de 20/05/1999).
“HORA EXTRA NEGADA PELO EMPREGADOR – ÔNUS DO RECLAMANTE – PROVA TESTEMUNHAL FRÁGIL – IMPROCEDÊNCIA – MANUTENÇÃO DO JULGADO – É ônus do empregado comprovar o labor em sobrejornada, quando esta é negada pelo empregador, por se tratar de fato constitutivo do seu direito. A frágil prova testemunhal produzida em juízo não autoriza o reconhecimento do direito à hora extra pleiteada. Sentença de improcedência que se mantém.” (TRT 13ª R. – RO 3333/99 – (058021)– Rel. Juiz Francisco de Assis Carvalho e Silva – DJPB 14.01.2001)
E,
“HORA EXTRA – ALEGAÇÃO PELO RECLAMANTE – ENCARGO DA PROVA Do reclamante o encargo de provar o fato constitutivo de sua pretensão, in casu, do trabalho em sobrejornada, ônus de que não se desincumbiu, face à prova única fraca e inconsistente que apresentou. ” (TRT 19ª R. – Proc. 2000600244-69 – Ún. V. Do Trab. De U. Dos Palmares – Rel. Juiz João Batista – J. 20.02.2001)
Por todo o exposto, improcede o pedido.
3.2 – DA INSALUBRIDADE
O Reclamante postula pelo pagamento do adicional de insalubridade no seu grau máximo, qual seja de 40% do salário mínimo, alegando ter laborado exposto a agentes noviços à sua saúde.
A pretensão obreira improcede.
Inicialmente é importante destacar que é o Ministério Público do Trabalho que, com sua inspeção, adotará os limites de tolerância das atividades insalubres, os critérios de caracterização da insalubridade, sendo assim, determinará se será no grau máximo, médio, ou mínimo do adicional de insalubridade, nos termos do art. 190, da CLT.
Sendo assim, é o Ministério Público do Trabalho que determinará se a atividade é considerada insalubre ou não.
Ademais, a Reclamada sempre forneceu os EPI`s, inclusive frequentemente fornecia treinamentos para seus funcionários de como utilizar os EPI`s.
Desta forma, não sendo a atividade considerada insalubre, requer a improcedência do pedido.
3.3 – DA EQUIPARAÇÃO SALÁRIAL
Requer o reclamante que seja equiparado seu salário ao da cozinheira. 
Não obstante o que alega e se propõe a provar, razão ao Reclamante sequer existe, em conformidade com o que se demonstra em sequência.
Nesse sentido é parágrafo único do art. 456, da CLT:
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal."
A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu art. 461, assegura a equiparação salarial, mas traça alguns requisitos, que atuam de forma cumulativa, cuja ausência de algum deles impede o precitado direito, em consonância com a Súmula nº 6, do TST.
Aliás, o próprio Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (Santa Catarina) tem se posicionado neste sentido, senão vejamos:
EQUIPARAÇÃO SALARIAL. IMPOSSIBILIDADE. O direito à isonomia salarial previsto no art. 461 da CLT requer a ocorrência concomitante dos seguintes requisitos: trabalho para o mesmo empregador e na mesma localidade; identidade de funções; mesmas produtividade e perfeição técnica; diferença de tempo na função não superior a dois anos e inexistência de quadro de carreira.
(TRT-12 - RO: 00049603820145120005 SC 0004960-38.2014.5.12.0005, Relator: MARI ELEDA MIGLIORINI, SECRETARIA DA 2A TURMA, Data de Publicação: 07/03/2016)
Em consequência disso, requer a improcedência do pedido de equiparação salarial, porquanto inexistentes na situação em apreço os diversos requisitos exigidos pela lei e pela jurisprudência pátria.
- DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) O recebimento da presente contestação, acolhendo as preliminares suscitadas, com a extinção do processo sem resolução de mérito;
b) a improcedência dos pedidos contidos na inicial, condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
c) a produção de provas por todos os meios admitidos em direito, notadamente a testemunhal, bem como a documental, pericial, depoimento pessoal e todas as demais que se mostrarem necessárias a comprovar o alegado.
Nestes termos, pede deferimento.

Continue navegando